Felipe e Guilherme - Amor em Londres - 12 - O dia nebuloso

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 5170 palavras
Data: 21/04/2017 21:53:24
Última revisão: 15/10/2024 03:23:48

Vamos lá,

Quero pedir mais uma vez desculpa para todas as pessoas que me seguem, eu sei que vacilei, mas teve o carnaval e uns problemas no trabalho também. Fiz um capítulo maior, espero que de verdade, do fundo do coração, que vocês me perdoem!!!!

*********

Aos poucos, a relação de Felipe e Guilherme crescia. Os dois adoravam passar horas e horas se beijando. Porém, as obrigações do dia a dia os impedia de se encontrar diariamente. Fora que Felipe precisava dedicar parte do seu tempo para estudar e melhorar a sua conversação em inglês. Sabe outro sentimento que crescia? O amor de Felipe por Londres. O intercambista estava amando a experiência de morar na capital da Inglaterra.

Para o futuro, o jovem já vislumbrava fazer um curso universitário e trabalhar para ajudar mais a sua família. Já Guilherme aprendia mais sobre os negócios da família e ficou interessado em gerir a Escola de Intercâmbio.

Toda semana, Guilherme recebia uma ligação de Celestina, que por muitos anos foi a sua babá, mas agora era responsável por cuidar de seus imóveis no Brasil. Celestina era uma mulher nordestina, de personalidade forte e com o coração cheio de amor para dar.

— Se prepare que você vem para o Brasil. — disse Guilherme, conversando com Celestina. — Um beijo. — desligando o celular.

— Era a Celestina? — perguntou Felipe, que trouxe um pedaço de bolo para o namorado e colocou alguns documentos em cima da mesa.

— Sim. — deixando o celular de lado e indo na direção de Felipe.

— Engraçado, né? — soltou, Felipe. — Nunca a vi pessoalmente, mas gosto tanto dela.

— Ela gosta muito de você. — afirmou Guilherme sorrindo. — E essa papelada?

— Preciso da sua autorização para pedir materiais de limpeza.

— Claro, é pra já. — falou o rapaz, pegando uma caneta e assinando os papéis.

— Ei. Você sabe que faltam apenas sete meses para o curso acabar, né?

— Sim. — respondeu Guilherme, agrupando os papéis e entregando para Felipe.

— Vamos para o Brasil? — quis saber Felipe, pegando os papéis.

— Sim, claro. Você vai morar comigo? — quis saber Guilherme, levantando e beijando o namorado no rosto.

— Bem, isso é algo a ser conversado. — soltou um excitado Felipe.

— O lugar é gigante. Você vai amar. — Guilherme riu ao perceber o amado excitado.

— Deixa eu entregar esses papéis para o Nick. — disse Felipe, colocando os papéis em frente a sua excitação.

— Tá bom. Ei, hoje vou encontrar a Paris. — avisou Guilherme, voltando para a sua cadeira e ligando o computador. — Finalmente ela vai assumir o Steve para os pais dela.

— Olha. Que bom. Ei, te amo. — declarou Felipe, antes de sair da sala.

O plano no aniversário de Dorothy Thompson foi um fracasso. Aquilo uniu muito mais Felipe e a família de Guilherme. Porém, Nick tramava pelas costas de John. Ele roubaria quase 30 mil euros da sala de George, o diretor da Escola de Intercâmbio, e colocaria a culpa em Felipe.

Nick começou a preparar seu plano contra Felipe. Ele roubaria quase 30 mil Euros da sala de George e colocaria a culpa no colega de trabalho. John não sabia desse plano, e se soubesse talvez não continuasse a parceria com o cúmplice.

— Ei. — Nick entrou na sala dos funcionários com algumas latinhas de cerveja. — Vamos tomar uma cervejinha hoje?

— Bem...

— Qual é.

— Tudo bem. — Felipe se deu por vencido e aceitou uma bebida do colega. — O Guilherme vai jantar com a Paris de qualquer jeito.

— Perfeito. — disse Nick, sentando próximo a Felipe e abrindo uma latinha de cerveja. — Comprei umas cervejas irlandesas que são uma delicia. Você vai adorar.

Enquanto isso, Kaity e Dylan transavam. Eles eram especialistas nesta modalidade do amor, mas uma visita surpresa atrapalharia os planos do casal. A confusão começaria com uma batida na porta do dormitório de Dylan.

