Subi no cavalo e abracei Guilherme pela cintura... Saimos cavalgando, passando em frente da casa...
Olhei para a varanda e ela estava lá... Lucinha, nos encarava com cara de poucos amigos... Abracei ele mais ainda e sorri pra ela...
Guilherme me mostrava cada pedaço da fazenda, e estava tudo muito bonito e bem cuidado...
- Gui, queria ir na cachoeira dá?- perguntei...
- é pra já...segura firme ai...- disse ele...
Chegando na cachoeira Guilherme puxa o cavalo até próximo da água e faz um carinho em sua cabeça... O cavalo bebe agua, e Gui o amarra numa árvore próxima... eu apenas observava atentamente aquela cena... Como ele havia crescido... Como era carinhoso... Parecia que o tempo para nós não havia passado...
- Que foi Kaio... – disse-me ele me tirando da distração...
- Oi? Falou comigo ?
- kkkkk... falei... você tava ai com a maior cara de bobão...
-Tava porque eu estava olhando outro bobo..- respondi.
- Ah é ...bobo? peraí que vou dar um jeito em você... – disse ele correndo atrás de mim...
Eu e Gui parecíamos duas crianças brincando... Ele me jogou no chão...
- Sempre perde né? Sempre mais fraco que eu...- ria ele...
- Você é um brutamontes também...
Ficamos um minuto em silencio... ele em cima de mim, me prendendo... Logo levantou, tirou a camisa, os sapatos e a calça e correu em direção à cachoeira...
- Vai ficar ai só olhando ou vai entrar?- disse ele...
- Isso ai deve estar um gelo... – respondi.
- deixa de frescura Kaio... Ou entra ou vou ai buscar você...
Antes que ele pudesse vir me buscar eu tirei a roupa e entrei ... a agua gelada atravessou meu corpo me fazendo dar um grito...
Guilherme ria de mim, enquanto eu batia o queixo... Dei um mergulho e subi na pedra, a mesma pedra que Lucinha havia me empurrado da outra vez...
- Não tenho boas lembranças desta pedra- disse Guilherme...
- Imagina eu que fiquei um tempão com o braço inutilizado... tudo culpa daquela...
- Parou... nem comece com essa história novamente- me interrompeu...
- Voce nunca acreditou em mim... Mas eu não me importo mais...
Guilherme não parecia contente. Ele provavelmente havia passado os últimos anos grudado à Lucinha, mas eu não podia afastá-lo de mim...
-Gui, você sabe que eu to tentando gostar mais dela... você viu... eu até pedi desculpas por ter sido grosso com ela... Não quero perder meu amigo...
- Voce não vai perder a minha amizade... Todo esse tempo longe e não perdeu... Pode ficar tranquilo.- respondeu.
- Você está feliz com ela?- perguntei...
-Eu gosto dela Kaio.- respondeu...
- Mas está feliz?
Ele assentiu com a cabeça...
- Estou satisfeito por você estar feliz. Ela vai precisar ser muito boa pra você ou eu vou chutar o traseiro dela...- eu disse.
Guilherme riu...
- Se ela não for boa pra mim, eu mesmo vou chutar o traseiro dela....- respondeu.
Nós dois caímos na risada.
- Voce fez ela se esforçar bastante pra te conquistar.. Tenho que admirar a persistência dela...
- Chega uma hora que um homem precisa formar uma família Kaio e ficar sozinho não é a minha escolha... Não tenho certeza de que a Lucinha seja a melhor mulher pra mim, mas ela se esforça em me agradar sempre, fora que ela é uma gracinha... Não vai ser nenhum sacrifício casar com ela...- respondeu.
-Sim, acho que sim.- respondi.
- E você? Já arrumou um namorado?- perguntou.
Guilherme suspirou me encarando. Era obvio que ele tinha uma noção muito clara das minhas preferencias sexuais. Não era algo que eu havia lhe contado, mas ele sabia... Eu não pediria desculpas a ele pelo meu estilo de vida, ou por gostar de garotos, nem ia entrar numa conversa com ele sobre esse assunto...
- Curtir pra valer e viver livre- disse a ele, tentando encurtar o assunto.
Guilherme franziu a testa, inclinou a cabeça e começou a rir...
-É esse o seu lema? Pelo amor de Deus, isso parece tão Gay...
Engasguei na hora com o comentário dele...
- O jeito é eu sair curtindo por ai né? Afinal, meu melhor boy ta namorando...
Guilherme acariciou meu rosto e depois levantou, voltando pra margem e desamarrando o cavalo...
- Vamos, daqui a pouco vai anoitecer...- disse-me.
