E aí pessoal, tudo certinho? Passando para deixar mais uma parte do meu relato.
Eu estou bem melhor, viu? E nem penso em abandonar o remédio novamente, não quero voltar a ficar internado.
Obrigado a todos que me desejaram melhoras e que se preocuparam comigo.
Um beijo grande no coração de vocês e aproveitem a leitura, não está longa, mas não quis deixar vocês sem mais uma parte do meu relato. Ótima semana a todos, beijo bem grande do Felipe :*
Não saímos aquela noite, ficamos no apartamento namorando e assistindo filme. Transamos, dormimos abraçados e no dia seguinte acordei primeiro que o Renato. Saí da cama sem o acordar e fui até a cozinha preparar o café da manhã. Coloquei a cafeteira para funcionar e o leite para esquentar. Ia fazer misto quente, mas resolvi fazer lanche de forno mesmo. Peguei pão de forma e passei um pouco de azeite de oliva, queijo, presunto e tomate sem semente. Coloquei tudo embrulhado em um papel alumínio e levei ao forno. Já estava quase ficando pronto e então fui chamar o Renato para tomar café.
- Re – eu o chamei – Levanta para tomarmos café.
Ele resmungou um pouco, mas acordou.
- Nossa, Lipe – ele falou assustado – Madrugou foi? 06: 30 da manhã ainda.
- Eu sei – falei e passei a mão nos seus cabelos – Mas temos que ir a praia, aproveitar um pouco, almoçar e depois ir embora. Aqui tem bastante trânsito e não quero voltar muito tarde para São Paulo.
- Isso é verdade – ele falou enquanto levantava e conseguiu me dar um beijo.
- Vou tirar o lanche do forno – falei – Te espero lá.
- Já estou indo – ele falou – Vou lavar o meu rosto.
- Vai lá – eu falei e dei um tapa na sua bunda, ele riu.
Cheguei na cozinha e estava cheirando bastante o lanche, tirei do forno e deixei esfriando. Arrumei tudo na mesa e fiquei esperando o Renato chegar. Não demorou muito e logo ele veio, vestindo apenas uma cueca branca e vi que seu pau estava meio duro, mas era tesão matinal.
- Hum, parece que está muito bom – ele falou.
- Se não estiver, vai comer do mesmo jeito – falei brincando – Quer que eu coloque leite pra você?
- Hum, quero sim – ele falou malicioso.
- Estou falando sério – falei entre risos.
- Coloca sim, menos do que café – ele falou – Por favor!
Eu coloquei do jeito que ele pediu e entreguei pra ele. Tomamos café e conversamos um pouquinho, já tinha deixado as coisas que levaríamos pra praia arrumadas e então não demoramos muito a sair. No apartamento mesmo passei protetor no Renato e ele passou em mim. Resolvemos voltar a praia do Félix, foi a melhor que achamos ali na região e não ficava tão longe assim. Chegamos e já tinha bastante gente na praia, ficamos procurando um lugar e estava meio difícil achar um lugar menos movimentado. Logo avistei o Luciano e sua turma, que também logo me viu e gritou para sentarmos lá onde eles estavam.
- Senta aqui – ele falou – Não tem muito lugar hoje.
- Obrigado – o Renato interviu – Mas vamos procurar mais ali pra frente, não é Felipe?
- Sim – eu falei – Mas obrigado pelo convite.
- Tudo bem – o Luciano falou – Vocês quem sabe.
O Renato saiu e eu o segui, com muito custo achamos um lugar menos movimentado, tinha algumas crianças e um pessoal jogando vôlei. Colocamos nossas coisas em cima da mesinha e logo uma moça veio nos atender, pedi uma água de coco e o Renato foi pra água, ele adora mar, ainda mais que eu. O Renato na água e eu pensando na nossa viagem, na carta que ele me entregou e em todas as outras coisas que vivemos até ali, eu não tinha como agradecer por tudo isso. Levei um susto quando a bola atingiu o nosso guarda sol e um rapaz gritou pedindo para jogar a bola de volta, eu levantei e devolvi a bola para o rapaz.
