Felipe e Guilherme - Amor em Londres - 14 - A Verdade que dói

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 3540 palavras
Data: 07/05/2017 20:09:36
Última revisão: 19/10/2024 03:53:21

Uma semana se passou. A corrida contra o relógio ficava acirrada. Até o momento, os resultados eram desanimadores. Não havia um tratamento para o tumor de Guilherme. Para os médicos, o caso era inoperável. Novos exames mostravam que o tumor traria diversas consequências para a vida de Guilherme.

Naquela manhã cinzenta, o Dr. Harper entrou no quarto e encontrou Guilherme observando o movimento pela janela. Ele mostrou da maneira mais dinâmica possível o resultado de todos os exames. Porém, como explicar para uma pessoa que a única saída é a morte?

— Eu tenho seis meses? — perguntou Guilherme, que segurava na mão de Anastácia.

— É muito difícil dizer. — respondeu o Dr. Harper. — Pode ser mais, ou menos. Guilherme, ainda não desistimos do seu caso, mas ninguém está 100% seguro de quanto a qual procedimento utilizar.

— E o que vai acontecer? Se eu morrer, quero saber como...

— Guilherme. — soltou Felipe, sentindo uma dor profunda em seu peito.

— Filho, melhor não incomodar o médico. — pediu Anastácia, segurando as lágrimas.

— Tudo bem. — disse o médico, deixando os documentos de lado e observando Guilherme com serenidade. — O tumor vai se expandir. Com isso, as dores vão ficar mais fortes. Junto a ela uma sequência de sintomas, como por exemplo, alucinações, náuseas e cegueira. Sinto muito, Guilherme.

— Não foi tão difícil, viu. — afirmou Guilherme com os olhos marejados.

— E quanto aos remédios? Para aliviar as dores? — questionou Felipe.

— O pai do Guilherme já está fazendo isso agora. Os medicamentos serão prescritos pelo neurocirurgião. — explicou o médico.

— Vamos estar contigo, meu amor. — garantiu Celestina, que segurava a outra mão de Guilherme.

— Eu estou bem. — Guilherme levantou e tentou andar até a porta. — Só preciso de um pouco de ar...

— Guilherme! — exclamou Felipe ao ver o namorado desmaiando. Enquanto isso, o Dr. Harper acionou a equipe através de um transmissor.

Steve contou com a ajuda de Paris para organizar seu apartamento. Paris tinha um talento nato para decoração, então o empresário deixou tudo nas mãos de sua namorada. A jovem chamou uma amiga arquiteta para pegar algumas dicas de cores, principalmente para lugares apertados. Na hora do almoço, Paris passou na Escola de Intercâmbio, queria ver o painel que Nariko estava fazendo, e também para se certificar se Tchubirubas precisava de algo.

— Oi, lindinho. — Paris entrou no dormitório, mas percebeu que o cachorro não estava animado. — Puxa, Tchubirubas, poderia apenas fingir que está feliz em me ver? — se aproximando e acariciando o animal. — Vai ficar tudo bem. O Guilherme vai conseguir superar essa doença. Vem, vou colocar ração.

Sim. As amizades são de suma importância em momentos cruciais. Felipe e Guilherme conseguiram todo o apoio necessário. Leopold ficou muito feliz ao saber que os amigos de seu filho estavam preparando uma surpresa. Ele continuava esperançoso em achar algum médico que pudesse operar o tumor de Guilherme.

— Boa tarde, querido. Está melhor? — questionou Anastácia, deixando sua bolsa em cima da penteadeira.

— Estou ótimo. Fiquei sabendo que o Guilherme passou mal novamente?

— Sim. Foi uma queda de pressão. — explicou a mulher se aproximando do esposo e o beijando. — Ele já está em casa. Vou com o Felipe comprar alguns remédios que estão faltando. Só vim trocar de roupa.

— Quer saber, eu vou. Fique. Você está muito cansada, meu amor, precisa deitar um pouco.

— Tem certeza?

