DANIEL...
Como eu consegui descer aquelas escadas sem me matar é algo que nunca vou entender. Corri de lá como se estivesse pegando fogo, deixando o sr. Ryan sozinho na escadaria com o queixo caído, as roupas desalinhadas e o cabelo para trás, como se ele tivesse sofrido um ataque.
Passando direto pela cafeteria do 14o andar e pulando o último pavimento com um só movimento – tarefa nada fácil com essa calça apertada –, abri a porta de metal e me encostei na parede, arfando. O que foi que acabou de acontecer? Eu transei com meu chefe na escada? Tomei fôlego e coloquei as mãos na frente da boca. Eu tinha mandado ele fazer isso? Oh, Deus. O que há de errado comigo?
Atordoado, arrastei meu corpo pela parede e subi alguns lances de escada até o banheiro mais próximo. Olhei rapidamente para ter certeza que não havia ninguém ali, então fechei o trinco na porta principal. Ao me aproximar do espelho, estremeci. Parecia que eu tinha passado por uma centrífuga e depois sido posto para secar. Meu cabelo estava um pesadelo. Minhas roupas estavam amassadas amarrotadas, chamem como quiser. Aparentemente, o Sr. Ryan gostava do meu cabelo um pouco grande. Eu precisava me lembrar disso.
Espere. O quê?! De onde eu tinha tirado isso? Eu certamente não precisava me lembrar disso. Soquei a pia e me aproximei para medir o estrago.
Meus lábios estavam inchados, meu rosto estava vermelho. Minha calça amassada na bunda e nas pernas, e mais uma vez eu estava sem cueca.
Filho. Da. Puta. Era a segunda cueca. O que ele fazia com elas, afinal de contas?
– Oh, Deus – eu disse, entrando em pânico. Será que a primeira cueca ficou jogada na sala de conferência?
Será que ele lembrou de jogar fora? Eu deveria perguntar, só para ter certeza. Mas não. Eu não lhe daria a satisfação de sequer reconhecer essa... essa... o que era isso?
Balancei a cabeça, esfregando o rosto com as mãos. Deus, eu armei uma imensa confusão. Quando cheguei ao trabalho naquela manhã, eu tinha um plano. Iria entrar lá, jogar o recibo naquele rostinho bonito e mandar ele enfiar no cu. Mas acontece que ele estava tão sexy naquele terno Prada cinza, e o cabelo todo arrumado como se estivesse gritando “Transe comigo”, que eu simplesmente perdi qualquer pensamento coerente. Patético. O que esse cara tinha que transformava meu cérebro em geleia e molhava minha cueca inteira?
Isso não era bom. Como eu conseguiria encará-lo sem ficar imaginando ele pelado? Certo, bom, não pelado em si. Tecnicamente, eu ainda não o vira completamente nu, mas o que vira já era o suficiente para causar um arrepio por todo o meu corpo.
Oh, não. Eu acabei de usar a palavra “ainda”?
Eu poderia pedir demissão. Pensei nisso por um instante, mas não gostei da maneira como me senti. Eu amava meu trabalho, e o sr. Ryan podia ser o maior babaca do mundo, mas eu consegui lidar com isso por nove meses e – com exceção das últimas 24 horas – sabia controlá-lo como ninguém. E, por mais que odiasse admitir, eu adorava assisti-lo trabalhando. Ele era um cretino porque era intensamente impaciente e ao mesmo tempo obcecado pela perfeição; ele esperava de todos o mesmo padrão que mantinha para si mesmo e não aceitava nada menos do que o melhor de cada um. Mesmo que nem sempre gostasse de seus métodos, eu tinha de admitir que sempre gostei de sua expectativa de que eu trabalharia mais duro, melhor e de que eu faria qualquer coisa para conseguir resultados. Ele realmente era um gênio do mundo do marketing, sua família inteira era. E isso era a outra coisa a se considerar. Sua família. Meu pai morava em Dakota do Norte e, quando eu começei como rapaz da correspondencia ainda na faculdade, Elliott Ryan fora muito bondoso comigo. Todos eles foram. O irmão de Bennett, Henry, era outro executivo sênior e o cara mais legal que eu já conhecera. Eu amava todos ali, então pedir demissão simplesmente não era uma opção.