Gulherme me fez subir no cavalo sem ele, e logo em seguida montou atrás de mim... Seu corpo bem maior que o meu me envolvia, enquanto pegava nas rédeas do cavalo...
- Pega, agora é você quem vai dominar o Ash ( o cavaloNão, você ta doido... Não sei fazer isso não...
- Fica tranquilo Kaio, eu to aqui com você... Não vou denxar nenhum mal te acontecer...
Comecei a fazer o cavalo andar, e Guilherme segurava em minhas mãos na rédea...Aos poucos fez o cavalo tomar velocidade, e eu sentia a brisa bater em meu rosto, eu me sentia vivo com ele, e protegido... Quase não era capaz de me lembrar que aquilo duraria tão pouco...
Chegamos em frente a casa e Lucinha estava lá nos aguardando...
Seu olhar pousou sobre nós... Um olhar de raiva... Guilherme a encarou enquanto me ajudava a descer, e eu claro fiz um charminho, me agarrando ao meu amigo...
Passei a estudar Lucinha por um momento antes de perceber a feição desconcertada de Guilherme... Ele sabia que a namorada não teria gostado nada do desaparecimento dele durante todo o dia...
- Vou levar o cavalo e já retorno pra gente ir pra casa Lucinha- disse ele...
- Gui... Muito obrigado pelo dia que passamos hoje... Adorei o banho na cachoeira...
Guilherme me encarou, como se eu tivesse dito algo que não devia, mas não disse nada. Apenas levou o cavalo...
Assim que ele saiu da minha visão ela desceu as escadas e veio em minha direção...
- Eu não sei qual é a sua intensão Kaio, aliás, sei sim... sei que está doido pra fazer o Guilherme comer você, seu viadinho de merda... Mas saiba que isso não vai acontecer...
- De que diabos você está falando Lucinha?- disse com ironia na voz...
- Vi como você olha pra ele... Voce praticamente o come com os olhos- disse ela.
Olhei pra ela, franzi a testa e fiquei em silencio por um momento...
Quando o vi voltando, olhei pra ela e cochichei ao seu ouvido:
- é verdade... ele é tão gostoso!
- Não se aproxime dele- ameaçou ela...
- Relaxa... ele gosta de você... mas eu quero me divertir... Vou melhorar meu charme...- provoquei.
Guilherme chegou próximo a nós.
- Ai Lucinha, você é muito divertida. – Sorri, e a abracei...- Amanhã conversamos mais, estou cansado... Cuide do meu amigo tá?
- Até mais Kaio.- disse ele.
- Até mais...- fui a ele e o abracei...
Lucinha estava com os punhos cerrados de raiva. Afinal eu havia começado a jogar o mesmo joguinho que ela usava na infância... Se fazer de boazinha e coitada... Aquilo estava divertidíssimo...
Entrei na casa, tomei um banho e comi um lanche preparado por Maria. Eu estava cansado. Cansado pra caramba... Acabei apagando...
Na manhã seguinte acordei disposto. Tomei meus remédios e desci para o café.
A família já estava na mesa...
- Bom dia meu amor- disse mamãe. – Como está se sentindo hoje?
- Ótimo mamãe... Dá pra parar de me tratar como um doente?
- Filho... sabe muito bem porque me preocupo com você...
- Legal mamãe, obrigado por me lembrar disso a cada instante...
Mamae levantou-se e beijou minha testa...
- Só quero que se cuide Kaio. Não quero que aconteça algo com você...
- Tudo bem mãe... eu estou me cuidando...
- Vou ficar de olho em você- disse papai...
- Tá bem... já entendi que vocês me trouxeram aqui pra me controlar... Eu vou viver numa prisão agora?- gritei levantando da mesa.
- Abaixe o tom comigo senhor KAIO. Eu ainda sou o seu pai!
- Por que vocês não me deixarão morrer hein? Preferia morrer do que ser tratado como um bebe por vocês... Por que nao me deixam em paz?
Papai acabou me dando um tapa no rosto...
- Mudamos a nossa vida pra estar com você... Não seja injusto Kaio.- disse ele.
- Eu não pedi nada disso.- falei e saí da mesa...
Corri até os estábulos, peguei um dos cavalos e montei... Tudo o que precisava era sair dali...
Eu não conseguia controlar o cavalo... ele trotava e eu tentava ao máximo me segurar nele... Já estávamos longe da fazenda... Acabei caindo do cavalo e sendo arrastado no meio do mato... Puxei a perna para soltá-la do arreio... Sentia meu corpo arder... Acabei por fim sentindo fortes dores na cabeça e desmaiei...
CONTINUA...