— Rebecca, que você está fazendo aqui? — um confuso Dylan coçou a cabeça e esperou a resposta da moça.

— A gente precisava conversar. — a moça entrou no dormitório e não viu Kaity, que preparava duas xícaras de chá. — Lembra que você terminou comigo antes de vir para Londres?

— Rebecca, por favor, essa não é uma boa hora.

— Dylan, estou grávida. — soltou Rebecca. A surpresa foi tão forte que Kaity derrubou uma das xícaras.

Sim. As coisas ficariam difíceis para alguns casais. Paris havia decidido contar para os pais sobre o seu relacionamento com Steve. Apesar de amar o namorado, Paris sentia medo da reação de seu pai.

— Eu tenho inveja do seu pai. — comentou Paris, deitando ao lado de Guilherme. — Ele é de boa com toda essa situação.

— De boa? Ele quase me expulsou de casa quando descobriu que eu era gay.

— Mas hoje te aceita.

— É, mas tipo, não foi fácil. É sempre um obstáculo atrás do outro. — garantiu Guilherme, relembrando de alguns momentos que viveu com a sua família por causa de sua sexualidade.

— Steve está vindo para Londres. Ele conseguiu um emprego em uma empresa de engenharia ambiental. Quero que ele conheça a minha família. — as expectativas de Paris eram grandes, mas será que seriam alcançadas?

— Vai dar certo, amiga. — torceu Guilherme, que queria a felicidade da melhor amiga.

Como uma boa amante da fotografia, Nariko gostava de investir em novos equipamentos. Ela comprou uma nova lente e passou a tarde fazendo testes no Campus. O seu modelo naquele dia era Wong. Com o olhar apurado, Nariko conseguia transformar cada clique em arte. Apesar de ser bonito, Wong não conseguia ser modelo.

Enquanto isso, Nick colocou seu plano em ação. Ele aproveitou que o sistema de câmeras da Escola de Intercâmbio estava inoperante para roubar um grande valor em dinheiro. Andando próximo a diretoria, Nick entrou na sala de George e usou uma cópia da chave para retirar uma grande quantidade em dinheiro.

Em seguida, Nick pegou um inconsciente Felipe e o levou para o dormitório. Antes de embebedar o colega, Nick havia batizado algumas latinhas com sonífero. No jardim, Nariko viu a cena curiosa e decidiu tirar algumas fotos para usar contra Felipe em algum momento.

— Aquele é o Felipe? — questionou Wong, tirando os óculos escuros para observar melhor.

— Isso. Ele está muito ferrado. — Nariko nem imaginava que o amigo estava sendo vítima de um golpe.

Ao chegar no dormitório de Felipe, Nick o jogou na cama, enquanto Tchubirubas começou a latir para o rapaz. Sem perder tempo, o malandro implantou a chave e algumas notas na mochila de Felipe. Antes de sair, Nick olhou para Felipe e lhe deu um tapa no rosto.

— E agora? Quem é o fodão da história, hein? — Nick questionou Seu patético. — cuspindo no chão. — Quero ver se o teu queridinho vai acreditar em você.

Nick parou, pensou e decidiu sair do quarto. Felipe acordou no dia seguinte com uma bela dor de cabeça. Confuso, o intercambista andou até o espelho e lavou o rosto.

— Que merda. — soltou Felipe, tentando lembrar como chegou ao dormitório. — Nunca mais quero beber. — encarando Tchubirubas. — E o senhor, sabe o que aconteceu? — Tchubirubas olhou de maneira engraçada para Felipe e latiu. — Seu lindo, preciso me apressar. Tenho aula em 10 minutos.

Guilherme acordou com outra forte dor de cabeça. Ele tentou chegar até o banheiro, mas desmaiou. Enquanto isso, Felipe assistia a aula normalmente. Ele percebeu que Kaity estava cabisbaixa e mandou uma mensagem para Nariko. Na hora do intervalo, os dois foram conversar com a amiga.

— Como assim? — Nariko levantou da cadeira e deixou parte do almoço cair no chão.

— Você tá grávida?! — Felipe se assustou com a notícia. — Meu Deus, isso é bom, certo? — olhando para Nariko em busca de ajuda. — Tipo, não é traição, pois é a ex-namorada.

— Eu sei. — Kaity levantou e ficou de frente para os amigos. — Mas, ele tem responsabilidades. Vai ser pai. E se ele quiser voltar para a ex dele?