O problema maior era minha bolsa de estágio. Eu precisava apresentar minha experiência no mundo real para a banca da JT Miller antes de completar meu MBA, e queria que minha tese fosse espetacular. Foi por isso que fiquei na RMG: Bennett Ryan me ofereceu a conta da Papadakis – o plano de marketing da empreiteira multibilionária –, o que era maior do que o projeto de qualquer colega meu. Se eu saísse agora, quatro meses não seriam suficientes para começar em outro lugar e arrumar algo decente para apresentar... ou seriam? Não. Definitivamente eu não poderia deixar a Ryan Media.
Com isso decidido, eu sabia que precisava de um plano de ação. Precisava manter minha postura profissional e me certificar de que o sr. Ryan e eu nunca, jamais, cairíamos em tentação, mesmo que fosse de longe a transa mais quente e intensa de toda a minha vida... eu teria de ser forte, mesmo com ele me impedindo de gozar. Maldito.
Eu era um homem forte e independente. Tinha uma carreira para construir e trabalhei ridiculamente duro para chegar onde estava. Minha mente e meu corpo não se guiam pela luxúria. Eu precisava apenas lembrar do quão estúpido ele era. Ele era um sedutor barato, arrogante, chauvinista, que pensava que todo mundo ao seu redor era idiota.
Sorri para mim mesma no espelho e percorri minha coleção de memórias recentes de Bennett Ryan.
“Eu agradeço que você tenha preparado café para mim ao fazer o seu próprio, sr. Bennitiz, mas, se eu quisesse lama para beber, eu teria enterrado minha xícara no jardim hoje de manhã.”
“Se você for insistir em castigar o teclado como se estivesse caçando ratos na sua cidadezinha, sr. Bennitiz, eu peço que mantenha a porta entre as nossas salas fechada.”
“Você tem alguma boa razão para demorar tanto com o rascunho dos contratos? Seu hábito de ficar sonhando acordado com astros do rock está tomando todo seu tempo?”
Inferno, na verdade, isso seria mais fácil do que eu pensava.
Sentindo uma nova brisa de determinação, ajeitei minha calca, arrumei o cabelo e marchei, sem cueca e confiante, para fora do banheiro. Rapidamente peguei o café que tinha ido buscar e me dirigi para minha sala, evitando as escadas.
Abri a sala e entrei. A porta para o escritório do sr. Ryan estava fechada e não havia barulho nenhum lá dentro. Talvez ele tivesse saído. Só se eu estivesse com sorte. Sentei em minha cadeira. A última coisa que eu queria era dar de cara com ele, mas, como eu não pretendia me demitir, em algum momento teria de enfrentar a situação. Quando olhei para o calendário, lembrei que na segunda- feira o sr. Ryan teria uma apresentação para os outros executivos. Estremeci quando percebi que isso significava que eu teria de falar com ele ainda naquele dia para preparar o material. Ele também tinha uma convenção em San Diego no mês seguinte, o que significava que eu não só teria de ficar no mesmo hotel que ele, mas também no avião, no carro da empresa e em qualquer reunião que surgisse. Não, imagina, não haveria constrangimento algum.
Durante a hora seguinte, fiquei olhando de tempos em tempos para sua porta. E, cada vez que fazia isso, meu estômago começava a embrulhar. Isso era ridículo! O que havia de errado comigo? Fechei o arquivo que, sem sucesso, estava tentando ler e baixei a cabeça nas minhas mãos no mesmo instante em que ouvi a porta se abrindo.
O sr. Ryan saiu de lá, sem olhar nos meus olhos. Ele tinha arrumado as roupas, estava com o casaco pendurado no braço e tinha uma maleta na mão, mas o cabelo ainda estava bagunçado.
– Estou encerrando por hoje – ele disse, estranhamente calmo. – Cancele meus compromissos e faça os ajustes necessários.
– Sr. Ryan – eu disse, fazendo-o parar com a mão na maçaneta –, por favor, não se esqueça que o senhor tem uma apresentação para o comitê executivo na segunda-feira às dez – falei, com ele de costas para mim. Ele ficou parado como uma estátua, os músculos tensos. – Se o senhor preferir, eu posso preparar as planilhas, os portfólios e os slides na sala de conferência às nove e meia.
Certo, eu até que estava gostando disso. Não havia nada na postura dele que dissesse “estou confortável”. Ele assentiu brevemente e começou a sair, quando eu o impedi novamente.
– E, sr. Ryan? – acrescentei suavemente. – Preciso da sua assinatura nesses relatórios de despesas antes que o senhor vá embora.
