PELA PRIMEIRA VEZ - CAPÍTULO 14: SUBSTITUTOS
Tentei caminhar por sobre a rua, tentando me apoiar sobre algo para andar. Ouvi apenas um barulho, abafado pela chuva, ao me virar, pude ver um carro vindo em bem perto minha direção.
Eu não tive reação, apenas vi o carro e não consegui sair da frente dele, a única coisa que pensei era que aquele era o meu fim. Fechei os olhos, enquanto o som da buzina do carro ficava mais forte.
Senti um empurrão bem forte, que me jogou para o outro lado da rua. Um homem alto e forte caiu por cima de mim, tudo estava tão escuro, confuso, mal conseguia assimilar o que acabara de acontecer. Consegui me situar na escuridão daquela rua quando o homem que estava em cima de mim falou:
- Você tá maluco, Rafa? Podia ser atropelado! - Disse Danilo, arfando.
- Tio? - Perguntei confuso. Mal conseguia enxergar nada com aquela chuva batendo no meu rosto e aquela escuridão da rua.
- Olha, aqui. Presta atenção - Falou de modo meio ríspido, mas logo de tornando uma voz doce e acolhedora. - Você é muito importante pro Gabriel, é muito importante pro seu pai, que apesar de não estar presente, quer o melhor pra você e acima de tudo é importante pra mim. O seu lugar é aqui, Rafael.
- Tio... eu nem... - Eu stava muito confuso quanto a minhas próprias atitudes.
- Ei, não fala nada. Vamos pra casa, que é o seu lugar. Vamos tirar essa roupa molhada, tomar um banho e aí a gente conversa. Tá bom? - Disse isso enquanto me abraçava.
- Tá... bom. - Falei enquanto me esquentava do frio da chuva no calor daquele abraço.
Um pouco longe dali, na casa de detenção para menores, Davi era acompanhado até uma sala de visitas por policiais.
- Oh, meu filho! Que dó ver você aqui! - Disse Larissa beijando o filho.
- Vamos deixar vocês a sós. - Disse o policial se retirando da sala.
- Porra, Davi! Que merda que você fez? - Disse Larissa mudando completamente de expressão.
- Mãe, não me vem com isso, só foi uma briguinha com o filho do seu namorado! - Disse ele.
- Você não sabe a merda que você me meteu com o Danilo! A gente tá brigado! Você quase estragou tudo! Bom, quase tudo, pelo menos essa confusão toda serviu pra alguma coisa. - Disse Larissa nem se dando conta das palavras.
- Como assim, mãe? Do que serviu tudo isso? - Perguntou Davi, confuso.
- Ahm... hum... pra você aprender uma lição, ora! E deixar de ser assim! - Disse Larissa tentando disfarçar algo. - Mas e aí? Porque foi que me chamaram aqui nesse lugar nojento, no meio dessa chuva?
- Parece que vão me tirar logo daqui, como sou menor e nunca havia cometido nada assim, parece que só vou ter que ficar alguns dias aqui fazendo uns serviços e depois a senhora pode vir me buscar. - Disse Davi.
- Ai, e eu pensando que você ia ficar aqui mais tempo, hein? Pela merda que você fez, eu queria mais é que você ficasse aqui mesmo por mais tempo. - Disse Larissa de forma ríspida.
- O que é isso, mãe!
- Mãe nada! Tú só faz merda, Davi! Tenho que ir, depois eu volto pra te buscar. - Disse Larissa saindo e deixando que os guardas acompanhassem Davi de novo.
- Beijos, meu bebê. Mamãe vai ficar com muitas saudades de você! - Dizia Larissa na frente dos policiais.
Quase saindo do centro de detenção, Larissa recebeu uma ligação.
- Alô? Oi. Não, não. Achei que tinha dado merda o rolo do Davi com o menino, mas até que serviu para nos ajudar. Só o Danilo que tá um pé atrás comigo por causa disso, preciso ir, tenho que dar um jeito de limpar a barra com o Danilo. Beijos. - Disse Larissa desligando o telefone. - Danilo, você é muito idiota mesmo.
Cheguei em casa acompanhado de Danilo, ambos estávamos encharcados e sujos por causa da chuva. Eu estava pensando em tudo que havia acontecido e acho que tinha tomado uma decisão um pouco radical demais, mesmo ainda achando que o problema era comigo. Passamos pelo quarto do Gabriel, ele já estava dormindo.
- Olha só como ficamos por causa dessa sua aventura! Que tal um banho? - perguntou Danilo.