— Isso não é do perfil dele. Acho que ele não te trocaria assim. Você não é uma mercadoria. — Felipe ficou ao lado de Dylan e tentou tranquilizar Kaity.

John fez uma visita surpresa para Nick. Eles conversaram sobre o mais novo plano para separar Guilherme e Felipe. Só que John acabou encontrando o dinheiro que foi roubado da Escola de Intercâmbio.

— Você está ficando fora de si? São 30 mil euros. — John gritou e deixou Nick irritado. — Você pode ser preso. É isso que você quer?

— Relaxa aí, maricão. Ninguém vai saber de nada porque vamos incriminar o Felipe. Não é isso que você quer?

— Eu só quero separar os dois. Roubar... eu... eu nem sei o que te falar. Vamos devolver isso, agora. — John pegou a mochila, mas Nick puxou de volta e o socou.

— Vai se foder. Vamos colocar a culpa no Felipe. Ele vai se lascar e você vai ter o que sempre quis.

— Não vou ser conivente com você. A partir de agora está por sua conta. — John arrumou a roupa e saiu do quarto de Nick.

Sem saber o que fazer. John saiu em disparada pelas ruas de Londres. Seu coração estava acelerado e sua cabeça criava mil versões de sua demissão. Ele foi até a casa dos Thompson e encontrou Guilherme deitado na cama. O rapaz não se sentia bem e continuava com uma forte dor de cabeça.

John saiu em disparada pelas ruas de Londres. Seu coração estava acelerado. Ele foi até a casa de Guilherme. O jovem estava deitado na cama, ele se sentia tonto por causa da forte dor de cabeça. John entrou no quarto e encontrou Guilherme descansando.

— John, estou com muita dor de cabeça. Podemos conversar outra hora?

— Se você gosta tanto do seu namorado, — John entregou alguns documentos para Guilherme. — você vai querer ler isto. — saindo do quarto, enquanto Guilherme olhava para os papéis.

— Mas essa agora. — olhando para o envelope e tirando os papéis. — Felipe Ramos da Silva? Esses documentos são... — prestando atenção no que estava escrito. — Oh, meu Deus. — Guilherme se assustou com o que leu.

Na Escola de Intercâmbio, George abriu o cofre e descobriu que o dinheiro não se encontrava mais ali. Seu coração acelerou e o diretor chamou todos os funcionários. Na reunião, explicou que uma grande quantidade de dinheiro havia desaparecido e que a polícia já estava no local para investigar. George pediu para que todos fossem colaborativos com as autoridades. Durante as investigações, a polícia encontrou digitais no cofre e pediu uma cópia das digitais de todos os funcionários.

Paris decidiu levar o pai para almoçar. Maximiliano era um homem ocupado, mas sempre arrumava tempo para sua princesa. A amiga de Guilherme não conseguia esconder o nervosismo e quase teve um treco quando Steve chegou no restaurante.

— Boa noite. — desejou Steve ao se aproximar da mesa.

— Pois não?

— Pai. — Paris soltou, ficando em pé e ficando perto de Steve. — Gostaria de apresentar o meu, Steve. Meu amigo Steve, isso.

— Olá? Tudo bem. — Maximiliano cumprimentou Steve. — Que susto, por dois segundos pensei que era o garçom.

— Pai. — Paris o repreendeu, ficando sem graça e pedindo desculpa para Steve.

— Vamos sentar. — pediu Maximiliano, pegando o cardápio e analisando as opções. — Esse lugar já foi melhor. — Então minha filha, qual o motivo da reunião? É algum evento da caridade?

— Pai. Eu trouxe o Steve aqui... por que ele é... ele...

— Paris? — questionou o empresário. — Você está me assustando....

— O Steve é meu namorado.

— O quê?! — gritou o homem, levantando e chamando a atenção dos clientes. — Como assim? Vocês namorando... minha filha... ele é....

— Pai, olha o escândalo. — Paris não queria um barraco. — Ele é um homem maravilhoso... que me ama... e....

— Isso é demais. — o homem seguiu o conselho da filha e sentou.

— Seu Maximiliano, — Steve tomou coragem para enfrentar o sogro. — as minhas intenções com Paris são as melhores e...

— Paris, eu vou embora. Vamos fingir que nunca tivemos essa conversa. Termine de conversar com o seu amigo e vá para casa. — o homem não esperou e saiu deixando o casal constrangido.

