O sol aquecia o meu corpo frio de tristeza, quando minha mãe me trouxe uma xicara de café bem forte, e disse:
---Tome filho, vai te fazer bem, você gosta mesmo desse garoto não e???
Assenti com a cabeça não sabia o que falar. Tive vontade de chorar, ali, no chão frente a delegacia e ao lado da minha casa.
---Meu Filho, ele vai ser inocentado!!! Você vai ver e vocês vão ser felizes por muito tempo.
Estava quase que acabando de tomar o café, quando meu pai me chamou:
---Natanael, você que com o seu amigo??? Mas ele ainda não sabe. Deixei pra você falar já que são amigos e não tem nenhum parente dele aqui na cidade.
---Quero sim pai, por favor!!!
Entrei trêmulo naquela cela, queria colocar o meu Man no colo, cuidar dele, beija-lo. Mas não sabia como lhe dar a pior noticia de sua vida, se e possível coisa pior!!!
---Vou deixa-los a sós, mais apenas alguns minutos tá Natanael??? Disse meu pai.
---Meu Amor, Man do meu mundo!!! Você vai ficar bem, eu vou te proteger, cuidar de você, você não teve culpa eu sei...
Abracei ele e senti, suas lágrimas em minha face, beijei o seu rosto marcado pela dor. E ele ainda em silencio me abraçou e deu vazão a dor. Seu corpo perdeu ao chão e em prantos disse:
---Eu não queria mata-lo, eu agir em legitima defesa, eu, eu não queria que ele machucasse mais a minha mãe. E ela??? Onde ela está Nata??? Onde Nata a minha mãe???
Respirei fundo e disse:
---Artur... a sua mãe se foi também, ela não suportou os fatos e cometeu um sui...
E ele ao me ouvir deu um grito estridente que estremeceu toda a delegacia:
---Não, ela não podia, não podia me deixar, não ela não teve coragem!!!
Gritou e ficou como uma pedra, lagrimas caiam do seus olhos que pareciam distantes e eu o abracei novamente. Lú e Tatá também entraram na cela já em prantos e se juntaram a nós em um abraço bem solidário. Mas fomos interrompido pelo meu pai que pegou Artur pelo braço e disse:
---Vamos Artur, eu sinto muito por tudo, mas temos que ir garoto.
E eu retruquei:
---Ah, não pai, por favor, agora não!!!
---Não, não e não Natanael, ele não pode permanecer aqui, ele tem que ir pra divisão de menor na capital, vamos Artur.
Então os guardas tiraram o meu Man dos nossos braços e ele parecia não existir. Não tive forças para segui-lo, apenas abracei as duas pessoas que sabiam o que eu estava sentindo Lú e Tatá.
O sepultamento do pai e da mãe do meu Amor ocorreu na manhã seguinte, como não tinham mais parentes nenhum na cidade, minha mãe cuidou de tudo com todo o carinho. E eles foram enterrados apenas com a minha presença, da minha mãe e das meninas. E eu não conseguia parar de pensar no meu Man, como ele estava.
Quinze Dias Depois...
Fui com minha mãe a instituição do menor infrator na Capital, pois era o tempo limite pra começar as visitas, um certo tempo de adaptação aquele inferno. E o que vi ali, me cortou o coração. Artur estava muito abatido, magro, cabeça raspada, boca seca e o brilho em seu olhar já não existia mais. Corri na frente da minha mãe e o abracei, chorando e disse:
---Man, meu Amor, eu estou aqui, não pude vir antes, mas hoje estou aqui...
---Minha mãe Natanael, onde ela foi enterrada???
---Mamãe cuidou de tudo, fui eu ela e as meninas, foi triste demais enterrar os dois, muito triste, mas não vamos falar nisso né???
---Agora não tenho mais ninguém nessa vida, filho único de dois órfãos que se conheceram ainda no orfanato, estou sozinho Amor, sozinho!!!
