"O Cretino Irresistível" Parte 13

Um conto erótico de Dany Bennitiz
Categoria: Homossexual
Contém 3721 palavras
Data: 14/04/2017 00:54:48
Assuntos: Amor, chefe, Gay, Homossexual, Raiva

Daniel

A consciência bateu à porta da minha mente adormecida, mas tentei mantê-la longe. Eu não queria acordar. Estava contente, confortável e aquecido.

Visões vagas do meu sonho passeavam atrás dos meus olhos fechados. O cobertor que eu abraçava era o mais quente e cheiroso com o qual já tive o prazer de dormir – pois ele me abraçava de volta. Algo quente se apertou contra mim. Meus olhos se abriram e focaram mechas de cabelos familiarmente desarrumados a apenas alguns centímetros do meu rosto. Centenas de lembranças surgiram naquele segundo, quando a realidade da noite passada desabou sobre meu cérebro confuso.

Merda.

Era real.

Meu coração acelerou quando levantei a cabeça para ver aquele lindo homem abraçado ao meu corpo. Sua cabeça estava deitada em meu peito, sua boca perfeita, levemente aberta, deixando escapar lufadas de ar quente em meu peito nu. Seu longo corpo estava deitado ao meu lado, nossas pernas se entrelaçavam e seus braços fortes envolviam meu torso com força.

Ele ficou.

A intimidade de nossa posição me atingiu com tanta força que eu até perdi o fôlego. Ele não apenas ficou, ele se agarrou em mim.

Tive dificuldade para voltar a respirar e para evitar entrar em pânico. Eu estava muito ciente de cada centímetro onde nossas peles se tocavam. Podia sentir a batida poderosa de seu coração contra meu peito. Seu pau estava pressionado contra minha coxa, semiereto em seu sono. Meus dedos ardiam com a vontade de tocá-lo. Meus lábios desejavam beijar seus cabelos. Aquilo era muito para mim. Ele era muito. Algo mudou na noite passada e eu não sabia se estava pronto para lidar com isso. Também não sabia o que era essa mudança, mas ela tinha acontecido. A cada movimento, a cada toque, a cada palavra e a cada beijo daquela noite, nós estivemos juntos. Ninguém nunca me fez sentir assim, como se meu corpo fosse feito para encaixar em outro.

Eu já estive com outro homem, mas com ele eu sentia como se estivesse sendo arrastado por uma maré invisível, completamente incapaz de mudar a direção. Fechei os olhos, tentando dominar a crescente sensação de pânico. Eu não me arrependia do que aconteceu. Tudo foi – como sempre – intenso e definitivamente o melhor sexo que já tive. Eu apenas precisava de alguns minutos sozinho antes de poder encará-lo. Pousando uma mão em seus cabelos e a outra nas costas, eu consegui tira ele de cima de mim. Ele começou a se remexer e eu congelei. Abracei-o de volta e tentei impedi-lo de acordar. Ele murmurou meu nome antes de sua respiração voltar a se acalmar, impossível um sorriso não sair dos meus lábios então eu deslizei para fora.

Fiquei observando-o dormir por um momento, sentindo meu pânico retroceder um pouco, e mais uma vez fiquei admirado por sua beleza. Em seu sono, sua expressão era tranquila e pacífica, muito diferente do que costumava mostrar na minha presença. Uma mecha de cabelo estava caída sobre sua testa e meus dedos desejavam arrumá-la. Cílios longos, rosto perfeito, lábios macios e um queixo coberto com uma barba por fazer. Meu Deus, ele é lindo demais.

Comecei a andar até o banheiro, mas vi de relance meu próprio reflexo no espelho do quarto e parei. Uau. A imagem de quem acabou de transar. Definitivamente, era assim que eu parecia. Eu me aproximei e examinei as pequenas marcas vermelhas espalhadas em meu pescoço, ombros, peito e barriga. Uma pequena mordida estava visível debaixo do meu peito esquerdo, além de uma vermelhidão em meu ombro. Olhando para baixo, corri os dedos pelas marcas vermelhas na parte interna das minhas coxas. Meu pau endureceu quando lembrei a sensação de sua barba mal feita raspando contra minha pele. Meu cabelo estava todo desgrenhado, e mordi o lábio quando lembrei de suas mãos mergulhadas nele. A maneira como ele me puxou primeiro para um beijo e depois para seu pau...

