Projeto Charlie - 2 "O último degrau rumo ao inferno"

Um conto erótico de Mr. Charlie
Categoria: Homossexual
Contém 2162 palavras
Data: 26/03/2017 03:25:52
Última revisão: 26/03/2017 03:42:03

Era sábado de manhã. Acordo com a claridade ultrapassando o vidro da janela do quarto. Fico olhando aquele cara lindo deitado ao meu lado e fico o admirando por alguns minutos e logo vou o acordando com beijos.

-acorda lindo.

-oi meu anjo, bom dia. -Fala Henrique meio sonolento ainda.

-acabamos pegando no sono depois dofilme e eu tinha que voltar pra casa. -Disse já levantando e pegando minhas roupas.

-como assim, já quer ir embora? -ele sentou na cama esfregando os olhos.

-claro! sabe que seus pais não vão muito com minha cara, pior ainda quando durmo na casa deles.

-nada a ver meu bem, deita mais um pouco aqui comigo vai...

Apenas o olhei serio.

-tá ok. Vou só me aprontar e te levo então. -Falou já levantando rumo ao banheiro. Nunca me cansava de ficar admirando aquele corpo gostoso pelado na minha frente.

Resolvi descer pois precisava pegar algumas coisas na mochila que acabei esquecendo na sala.

No meio da escadaria quase levo um tombo enquanto eu já ia voltando para cima, fazendo um certo barulho, percebendo que seus pais estavam a mesa tomando café da manhã.

Para minha infelicidade já era tarde demais.

-Henrique, filho é você? -Disse dona Laura, minha "sogrinha".

-Não, ele está no quarto, logo estará descendo. -Disse descendo o ultimo degrau rumo ao inferno.

-ah, é você. -disse ela indiferente.

-só vim pegar minha mochila que ficou na sala.

Dona Laura é a típica megera que faz qualquer genro querer comprar uma casa redonda só para não ter nenhum canto para ela. Laura é baixa, cabelo liso e negro que leva até os ombros, olhos verdes como os do filho, mas nenhum pouco hipnotizantes. Por mais que tenha seus quarenta e um anos bem conservados, se veste como uma senhora de bem mais idade. Até entendo que muito é por sua profissão, mas também não precisa abusar né.

Laura nunca me tratou de boa maneira, sempre ríspida e arrogante, com aquele olhar superior e nariz empinado, como se quisesse alcançar o teto.

-já que está aqui, sente-se conosco. -disse Sr. Edward, pai de Henrique.

-Obrigado, não sinto muita fome pela manhã. -claro que ele sabia que eu não iria me sentar, qualquer pessoa com bom senso não sentaria com quem não quer sua presença.

Sr. Edward nunca foi muito de conversar comigo, apenas costumava me observar indiferente, ele era um tanto misterioso, um olhar frio e calculista. Confesso que ele me dava um certo medo. Edward é um senhor alto e bem viril para seus cinquenta anos. Cabelo pouco grisalho e sempre bem arrumado, mesmo dentro de casa, não era todas as vezes que eu o via, ele mais viajava a trabalho do que ficava em casa.

Me lembro quando Henrique me levou para conhece-los, foi no nosso segundo mês de namoro.

-mãe, pai. Esse é o Charlie, de quem tenho falado para vocês.

Os dois me olharam analisando cada centímetro do meu corpo.

-é muito bom finalmente conhecer os senhores, Henrique fala muito de vocês. -disse estendendo minha mão.

Laura pegou em minha mão ainda me analisando, já Edward pegou em minha mão, mas olhando fixamente em meus olhos, como se tentasse ver algo de mim lá dentro que nem eu mesmo saberia que existira.

Seguimos até a sala principal enquanto a janta não ficava pronta.

-então Charlie, o que você faz da vida? -Edward encostara mais no sofá cruzando as pernas para prestar mais atenção em mim, enquanto rolara uma moeda entre os dedos de uma das mãos. Em todos esses sete meses, quase todas as vezes que eu o encontrava ele estava a rolar a mesma moeda entre os dedos, um tipo de terapia talvez.

-eu trabalho em uma escola preparatória para concursos públicos.

-você leciona? -Laura não esperou duas vezes até perguntar.

-não, não. Trabalho na parte administrativa.

Ela lança um olhar de decepção para Henrique que comprime os lábios inclinando a cabeça meralmente para o lado como que dizendo pra ela não começar.

-você então é apenas um simples subordinado. -disse me encarando.

-como? -perguntei pois poderia ter ouvido errado o que ela disse.

-você...

-e seus pais Charlie, de qual área eles são? -Edward que apenas me observava, interrompeu a esposa.

Ele ainda me encarava, aquilo estava me deixando mais desconfortável do que o normal.

