Depois que seu pai embora, Xande volta ao mesmo estado depressivo que estava ontem à noite.
Eu – Oh amor, não era pra você ter presenciado isso. Eu sinto muito...
Ele senta na minha cama.
Xande – Me conta. Me diz tudo o que ele te falou. Eu quero ouvir todos os detalhes!
Eu – Não Xande, isso só vai te deixar ainda mais triste!
Ele encara o chão.
Eu - Olha como você já está!
Xande – Eu preciso saber! Preciso saber que tipo de homem meu pai realmente é! Porque eu não o conheço, Luke! Essa aparência de bom pai era só uma ilusão.
Eu – Calma Xande, ele ainda pode mudar...
Xande – Mas a culpa é minha. Eu que sou burro! BURRO! BURRO! IDIOTA!
Ele dizia alterado.
Eu – Para Xande! Você não é nada disso!
Xande – Como não, Luke? Aparentemente só precisa de um “Eu te amo” e um “Eu senti sua falta”, pra eu esquecer tudo o que eu passei por causa dele. Se existe alguém mais retardado do que eu no universo, eu desconheço.
Eu – Oh amor, não fica falando assim! Você sentia muita falta dele na sua vida. Você quis acreditar que ele tinha mudado e agora era uma pessoa melhor. Isso não faz de você idiota, só mostra o quanto você é bom e o quanto você ama o seu pai. Não fique se martirizando pela intolerância alheia.
Digo segurando sua mão.
Xande – Sobre o que vocês falaram antes de eu chegar?
Fico calado.
Xande – Me diz Luke, por favor!
Eu – Xande... Eu já disse, ele veio me oferecer dinheiro.
Xande – E o que mais? Ele não chegou já te oferecendo dinheiro, deve ter dito alguma coisa antes e por que ele tava no seu quarto?!
Ele fala levantando da minha cama.
Xande – Porque você não me conta logo desde o inicio?
Diz bravo.
Eu – Calma Alexandre! Por isso não quero de contar nada, porque não quero ver você agressivo desse jeito!
Xande – Desculpa...
Ele quase sussurra.
Xande – Eu vou ficar calmo, eu prometo! Só me diz...
Fala enquanto senta na cadeira ao lado da escrivaninha.
Eu – Quando eu sai da sua casa ele já estava aqui em frente. Eu disse não queria conversar nada com ele e que não queria barraco aqui em casa, mas ele falou que se eu não quisesse confusão era melhor eu deixar ele entrar e escutar o que ele tinha a dizer...
Xande – ELE TE AMEAÇOU?!
Diz me interrompendo.
Eu – Não, pelo menos eu acho que não. Eu acho que ele quis dizer que se eu não conversasse com ele, ele faria um barraco no meio da rua. Não vi aquilo como uma ameaça séria.
Xande – Continua.
Eu – Enfim, nos subimos. Assim que ele entrou aqui, viu ele viu o relógio que você me deu e começou a questionar se eu sabia quanto tinha custado, se eu já tive que pagar algo nesse período que estamos namorando, que você é carente e que eu estou tirando proveito de você...
Xande – Isso é um absurdo! Você nunca me pediu pra pagar pra você.
Eu – Eu disse isso a ele, mas ele continuou falando que só estou contigo por causa da sua grana. Disse que eu sou prostituto, aproveitador... Daí me ofereceu o dinheiro, depois que eu recusei e mandei ele embora daqui, você entrou.
Xande – Ainda não to acreditando! Que cretino! Luke, me desculpa... Desculpa por ter feito você passar por tudo isso.
Eu – Não é sua culpa, amor. Ele já foi. Acabou! Deixa isso pra lá.
Ele fica calado um tempo.
Eu – Tá pensando em que, Xande?
Xande – Tô pensando que, mesmo que tenha dado tudo errado, acho que foi à coisa certa ter dito tudo a ele de uma vez.
Se deu tudo errado, como foi a coisa certa? E se fosse a coisa certa, agora ele não estaria tão triste.
Eu – Não to te entendendo Xande, como foi à coisa certa?
Xande – Quero dizer no sentido de saber a reação dele. Foi melhor saber logo. Se eu tivesse esperado mais, a reação ainda teria sido essa, mas eu estaria cada vez mais apegado a ele e ficaria ainda mais triste.
Eu – Não fique triste, meu bem. Só dê um tempo a ele. Ele ainda vai reconsiderar...
Xande – Hm... Nem você acredita que isso seja verdade.
Diz irônico.
Eu – Vai ficar tudo bem, Xande! Eu te prometo!
Tento parecer mais positivo.
Xande – Eu quase acreditei dessa vez.
Eu sorri.
Eu – Olha amor, vou ser completamente sincero com você. Eu realmente acho que as pessoas são capazes de mudar. Você mudou desde que te conheci, eu também mudei bastante. De verdade, e acredito que seu pai possa mudar, sim! Posso não parecer tão confiante agora, porque essa discussão acabou de acontecer, mas não significa que não acredite na mudança dele.
Xande – Só porque pode mudar de opinião, não quer dizer que vá. É preciso querer mudar e ele não parece está muito disposto a isso.
Eu – Não fique pensando nisso agora. Da um tempo pra ele...
Xande – Será que ele já vai embora?
Eu – Não sei. Bem, ele me disse que ficaria até terça, mas depois dessa briga não sei mais como vai ser...
Ele fica calado.
Eu – Você tá precisando de alguma coisa, amor?
Xande – A única coisa que preciso é de você...
Ele diz todo tristonho.
Ele passa o dia todo lá em casa, mas mal falava alguma coisa.