Isso não está ajudando.

Fui retirado dos meus pensamentos por uma voz grave e sonolenta.

– Já está de pé e se estressando?

Eu me virei e tive uma rápida visão de seu corpo nu quando ele se ajeitou nos lençóis antes de sentar e cobrir-se, deixando apenas o torso à mostra. Eu nunca me cansaria de ver – e sentir – seu peito largo e musculoso, seu abdômen malhado e aquele caminho da felicidade, que levava para o mais gloriosamente e bem dotado homem que eu já conheci. Quando meus olhos finalmente alcançaram seu rosto, eu franzi a testa ao ver seu sorriso maroto.

– Peguei você olhando – ele murmurou, esfregando a mão no queixo.

Eu não sabia se deveria sorrir ou revirar os olhos. Vê-lo daquele jeito, vulnerável e semiacordado, era desconcertante. Não tínhamos fechado as cortinas na véspera, e agora o sol da manhã emitia seus raios brilhantes contra o emaranhado de lençóis. Ele parecia tão diferente – ainda era meu chefe cretino, imbecil mas também parecia outra pessoa: um homem, em minha cama, parecendo pronto para a... quarta? Quinta rodada? Eu já tinha até perdido a conta.

Quando seus olhos percorreram cada parte do meu corpo, eu me lembrei que também estava completamente nu. Nesse momento, sua expressão parecia tão intensa quanto seus toques. Pensei brevemente que, se ele continuasse com aquele olhar, minha pele entraria em combustão. Será que aquilo poderia ter sobre mim o mesmo efeito que seu toque?

Mudei minha expressão para esconder o fato de que eu estava mentalmente catalogando cada centímetro de sua pele, então me abaixei para pegar sua camiseta branca no chão. Ela ficou a noite inteira na frente do ar-condicionado e por causa disso estava um pouco fria, mas, graças a Deus, estava praticamente seca. Quando passei o tecido de algodão pela minha cabeça, senti o perfume de ervas da pele dele, então encontrei seu olhar sombrio colado em mim.

Ele molhou seus lábios com a língua e grunhiu baixinho:

– Venha aqui.

Eu me aproximei da cama com a intenção de sentar ao seu lado, mas ele me puxou para o colo e disse:

– Diga o que você está pensando.

Ele queria que eu resumisse um milhão de pensamentos em uma única frase? Aquele homem estava maluco. Então, abri a boca e soltei o primeiro pensamento que surgiu:

– Você disse que não esteve com mais ninguém desde que nós... ficamos juntos – encarei seu peito para evitar seus olhos. – Isso é verdade?

Finalmente, olhei para cima.

Ele assentiu e deslizou os dedos debaixo da camiseta, passando as mãos lentamente na minha cintura e barriga.

– Por quê? – perguntei.

Ele fechou os olhos e balançou a cabeça uma vez.

– Eu não quis ficar com mais ninguém.

Eu não sabia como interpretar aquilo. Ele queria dizer que não encontrou ninguém que quisesse, mas que estava aberto a possibilidades?

– Você sempre escolhe a monogamia quando está ficando com alguém?

Ele deu de ombros.

– Se essa for a expectativa.

Bennett beijou ao longo dos meus ombros, chegou ao peito e subiu pelo pescoço. Estiquei o braço e peguei uma garrafa de água no criado mudo, tomei um gole e ofereci. Ele tomou o resto da água em alguns longos goles.

– Está com sede?

– Sim. E com um pouco de fome também.

– Não é surpresa, nós não comemos desde... – parei quando ele mexeu as sobrancelhas e sorriu com o canto da boca.