Sim, o pai de Paris não ficou nada feliz com a decisão da filha. Enquanto isso, Felipe tentava ligar para Guilherme, mas não conseguia, enviou algumas mensagens e estranhou que o namorado não apareceu no trabalho naquele dia. Ele trancou tudo e entregou a chave do escritório para George que estava mais enérgico do que o normal. Felipe chegou no dormitório e percebeu que Guilherme estava lá.

— Oi, lindo. — disse Felipe, tentando beijar Guilherme que recuou. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou. Guilherme mostrou os documentos para Felipe.

— Isso. — entregando os documentos para Felipe, que leu o conteúdo. — Assassinato? Febem? Como você pode esconder isso de mim?

— Como... como você encontrou isso? Eu... eu....

— O que significa isso, Felipe? Diz que isso é mentira...

— Eu... eu não posso, Guilherme. — Felipe não conseguia raciocinar, o seu estômago parecia se revirar. — Porque você tá agindo desse jeito? Eu te disse que não tive uma infância fácil e....

— Eu sempre prezei a verdade nesse relacionamento, nunca te escondi nada. Felipe, você tirou a vida de um homem com requintes de crueldade. Você ficou preso por quatro anos. Como você conseguiu entrar no programa de intercâmbio?

— É um projeto. — as pernas de Felipe tremeram, então ele sentou na cadeira mais próximo. — Projeto para jovens delinquentes. Eu não contei, pois temia a tua reação. Afinal, alguém igual a você jamais ficaria com um assassino. — as lágrimas foram inevitáveis.

— Você poderia ter sido sincero comigo...

— E quem te deu essa ficha? — quis saber Felipe, segurando os documentos com tanta força que amassou o papel.

— Isso não vem ao caso.

— Foi o John. — deduziu Felipe, levantando e saindo do dormitório.

— Felipe! — exclamou Guilherme correndo atrás do namorado.

Naquela tarde, a segurança foi acionada e iniciaram os protocolos de investigação. Havia apenas uma digital no cofre da escola. Ao ver as provas, John quase infartou, mas se revelasse a verdade poderia perder o emprego e, principalmente, perder o seu contato com Leopold Thompson.

Enquanto conversava com George, John recebeu um soco no rosto. O impacto foi tão forte que ele caiu no chão. Ainda atordoado, John levantou e percebeu que a violência partiu de Felipe.

John conversava com George na entrada da Escola de Intercâmbio, Felipe estava cego de ódio, pegou John pelos braços e o jogou longe. George ficou abismado com a cena.

— O que eu te fiz, hein? — questionou Felipe, sendo intercepcado por um dos seguranças. — Que porra eu fiz para você?

— Além de assassino, agora é ladrão? — John não pensou no questionamento, mas o ódio foi maior.

— Ladrão, do que você está falando? Você é um mentiroso! — exclamou Felipe, mas percebeu que estava sendo algemado pelo segurança.

— Felipe, as digitais que foram encontradas na sala do cofre batem com as suas. — explicou George com um semblante pesado e decepcionado.

— Por favor, coopere com a investigação. — pediu George, pedindo para que os seguranças levassem Felipe para a delegacia. — Eu vou seguindo o carro de vocês.

— Como assim? Está havendo algum engano. — disse Guilherme, aflito com a situação de Felipe. Ele acompanhou os seguranças que levavam Felipe para o estacionamento. Felipe, por outro lado, ainda tentava entender a situação e a vergonha que passava na frente de todos os colegas.

— Guilherme, pelo amor de Deus, você não é inocente. — John aproveitou a situação para envenenar o jovem. — Você leu o que está escrito nos documentos. A justiça foi clara. — andando ao lado de Guilherme, que sequer estava o ouvindo. — A ficha criminal do teu namorado é verdadeira. Só o Brasil para mandar um delinquente para Londres. A pior parte? Ele está te usando para chegar na fortuna do teu pai.

De repente, a situação fugiu do controle e os alunos começaram a comentar a confusão que se formava nos corredores da Escola de Intercâmbio. Nariko e Kaity se aproximaram, elas ficaram preocupadas ao perceberem Felipe algemado.