-meu pai trabalha como gerente e minha mãe é dona de casa.

-dona de casa. -Laura disse baixo enquanto revirava os olhos.

-entao seu pai é gerente em alguma empresa ou indústria? -Edward pergunta.

-não. Em uma filial de uma rede de loja de roupas.

Laura que já parecia impaciente com aquela conversa, logo tratou de fugir daquela situaçao. -MARTA. -gritou ela a doméstica que fazia a janta.

-a janta já está pronta para ser servida. - Marta chegava a sala enxugando as mãos em seu avental.

-ótimo, vamos jantar e terminar com isso. -disse Laura já indo rumo a sala de jantar.

-a maçã não cai muito longe da árvore. -ouço Edward dizendo baixo caminhando até a sala de jantar como quem tivesse me reprovado na mesma hora, naquilo que mais pareceu uma entrevista de namoro.

Olhei para Henrique com um semblante agora triste.

-relaxa meu anjo, eles são assim mesmo, logo eles se apegam a você. -disse passando a mão em meu rosto.

-se um membro da própria família não tem paciência com os senhores Andrade, imagina quem está querendo entrar para a mesma. - uma linda moça loira descia as escadas. -prazer cunhado, me chamo Bruna. -disse ela me dando um abraço.

Bruna é de uma altura mediana, cabelos longos pintados com um loiro bem discreto.

-o prazer é todo meu Bruna, sou Charlie. -desvencilhei de seus braços e reparei em seus olhos também verdes, não hipnotizantes, mas sim afetuosos e meigos.

-sei bem quem é você Charlie, meu irmão falou bastante de você para mim.

-ele também falou de você, mas achei que você não morasse mais aqui. -que pergunta mais tola foi essa que fiz.

-Graças a Deus já saí daqui, mas com marido e filhos, sair de lá as vezes é bom também. Vamos jantar? -disse Bruna indo para a sala de jantar.

Henrique e eu fomos logo em seguida. Quando fui me sentar a mesa, aquilo me deu um imenso nervoso. Talheres, taças, pratos... MEU DEUS eu nao sei usar nada disso, nem na mesma ordem ou com etiqueta.

Caros leitores eu prefiro não entrar em detalhes sobre a vergonha que passei nesse jantar, mas saibam que houve muitas raspadas de faca no prato, e alguns alimentos que vez ou outra queriam fugir do meu prato.

-está ficando tarde, acho melhor eu seguir para casa. -eu disse já me levantando.

-não, Charlie fica aqui hoje. -disse Henrique todo meigo.

-não filho, o rapaz parece cansado, melhor ele ir para casa. Ele com certeza tem muitos afazeres amanhã, assalariado precisa chegar sempre na hora. -disse Laura se virando para mim.

Aquilo começou a subir a minha cabeça, mas Bruna percebendo a tensão que ia se formando ali me puxou para fora da sala de jantar com uma desculpa qualquer.

-não esquenta com eles. Esses dois só sabem gostar deles mesmos, se gostam de mim ainda é muito, só por eu não seguir os planos deles como forçam Henrique a fazer.

-tudo bem, esper... -acabei pausando o que eu dizia pois começava uma discussão de sussurros na sala de jantar. De fato eu sabia do que se tratava.

-então vamos Charlie, vou pegar a chave do carro. -disse Henrique chegando até onde Bruna e eu estávamos.

-não, não. Deixa que eu levo ele. Bom que já uso de motivo pra ir embora daqui também, as vezes aqui se torna um ambiente muito deprimente. -disse Bruna já subindo pra pegar sua bolsa.

Os pais de Henrique surgem na entrada da casa.

-obrigado pelo jantar, e desculpe qualquer coisa. -Disse estendendo minha mão novamente.

Laura pegou na minha mão como quem tivesse sido obrigada a isso, e Edward, novamente me olhava fundo nos olhos.

Bruna chegou e se despediu rapidamente dos pais, então fomos em direção a garagem juntamente com Henrique.

-desculpe qualquer coisa meu anjo, prometo que das próximas vezes você vai se sentir mais a vontade. -disse me abraçando.

"PRÓXIMAS VEZES?!", eu gritava em pensamento. Apenas dei um sorriso amarelo e um beijo de boa noite, seguindo com Bruna a caminho da minha casa.

Bruna percebia como aquela recepção me afetara.

-não fica assim, é porque a única pessoa que eles gostam é do ex namorado do Henrique, só por ele ser rico e de família influente, mas os dois não tem mais nada, não precisa se preocupar. -disse ela vendo que aquilo poderia me incomodar. -eu mesma vim aqui apenas para te conhecer.

-fico feliz por isso. -disse dando um sorriso de canto de boca.

-que bom cunhado.