— Fiz uma besteira com o rapaz. Acho que precisamos ter uma conversinha. — garantiu Leopold, pegando a carteira e as chaves do carro.

Um gavião. Era assim que Felipe velava o sono de Guilherme, igual a um gavião. O intercambista ficou assustado quando ouviu o ronco da própria barriga. Apesar da fome, ele não saiu de perto do namorado.

Não demorou muito e Celestina entrou no quarto. Avisou para Felipe que Leopold o esperava na sala. Nem precisa ser um especialista para saber que o coração de Felipe disparou. Receoso, o rapaz desceu as escadas, entretanto, queria ajudar em tudo que pudesse.

Se tem uma pessoa que é campeã em momentos embaraçosos é Felipe Oliveira. Porém, aquele realmente era o MOMENTO. Ao lado do sogro, Felipe seguiu para a farmácia que mais parecia um supermercado. Eles compraram todos os medicamentos necessários e fizeram o caminho de volta, mas um acidente na estrada parou o trânsito.

O pai de Guilherme mudou a direção e entrou em um drive-tru, afinal, os dois não haviam almoçado. Ele viu uma oportunidade para arrancar algumas informações de Felipe. Lanche comprado, Leopold estacionou e os dois comeram em silêncio.

— Eu posso fazer uma pergunta? — perguntou Leopold, que não teve coragem de olhar para o rapaz.

— Pode. — respondeu Felipe, antes de engolir o último pedaço do sanduíche. O terceiro do dia.

— Pra onde vai tanta comida? — Leopold fez uma careca engraçada e sorriu.

— Nem eu sei. — respondeu, rindo sem graça.

— Brincadeira. Felipe, quero pedir desculpa pela forma como tentei te persuadir no outro dia. — lamentou.

— Eu entendo, senhor. O Guilherme é seu filho. O senhor quer o melhor para ele. — disse Felipe, deixando o clima um pouco mais leve.

— Você lembra da minha mãe, certo?

— Sim. Ela é assustadora. — soltou Felipe, percebendo a besteira que falou. — Eu digo... assustadora no bom sentido e...

— Ela é assustadora sim. Então, eu aprendi com ela a ser desse jeito. A Anastácia foi um divisor de águas na minha vida. Devo muito a minha esposa. E vejo que você faz a mesma coisa com o Guilherme.

— Obrigado, senhor.

— Mas eu ficaria feliz em saber, — Leopold pensou um pouco, coçou a cabeça e olhou para Felipe. — qual crime você cometeu? Quer dizer, você entrou na minha casa e, apesar de tudo, não me sinto confortável em saber que você foi responsável pela morte de uma pessoa. Eu não estou aqui para te julgar, Felipe. Você pode contar comigo.

— Eu não lembro como começou. — Felipe respirou fundo, pois a história trazia diversas dores. — A minha família sempre foi feliz, e nem sempre fomos pobres. O meu pai era um bancário respeitado na cidade, mas ele tinha um problema.

— Entendi. — disse Leopold, prestando atenção em cada palavra.

— Ele era um abusador. A primeira vez que me aliciou, eu não entendi o que estava acontecendo. — a voz de Felipe ficou embargada.

— Deus.

— Ele me batia e ameaçava. — revelou Felipe, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Quando cheguei perto da maior idade, ele se cansou de mim e focou nos meus irmãos. Eu não queria, eu não podia deixar aquele homem machucar os meus irmãos. —

— E a sua mãe?

— O meu pai a dopava. — explicou o rapaz. — Ele dava alguma medicação forte. Durante os abusos, a mamãe apagava. Até que um dia, eu percebi isso e mudei os remédios. Naquele dia... — a voz de Felipe falhou. Por um segundo, Leopold se arrependeu de fazer a pergunta.

— Não, não precisa mais contar. — disse o pai de Guilherme. Leopold não percebeu, mas também estava chorando.