Seus ombros caíram e ele expirou com força. Girou nos calcanhares para se dirigir até minha mesa e, ainda sem encontrar meus olhos, se abaixou e percorreu os papéis com o olhar, procurando o lugar das assinaturas. Coloquei uma caneta na mesa.
– Por favor, assine na linha indicada, senhor.
Ele odiava ouvir uma ordem para fazer algo que já estava fazendo, e eu tive de conter uma risada. Pegando a caneta com raiva, ele vagarosamente levantou o queixo, trazendo seus olhos castanhos ao mesmo nível dos meus. Nós nos encaramos por uma eternidade, sem que nenhum dos dois desviasse o olhar. Por um breve momento, eu senti uma vontade irresistível de me inclinar, chupar seu lábio inferior e implorar que ele me tocasse.
– Não repasse minhas ligações – ele disse, ríspido, assinando rapidamente a última página e jogando a caneta na minha mesa. – Se acontecer uma emergência, ligue para o Henry.
– Imbecil – murmurei para mim mesmo enquanto ele desaparecia.
Dizer que meu fim de semana foi um lixo seria um eufemismo. Eu mal comi, mal dormi, e o pouco sono que tive foi interrompido por fantasias do meu chefe nu em cima, em baixo, atrás de mim. Eu quase desejei a volta às aulas apenas para ter algo com que me distrair.
Acordei no sábado de manhã frustrado e mal-humorado, mas consegui me concentrar e cuidar da casa e das compras. Porém, no domingo de manhã, eu não tive tanta sorte. Acordei com um sobressalto, arfando e tremendo, meu corpo todo suado e contorcido em meio aos lençóis de algodão. Tivera um sonho tão intenso que até cheguei a um orgasmo: o sr. Ryan e eu estávamos na sala de conferência novamente, mas desta vez completamente nus. Ele estava deitado de costas e eu o cavalgava, meu corpo deslizando para frente e para trás, subindo e descendo em seu pau. Ele me tocava por inteiro: ao lado do rosto, no pescoço, até chegar nos quadris, onde guiava meus movimentos. Eu me despedacei quando nossos olhos se encontraram.
– Merda – grunhi quando pulei da cama. Isso estava indo rapidamente de mal a pior. Quem diria que trabalhar para um idiota resultaria em ser fodido contra uma janela fria no trabalho e ainda por cima gostar?
Liguei o chuveiro e, enquanto esperava a água esquentar, meus pensamentos começaram a divagar novamente. Eu queria vê-lo olhando pra mim enquanto me chupava , queria ver sua expressão enquanto subia em mim, enfiava lá dentro e sentia o quanto eu o desejava. Eu ansiava por ouvir sua voz dizendo meu nome quando ele gozasse.
Meu coração afundou no peito. Fantasiar sobre ele era um viagem sem volta para a terra dos problemas. Eu estava prestes a conseguir meu diploma. Ele era um executivo. Ele não tinha nada a perder, enquanto eu tinha tudo.
Tomei banho e me arrumei rapidamente para meu almoço com Sam e Julia. Sam e eu nos víamos todos os dias no trabalho, mas Julia, minha melhor amiga desde o colégio, era mais difícil de encontrar. Ela era uma compradora de varias marcas famosas e enchia meu armário com amostras e sobras de liquidação. Graças a ela e a seus descontos, eu possuía algumas das roupas mais lindas que o dinheiro podia comprar. Eu ainda pagava caro por elas, mas valia a pena. Tinha um bom salário na Ryan Media, e minha bolsa cobria todos os custos com educação, mas ainda assim eu não poderia gastar 900 dólares em um calça Gucci. Às vezes eu me pergunto se o Elliott me paga tão bem porque sabe que sou o único que consegue lidar com seu filho. Ah, se ele soubesse de certas coisas...
Decidi que seria uma péssima ideia conversar com eles sobre o que estava acontecendo. Quer dizer, o Sam trabalha para Henry Ryan e cruza com Bennett a toda hora. De jeito nenhum eu poderia pedir que ele mantivesse esse tipo de segredo. Julia, por outro lado, chutaria o meu traseiro. Por quase um ano ela escutou minhas reclamações sobre o quão idiota ele era, e com certeza não ficaria feliz em saber que estávamos transando. Duas horas depois, eu estava sentada com meus dois melhores amigos, bebendo uma batida de champanhe e frutas no pátio de nosso restaurante favorito, conversando sobre homens, roupas e trabalho.
– Então, como vai o trabalho? – Julia perguntou, entre uma mordida e outra em seu melão. – Aquele imbecil do seu chefe ainda está te enchendo o saco, Dani?