- Obrigado – ele falou – E desculpa por ter acertado o guarda sol.
- Sem problemas – eu falei e retomei o meu lugar.
A moça trouxe a água de coco depois de um bom tempo e pediu desculpa, falou que teve problemas com um pessoal que quis sair sem pagar e ela estava resolvendo. Eu falei que não tinha problemas, pra falar a verdade tinha até esquecido. O Renato voltou e ficou jogando a água que escorria do seu cabelo em mim.
- Eita – falei – É falta do que fazer é? – brinquei.
- Sim, queria te devorar aqui mesmo – ele riu – A água está ótima. Não vai entrar?
- Agora não – falei – Eu estou aqui tentando ficar menos branco.
- Isso vai ser difícil – ele falou – Você só fica vermelho.
- Besta – eu falei.
Ele pediu outra água de coco e ficamos conversando ali, até que a bola atingiu novamente o guarda sol. O Renato ia devolver, mas o rapaz que tinha acertado a bola, de novo, já estava próximo e ele mesmo pegou a bola.
- Peço desculpas novamente – ele falou.
- Sem problemas – eu falei.
Ele estava saindo e então voltou.
- Não estão a fim de jogar uma partida não? – ele perguntou.
- Obrigado, mas acho melhor não – eu respondi – Não sei jogar direito.
- Que isso, rapaz – ele falou – Vamos fazer dupla contra dupla, você fica com seu amigo.
- Ele não é meu amigo, é meu namorado – respondi com um sorriso.
- Sem problemas – ele falou – Fica você e o seu namorado na mesma dupla então.
O Renato me olhou, ele gostava de esportes e no fundo no fundo eu sabia que ele queria jogar.
- Você quer jogar? – perguntei ao Renato.
- Uma partida só – ele falou meio bobo – Vamos?
Eu concordei e então peguei celular, carteira e coloquei em uma mochila pequena que tinha levado e deixei mais perto de onde estavam jogando, o restante das coisas como toalhas e etc eu tinha deixado lá próximo a mesa, de onde estávamos jogando dava pra olhar. Cumprimentamos o pessoal que estava ali e o Rodolfo, então se apresentou o rapaz, comunicou ao pessoal que iriamos jogar. Estavam em quatro, então dividiu dois grupos com três pessoas. O Rodolfo ficou no nosso time. Eu sou muito ruim com vôlei, embora gosto, mas estava dando para me divertir. A salvação do nosso time era o Renato e o Rodolfo, porque eu mesmo só conseguia no máximo não deixar a outra equipe fazer ponto. Ficamos jogando ali por bastante tempo até e então vi o Luciano se aproximando com alguns rapazes.
- E aí – ele falou de longe – Tem espaço aí para dois?
- Tem sim – gritou o Rodolfo – Entra um pra cada time.
O Luciano logo veio para o lado que eu e o Renato estávamos, ele levantou a sobrancelha e sorriu. Eu não dei muita bola, mas percebi que o Renato tinha ficado meio puto. Renato ficou jogando do meu lado e os outros dois ficaram atrás. Renato ficava o tempo todo olhando desconfiado para trás. Eu tentei concentrar no jogo e não prestar atenção no Luciano, sabia que ele estava de marcação. Nosso time estava perdendo, Rodolfo e o Renato logo xingaram o Luciano, falando pra ele prestar mais atenção.
- Ele está te encarando – o Renato falou pra mim – Ele fica o tempo todo olhando pra você, não presta atenção em nada.
- Impressão sua – eu falei.
O nosso time perdeu e o Renato não quis mais jogar, voltamos para nossa mesa e o Luciano veio atrás.
- Vamos jogar uma última partida – ele falou.
- Estamos de boa – o Renato respondeu – Vai lá com a turma.
- Mas não dá time – ele falou – Falta gente.
- Então revezem – o Renato já falou meio bravo.
- Está chateado, cara? – o Luciano perguntou.
- Tenho motivo pra ficar? – o Renato retrucou e encarou o Luciano.
- Ao me ver não – o Luciano respondeu – Cada um sabe o que tem, não é mesmo?