Revirei os olhos, mas tive de fechá-los quando ele se aproximou e me beijou docemente nos lábios.

– A expectativa aqui é a monogamia? – eu perguntei.

– Depois do que aconteceu ontem à noite, acho que é você quem precisa me dizer.

Eu não sabia como responder. Eu já não sabia se poderia ficar com ele dessa maneira, e sabia menos ainda no caso de monogamia. Pensar em como isso poderia funcionar fazia minha mente girar. Será que conseguiríamos ser... amigos? Será que ele diria “bom dia” de verdade? Será que ele se sentiria seguro para criticar meu trabalho?

Ele esticou os dedos sobre minhas costas, pressionando meu corpo ao seu lado e me arrancando dos meus pensamentos.

– Nunca tire essa camiseta – ele sussurrou.

– Trato feito – eu me estiquei para trás, melhorando o acesso de sua boca ao meu pescoço. – Vou vestir isto e nada mais em nossa reunião mais tarde.

Sua risada foi grave e divertida.

– Nem pensar.

– Que horas são? – eu perguntei, tentando enxergar o relógio atrás dele.

– Dane-se o relógio – as pontas de seus dedos encontraram meu peito e ficou brincando com a pele macia.

No processo de me esticar, eu acabei expondo a pele dele um pouco acima do quadril. Mas o quê...?

Aquilo era uma tatuagem?

– Isso aqui é...? – eu mal podia formar as palavras. Afastando-o levemente, olhei em seus olhos antes de voltar a encarar a marca. Logo abaixo da cintura havia uma linha de tinta preta, palavras escritas naquilo que eu achava ser francês. Como diabos eu não tinha visto isso antes? Tentei lembrar de todas as vezes em que estivemos juntos. Sempre foi de forma apressada, no escuro ou apenas seminus.

– É uma tatuagem – ele disse, confuso, afastando-se um pouco e passando os dedos por minha barriga.

– Eu sei que é uma tatuagem, mas... o que está escrito aí? – o sr. Eu-Não-Brinco- em-Serviço tem uma maldita tatuagem. Cai o outro pedaço do homem que eu achava conhecer.

– Está escrito Je ne regrette rien.

Meus olhos dispararam na direção de seu rosto, e meu sangue ferveu ao som de sua voz se dissolvendo em uma perfeita pronúncia do francês.

– O que você disse?

Ele soltou um sorriso no canto da boca.

– Je ne regrette rien – pronunciou as palavras lentamente, enfatizando cada sílaba. Era a coisa mais sexy que eu já tinha ouvido na vida.

Em meio a tudo isso – a tatuagem e sua completa nudez –, eu achei que entraria em combustão espontânea.

– Isso não é uma música?

– Sim, é de uma música – ele assentiu, e riu um pouco. – Você pode achar que eu me arrependo daquela noite, bêbado em Paris, milhares de quilômetros distante de casa, sem um único amigo na cidade, quando decidi fazer uma tatuagem. Mas não, nem mesmo disso eu me arrependo.

– Diga de novo – sussurrei.

Ele se aproximou, encaixando os quadris ainda mais em meu corpo, sua respiração quente em meu ouvido, e sussurrou novamente.

– Je ne regrette rien. Você entende?

Assenti.

– Diga mais alguma coisa.

Eu respirava com dificuldade, ele chegou na minha orelha e disse:

– Je suis à toi – sua voz estava ainda mais grave e quase falhando enquanto seu pau se mantinha erguido para mim, então eu acabei com nossa agonia e me empalei nele com um gemido, novamente amando a profundidade daquela posição. Ele sussurrou uma única e profana sílaba em francês de novo e de novo, encarando meu rosto. Em vez de segurar meus quadris, suas mãos agarraram a camiseta nos dois lados do meu corpo. Aquilo era tão fácil, tão natural entre nós, que de alguma forma aumentava uma intranquilidade que eu não conseguia afastar. Em vez de pensar nisso, eu me concentrei em seus grunhidos abafados na minha boca. Concentrei-me na maneira como ele de repente nos colocou sentados e chupou meu peito por cima da camiseta, expondo a pele que havia sob o tecido. Eu me perdi na urgência de seus dedos em minhas coxas e cintura, sua testa pressionada na base do meu pescoço quando ele se aproximou do clímax. Eu me perdi na sensação de suas coxas embaixo de mim, seus quadris se movendo cada vez mais rápido e com mais força para acompanhar meus movimentos.