Os documentos. A prisão de Felipe. A dor de cabeça. Aos poucos, Guilherme perdeu os sentidos e desmaiou no saguão principal da escola. O coração de Felipe começou a bater mais rápido ao ver a cena, porém, nada podia ser feito, os seguranças eram mais fortes e o arrastaram para o estacionamento.

— John, acompanhe o Felipe. — pediu George, ajudando Guilherme. Ele pegou o celular e discou o número da emergência.

— Guilherme, acorda, por favor. — Nariko deixou o amigo em uma posição confortável, mas não sabia o que fazer. — Kaity, acompanha o Felipe e tenta descobrir o que aconteceu.

— Tudo bem. — Kaity correu na direção do estacionamento.

Sim. Tudo na vida pode se transformar, algumas vezes, infelizmente, para o mal. O meu trabalho com esses dois estava só começando. Como eu disse no início dessa história, ser cupido não é fácil. A gente vê muita bondade no mundo, mas também existem aquelas pessoas que só servem para fazer o mal.

Guilherme passou mal e desmaiou. George chamou uma ambulância e Nariko decidiu acompanhar o colega até o hospital. Os paramédicos chegaram e colocaram o rapaz na maca. Eles fizeram o primeiro atendimento na rua. O primeiro diagnóstico foi uma queda de pressão. Aos poucos, Guilherme reagiu aos estímulos do paramédico, mas ele avisou que era melhor levar o jovem para o hospital.

Preocupada, Nariko enviou mensagens para os amigos, pedindo para alguém avisar aos pais de Guilherme. A ambulância cortou as ruas de Londres, e dentro dela o barulho do sinal dava um tom dramático. Os atendentes deram um remédio para Guilherme, mas só o médico poderia dar um diagnóstico definitivo.

— Amigo, calma, vai dar tudo certo. — pediu Nariko, enquanto segurava a mão de Guilherme.

De longe, Nick viu toda a confusão, mas sabia que não poderia correr o risco de ser preso. Afinal, John ainda poderia estragar os seus planos. Com uma felicidade fora do comum, Nick arrumou suas coisas dentro de uma mala e se preparou para fugir.

— Fodam-se, otários! — exclamou Nick, pegando a mala e saindo do prédio.

Por causa do desmaio de Guilherme, George achou melhor manter Felipe na escola. Os alunos ainda comentavam sobre o Felipe ser algemado pelos seguranças e o roubo do cofre na sala da diretoria.

Para evitar mais comentários maldosos e fofocas desnecessárias, a direção levou Felipe para uma sala privada, mas as algemas continuaram prendendo o intercambista, que pensava na saúde do namorado.

— John, eu preciso falar com o Felipe. — pediu Kaity, que não conseguiu nenhuma notícia do colega.

— Infelizmente, você não pode. — disse John. — Deixa eu falar com ele. — entrando na sala e sorrindo ao ver o rival preso.

— Você...

— Escuta só, não somos amigos e nunca vamos ser, mas o que aconteceu aqui não foi minha culpa. Você chegou e tomou de mim a única coisa que fez sentido na minha vida. — soltou John, segurando Felipe pela camisa, mas voltando a si e o largando.

— Mas me acusar de roubo e contar a minha história para o Guilherme?

— Não. Eu não te acusei de roubo. Felipe, você deve tá me achando um monstro, mas eu não sou nada comparado ao Nick. Meu único objetivo é o Guilherme. Eu estava o pagando para me ajudar, mas as coisas fugiram do controle. Ele resolveu nos roubar.

— E porque você não o impediu?

— Eu não sabia. Eu o procurei no dormitório e as coisas dele não estão lá. Eu não sei o que vou fazer, mas não se preocupa. Você não vai ser preso. Só pensa, pensa como ele pode ter colocado tuas digitais lá?

— Eu não sei, a gente foi beber ontem e acordei no dormitório. O Nick não estava lá. — recordou Felipe, mas suas memórias não estavam claras.

— É isso! — exclamou John, andando de um lado para o outro. — Ele aproveitou que as câmeras estavam desligadas...

— Espera. — Felipe cortou o raciocínio de John. — Mas quando estávamos lá fora, você afirmou que eu havia roubado para pagar a prisão do meu irmão... e....

— Qual é, Oliveira! Você me deu três socos. Três socos! Eu fiquei puto, ok! A tua amiga Kaity é confiável? — perguntou John, arrumando o terno.

— Sim, ela é. — respondeu Felipe, pois confiava em seus amigos de olhos fechados.