– Ai, aquele cretino irresistível – Sam suspirou, e eu fiquei olhando para minha batida de champanhe. Ele colocou uma uva na boca e começou a falar: – Deus, você precisa ver ele, Julia. Esse é o apelido mais perfeito que já ouvi. Ele é um deus. É sério. Não tem nada de errado com ele, fisicamente. O rosto perfeito, corpo, roupas, cabelo... Oh, Deus, o cabelo. Ele tem aquele tipo de cabelo que parece cuidadosamente desarrumado – ele disse, fazendo um gesto em sua própria cabeça. – Como se tivesse acabado de transar com alguém.
Eu revirei os olhos. Não precisava que me lembrassem daquele cabelo.
– Mas... e não sei o que o Dani te contou... ele é terrível – continuou Sam, ficando cada vez mais sério. – Quer dizer, depois de quinze minutos de conversa, eu quis furar todos os pneus do carro dele. É o maior idiota que já conheci.
Quase engasguei com um pedaço de abacaxi. Se o Sam soubesse... Realmente, o cara era abençoado em se tratando de anatomia. Era injusto condená-lo por isso.
– Mas por que ele é tão idiota assim?
– Vai saber... – Sam disse, e então piscou como se estivesse tentando entender os motivos. – Talvez a infância tenha sido difícil.
– Você já viu a família dele? – eu perguntei, com ceticismo. – Eles até parecem ter saído de uma daquelas pinturas do Norman Rockwell de tão perfeitos que são.
– É verdade – ele reconheceu. – Talvez seja algum tipo de mecanismo de defesa. Tipo, ele pode ser cruel assim porque sente que precisa trabalhar mais duro do que qualquer um para provar que não é só um rostinho bonito que conseguiu um cargo de chefia.
Eu ri.
– Não existe uma razão por trás disso. Ele pensa que todo mundo deveria se importar e trabalhar tanto quanto ele, mas a maioria das pessoas não pensa assim. E isso irrita ele.
– Você está defendendo ele, Dani? – Sam perguntou com um sorriso de surpresa no rosto.
– Definitivamente não.
Percebi que os olhos azuis de Julia estavam me encarando e se apertaram num silêncio acusador. Eu tinha reclamado bastante do meu chefe para ela nos últimos meses, mas talvez eu tivesse “esquecido” de mencionar o fato de que ele era lindo.
– Daniel o seu chefe é um gostosão? Você estava escondendo isso de mim? – ela perguntou.
– Ele é bonitão, mas sua personalidade é muito difícil de aguentar – tentei parecer o mais indiferente possível. Julia sabia como ler todos os meus pensamentos.
– Bom – ela disse, levantando os ombros e tomando um longo gole de sua batida –, talvez ele viva irritado porque tem um pau pequeno.
Bebi o resto do meu champanhe enquanto meus amigoss riam sem parar.
Na segunda-feira de manhã, eu estava um pilha de nervos enquanto entrava no prédio da empresa. Tinha tomado uma decisão: não iria sacrificar meu emprego por causa da nossa falta de juízo. Eu queria encerrar essa posição com uma apresentação perfeita para a banca examinadora do MBA, e então sair e seguir com a minha carreira. Chega de sexo, chega de fantasias. Eu poderia tranquilamente trabalhar – apenas profissionalmente – com o sr. Ryan por mais alguns meses.
Sentindo necessidade de incrementar minha confiança, usei conjunto de terno Prada que Julia me deu. Ele era feito sobre medida mais sem ser muito provocativo. Mas minha arma secreta era minha cueca. Sempre gostei de cuecas caras, e desde cedo aprendi onde encontrar os melhores preços. Vestir algo sexy debaixo das minhas roupas faz eu me sentir poderoso, e a cueca que eu estava usando com certeza cumpria essa função. Era vermelha justa, deixava um volume sinuoso na frente, ia ate o meio das coxas sem costura nenhuma uma legitima Emporio Armani.Com cada passo, o tecido do do terno acariciava minha pele. Hoje eu poderia aguentar qualquer coisa que o sr. Ryan dissesse, e poderia dizer tudo de volta se fosse preciso.
Cheguei cedo para ter tempo de preparar a apresentação. Não fazia exatamente parte do meu trabalho, mas o sr. Ryan se recusava a ter uma assistente exclusiva para isso, e quando ele fazia as coisas sozinho as apresentações acabavam sendo um desastre no campo das amenidades: nada de café ou comida, apenas uma sala cheia de gente, slides e folhetos perfeitos e, como sempre, trabalho sem fim.