Virando meu corpo, ele pousou a mão totalmente esticada sobre meu peito e seus quadris diminuíram a velocidade até parar.

– Seu coração está acelerado. Diga o quanto você está gostando disso.

Eu relaxei instintivamente ao olhar para seu sorriso convencido. Será que ele sabia que eu precisaria de ajuda para lembrar quem ele foi há menos de um dia?

– Você está falando daquele jeito de novo. Pare com isso.

Seu sorriso se alargou.

– Você adora quando eu falo assim. Principalmente quando meu pau está dentro de você. Eu revirei os olhos.

– O que foi que me denunciou? Os orgasmos? O jeito como eu imploro para você? Parabéns, você é praticamente um detetive.

Ele piscou, puxando meu pé para cima do seu ombro e beijando meu calcanhar.

– Você sempre foi desse jeito? – eu perguntei, puxando inutilmente seus quadris. Odiava admitir, mas queria que ele continuasse mexendo. Quando ele parava, eu sentia a provocação, a ardência, a sensação de coisa incompleta. E quando se movia, eu apenas queria que o tempo parasse. – Eu tenho pena dos homens e mulheres cujos egos foram destroçados pelo caminho.

Bennett balançou a cabeça, inclinando-se sobre mim e se apoiando nas mãos. Graças aos céus, ele começou a se mover. Os quadris subiram, entrando profundamente em mim. Meus olhos se fecharam. Ele acertou o ponto perfeito de novo, de novo e de novo.

– Olhe para mim – ele sussurrou.

Olhei para cima, observei o suor em suas sobrancelhas e os lábios se separarem quando ele encarou minha boca. Os músculos dos ombros se apertavam com seus movimentos, seu torso brilhava com uma fina camada de suor. Pousei meu olhar onde ele se movia para dentro e para fora de mim. Não sei o que eu disse quando ele tirou quase tudo para fora e então enfiou com força de volta em mim, mas foi algum murmúrio sujo e instantaneamente esquecido enquanto ele estocava.

– Você me faz sentir convencido. É o jeito como você reage que me faz sentir um maldito deus. Como você pode não enxergar isso?

Eu não respondi e claramente ele não esperava que eu respondesse – seu olhar e os dedos de uma mão exploravam meu pescoço e desceu para minha barriga. Ele encontrou um lugar especialmente sensível e eu ofeguei.

– Parece que alguém te deu uma mordida aqui – ele disse, esfregando o polegar na marca de seus dentes. – Você gostou?

Engoli em seco, juntando nossos corpos.

– Sim.

– Garoto safado.

Minhas mãos deslizaram por seus ombros e desceram até o peito, passaram pela barriga e pelos músculos dos quadris. Meu polegar acariciou sua tatuagem.

– Eu gosto disso também.

Seus movimentos se tornaram mais selvagens e violentos.

– Oh, merda, Dan... eu não consigo... não vou aguentar mais.

Ouvir sua voz tão desesperada e fora de controle apenas intensificou meu desejo por ele. Fechei os olhos, concentrando-me na deliciosa sensação que começava a se espalhar por meu corpo. Eu estava muito perto, quase lá. Abaixei a mão entre nós e meu dedos encontraram meu pau, que comecei a massagear. Ele abaixou a cabeça, olhou para minha mão e praguejou.

– Oh, merda – sua voz estava desesperada, sua respiração saía com dificuldade. – Vai, se toca, quero ver você gozando – suas palavras foram tudo o que eu precisava e, com uma última e rapida passada de dedos, senti o orgasmo me dominar.