— Vou pedir para os seguranças te soltarem. Temos que impedir um ladrão de se safar. — afirmou John, mais do que disposto a se unir a Felipe para derrubar Nick.

Dylan e Rebecca conversaram sobre os próximos passos da gravidez. O rapaz ficou com medo, mas decidiu não deixar a ex-namorada na mão. Naquela tarde, Nick fez uma videochamada com os pais e explicou toda a situação.

Para espairecer, a dupla decidiu passear por um parque, quando Dylan viu Nick e achou estranho o comportamento do colega de Kaity. Rebecca começou a lembrar dos velhos tempos de namoro, e Dylan aproveitou a oportunidade para não ter que passar por aquele constrangimento. Ele pediu licença da moça e se aproximou de Nick.

— Oi?

— Quem é você? — perguntou o mau caráter, que carregava uma mala.

— Sou amigo da Kaity, Guilherme e Felipe. — explicou Dylan sorrindo. — Vocês trabalham juntos.

— Ah, sim. Tudo bem?

— Tá precisando de ajuda? — Dylan perguntou.

— Não estou ótimo. Agora, preciso ir. — Nick fez sinal para um táxi e entrou. Dylan ficou o observando, — Para o Grant Hotel, por favor. — Dylan conseguiu ouvir, mas deixou pra lá. Ele tinha outras preocupações na vida.

Através de Nariko, Paris ficou sabendo do desmaio de Guilherme. Ela ligou para os pais do amigo e passou o endereço do hospital. Ela acionou o motorista e seguiu para o mesmo endereço. No fundo, a patricinha odiava hospitais, pois lembrava da avó que passou anos internada e Paris acompanhou o seu sofrimento.

Não demorou muito e a família Thompson chegou ao hospital. O prédio de tijolos vermelhos, combinando com o charme vitoriano com modernas alas de vidro e aço, fazia o coração de Leopold acelerar. A recepção estava movimentada, com pacientes e visitantes indo e vindo.

Em um canto mais reservado do saguão estava Nariko. Leopold a reconheceu e a cumprimentou. Não demorou muito e George apareceu para tranquilizar os pais de Guilherme.

— Como está meu filho?

— Ele simplesmente desmaiou. — explicou George, que já havia conversando com um dos médicos que atendeu Guilherme. — Os médicos já estão o examinando. — George pegou no ombro de Leopold e fez uma expressão séria. — Senhor, tivemos uma situação na escola de intercâmbio.

— Ele estava mau? — Anastácia perguntou para Nariko.

— Não, senhora Thompson. Na ambulância, o Guilherme recobrou os sentidos, mas estava sentindo uma dor de cabeça. O paramédico comentou que poderia ser pressão baixa. — explicou a intercambista japonesa.

— Meu Deus. — lamentou a mulher. — Eu preciso de cafeína. Estou muito nervosa. Eu vou comprar um café, com licença, meninas.

Ao perceber que George estava contando sobre o roubo para o pai de Guilherme, Nariko levou Paris para o lado de fora do hospital e explicou toda a história. Preocupadas, as duas seguiram de volta para a Escola de Intercâmbio. Quando chegaram lá, encontraram Felipe, Kaity e John arquitetando um plano para inocentar o namorado de Guilherme.

Mais uma vez, John precisou contar toda a sua história de vingança, o que causou um certo ódio em Paris. A patricinha não se conteve e deu dois tapas no rosto dele.

— Que merda, Paris. — John tocou no rosto que ardia por causa dos tapas.

— Não precisamos da sua ajuda.

— Olha, eu já pedi desculpa ao Felipe. Eu sei que eu pareço o vilão, mas...

— Escuta aqui. — Paris se aproximou de John, que ficou com medo. — Vai... tomar... no... cú.

— Claro. Bem típico de você. — desdenhou John. — A educação em forma de gente.

— E porque esse arrependimento momentâneo? — questionou Nariko, tentando compreender o sentido do John ajudar Felipe.

— Eu amo o Guilherme, Ok! — exclamou John chamando a atenção de todos. — Eu sou louco por ele, mas não seria capaz de acusar alguém inocente de roubo. Eu armei e arquitetei, mas apenas para separar os dois. E eu sou leal a Leopold Thompson desde quando eu tinha 15 anos, não seria por 30 mil euros que sujaria minha reputação. — explicou.