— Tudo bem. — Felipe limpou as lágrimas e respirou fundo. — Naquele dia, ele me levou para o quarto. Quando a violência começou, a minha mãe entrou e começou a gritar. Meu pai foi violento, bateu nela, bateu muito. Meus irmãos acordaram assustados. E viram a mãe travando uma luta com ele. Até que ela acertou a cabeça do meu pai com um abajur. Por alguns segundos, o monstro perdeu os sentidos. A minha mãe nos pegou e tentou nos tirar da casa, mas meu pai apareceu e nos atacou novamente. O meu irmão mais velho tirou todos de casa, mas a minha mãe continuou lá. Eu tive que voltar. Encontrei a minha mãe apunhalando meu pai nas costas.

— Felipe, eu, eu sinto muito. — Leopold limpou as lágrimas. — Você era apenas uma criança...

— Sim, eu era. Mas eu fui esperto o suficiente para tirar a minha mãe de cima do meu pai, limpar as digitais dela da faca e colocar as minhas. Quando a polícia chegou analisou toda a cena, a minha mãe continuava em choque, meus irmãos assustados e o sangue dele em minhas mãos. Então, fui levado para a Febem. Passei um tempo lá e depois saí.

— Eu, eu. Preciso sair. — Leopold saiu do carro e respirou fundo. Felipe ficou dentro do carro chorando. Puto da vida, o pai de Guilherme chutou o próprio carro e deu um grito.

Sim. Certas coisas na vida não são fáceis de explicar. Leopold se arrependeu de ter feito aquela pergunta para Felipe, que pediu ao pai de Guilherme discrição, pois o assunto lhe causava diversos gatilhos.

Os dois voltaram para a casa dos Thompson calados. Leopold pegou a ficha de Felipe e a queimou na lareira, a partir daquele momento, o seu relacionamento com o genro seria reiniciado. No quarto, Felipe levou o remédio para Guilherme, que estava melhor e reflexivo.

— Eu estava pensando. — disse Guilherme, pegando na mão de Felipe e beijando. — Todos os planos que eu fiz, eles, eles não valem nada.

— Sinto muito, amor. — lamentou Felipe, que também estava com o mesmo pensamento.

— Com licença. — Celestina bateu a porta e entrou. — Guilherme, você tem visitas. — ela avisou. Então, Paris, Nariko, Kaity, Dylan e Wang entraram no quarto.

— Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vem até Maomé. — disse Paris, que por si só parecia um evento.

— Que entrada, Paris. — comentou

Um silêncio mortal toma conta do quarto. Todos se olharam, mas ninguém quis ser o primeiro a falar. Afinal, o que se pergunta para uma pessoa que está morrendo? Felipe até tentou quebrar o gelo, mas não obteve sucesso. Guilherme resolveu agir, de um jeito mórbido, mas conseguiu desfazer a tensão.

— Qual é, gente. Eu tô morrendo, não virei hetéro. — rindo de sua própria piada ruim.

— Guilherme. — com a ajuda de Wong, Nariko pegou um quadro que fez. Era a foto que o grupo tirou no réveillon. — Fizemos com carinho.

— Nossa, que lindo. — Guilherme levantou com dificuldade e tocou no quadro. — Que lindo.

— Temos mais uma surpresa. — ressaltou Paris, que saiu do quarto.

— O que vocês estão tramando? — perguntou Guilherme sorrindo.

— Eu não sei de nada. — se defendeu Felipe, levantando as mãos. Então, Paris voltou com Tchubirubas no colo.

— Bebê! — gritou Guilherme, correndo na direção do cachorro e o pegando no colo. — Saudades. Faz um tempinho. — falando em Português.

Memórias. Lágrimas. Amor. O coração de Guilherme se acendeu de esperança. Por muito tempo, a esperança o dominou. Ele esqueceu do tumor. Esqueceu do hospital. Só havia felicidade e risos. Uma coisa é certa - Guilherme estava cercado de amor e carinho.

Para comemorar, Anastácia encomendou doces e salgados da melhor panificadora de Londres. Até Leopold, que era mais reservado, se uniu para o brunch. Ele passou a olhar Felipe com mais carinho, quase como um sentimento de pai para com o filho.