---Não, não esta ,não fala assim Man, você tem eu, a minha mãe e as meninas, e falando nelas elas te mandaram esse bolo de chocolate e um monte de bobagens também!!!
---Obrigado!!! Agradece elas por tudo!!!
Fomos interrompidos por minha mãe que me deixou vir na frente e foi conversar com a assistente social:
---Meu filho, como você está??? Apesar de ter te visto somente uma vez o Nata fala muito sobre você.
---Vou levando Dona Paula, levando!!!
Minha mãe o abraçou com a se estivesse abraçando um bebé recém nascido e lágrimas brotaram dos seus olhos sem que o meu Man percebesse.
---Vamos Cuidar de você querido, você tem a nossa família agora, pode contar conosco e quando você sai daqui você vai morar conosco e tem mais a assistente social me disse que o juiz já marcou a sua audiência, por você ainda ser de menor, seu julgamento vai ser logo, talvez daqui a três meses.
As visitas tornaram-se semanais e as meninas nos acompanhavam quando podiam. Meu pai tornou-se parte daquele drama, nós levando a Capital aos sábados e também dando apoio ao meu Amor. E o seu amadurecimento era visível, nem seu corpo parecia mais o mesmo, mais magro, porem mais másculo. Talvez o sofrimento a dor o tenha amadurecido cedo demais. O seu julgamento seria na segunda então na ultima visita falei:
---Você sai na Segunda Amor, com fé em Deus você vai sai sim na segunda!!!
--- Por mim não sairia nunca!!! Não existo mais!!! Acabou Natanael, segui a sua vida!!! Eu não vou sair e você vai me prometer seguir em frente e nunca mais me procurar e perder o seu tempo comigo aqui preso!!!
---Ah, para né??? Man, nunca, farei isso e você sairá daqui sim e vai pra minha casa!!!
Na Segunda Feira...
Chegamos cedo ao fórum, eu, meus pais e as meninas. O juiz entrou e todos de pé ouvimos ele chamar:
---Artur da Silva prado.
E meu Amor entrou com a cabeça baixa e o julgamento seguiu normalmente, nós emocionamos muito na hora do depoimento do meu Man e ele também se emocionou que até deixou cair a mascara de durão. Seguimos assim durante todo o dia, até o juiz marcar a leitura de sentença para o dia seguinte, pela manhã. E meu amor olhou em minha direção, e seus olhos molhados, mais uma vez me pediram ajuda. No hotel que pernoitamos eu e as meninas, passamos a noite quase toda conversando.
E No Dia Seguinte...
---Faça-se presente o Réu Artur da Silva Prado, para a leitura da sentença.
E mais uma vez o meu Man entrou de cabeça baixa no tribunal, ficou em pé, na frente do Juiz e escutou:
---O Júri deste tribunal considera o Réu dos autos, Artur da Silva Prado, por sete votos a zero, inocente do assassinato do seu pai Teuto Faustino Prado, considerando-se legitima defesa!!! Dou o caso por encerrado!!!
Não me aquentei de tanta emoção, os aplausos se fizeram inaudíveis, as meninas se abraçaram-se em câmera lenta. Virando-se Artur veio em minha direção, me abraçou e disse baixinho ao me ouvido:
---Te Amo!!!
Correspondi o seu abraço e junto as meninas e meus pais nós abraçamos calorosamente!!!
---Acabou, filho, acabou viu??? Disse a minha mãe.
---Sim, graças a Deus, agora e recomeçar!!! Mas não sei de que ponto.
Seguimos viagem e chegando a nossa cidade, fomos primeiro com o meu Man ao ceminterio, onde ajoelhado na cova dos seus pais, ele chorou, pediu desculpa e passou alguns minutos ali em preces, e sem olhar pra trás nós deu um abraço, agradeceu e disse:
---Quero esquecer tudo isso e recomeçar ao lado de vocês!!!
E todos nós ainda muito emocionados fomos para a minha casa onde meu Man, tomou banho e descansou .
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CONTINUA.