- É... pode ser. - respondi.
- Então vamos lá. - respondeu Danilo tirando a camiseta molhada.
- É... nós dois juntos? - perguntei envergonhado.
- É, ué. Algum problema? - Disse ele.
- Não. Nenhum.
Entramos no chuveiro, ele sem camisa e eu ainda com a roupa molhada.
- Rafa, tira essa roupa molhada! Como você vai se lavar assim? - Disse ele.
Meio envergonhado tirei a camisa e a bermuda, ficando só de cueca. Danilo retirou a bermuda e a cueca, me fazendo corar de vergonha.
- Não vai tirar a sua? Ou tá com vergonha do titio te ver sem roupa? Haha - Falou, fazendo cócegas em mim.
- Não tenho vergonha! - Falei confiante, mas no fundo morrendo de vergonha.
Tirei a cueca, ambos estávamos nus. Diante daquela situação eu tentava não pensar naquele lindo corpo. Meu corpo não era musculoso, era normal para um adolescente da minha idade, tinha poucos pelos pelo corpo, exceto pela região íntima, que tinha uma quantidade rasoável de pelos.
- Olha, já tá crescendo, né? - Falou Danilo, me deixando extremamente envergonhado.
Me virei para ligar o chuveiro, começamos a sentir a água cair sobre nossos corpos.
- Rafa, posso ensaboar suas costas? Estão sujas de lama. - Disse Danilo.
Concondei, e ele começou a ensaboar. Não podia negar que apesar da vergonha, eu estava adorando aquele momento.
- Sabe, esse momento aqui entre a gente... até me faz lembrar quando eu fazia a mesma coisa com o Gabriel, sabe, antes da mãe dele ir embora. Depois disso a nossa relação ficou meio difícil. - Dizia Danilo enquanto passava o sabão.
- Me faz lembrar quando eu e o papai tomávamos banho juntos, mas depois que a mamãe foi embora ele ficou muito fechado. - Falei.
- Seu pai pode ser fechado, mas ele te ama muito, eu sei. - Disse Danilo.
- Eu também sei que o Gabriel te ama muito, afinal, quem não ama? O senhor é muito legal. - Deixei escapar.
- Faz tempo que alguém não fala algo assim pra mim. Obrigado, Rafa. - Ele parou de ensaboar e me abraçou por trás, acariciando suas mãos pelo meu peitoral.
- Ahm... tio... - Falei, envergonhado, mas aquele abraço estava tão bom. Nossos corpos se encostando, eu podia sentir o seu pênis encostar de leve na minha costa.
- Ahm... desculpa, Rafa. A gente tá pelado, e eu aqui te abraçando igual criança. - Falou Danilo.
- Mas eu gostei do abraço, me fez lembrar do papai. - Falei.
- E o seu me fez lembrar do Gabriel. - Disse ele.
- Continua o abraço? - perguntei.
- Claro, Rafa. Vem cá. - Ele me virou e nos abraçamos de frente de uma maneira bem forte. Seu peito se encostou ao meu, seu pênis se encostou ao meu. Na hora de entrelaçar os braços um sobre o outro, nossas mãos chegaram a passar a mão pela bunda um do outro. Ali, naquele chuveiro, com a água caindo sobre nossos corpos entrelaçados eu via meus problemas e preocupações sendo levadas pela água. Ficamos ali abraçados o resto do banho, um suprindo a necessidade do outro, podíamos estarmos servindo de substitutos de Gabriel e de Daniel (meu pai) para suprir a ausência deles na nossa vidas, mas nós não nos importávamos. Aquele momento era bom e nós dois não queríamos que acabasse.
- Eu te amo, Rafa. - Disse ele.
- Eu te amo, tio. - respondi.
Acabamos o banho e fomos nos vestir, parece que agora estávamos cada vez mais íntimos. Meu tio vestiu um short e eu vesti somente uma cueca nova que ele havia me dado naquela hora (Minhas roupas molharam muito com a chuva toda). Já estava saindo do quarto pra ir dormir, quando meu tio falou:
- Rafa... obrigado.
- Obrigado também por me salvar, tio Danilo. - respondi.
- Ah... você não quer dormir aqui comigo hoje? - Perguntou ele.
- Ah... mas o meu pijama molhou e eu tô só de cueca. - Falei.