O restante da viagem seguiu tranquila, preferi não falar muito com Henrique sobre seus pais. No passar dos meses nada mudou na minha relação com os senhores Andrade, na verdade o sentimento deles por mim acabou virando reciproco da minha parte, mas confesso que algumas vezes que eu ía pra casa deles era mesmo apenas para implica-los.

Realmente os pais de Henrique nunca gostaram muito de mim pela minha condição social, que não era a altura deles. Gostavam menos ainda por causa do tal fulano que namorava Henrique antes de mim, do qual os pais dele e os pais de Henrique tinham uma amizade. A única pessoa que eu não tinha o desprazer de ver era Bruna, a qual já tinha uma amizade e tanto. Nos dávamos muito bem.

-bom dia família. -disse Henrique descendo as escadas ao nosso encontro.

-bom dia filho. -disse os pais ao mesmo tempo.

-E aí lindão, vamos?! -Henrique disse já pegando a chave do carro.

-filho vai sair e não vai nem tomar café da manhã primeiro? -disse a megera.

-Uai, pod...

-Ele não vai demorar nada e já volta para acompanhar vocês. -Disse eu interrompendo Henrique, sabendo que ele iria se sentar a mesa e me fazer acompanha-los.

Peguei minha mochila e fomos saindo sem nem ao menos dar tempo de despedir deles. No carro fui em silêncio.

-Relaxa, sabe que logo eles verão a pessoa incrível que você é. -Dizia ele vendo minha cara fechada.

-ouvi essa mesma conversa a tempos atrás. Encare os fatos, já faz o que... sete meses e nada muda, eu também nem faço mais questão de mudança, mas não sei por que você ainda insiste para eu dormir lá com você.

-Porque na sua casa você não deixa nós dormirmos na mesma cama.

-meus pais que não permitem, nem meu cunhado podia dormir com minha irmã quando ela ainda morava lá. -disse eu relembrando desses ocorridos.

Logo chegamos na minha casa, Henrique não entrou pois disse que teria que resolver uns assuntos na rua com sua mãe, que não dirige.

Meus pais gostam de Henrique, o acha um bom rapaz o que era reciproco da parte dele, mas ele não ia tanto na minha casa quanto eu ia na dele.

O dia seguiu normal, durante a tarde tentei falar com Henrique para podermos pegar um cinema e distrair um pouco, mas seu celular só chamava. Liguei na sua casa pois ele poderia estar na rua ainda, por isso não atendia.

-Residência dos Andrade. -Atendeu Marta.

-oi Marta! é o Charlie, tudo bem?

-oi querido, estou bem sim e você?

-tudo ótimo. Henrique já chegou em casa com Dona Laura?

-Mas o Henrique não saiu com Dona Laura. Na verdade ela não saiu e nem vai sair por hoje, até onde eu saiba.

-Então Henrique está aí?

-não, não. Ele não voltou desde que vocês saíram.

Fiquei pensativo sobre aquilo e de repente meu celular toca, era o Henrique. Pedi pra Marta continuar na linha e a coloco na espera.

-Oi meu anjo, me ligou. -Disse ele.

-liguei sim, mas por estar ocupado acho que você acabou não podendo atender.

-pois é, ainda estou atolado de afazeres com a minha mãe aqui no centro.

Fiquei refletindo sobre aquilo por um momento.

-Charlie, ta aí?

-Tudo bem. -respondi tentando disfarçar aquilo que estava me fazendo ferver de raiva. - quando volta?

-não sei ao certo, acho que até antes das nove da noite já estou tranqüilo.

-tá certo, até mais tarde.

-até meu anjo.

Já fui desligando e tirando Marta da espera.

-Marta consegui falar com ele.

-Ah sim, que bom! Quer falar com mais alguém?

-não, não. Obrigado...ah e não precisa dizer que eu liguei, tudo bem?!

-tá certo então. Fique com Deus.

-Fica com ele também Marta, tchau.

Desliguei o telefone e uma sensação de frio na barriga com uma grande angustia tomava conta de mim, como se eu transbordasse por dentro, mas por fora não caía uma gota de lágrima sequer.

Eu nunca senti isso com qualquer outra pessoa antes, e realmente me incomodava.

-essa porra não tá certa. -disse enquanto apertava o celular na mão.

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Comentários

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UAU, ATÉ HENRIQUE TE ENGANANDO? NOSSA. SINTO MUITO POR VC. HENRIQUE MUITO CANALHA BABACA. OS PAIS DELE NEM PRECISO FALAR. VC TEM QUE TIRAR ESSA HISTÓRIA A LIMPO IMEDIATAMENTE.

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Tbm to começando a gostar. Mas espero q só melhore e não vire clichê.

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Não tá certa mesmo, mas não vou crucificar ninguém? É Real?

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