— Obrigado, gente. — disse Guilherme. — Isso é muito importante pra mim. Eu sempre fui garoto que não tinha muitos amigos. — sorrindo. — E nesse momento eu tenho apoio de cinco amigos, do meu namorado e da minha família. De verdade, eu não me sinto só nesta luta.

As meninas correram para abraçar um choroso Guilherme. Em seguida, os rapazes também se aproximaram para um abraço coletivo. Leopold aproveitou o momento emocionante para fazer uma fotografia. O filho estava feliz. Isso para o empresário era motivo de celebração.

No hospital, o médico responsável pelo caso do jovem descobriu uma droga experimental que poderia reduzir o tumor. Ele entrou em contato com Leopold que não perdeu tempo e correu para o hospital.

— Existe mesmo uma chance, o senhor não está brincando? — perguntou Leopold, parecendo mais ansioso do que o normal

— Não é uma chance. Esses estudos clínicos são instáveis, mas um amigo que é neurocirurgião disse que existe uma esperança. — explicou o Dr. Harper. O médico mostrou os dados e as possibilidades.

— E quando podemos ver esse médico? — quis saber Anastácia, que nem reparou, mas estava de mãos dadas com Leopold.

— O Dr. Van De Kamp está vindo com uma equipe. Deve chegar aqui na terça-feira.

— E quando o Guilherme pode tomar essas drogas? — Leopold começou a criar esperança dentro de si.

— Ainda não sei. Olha, Leopold e Anastácia, vou ser bem sincero. Isso não vai ser nem um pouco fácil para o Guilherme. — o Dr. Harper foi o mais sincero que pode. — Estou falando de dores, dores fortes.

— O importante é ajudar o meu filho, Dr. Harper. Existe uma esperança. — afirmou Leopold.

Os pais de Guilherme conseguiram falar via videoconferência com o médico responsável pela droga. O casal se agarrou naquilo para tentar salvar o filho. Naquela tarde, eles fizeram algo diferente. Os dois foram passear em uma praça. Leopold contou a história de Felipe para a esposa.

— Me senti horrível. — garantiu, jogando alguns milhos para os pombos.

— Nossa. — lamentou Anastácia, ainda tentando digerir os abusos sofridos por Felipe. — Como existem pessoas capazes de fazer isso com os próprios filhos?

— Fiquei tão revoltado, amor.

— São muitas coisas para assimilar, né? Eu estou perdida. — revelou Anastácia, chorando.

— Sinto que estou num buraco e não consigo alcançar a borda.

— Vai dar tudo certo... esse... esse... tratamento vai nos ajudar. — disse Anastácia, abrindo o celular e lendo mais sobre o teste clínico do Dr. Van de Kamp.

— Vai sim.

Uma forte tempestade caiu naquela noite. Felipe dormiu na casa de Guilherme. Ele não queria desgrudar do namorado. Enquanto dormia, o jovem teve um pesadelo com seu pai. O intercambista acordou chorando e gritando. Guilherme se assustou, levantou e acendeu a luz. Ele se aproximou do namorado e o acalmou.

— Ei, passou. — Guilherme subiu na cama e abraçou Felipe. — Foi apenas um sonho ruim.

— Ele estava aqui. — disse Felipe, ofegante. — Ele estava me tocando.

— Quem?

— Meu pai. Ele... ele....

Sim. Infelizmente, Felipe precisou contar a Guilherme a história que tanto temia. Ele fez para que o namorado não soubesse de outra forma, e também porque não queria segredos entre eles. Guilherme ouviu a história e não conseguiu conter as lágrimas. Ele abraçou o namorado e disse que tudo ficaria bem.

— Felipe. Eu não fazia ideia, meu amor. Me perdoa, me perdoa por ser tão injusto com você.

— Eu tinha vergonha. — garantiu Felipe, perdido no abraço de Guilherme. — Guilherme, você tem tudo, você tem uma vida perfeita, eu... tive vergonha....