— Não me convenceu. — Paris pareceu não se importar com o discurso de John e olhou para Felipe. — O que vamos fazer?

Com a memória prejudicada, Felipe tentou refazer os passos, mas não conseguia achar lógica, pois adormeceu no dormitório e não conseguiria roubar o dinheiro da escola. De repente, Nariko lembrou da sessão de fotos de Wong e saiu correndo do escritório.

— Gente, o que houve com a Nariko? — questionou uma confusa Kaity, que trouxe o cartão para Felipe.

— Não faço a mínima ideia, Kaity. — respondeu Felipe, pegando o cartão e acessando a sua conta no computador. — Obrigado pelo cartão, amiga.

— Entendi. — disse Paris, toda animada, pois se sentia dentro de um filme de espiões. — Vocês vão verificar o extrato do Felipe para provar que não houve nenhuma transação de 30 mil euros.

— Touché. — soltou John com ironia, acessando o notebook e ajudando Felipe com os dados do cartão.

— Paris, nenhuma notícia do Guilherme? — Felipe perguntou.

— Ele está bem, Felipe. Vamos nos preocupar com você, por favor. — Paris pegou no ombro de Felipe e apertou.

Em seu dormitório, Nariko analisou todas as fotos que tirou e conseguiu achar mais uma prova para a inocência de Felipe. Com as provas em mão, a intercambista voltou para o escritório. No meio do caminho, a moça acabou esbarrando em alguém.

— Você está bem? — perguntou Dylan, ajudando Nariko a levantar.

— Estou. — respondeu Nariko, percebendo se tratar de Dylan. — Vem. — puxando Dylan e o levando até o escritório.

Como um furacão. Nariko entrou com Dylan e explicou tudo o que aconteceu até o momento dos cliques. Ao ver o namorado, Kaity ficou retraída e tentou focar na situação de Felipe. Mais uma vez, John foi obrigado a contar a história de seu envolvimento com Nick.

— Toda vez que entrar alguém vou ter que explicar? — questionou John aborrecido.

— Se isso te lembrar o quão babaca você é, sim. — Paris usou todo o veneno que pode. — Vai, Nariko. Conecta esse chip no computador. Eu estou me sentindo tão CSI.

Bingo! Aumentando o zoom, o grupo pode constatar que Felipe estava desmaiado quando John o levou de volta para o dormitório. John imprimiu a conta bancária do rival e aproveitou para fazer cópias das fotos. Ao analisar os cliques, Dylan levou um choque e lembrou do encontro que teve com Nick.

— Eu sei onde esse canalha está! — exclamou Dylan. — Nunca que vou deixar alguém se dar melhor em cima dos meus amigos. Vamos! — gritou. Sem reação, o grupo seguiu o americano até o estacionamento.

Todos ficaram apertados no carro de Dylan, mas seguiram caminho. John ligou para a polícia e explicou toda a história. O coração de Felipe batia forte, ele só queria resolver sua situação com Guilherme. Ao chegarem no hotel, eles encontraram Nick fazendo o check out.

— Ei, ladrãozinho. — John chamou pelo antigo comparsa. Nick virou assustado, mas manteve a pose de indiferente. — Você achou que ia longe, né? — se aproximando. — Nick jogou a mochila na cara de John e correu em direção a saída.

— Deixa comigo! — exclamou Paris. A patricinha rodou a bolsa e jogou na direção de Nick.

— Porra. — esbravejou Nick ao ser atingindo pela bolsa de Paris. Ele caiu no chão. Felipe e Dylan o seguraram. — Me soltem!

— Eu acreditei em você. — lamentou Felipe, segurando o colega de trabalho.

— É a polícia. — Nariko avisou. — Eles estão aqui.

Aquela tarde foi movimentada. A polícia interrogou Felipe, John e Nick. Depois que Nariko, Kaity, Dylan e Paris mostraram as provas, Felipe e John foram liberados, mas precisariam retornar para responder mais perguntas. Eles passaram por uma das salas e viram Nick. Ele estava algemado, John se aproximou dele e soltou um riso sarcástico.

— Incrível como os ricos sempre se safam, né? — questionou Nick, cabisbaixo e com vontade de matar John.

— Eu não sou rico, Nick. Sou tão trabalhador quanto você, mas se tem uma coisa que tenho nojo são pessoas iguais a você.