O saguão do prédio – um vasto espaço com a altura de três andares, que reluzia com granito polido no chão e mármore nas paredes – estava vazio. Quando as portas do elevador se fecharam atrás de mim, comecei a me preparar mentalmente, lembrando de todas as discussões que tivemos e dos comentários maldosos que ele fazia.
“Digite, não escreva nada à mão. Sua caligrafia parece a de uma criança da terceira série, sr. Bennitiz.”
“Se eu quisesse ouvir toda a sua conversa com sua conselheira de graduação, eu deixaria minha porta aberta e pegaria um balde de pipoca. Por favor, fale mais baixo.”
Eu conseguiria fazer isso. Aquele cretino escolhera o homem errado para maltratar, e eu não iria deixar ele me intimidar. Passei a mão pelas curvas da minha bunda e sorri determinado. Cueca do poder. Como eu já esperava, o escritório ainda estava vazio quando cheguei. Juntei tudo o que seria necessário para a apresentação e me dirigi à sala de conferência. Tentei ignorar as imagens que surgiram em minha mente ao rever as grandes janelas e a enorme mesa.
Pare com isso, corpo. Cérebro, faça alguma coisa.
Olhando ao redor da sala ensolarada, preparei os arquivos e o laptop na mesa e ajudei os funcionários que serviam a comida a arrumar o café da manhã junto à parede do fundo.
Vinte minutos depois, as propostas estavam engatilhadas, o projetor estava preparado e as bebidas também. Com tempo sobrando, acabei me aproximando das janelas. Estiquei o braço e toquei o vidro liso, arrebatado pela lembrança das sensações: o calor de seu corpo contra minhas costas, o frio do vidro contra meu peito e o som animalesco de sua voz no meu ouvido.
“Apenas diga. E eu prometo que vou fazer você gozar.”
Fechei os olhos e me inclinei, pressionando as palmas das mãos e a testa contra a janela, e permiti que o poder das memórias tomasse conta de mim.
Fui arrancado de minhas fantasias pelo som de alguém limpando a garganta.
– Sonhando acordado no trabalho?
– Sr. Ryan – engoli em seco, minha mente começando a girar. Nossos olhos se encontraram e mais uma vez fui atingido por sua beleza. Ele quebrou o contato visual para examinar a sala.
– Sr. Bennitiz – ele disse, cada palavra soando ríspida e cortante –, vou fazer a apresentação no quarto andar.
– Como é? – perguntei, com a irritação invadindo meu corpo. – Por quê? Sempre usamos esta sala. E por que você esperou até o último minuto para me dizer isso?
– Porque eu sou o chefe – ele rugiu, apoiando-se em seus punhos fechados sobre a mesa. – Sou eu quem faz as regras, e sou eu quem decide onde e quando as coisas acontecem. Talvez se você não estivesse tão compenetrado olhando pelas janelas, poderia ter confirmado comigo os detalhes hoje de manhã.
Minha mente foi inundada por imagens minhas socando a cara dele. Tive de exercer todo o autocontrole que possuía para não pular sobre a mesa e estrangulá-lo. Um sorriso de satisfação surgiu em seu rosto.
– Que seja – eu disse, engolindo minha irritação. – Nenhuma boa decisão parece ser tomada nesta sala, de qualquer maneira.
Quando entrei na outra sala de conferência, meus olhos imediatamente se encontraram com os do sr. Ryan. Sentado em sua cadeira, ele juntou as mãos à sua frente como sempre fazia. Era o retrato perfeito da impaciência. Típico. Então, notei a pessoa ao meu lado: Elliott Ryan.
– Deixe-me ajudá-lo com isso, Daniel – ele disse, tomando uma pilha de pastas dos meus braços para que eu pudesse manobrar com mais facilidade o carrinho cheio de comida.
– Obrigada, sr. Ryan – lancei um olhar frio ao seu filho...meu chefe.
– Daniel – disse o velho sr. Ryan, rindo. Ele pegou alguns folhetos e começou a distribuir para as pessoas ao redor da mesa –, quantas vezes preciso dizer para você me chamar de Elliott?
Ele era tão bonito quanto seus dois filhos. Os três Ryans eram altos e musculosos, e compartilhavam os mesmos traços esculpidos. Desde que eu o conheci, os cabelos grisalhos de Elliott tinham embranquecido de vez, mas ele ainda era um dos homens mais bonitos que eu já vi na vida.