— Vida perfeita? Felipe. Eu vou morrer em seis meses. — acariciando os cabelos de Felipe. — Eu te amo. — virando o rosto de Felipe em sua direção e o beijando.

— Sinto muito amor. Eu falando de problemas do passado... e você...

— Ei, não é bobeira. — afirmou Guilherme. — O que aconteceu com você foi algo horrível. Nós temos nossas bagagens, sejam boas ou ruins. Eu te amo. Não sei o que o futuro me reserva, mas vou te fazer feliz até lá. — beijando o namorado.

Sim. Apesar das dificuldades, Guilherme e Felipe conseguiram se entender e nenhum segredo ficaria entre os dois. Isso não era o caso de Paris que continuava a esconder seu relacionamento com Steve. Os dois decidiram jantar em um conceituado restaurante de Londres. Eles pediram uma das melhores mesas e comemoraram tomando o melhor champanhe. Tudo estava bem, quer dizer, até Paris ver seus pais.

— Droga! — exclamou Paris. Desesperada, a patricinha se escondeu debaixo da mesa. Steve olhou em volta e viu os sogros.

— Paris. — Steve soltou, descendo e encontrando a namorada escondida. — Desculpa, mas isso está ficando ridículo.

— Eu sei, mas eles precisam de tempo. — ela tentou defender os pais.

— E o tempo para nós?

— Amor, por favor, me entende. — pediu a moça.

— Temos que aceitar o fato que os teus pais são racistas. — Steve soltou a bomba e pegou a namorada de surpresa.

— Amor. Eles não são racistas... eles... eles...

Sim. Naquele momento, Paris, precisou encarar uma verdade muito difícil de ser digerida. E apesar de negar, no fundo, a jovem sabia que o comentário de Steve estava certo. Ela levantou debaixo da mesa e foi vista pelos seus pais ao lado do Steve. Maximiliano ficou vermelho como uma pimenta. Paris pegou na mão de Steve e os dois saíram do restaurante. A amiga de Guilherme foi até sua casa, pegou algumas roupas e escreveu uma carta para seus pais.

— Tem certeza disso? — perguntou Steve, ajudando a namorada a colocar duas malas dentro do carro.

— Sim. — respondeu Paris, que se aproximou de Steve e tocou em seu rosto. — Você me ama?

— Sou louco por você, eu sei que eu não posso dar o que você merece, mas eu te amo e quero te fazer feliz. — afirmou Steve a beijando.

— Eu sei disso. Por isso estou tão segura da minha decisão.

Paris pensou muito na situação de Guilherme para tomar essa decisão. Ela saiu com a alma em paz, afinal, a única decisão que tomou foi abraçar o amor de sua vida. Não muito longe dali, Dylan e Kaity, também aproveitavam um momento de sossego.

— A minha mãe me ligou. — disse Dylan.

— Sério, a Sra. Heart deve tá muito preocupada, né?

— Sim. — respondeu Dylan. — Ela falou com a mãe da Rebecca. Ela deve voltar em breve para o Texas.

— E a tua faculdade?

— Vou continuar, se eu realmente for pai, acho que preciso ganhar dinheiro, né?

— Sim, mas não tem apenas isso, Dylan. Essa criança precisa de carinho e amor...

— Eu sei. É que nunca imaginei ser pai, digo, tão novo.

— É essas coisas acontecem. — afirmou Kaity, encostando a cabeça no peito de Dylan.

A equipe médica que faria os testes em Guilherme chegou em Londres. De repente, toda a família e amigos do rapaz foram até o hospital. Guilherme precisou fazer novos testes e os médicos descobriram que o tumor cresceu dois centímetros nas duas últimas semanas.

Não demorou muito e o Dr. Van de Camp entrou no consultório. Com 40 anos, o médico era um renomado neurocirurgião da Alemanha. Outro ponto importante? Ele era gato. Sério, todos ficaram hipnotizados com a beleza do homem.

— O Dr.Callister já deve ter falado sobre os efeitos do soro? — questionou o Dr. Van De Kamp, analisando o prontuário de Guilherme.

