O Escolhido 06
Os dias se passaram e eu não via mais o Guilherme, ele não vinha mais até o quarto a única visita que tinha era a da Kate que me ajudava a passar o tempo.
- Achei que as coisas seriam diferentes.
- Como assim? - Perguntou ela confusa
- Isso sobre o alfa. Quando me disseram que eu seria o escolhido imaginei alguém mais... bruto e violento, não um cara gentil como o Guilherme.
- O alfa é um bom homem, ele é forte quando precisa ser mas na maioria das vezes é bem gentil.
- Como ele se tornou o alfa? – Perguntei – Quer dizer... o pai dele era o antigo alfa ou ele já nasceu sendo alfa?
- Não, o antigo alfa não pertencia a família dele. –
Percebi que nesse momento ela ficou um pouco mais triste e se afastou.
- Algum problema? – Perguntei. Nunca havia visto ela com aquela expressão no olhar.
- Não gosto de falar disso, o que você precisa saber é que ele matou o antigo alfa quando chegou aqui. – Ela disse aquilo num tom mais frio limpando a lágrima que desceu pelo seu rosto.
Presumi que o antigo alfa era alguém muito importante pra ela, talvez um familiar ou alguém que ela amava. Decidi não tocar mais no assunto, não queria Deixa-la triste.
Já estava anoitecendo quando comecei a ouvir vozes do lado de fora dos corredores, parecia estar acontecendo alguma briga ou discussão; a porta do quarto abriu bruscamente e um rapaz loiro, de olhos negros, corpo forte, branco e barba rasa ele rosnou ao me ver.
- Não faça isso, o alfa não vai te perdoar. – Dizia Kate desesperada entrando na frente dele.
- Você não entende... ele trouxe essa coisa para nossa matilha, eu não vou permitir que essa abominação ocorra aqui dentro. – Disse ele andando em minha direção.
Andei para trás até encostar na parede, ele socou forte a parede ao meu lado fazendo ela rachar.
- Isso acaba hoje. – Ele levantou a mão e fechou o punho para me dar um soco, fechei os olhos e virei o rosto mas o soco não veio.
Olhei e vi que o Guilherme segurava o punho dele com força o puxando pra longe de mim.
- Não encoste no meu ômega!
- Você não é mais o meu alfa. – O rapaz loiro se transformou em um lobo branco de olhos claros.
O lobo veio pra cima de mim, mas o Guilherme entrou na frente sofrendo o ataque no meu lugar. Guilherme permanecia com uma expressão tranquila no rosto, ele parecia não se deixar levar pelas emoções; o lobo me olhou e tentou um novo ataque que foi contido por Guilherme que o segurou pelo pescoço e torceu, um grunhido de dor foi ouvido por toda a floresta, Guilherme o soltou fazendo-o cair imóvel no chão; eu ainda a estava em estado de choque tinha acabado de ver alguém ser assassinado na minha frente meu coração estava acelerado quando ele me colocou no colo e me tirou do quarto.
Estava assustado o pânico não me fazia esquecer a cena, segurei firme a gola da camisa dele e comecei a chorar.
- Não tenha medo, está tudo bem. – Disse ele cheirando meu cabelo.
Guilherme me levou até um outro quarto bem maior do que aquele que eu estava, ele me pos na cama e sentou ao meu lado.
- Fique longe de mim... – Disse pondo as mãos na cabeça e recolhendo meus pésnão se aproxime... eu quero ir embora... quero minha casa... minha família...
Ele apenas observava não reagia ou tentava me acalmar, deitei na cama ainda chorando a cena da morte do lobo não saia da minha cabeça. Depois de algumas horas olhei em volta e vi que Guilherme estava sentado numa cadeira ao meu lado seus olhos verdes não saiam de cima de mim.
- Não vou sair do seu lado, não importa o que aconteça... não importa o que você diga... você é meu ômega, é meu escolhido e um alfa nunca abandona o seu escolhido.
Por fim ele levantou e saiu do quarto os restos dos dias se passaram como um piscar de olhos, Kate me disse que o alfa ficou furioso pelo ataque do lobo no quarto.
- Pode me esclarecer uma coisa? – Perguntei a Kate.
- Pode falar.
- O que exatamente o alfa faz com a escolhida... no meu caso escolhido? Nos não deveríamos... ter relações.?
- Sim... mas não dá forma que você pensa.
- Como assim?
- O sexo com um lobo é extremamente doloroso até mesmo pra nós... um humano como você não aguentaria, poderia até morrer no processo.
- Sério?
Ela assentiu com a cabeça.
- Então... ele tá esperando o melhor momento?
- Sim, o laço que une vocês deve estar mais solidificado para que isso aconteça. Se ele te forçar a fazer algo esse laço pode ser quebrado e... coisas ruins podem acontecer.
- O que são essas coisas ruins?
- Ele pode...
- Katherine! – Uma mulher mais velha entrou no quarto – Temos que ir, está na hora.
Ela mal olhava pra mim, realmente eles não gostam de mim, o resto do dia fiquei deitado na cama sem fazer nada. Era chato ficar naquele lugar, só tinha a companhia de Kate mas quando ela saia... Me sentia solitário.