- Que você tá querendo falar com isso? - eu me intrometi.
- Falei que cada um sabe o que tem, não me referi a você – ele falou.
- Melhor sair daqui moleque, não me tira a paciência não – o Renato falou - Já não basta ficar olhando para o Felipe o tempo inteiro.
- Eu olhei por que estava atrás dele, não tinha como não olhar – o Luciano falou.
- Vai, rapaz- o Renato falou – Procura tua turma.
O Luciano riu e se levantou para ir embora.
- Se não se garante com o que tem, não reclama quando perder. – ele provocou.
Em um instante vi o Renato indo a direção a ele e o empurrou, Luciano revidou e logo começaram a brigar ali na praia. Eu tentei separar junto com os outros caras que estavam jogando.
- Tá com medo de perder o bundudinho, é? – ele provocou – Deve tá dando esse rabo pra vários e tu nem sabe, manézão.
- Cala tua boca, mané – eu retruquei - Se coloca no teu lugar, imbecíl.
- O barbudinho fica todo bravo com medo de perder você – ele falou com um sorriso de desdém.
O Renato conseguiu escapar e acertou a boca do Luciano com um murro, foi uma luta para separar aquela briga e convencer o Renato a ir embora. Paguei as coisas que tínhamos pego no quiosque e saí dali com o Renato. Renato saiu xingando e muita gente olhando aquilo. O Luciano ria e então eu o xinguei também, falta de respeito do caralho. Entramos no carro e o Renato tremia de nervoso.
- Fica calmo, Renato – eu falei – Vamos sair daqui.
- Calmo, como quer que fique calmo? Aquele filho de uma puta ficou me provocando desde o início, sabia que aquele tipo não prestava. – ele falou bravo.
- Deixa eu dirigir – falei – Troca de lugar comigo.
- Eu estou bem – ele falou – Não precisa.
-Troca de lugar comigo – falei mais uma vez, de forma firme.
Ele viu que eu estava sério e então trocou de lugar comigo. Ele entrou todo molhado no carro, o banco estava molhado e então peguei uma toalha e coloquei ali. Ele entrou no lado do passageiro. Eu puxei seu rosto e vi que ele estava irado.
- Re, eu te amo – falei – Não quero ver você brigando de novo.
- Ele me provocou, Felipe – ele falou bravo – Aquele filho de uma puta ficou me provocando.
- Sim, eu percebi – tentei mantê-lo calmo – Mas você tem que saber que ele não é nada pra mim. Você é quem eu amo e quero pra sempre comigo.
- Eu sei, amor – ele falou mais calmo – Mas ele foi lá só para me provocar.
- Eu sei – falei – Vamos esquecer isso.
Ele ficou quieto.
- Vamos esquecer isso? – eu perguntei de novo.
Ele me beijou e concordou. Estava cedo ainda, então fomos até o centro da cidade e procuramos um lugar para almoçar. Fomos em um lugar ali próximo ao aquário e almoçamos, passamos no apartamento para pegar nossas coisas e arrumar tudo no carro. Conferi para ver se não estava esquecendo nada e então fomos devolver as chaves do apartamento. Pelo horário que saímos até que não pegamos tanto trânsito assim, só um pouco no começo da serra por conta de um acidente. Chegamos cedo em São Paulo e o Renato foi me deixar.
- Entra um pouco – eu falei.
- Você tem que descansar – ele falou.
- Eu sei, mas entra um pouco – insisti.
- Tudo bem – ele falou – Mas não vou demorar muito, tenho que tirar tudo de dentro do carro ainda e tem areia no meu saco, vou acabar ficando assado – ele riu.
- Não tomou banho? – perguntei enquanto ria.
- Tomei, Lipe – ele riu – Mas acho que não saiu tudo.
- Toma banho em casa – falei – Vamos.
Ele entrou comigo e minha mãe estava assistindo. Nos cumprimentou e eu fui deixar as coisas no quarto, não ia arrumar nada por enquanto. Falei para o Renato ir tomar banho e com muito custo ele aceitou. Fiquei conversando com a minha mãe enquanto ele tomava banho, ela falou sobre o seu final de semana e conhecendo minha mãe, sabia que ela queria falar algo.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei.