— Falou, mas não chegou a ser específico. — afirmou Leopold.

— São mais de 130 efeitos colaterais. O seu filho vai precisar de muita ajuda. Não vai ser fácil. — disse o médico, abrindo um tablet e mostrando para a família de Guilherme.

— Mas existe uma chance, mesmo que mínima? — perguntou Guilherme, que achou os olhos do médico charmosos.

— Isso só o tempo vai dizer. É um remédio beta, acabou de ser liberado para teste em humanos. Queremos que seja positivo.

— E vou ter que ficar no hospital? Vou vê-lo todos os dias?

— Filho, não é momento de brincadeira. — Leopold soltou, pedindo desculpa ao médico.

— Tudo bem. — disse o Dr. Van De Kamp, que já estava acostumado em ser cantado pelos pacientes. Então, ele pegou no ombro de Guilherme. — Sim. Vamos acompanhar a tua evolução. Vamos começar em breve. Só estamos no aguardo dos últimos exames.

— Não entendi nada, mas vai dar certo. — afirmou Celestina, tocando no ombro de Guilherme e sorrindo.

Guilherme não era um grande fã de agulhas. Naquela tarde, o jovem precisou fazer vários exames e a maioria envolvia agulhas e extração de sangue. De repente, ele teve um ataque de pânico e Leopold precisou intervir.

— Ei. Eu estou aqui. — Leopold se posicionou atrás de Guilherme e o abraçou. Ele ajudou o filho a sincronizar a respiração. — É só um exame, meu amor. Você confia no pai, né?

— Confio. — respondeu Guilherme, chorando e fechando os olhos.

Do outro lado de Londres, Paris iniciou uma nova etapa de sua vida. Deixou para trás todo o conforto que conhecia e partiu para uma aventura ao lado de seu grande amor. Para mimar a namorada, Steve preparou um jantar romântico. No fundo, ele ficava triste por ter que escolher entre a família e o namorado.

— Será que eles encontraram a carta? — Paris não conseguia mexer na comida.

— Não sei, amor. Eu entendo se quiser voltar e...

— Steve, por favor, para. Eu te escolhi, não vai ter volta. Eu sei que pareço mimada, mas sou mais forte do que você pensa. — Paris ergueu os braços e mostrou os músculos que não existiam.

— Não estou te subestimando, Paris. Eu amo você e estou feliz, mas eu não ganho tanto assim. E a partir de agora, as coisas vão ser diferentes.

— E quem te disse que eu não tenho dinheiro? Meu amor, eu sou amiga do Guilherme Thompson, ele me ensinou muitas coisas sobre investimentos. Eu tenho muito dinheiro, ok? Mas a questão não é essa. Eu estou com raiva da forma como o meu pai vê as coisas. Ele é racista, amor. — Paris olhou para a janela e suspirou.

Após uma bateria de exames, Guilherme só queria descansar. O seu braço direito estava todo machucado pelas agulhas. Para animar o namorado, e com a permissão do médico, Felipe comprou sorvete e algumas balas de goma. Eles decidiram assistir um filme de comédia dos anos 90 e, mais uma vez, Guilherme esqueceu dos problemas.

— Eu estava pensando, sabe, nunca conheci sua mãe e seus irmãos. — disse Guilherme, depois de dar uma colherada no sorvete de chocolate.

— Vocês já conversaram diversas vezes. Ela sabe que você é o meu namorado e...

— Calma, amor. Eu só queria conhecê-la. Tenho uma semana antes dos testes começarem. — afirmou Guilherme.

— Você realmente quer isso? — Felipe questionou, limpando o rosto do namorado que ficou sujo de sorvete.

— Quero conhecer a mulher maravilhosa que te trouxe ao mundo. — afirmou Guilherme, comendo mais uma colherada de sorvete.

— Tudo bem, então. Vamos ao Brasil. — decidiu Felipe, sorrindo.

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As pessoas estão cada vez mais sendo seres e não humanos

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