A noite eu tomei um banho, olhei no relógio e eram umas 20:00pm fiquei entediado e resolvi dar uma volta. Sai do quarto e fui até a sala, Guilherme não se importava que eu saísse do quadro desde que ficasse dentro da casa.
Olhei por uma das janelas e vi alguns lobos em volta de uma fogueira, uns transformados já outros estavam na forma humana, eles bebiam e sorriam enquanto conversavam.
- O que está fazendo aqui? – Aquela voz...
- Você disse que eu poderia sair... estava entediado e resolvi sair. O que eles estão fazendo?
- Estão se preparando para lua cheia, alguns dias antes fazemos isso, nos reunimos e contamos histórias. Quer ir até lá?
Fiquei surpreso com o chamado, ele estendeu a mão para mim.
- Não é um “lance” de lobos?
- Lance!? – Perguntou confuso – Você é meu ômega, tem todo o direito de ouvir a histórias contadas.
Eu estava entediado já não aguentava ficar dentro daquela casa, segurei sua mão e o segui até onde estavam os outros. Sentei ao lado de Guilherme, os outros lobos me olhavam uns curiosos e outros irritados com aa minha presença.
- Algum problema, Hélio!? – Guilherme olhou diretamente a um dos que me olhavam.
- Não senhor! – Ele abaixou a cabeça.
Guilherme segurou minha mão entrelaçando nosso dedos, olhei para ele que sorriu. Havia um homem mais velho sentado entre nós ele contava histórias sobre os lobos, guerras e sobre as escolhidas.
- O que é isso ? – Perguntei ao vê-lo bebendo algo.
- É só um bebida de er...
Peguei o copo de sua mão e bebi tudo.
- Não é tão ruim quanto eu pensei. – Disse depois de fazer uma cara feia.
- Só não bebe muito, ou você vai se sentir mau.
Claro que eu não dei importância ao que ele falou, já tinha ficado bêbado antes não seria minha primeira vez; no final acabei ficando inconsciente. Guilherme me levou para o quarto e me colocou na cama.
- Fic-c-a comig-g-o... – Por que eu estava dizendo aquilo!? Eu estava consciente mas não conseguia raciocinar, acabava falando a primeira coisa que vinha na cabeça.
- Quer mesmo que eu fiquei? Acho que você bebeu demais e...
- Guilherme, eu-q-quero que fique.
Ele acenou com a cabeça e deitou, coloquei a cabeça em seu peito o que o surpreendeu um pouco.
- Eu...Meu Alfa!
- O que disse?
- Quero foder!
- Ângelo eu disse que...
Eu o beijei rápido, aquilo não durou uns 3 segundos mas foi o suficiente para Deixa-lo em choque, e a mim também.
- Você não me deseja!?
- Sim, mas não quero desse jeito. Quero que esteja sóbrio, quando fizermos sexo; até lá, durma.
Ele mexeu no meu cabelo e deu um beijo na testa; na manhã seguinte acordei com uma puta dor de cabeça, Guilherme continuava ao meu lado porém ele já estava acordado
- Bom dia! – Disse com um sorriso no rosto.
- Bom dia ! – Respondi.
Levantei e fui até o banheiro lavei o rosto e tomei um banho, ele já não estava na cama quando eu fui trocar de roupa.
O resto do dia não pensei mais no que aconteceu na noite anterior, fora o fato da minha cabeça estava quase explodindo por conta daquela bebida. Guilherme não veio ao meu quarto o dia todo, perguntei a Kate e ela me disse que todos haviam saído, com certeza algo de ruim tinha acontecido.
Já estava anoitecendo quando ele retornou junto com os outros, eu observava pela janela, havia mais duas pessoas com eles, um rapaz loiro da altura do Guilherme e um outro menino que estava desmaiado era carregado para dentro da casa. Corri em direção a sala e eles estavam lá.
Todos olharam quando eu cheguei principalmente o homem recém chegado; Guilherme andou em minha direção.
- O que houve? – Perguntei.
- Volte para o quarto, eu irei daqui a pouco. – Tinha sangue em sua roupa, o seu braço estava ferido.
- Seu...
- Não se preocupe, vai cicatrizar em breve. Volte e me espere.
Subi as escadas e entrei no quarto, deitei na cama e aguardei. Pouco tempo depois ele entra no quarto e anda até a janela.
- Quem são eles?
- Não quero mais que você saia.
- O que!?
- Por favor, desta vez, somente desta vez faça o que eu te peço. – Ele parecia nervoso – Não quero que você se machuque.
- Tem algo haver com aqueles dois?
Ele apenas balançou a cabeça.
- Não quero te assustar mas... o homem lá em baixo é um alfa, o garoto foi o único sobrevivente de um ataque de outros lobos. Seja lá quem forem esses lobos é perigoso, se eles chegarem até aqui... se eles chegarem até você... eu...
- Não pense nisso. Tudo bem, desta vez eu-eu vou obedecer. – cheguei próximo aa ele e segurei sua mão.
Durante a noite ele ficou comigo, ele cheirava meu cabelo e faltava sobre como eu era importante para ele.