— Como você fosse melhor. Fez de tudo para destruir o Felipe.

— Fiz quase de tudo, Nick. Não fui eu quem tentou incriminar o rapaz. Enfim, boa sorte no seu novo endereço. — saindo da delegacia.

Enquanto aguardava os amigos, Dylan resolveu conversar com Kaity. Ele explicou sua história com Rebecca e garantiu que não havia possibilidade de um retorno.

— Dylan. A minha cabeça está explodindo. — a intercambista tentou desviar da conversa. — Vamos seguir para o hospital, o Guilherme ainda tá lá.

— Kaity. Eu te amo, e sempre vou te amar. — garantiu o rapaz. — Espero que você entenda que as coisas que aconteceram nos Estados Unidos não tem nada a ver com você. E isso não vai afetar a nossa relação, eu prometo.

Uma confusão pode criar amizades? John não era uma pessoa fácil de lidar, mas não conseguia impedir de sentir simpatia por Felipe. Após as explicações para o delegado, o braço direito de Leopold Thompson encontrou Felipe assinando a sua liberação.

— Ei, obrigado. — agradeceu Felipe, colocando as mãos nos bolsos e sorrindo.

— Felipe. Não vamos ser hipócritas, eu não gosto de você, nem você de mim. O Guilherme é um bom menino, merece ser bem cuidado, merece tudo do bom e do melhor. Você não pode dar isso para o Guilherme. Antes de você chegar, a gente ia se acertar, ele veio pra ficar comigo. Você apareceu, você é o intruso na nossa história. Você tenta me pintar como o vilão, mas quem é o verdadeiro vilão aqui é você. — colocando as mãos no bolso por causa do frio na área externa.

— Uau. Quando eu penso que posso ter uma conversa com...

— Quando o seu Leopold souber do seu passado. — ameaçou John, sorrindo.

— Você não teria coragem de...

— Você me conhece muito pouco, não é mesmo? Meu Deus. — John revirou os olhos, mas o seu celular começou a tocar. O número era do seu chefe. — Vamos? Precisamos ir até o hospital.

O caminho até o hospital foi uma tortura para Felipe. Tanta coisa precisava ser dita, ele amava o Guilherme, mas tinha um passado que queria esquecer antes. O grupo encontrou a família Thompson na sala de espera.

O médico chamou Leopold e Anastácia. Os gêmeos ficaram com Kaity, Nariko, Paris, Dylan e John. Nervoso com tanta expectativa, Felipe decidiu ir atrás de Guilherme. Depois de muito procurar, ele o encontrou dormindo em um dos quartos de exames. Felipe andou na ponta dos pés e ficou observando o namorado.

— Te amo. Te amo tanto. — se emocionando. Porém, o momento de ternura foi atrapalhado por vozes. Desesperado, Felipe se escondeu dentro do banheiro do quarto.

— Podem entrar, o paciente está dopado agora. — pediu a voz de um homem. Felipe conseguiu ouvir Anastácia chorando copiosamente.

— Tem que haver um jeito, doutor. — disse Leopold, sua voz estava embargada. — Eu não permito uma coisa dessas.

— Meu bebê não, por favor. — lamentou Anastácia, beijando Guilherme e chorando.

— Infelizmente, não existe um tratamento. O tumor está localizado em uma parte de difícil acesso. Operar não é uma opção. — explicou o médico.

— Não me interessa! — gritou Leopold, seus passos ecoavam pelo quarto. Ele estava andando de um lado para o outro. — Eu quero especialistas no caso do meu filho. O Guilherme vai completar 19 anos. Eu não aceito! — socando a parede.

— Doutor, por favor, quanto tempo? — Anastácia quebrou o silêncio.

— É muito complicado, Sra. Thompson. Talvez seis meses, um ano. — disse o médico.

— Não. — soltou Felipe. Sentando no chão do banheiro e chorando. — Não. Não. Não.

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TAVA BOM DEMAIS PRA SER VERDADE. FALEI CEDO DEMAIS QUE OS PLANOS DE JOHN E NICK NÃO TINHAM DADO CERTO. E AGORA ESSE TUMOR. MEU DEUS. MISERICÓRDIA. E AINDA JOHN SE FAZENDO DE BONZINHO NA FRENTE DOS OUTROS E MOSTRANDO AS GARRAS PRA FELIPE. ESPERO QUE FELIPE SE SAIA BEM DESSA.

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