- Não seja por isso. - Ele tirou o short, ficando só de cueca também. - Nós já tomamos banho sem roupa agora pouco, dormir de cueca não chega nem perto. Hahaha - Disse ele rindo, mas logo deixando a expressão mudar para algo mais triste. - Eu e o Gabriel costumávamos dormir assim quando tava chovendo e a mãe dele não estava em casa.
- O senhor quase nunca fala dela, mas sempre fica triste quando fala. - Falei.
- Eu amava muito ela, na verdade, foi uma das únicas mulheres que realmente amei de verdade, mas um dia acabou. - Disse ele, triste.
- Como ela era? - perguntei.
- Olha, vou te mostrar uma foto dela. - Disse ele enquanto abria a gaveta da cabeceira ao lado da cama.
Ele retirou uma foto que parecia bem antiga. Nela, um grupo de pessoas estava posando para a câmera junto com um bolo de aniversário com uma velinha de número 1 em cima, ao avistar o tio Danilo bem mais novo na foto, notei uma moça muito bonita sorrindo ao lado dele segurando uma criança de colo. Logo, percebi se tratar da foto do primeiro aniversário do Gabriel.
- Essa aqui era a Marisa, minha esposa. Quer dizer, ex-esposa. - Disse ele, apontando para a moça bonita.
- Uau, ela é bem bonita. - Falei. - Faz muito tempo que vocês se separaram?
- Nos separamos acho que uns 5 anos depois que o Gabriel nasceu. Ele era muito apegado a ela, ela quis levá-lo com ela, mas depois de muita briga consegui a guarda dele. Ela sempre manda presentes, acho que por isso ele gosta mais dela do que de mim. - Disse ele.
- Tá. - Falei.
- Tá o quê? - Disse ele.
- Eu durmo aqui hoje.
- Haha Tá bom, você deita do lado direito da cama, que o esquerdo é meu, hein? - Disse ele, animado.
Nos deitamos, e Danilo me abraçou. Assim nós dormimos.
Acordei no dia seguinte espirrando muito, com certeza por causa da chuva. Olhei no relógio e já eram 10:36h.
- Droga, me atrasei pra escola. - Falei.
- Relaxa, eu que deixei você se atrasar. Não ia deixar você ir pra escola espirrando assim. - Disse meu tio, aparecendo na porta.
- Mas precisava me deixar dormir até tão tarde? - Falei.
- Ah, tudo bem. Por hoje passa, mas amanhã você volta pra escola. Ok? Agora vai tomar um banho e vem comer alguma coisa. Suas roupas já foram lavadas, mas estão secando. Toma essa roupa minha aqui, é um pouco maior que você, mas acho que dá pro gasto. - Disse ele retirando uma camisa e uma bermuda do armário.
Levantei, tomei um banho, escovei os dentes, me arrumei e fui para a cozinha comer. Chegando na cozinha, sentado na mesa enquanto meu tio fazia o almoço estava Daniel, meu pai.
- Rafa, meu filho! Acordou tarde hoje, hein? - Disse ele.
- Pai! - Falei, correndo para abraça-lo.
- Quanta saudades eu senti de você. Eu pedi pra anteciparem as minhas férias e agora estamos juntos de novo. - Disse ele.
- Com certeza, meu pai. Vai ser demais! - Disse, eufórico.
- Vai mesmo! Haha - Disse Danilo mexendo o molho no fogão.
De repente a campainha tocou, todos paramos de falar com o barulho dela.
- Deixa que eu atendo, pode ficar curtindo o seu pai aí, Rafa. Haha - Disse ele, dando uma piscadela pra mim. Fiquei na cozinha conversando com o meu pai e Danilo foi abrir a porta, ao abrir se deparou com uma mulher alta, loira e com um corpo de dar inveja.
- Larissa? - Disse Danilo, surpreso.
- Oi, Danilo. Você tá ocupado? Queria falar com você. Posso entrar? - Disse Larissa.
CONTINUA...
Esse capítulo foi mais longo do que eu costumo escrever, espero que tenham gostado. Também estou amando ler os comentários positivos e as sugestões e críticas, se puderem continuar comentando é sempre um grande incentivo.
Nesse capítulo, começamos a ver alguma atitude suspeita por parte de Larissa, o que será? Também fomos aprofundados no processo de ausência que tanto Gabriel quanto Daniel fazem na vida de Danilo e Rafael. O Gabriel ficou ausente nesse episódio porque acho que esse momento era dos dois. Vamos ver se ele tem mais participação nos próximos capítulos, ele ainda deve estar muito magoado.
E vamos para o #capítulo15! Aeeehooo! Haha