Sorri agradecido para ele, sentei e disse:
– Como vai a Susan?
– Ela está bem. Continua me perguntando quando você vai jantar com a gente – ele acrescentou, jogando uma piscadela. Eu não deixei de perceber o jovem Ryan bufando de irritação ao meu lado.
– Por favor, mande um “olá” para ela.
Ouvi passos atrás de mim e uma mão puxou gentilmente minha orelha.
– Oi, criança! – disse Henry Ryan, sorrindo para mim. Então se virou para falar com o resto da sala. – Desculpem pelo atraso. Achei que iríamos nos encontrar no andar de vocês.
Joguei um olhar malicioso com o canto do olho para meu chefe. A pilha de folhetos voltou para mim e entreguei uma cópia para ele.
– Aqui está, sr. Ryan.
Sem nem mesmo olhar para mim, ele agarrou os folhetos e começou a folheá- los. Estúpido.
Quando fui me sentar, a voz grave de Henry disse:
– Ah, Dani, enquanto fiquei lá em cima esperando, encontrei isto no chão – andei até onde ele estava e vi dois botões brancos em sua mão. – Você poderia tentar descobrir se alguém perdeu? Eles parecem caros. Senti meu rosto derreter. Tinha esquecido completamente da minha camisa rasgada.
– Hum... claro.
– Henry, posso dar uma olhada nesses botões? – disse o cretino de repente, tomando-os das mãos de seu irmão. Ele se virou para mim com um sorriso. – Você não tem uma camisa com botões iguais?
Olhei rapidamente ao redor da sala; Henry e Elliott já estavam absorvidos em outra conversa, sem perceber o que acontecia entre nós.
– Não – eu disse, tentando soar o mais desinteressado possível. – Não tenho.
– Você tem certeza? – tomando meu pulso, ele percorreu com o dedo desde meu braço até a palma da minha minha mão, onde colocou os botões e a fechou. Minha respiração ficou presa na garganta e meu coração batia ferozmente contra o peito.
Tirei a mão rapidamente, como se tivesse sofrido uma queimadura.
– Tenho certeza.
– Eu podia jurar que a camisa que você vestiu no outro dia tinha botões brancos. Aquela camisa branca, sabe? Eu lembro porque notei que um deles estava meio solto quando você foi me procurar no escritório.
Senti meu rosto queimar ainda mais, se é que isso era possível. O que ele estava fazendo? Por acaso ele queria insinuar que eu tinha armado para que ficássemos sozinhos na sala de conferência?
Inclinando e chegando mais perto, com sua respiração quente no meu ouvido, ele sussurrou:
– Você realmente deveria ser mais cuidadoso.
Tentei manter a calma ao afastar minha mão.
– Seu cretino – respondi com os dentes cerrados antes que ele se afastasse, parecendo surpreso. Mas por que estava surpreso, como se fosse eu quem tivesse quebrado as regras? Uma coisa era ser um babaca comigo, mas colocar em risco minha reputação na frente de outros executivos? Ele iria ouvir umas verdades mais tarde!
Durante a reunião, trocamos olhares, meus olhos cheios de raiva e os dele, de incerteza. Encarei as planilhas na minha frente sempre que possível para evitá-lo.
Assim que tudo acabou, juntei minhas coisas e saí correndo de lá. Mas, como esperado, ele veio logo atrás de mim para o elevador. Ficamos em silêncio enquanto subíamos para o nosso andar.
Por que o elevador era tão devagar, e por que alguém em cada andar tinha de decidir chamá-lo justo naquele momento? As pessoas ao nosso redor falavam ao telefone, folheavam papéis, discutiam planos para o almoço. O som das vozes aumentou até se tornar um burburinho alto, praticamente cobrindo os palavrões que eu dizia em minha mente para o sr. Ryan. Ao passarmos pelo 11 o andar, o elevador estava quase lotado. Quando a porta abriu e mais três pessoas decidiram entrar, eu acabei sendo empurrado para ainda mais perto dele, com minhas costas encostando em seu peito e minha bunda em seu... oh.
Senti o resto de seu corpo enrijecer sutilmente e ouvi sua boca respirando fundo. Em vez de me pressionar contra ele, me afastei o máximo que podia. Mas ele esticou o braço e agarrou minha cintura, puxando meu corpo de volta.