- Ah, meu filho – ela falou – O seu pai está surtado, fiquei sabendo que não está indo ao trabalho e até me ligaram.
Eu comentei o que tinha acontecido no dia que ele foi até o trabalho e ela ficou brava por eu não ter falado nada.
- Felipe, você deveria ter me contado – ela falou – Seu pai tem arma naquele carro, já pensou se acontece o pior?
- Ele estava muito bêbado – falei – Nem sei como conseguiu dirigir. O Valter quis até chamar a polícia.
- Seu pai estaria enrolado – ela falou – Nunca imaginei que ele iria ficar assim. O Alexandre do posto me falou que ele não está indo trabalhar, não liberou o pagamento dos funcionários e estava todo mundo revoltado por lá.
- Imagino – falei – Eu é quem cuidava de tudo isso.
- Filho, tem o número do escritório? – ela perguntou – Vou tentar ligar lá pra saber se o seu pai está resolvendo isso.
- Ah, mãe – falei – Acho melhor não se meter com isso.
- Eu vou pedir para ele não falar que liguei – ela disse calma – Só quero ver como vai ficar a situação do pessoal, o Alexandre falou que nem o aluguel pagou ainda.
- Eu vou te passar o número – falei.
O Renato voltou e sentou ao meu lado, cheirosinho. Minha mãe não comentou mais nada sobre o meu pai e então ficamos conversado sobre coisas da viagem, o Renato comprou um presente pra ela, mas esqueceu no carro. Disse que quando eu fosse levar ele até o estacionamento, me entregaria o presente. Ficamos ali conversando e minha mãe foi deitar, contei a ele que o minha mãe disse sobre o meu pai.
- Felipe, temos que reconhecer que seu pai se tornou um alcoólatra – ele falou cauteloso – Ele precisa de ajuda.
- Eu sei, Renato – falei triste – Mas nem sei como ajudar, ele não fala comigo e agora está separado da minha mãe.
- Eu sei, é duro – ele falou – Amor, eu vou pra casa.
- Tudo bem – eu falei – Eu também vou tomar um banho e descansar.
- Deveria ter tomado banho comigo – falou.
- Minha mãe está em casa, esqueceu? – falei.
- Verdade – ele riu – Esqueci que a sogra está aqui.
Eu ri do que ele falou e então o acompanhei até o estacionamento, ele pegou o presente da minha mãe e eu deixei em cima da mesa. Tomei banho e repassei tudo na mente, quanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. No dia seguinte fui trabalhar e acabei chegando um pouco atrasado por conta do transito. Assim que cheguei lá vi que um funcionário tinha faltado, o mesmo que foi contra eu assumir a gerência do posto. Não tinha muito que fazer, tentei entrar em contato com ele e não consegui. Então fiquei ajudando no abastecimento também, não tinha muita coisa para resolver.
- Seu Felipe – falou a Valéria, uma moça que trabalha na conveniência – Ligaram para o senhor.
- Quem era? – perguntei.
- Não falaram – ela disse receosa – Só falaram pra te avisar que “em breve todos vão ficar sabendo”.
Eu fiquei desconfiado com o que ela tinha dito, como assim em breve todos vão ficar sabendo?
- Não apareceu o número de quem ligou? – perguntei.
- Seu Felipe, eu não reparei – ela falou – Eu apenas atendi.
Fui até onde ela estava e comecei a mexer no aparelho.
- Muita gente ligou depois? – perguntei.
- Uma pessoa só – ela falou – Não sei se a Natália atendeu.
Eu procurei pela Natália e vi que ela estava voltando do banheiro.
- Natália, atendeu alguma ligação? – perguntei a ela.
- Não – ela falou – Não atendi ninguém.
- Tudo bem, obrigado – falei as duas.
Peguei os últimos número que estavam ali e anotei em um papel. Iria tentar descobrir quem havia ligado e o que “todos iriam ficar sabendo”.