Gozei com força meu esperma melando nossas barrigas, apertando-o ao meu redor, as unhas da minha mão livre se enterrando em suas costas. Ele gritou, e seu corpo se descontrolou quando também gozou dentro de mim. Meu corpo todo tremeu nos momentos seguintes, mesmo quando o orgasmo se dissipou. Agarrei seu corpo quando ele parou, afundando em cima de mim. Ele beijou meu ombro e meu pescoço antes de plantar um único beijo em meus lábios. Nossos olhos se encontraram brevemente, e então ele rolou para o lado.

– Meu Deus, garoto – ele disse, exalando uma respiração pesada e forçando uma risada. – Você vai acabar me matando.

Rolamos cada um para um lado, cabeça nos travesseiros, e quando nossos olhos se encontraram eu não pude desviar o olhar. Perdi qualquer esperança de que na próxima vez tudo seria menos poderoso, ou que nossa conexão de alguma maneira diminuísse se simplesmente transássemos até cansar. Aquela “trégua” não ajudou em nada. Eu já queria me aproximar novamente, beijar a barba mal feita e puxá-lo de volta para mim. Enquanto o encarava, ficou claro para mim que iria doer bastante quando isto acabasse. O medo tomou conta do meu coração e o pânico da noite anterior retornou, trazendo um desconfortável silêncio. Eu me sentei, puxando os lençóis até meu queixo.

– Oh, merda.

A mão dele disparou e agarrou meu braço.

– Dan, eu não posso...

– Nós provavelmente precisamos nos arrumar – eu interrompi o que poderia ser o começo de um milhão de formas para partir meu coração. – Temos apresentações para ver em vinte minutos. Ele pareceu confuso por um momento antes de falar:

– Eu não tenho nenhuma roupa limpa aqui. Eu nem sei onde fica o meu quarto. Senti meu rosto corar ao relembrar o quão rápido tudo aconteceu na véspera.

– Certo. Vou usar sua chave e trazer alguma coisa.

Entrei no banheiro, tomei um banho rápido e enrolei uma toalha ao redor da cintura, pensando que deveria ter trazido um roupão do hotel. Respirei fundo, abri a porta e voltei para o quarto. Ele estava sentado na cama e seus olhos se ergueram para o meu rosto.

– Eu só preciso... – fiz um gesto na direção da minha mala. Ele assentiu, mas continuou calado. Eu geralmente não sinto vergonha do meu corpo, mas ali, de pé usando apenas uma toalha e sabendo que ele me observava, eu me senti estranhamente tímido.

Peguei algumas coisas e passei apressado por ele, parando apenas na segurança do banheiro. Eu me vesti mais rápido do que achava ser possível, decidindo nem pentear os cabelos. Peguei a chave sobre a pia, voltei para o quarto.

Ele não saiu do lugar. Sentado na ponta da cama com os cotovelos apoiados nas coxas, parecia perdido em pensamentos. O que estaria pensando? Pela manhã toda eu tava uma pilha de nervos, minhas emoções mudando ferozmente de um extremo a outro, mas ele parecia tão calmo. Tão seguro. Mas estava seguro do quê?

O que teria decidido?

– Você quer que eu traga alguma roupa em particular?

Quando ele levantou a cabeça, parecia levemente surpreso, como se o pensamento não tivesse ocorrido em sua mente.

– Hum... tenho apenas algumas reuniões esta tarde, certo? – eu assenti. – O que você escolher está bom.

Demorei apenas um segundo para achar o quarto dele, que ficava logo ao lado do meu. Ótimo. Agora eu poderia ficar imaginando ele na cama logo atrás da minha parede. Suas malas já estavam ali e eu parei brevemente, percebendo que teria de mexer em suas coisas.

Levantei a maior delas, coloquei-a na cama e abri o fecho. Seu perfume me envolveu e causou uma grande pontada de desejo em meu corpo. Comecei a procurar pelas roupas perfeitamente dobradas. Tudo que pertencia a ele era tão arrumado e organizado, e isso me fez imaginar como seria sua casa. Nunca pensei muito nisso, mas de repente me perguntei se algum dia eu a veria, se alguma vez eu estaria em sua cama. Parei quando percebi que eu queria conhecê-la. Será que ele gostaria de me ver lá?