– Eu gosto de me apertar contra essa bunda – ele murmurou, com a voz macia e quente no meu ouvido. – Onde você...
– Estou a dois segundos de acertar um murro na sua cara.
Ele me puxou ainda mais perto.
– Por que você de repente ficou mais bravinho do que o normal?
Virei a cabeça e disse, quase sussurrando:
– Porque é típico de você me fazer parecer, na frente do seu pai, um viadinho querendo subir na carreira.
Ele deixou a mão cair e ficou boquiaberto.
– Não! – piscou. Piscou de novo. – O quê?! – o sr. Ryan confuso até que ficava atraente. Cretino! – Eu estava só brincando.
– Otima brincadeira, E se eles escutassem você falando aquilo?
– Eles não escutaram.
– Mas poderiam.
Ele genuinamente parecia não ter pensado nisso, e provavelmente não pensou mesmo. Para ele era fácil ficar brincando, já que era o chefe. Ele era o executivo obcecado com o trabalho. Mas eu era a garoto que ainda estava na metade do caminho.
Uma pessoa ao lado olhou em nossa direção e nós imediatamente nos ajeitamos. Eu bati com o cotovelo nas suas costelas, e ele beliscou minha bunda com tanta força que me fez perder o ar.
– Não vou pedir desculpas – ele disse disfarçadamente. É claro que não. Babaca.
Ele se apertou contra mim novamente, e senti o tamanho de sua ereção, que tinha crescido ainda mais, e o resultado foi meu pau duro como ferro.
Chegamos ao 15o andar e algumas pessoas saíram. Estiquei o braço atrás de mim, deslizei a mão entre nós dois e a coloquei sobre seu pau. Ele exalou um suspiro quente em meu pescoço e sussurrou:
– Oh, sim.
E então, eu apertei.
– Merda. Desculpa! – ele disse rispidamente em meu ouvido. Soltei e deixei a mão cair, sorrindo para mim mesmo. – Deus, eu estava apenas brincando com você.
Décimo sexto andar. As últimas pessoas saíram apressadas, todas aparentemente se dirigindo para uma mesma reunião.
Assim que as portas se fecharam e o elevador começou a se mexer, ouvi um grunhido vindo de trás e vi o sr. Ryan jogar rapidamente sua mão no botão de parar o elevador. Seus olhos se voltaram para mim e estavam mais escuros do que eu jamais tinha visto. Em um único movimento, ele me pressionou contra a parede com seu corpo. Ele se afastou apenas tempo suficiente para me jogar um olhar raivoso e dizer:
– Não se mexa.
E, mesmo eu querendo mandar ele se foder, meu corpo implorava que eu obedecesse a qualquer coisa que ele dissesse.
No meio dos arquivos que eu levava, ele pegou um papel adesivo e o colou na lente da câmera que ficava no teto. Seu rosto estava apenas a alguns centímetros do meu, sua respiração jogava lufadas de ar quente no meu pescoço.
– Eu nunca iria insinuar que você está tentando transar para subir na vida – ele exalou, se inclinando para cima de mim. – Você está pensando demais.
Afastei meu corpo o máximo que conseguia, tentando manter distância.
– E você não está pensando o suficiente. Estamos falando da minha carreira. Você tem todo o poder por aqui. Você não tem nada a perder.
– Eu tenho o poder? Você é quem veio se encostando no meu pau no elevador. É você quem está fazendo isso comigo.
Senti minha expressão suavizar; não estava acostumado a vê-lo mostrando vulnerabilidade, nem mesmo um pouco.
– Então, não me assuste.
Após uma longa pausa, ele assentiu.
O som do prédio ao nosso redor preencheu o espaço vazio do elevador enquanto continuávamos a nos encarar. Um desejo por contato começou a crescer em mim, primeiro no umbigo, depois descendo até o meu pau. Ele se inclinou para frente e lambeu meu queixo antes de cobrir meus lábios com os dele, e um gemido involuntário vibrou na minha garganta quando seu pau duro pressionou minha barriga. Meu corpo começou a agir por instinto passei a esfregar minha ereção dolorida na sua perna, enquanto minhas mãos agarravam seus cabelos. Ele se afastou apenas para olhar nos meus olhos.
– Um gatinho tão bravinho... – ele sussurrou. Colocando as mãos no meu ombro,e passou a beijar meu pescoço, encheu a mão nos meus cabelos e puxou minha cabeça com força para o lado, expondo meu pescoço. Beijos quentes e molhados percorreram meu queixo. Seu toque deixava uma centelha de eletricidade em cada centímetro de pele que tocava. Ele foi me virou contra a parede do elevador e passou a se esfregar na minha bunda.