Ficamos assistindo um desenho que ele gosta, um dos gigantes que ficam matando as pessoas. Particularmente, eu não gosto, mas...
No final da tarde Junior aparece lá em casa.
Junior – E ai Luc?
Diz já entrando no meu quarto.
Xande – Porra, velho! O que tu já veio fazer aqui?!
Diz já levantando da cama.
Junior – Tropeço, eu não vim aqui ver você. Vim ver o Luc!
Eu – Gente, por favor, não começa!
Junior – Ai ai Alexandre, você tem tanto medo assim que eu fique perto dele, não é? Parece que você sente que mais cedo ou mais tarde ele vai voltar pra mim.
Xande – A única coisa que vai acontecer mais cedo ou mais tarde é eu quebrar a tua cara, seu filho da puta!
Junior rir.
Eu – “Voltar”? Eu nunca estive com você pra poder voltar. Tá doido?
Xande – Exatamente.
Junior – Isso é só um detalhe, amor.
Xande – Não chama ele de “amor”! O nome dele é Luke! Pra você, LUCAS!
Xande diz irritado.
Junior – Olha como é agressivo!
Continua a rir.
Junior – Amor, você deveria domesticar melhor esse seu bicho de estimação. Quando formos morar juntos, você vai ter que se livrar dele.
Eu – Já chega Junior! Vai embora! Agora!
Xande – Como é que você entra aqui a hora que quer?
Junior – Você é bem burrinho, hein? Como dizem, quantos mais malhados, menos inteligentes são.
Xande – Vai se foder!
Junior – Brother, eu conheço o Luc e a família dele há anos. Há muito mais tempo que você! Eu sou quase da família... Bem, quando ele e eu nos casarmos, eu vou ser mesmo da família. Então...
Xande ameaça ir pra cima dele.
Eu – Vamo! Você já ta de saída.
Seguro Junior pelo braço e vou o puxando pra fora do quarto.
Junior – Ah Xandinho, você sabe né? Ele só não foi meu ainda, porque eu nunca quis, mas agora eu quero. Então aproveite aí os dias que te restam...
Saímos do quarto.
Eu – Tu tá querendo apanhar mesmo?
Digo enquanto o levo até a porta da frente.
Junior – Eu não tenho medo dele!
Eu – Eu to falando de mim. Eu vou te dar uma surra!
Ele rir debochado.
Junior – Eu vou adorar! Vai, bate. Bate que eu gamo!
Eu – Você não leva nada a sério, não é?
Junior – Qual é Luc? Você é bonzinho demais pra machucar alguém.
Diz bagunçando meu cabelo.
Eu – Você veio aqui com único propósito de nos irritar mesmo?
Junior – Não. Na verdade vou comer um carinha que mora aqui perto, daí resolvi passar aqui antes pra te ver. Preciso me inspirar.
Eu – Você tá namorando, Junior?
Junior – Não. Não precisa ficar com ciúmes.
Eu – Não estou!
Junior – Claro que tá. Só não quer admitir. Enfim, não é nada serio. Mas você sabe, não é? Um cara tem suas necessidades... Já que você tá se fazendo de difícil, vou comendo uns caras aleatórios até o dia que finalmente vamos ficar juntos.
Eu – Adeus Junior!
Fecho a porta na cara dele.
Eu – Pronto, ele já foi!
Já de volta ao quarto.
Xande – Eu vou falar com seus pais pra não permitirem que esse desgraçado entre aqui de novo.
Eu – Esquece ele, amor.
Xande – Sobre o que vocês conversaram lá em baixo?
Eu – Besteira. Só perguntei que ele veio fazer aqui.
Xande – E o que foi?
Eu – Nada. Ele disse que tem um encontro com um cara aqui perto e resolveu passar aqui antes.
Xande – Pra que? Te fazer ciúmes?
Eu – Se foi, ele perdeu o tempo dele.
Xande – Eu nunca pensei que detestaria tanto uma pessoa quanto detesto esse cara!
...
Na segunda, o dia foi bem comum. Xande ainda estava meio pra baixo.
Junior não nos incomodou e Seu Arthur também não deu sinal de vida. Penso que ele já deve ter voltado pra cidade dele. Já na terça, o dia em que ele supostamente iria embora, recebi uma ligação de um numero desconhecido.
Eu – Oi.
- Pensou na minha proposta?
Eu – Seu Arthur?
Xande – É meu pai?
Diz confuso.
Ele estava ao meu lado na sala de sua casa.
Arthur – Isso. Agora sejamos breve e me diga quanto você vai querer pra deixar meu filho em paz?
Eu – De novo com isso? Eu já disse que não vou aceitar seu dinheiro!
Xande pega o telefone da minha mão e sai da sala.
#Narrado por Alexandre#
Eu – Qual o seu problema? Pensei que já tínhamos encerrado esse assunto.
Arthur – Esse assunto só vai ser encerrado quando você estiver muito longe desse rapaz!
Eu – Pai, põe uma coisa na sua cabeça. Eu amo o Lucas e nada do que você fizer vai me separar dele! Nada!
Digo irritado.
Arthur – Não me desafie Alexandre...
Eu – Deixa eu te falar, eu já comprei uma casa pra morarmos juntos e eu vou pedir o Luke em casamento! Você não pode fazer nada pra impedir isso.
Arthur – Você estar proibido de fazer isso! Proibido, me ouviu! Isso não vai acontecer! Nunca!
Ele gritava.
Eu – É? E o que o senhor vai fazer? Me matar? Porque só assim pra eu me separar do Lucas.
Arthur – Esse casamento não vai acontecer. Pode ter certeza disso!
Ele desliga.
Continua.
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