Desviei esses pensamentos e continuei procurando as roupas. Escolhi um terno Helmut Lang, camisa branca, gravata preta de seda, cueca, meia e sapato.

Após guardar o resto de volta, juntei as roupas que ele usaria e comecei a voltar para meu quarto. Eu não conseguia parar de rir nervosamente quando entrei no corredor, balançando a cabeça por causa do absurdo da situação. Felizmente, me recompus antes de abrir a porta. Então, dei dois passos dentro do quarto e congelei. Ele estava de pé em frente à janela aberta, coberto pela luz do sol. Cada linha escultural estava acentuada em perfeitos detalhes pelas sombras projetadas em seu corpo. Uma toalha estava indecentemente enrolada em sua cintura, deixando aparentes as palavras de sua tatuagem.

– Viu alguma coisa de que gostou?

Eu relutantemente voltei minha atenção para seu rosto.

– Eu...

Meus olhos baixaram mais uma vez para sua cintura, como se fossem atraídos por um imã.

– Eu disse: você viu alguma coisa de que gostou? – ele atravessou o quarto, parando bem na minha frente.

– Eu ouvi da primeira vez – eu disse, sentindo meu rosto corar. – E não, eu estava apenas perdido em pensamentos.

– E o que exatamente você estava pensando? – ele esticou o braço, movendo uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Nota mental preciso cortar meu cabelo. Apenas esse simples toque fez meu estômago revirar.

– Que temos uma agenda para cumprir.

Ele deu um passo em minha direção.

– Por que eu não acredito em você?

– Porque você é um egocêntrico lembra? – eu disse, encarando-o de volta.

Ele ergueu uma sobrancelha e ficou me observando por um momento antes de pegar suas roupas da minha mão e colocá-las em cima da cama. Antes que eu pudesse me mexer, ele tirou a toalha da cintura e a jogou para o lado. Meu Deus do céu. Se existisse no planeta um homem melhor que este, eu pagaria para vê- lo. Ele pegou sua cueca e começou a vesti-la, mas parou e voltou a me olhar.

– Você não acabou de dizer que temos uma agenda para cumprir? – ele perguntou, olhando para mim como se estivesse se divertindo. – A não ser, é claro, que tenha visto alguma coisa de que gostou.

Filho da...

Apertei os olhos e me virei rapidamente, voltando ao banheiro para terminar de me arrumar. Enquanto tentava dar um jeito nos meus cabelos, eu não conseguia evitar a estranha sensação de que ele tentara dizer algo mais além de “olhe para meu corpo nu”.

Antes mesmo de desembaralhar meus próprios sentimentos, eu já estava tentando adivinhar os dele. Estaria eu preocupado se, caso houvesse opção, ele escolheria continuar ali comigo?

Quando saí do banheiro, ele já estava vestido e esperando, olhando para a grande janela. Ele se virou, andou até mim e colocou suas mãos quentes no meu rosto, encarando-me intensamente.

– Eu preciso que você ouça uma coisa.

Eu engoli em seco.

– Certo.

– Eu não quero sair por aquela porta e perder o que encontramos aqui neste quarto.

Suas palavras simples me abalaram. Ele não estava se declarando, não estava prometendo nada, mas disse exatamente o que eu precisava ouvir. Talvez não soubéssemos o que era aquilo entre nós, mas não deixaríamos inacabado.

Deixando escapar uma respiração trêmula, coloquei a mão sobre meu peito.

– Eu também não, mas não quero que sua carreira acabe com a minha.

– Eu também não quero isso.

Eu concordei, sentindo as palavras se emaranharem em meus pensamentos, e fui incapaz de pensar em algo articulado para acrescentar.

– Certo – ele disse, me olhando de cima a baixo. – Então, vamos.

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