Caramba, como ele consegue provocar essas coisas em mim?
– Você gosta disso? – seus dedos puxaram meus cabelos para trás. – De ser encochado com força?
– Talvez.
– Você é uma garoto muito safado.
Soltei um gemido de surpresa quando senti sua mão dar um forte tapa na minha bunda no lugar que antes ele passava o pau, e, em seguida, gemi de prazer. Puxei o ar em mais um suspiro agudo quando sua entrou na minha cueca e agarrou meu pau com força.
– Ai meu deus, eu vou gozar nas calças seu imbecil.
Ele riu de um jeito sombrio e me pressionou novamente contra a parede. Os painéis gelados de aço enviaram calafrios através do meu corpo, acordando memórias da janela naquela primeira vez. Tinha esquecido como era bom sentir o contraste – frio e calor, resistência e ele.
– Eu pago a lavanderia – ele respondeu. Sua mão deslizou ao redor da minha cintura e pela barriga, descendo até que seu dedo pousou na cabeça do meu pau
. – Sabe, eu acho que você usa essas cuecas de marca apenas para me provocar.
Será que ele estava certo? Será que eu estava delirando ao pensar que eram apenas para mim?
A pressão de seu toque causava aflição, seus dedos pressionavam e liberavam me fazendo querer mais.
– Você está tão molhado. Deus, você deve ter ficado pensando nisso a manhã toda.
– Vá se foder – eu disse, perdendo o fôlego e jogando meu corpo para trás quando com a outra mão ele me penetrou com um dedo.
– Diga. Diga e eu te darei o que você quer – um segundo dedo se juntou ao primeiro, e a sensação me fez soltar um grito.
Balancei a cabeça, mas meu corpo me traía novamente. Ele soava tão carente; suas palavras eram provocantes e controladoras, mas eu sentia como se ele também estivesse implorando. Fechei os olhos, tentando limpar meus pensamentos, mas aquilo tudo era demais. Seu corpo vestido, eu com a calça abaixada, o som de sua voz áspera e a sensação de seus longos dedos entrando e saindo deixaram-me à beira do abismo. Sua outra mão apertou ainda mais meu pau eu era um vulcão em erupição. Eu estava quase lá.
– Diga – ele rugiu no meu ouvido quando seu polegar esfregou a cabeça do meu pau – Não quero te ver todo bravinho comigo pelo resto do dia.
Eu cedi e finalmente sussurrei:
– Eu quero você dentro de mim – ele soltou um grave e lento gemido, e sua testa pousou no meu ombro quando começou a mexer mais rápido, enfiando e circulando. Seus quadris sustentavam minha bunda, sua ereção se esfregava contra mim. – Oh, Deus – gemi, enquanto meu orgasmo se pronunciava e cada pensamento se concentrava no prazer que implorava para ser liberado.
E então o som rítmico de nossa respiração e gemidos foi interrompido pelo toque agudo do interfone. Ficamos paralisados quando a percepção de onde estávamos nos acertou como um soco. O sr. Ryan praguejou ao se afastar de mim e atender a chamada.
Virando, fechei o ziper da calça, agradeci mentalmente por não ter perdido a cueca dessa vez e comecei a me ajeitar com mãos trêmulas.
– Sim – ele parecia tão calmo, não mostrava nem um pouco de falta de fôlego. Nossos olhos se encontraram.
– Entendo... Não, nós estamos bem... – ele me olhou de cima a baixo. – Não, simplesmente parou – ele ouviu a pessoa do outro lado da linha, enquanto esfregava a mão que estava no meu pau na boca. – Tudo bem – terminou a conversa e desligou.
O elevador tremeu e voltou a subir. O sr. Ryan olhou pra mim. Então, sorriu, saindo de perto da parede e se aproximando de mim. Colocando uma mão ao lado da minha cabeça, ele se inclinou, passando o nariz ao longo do meu pescoço, e sussurrou:
– Cheirar você é tão bom quanto te foder.
Um pequeno suspiro escapou da minha garganta.
– E isto – ele disse apontando para uma pequena parte da cueca que estava parecendo na minha calça – Ainda vai ser minha.
O elevador finalmente chegou ao nosso andar. As portas se abriram e, sem nem mesmo uma rápida olhada para mim, ele deu uma tapa na minha bunda e saiu.