Alguns meses haviam se passado e nossa vida estava cada vez melhor, na questão financeira o Ricardo já estava com a minha mãe na sua clínica auxiliando ela em tudo o que fosse preciso, como nós ainda não tínhamos terminado a faculdade, claro que não podíamos exercer a profissão plenamente, mas ele estava por lá mais pela experiência do que pelo dinheiro até porque os lucros gerados pelas suas terras no interior do estado eram o suficiente para nos dar uma boa vida e sem margem para complicações, esses lucros aumentaram consideravelmente depois que a sua mãe colocou em suas mãos a administração das terras que pertenciam ao seu pai que estava preso, como ela não queria mais cuidar de nada, resolveu entregar ao filho e curtir a sua vida com os lucros da terra, Ric passou a administrar tudo com a ajuda de funcionários muito fieis a ele.
Nosso filho estava cada vez maior e mais lindo, ele tinha o rosto da mãe, mas o formato dos olhos e a boca eram do Ricardo, quando eu ia para a faculdade com o Ricardo ou ele ficava com minha mãe, ou com a mãe do Ricardo ou com os pais da Leila. No mais nossa vida estava perfeita faltava dois meses para nosso casamento e nós estávamos cada dia mais ansiosos para que esse dia chegasse o mais rápido possível.
Certo dia a mãe do Ricardo foi lá em casa falar com ele, nos sentamos na sala e ela informou que seu pai iria sair da cadeia e que ela achava melhor que antes de ele sair o Ric fosse lá visitar ele para que os dois pudessem se entender de uma vez e foi o que ele decidiu fazer.
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RICARDO
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Estava muito ansioso naquele lugar que por mim foi detestado no momento em que coloquei meu pé direito lá dentro, estava numa sala esperando que eles trouxessem o meu pai para falar comigo, o que não demorou muito. Quando ele entrou nossos olhos logo se cruzaram, não sei o que senti naquela hora, fazia muito tempo que eu não olhava para a sua cara, ele estava mais velho, acabado, derrotado, não apresentava mais aquela pose de durão que ele tinha. Seu olhar era neutro, mas tinha algo que eu não conseguia identificar em sua face pela maneira que ele me olhava ele parecia estar, feliz?
Achei isso intrigante, porque até onde eu sabia, eu sempre fui a decepção da vida dele, então que felicidade em me ver era essa em seu rosto?
O: Filho, você não sabe o quanto estou feliz em vê-lo – falou ele cordialmente ao se sentar na cadeira.
Eu: tem certeza que esta feliz de verdade? – perguntei intrigado.
O: Filho, sei que o que eu fiz foi imperdoável mas eu estou muito arrependido, depois que eu fui preso eu parei para ver tudo o que eu tinha feito de errado e percebi que errei demais com você, eu sinto muito.
Eu: esta bem, eu te perdoo, mas quando você sair eu não quero ver você nem perto de mim e muito menos perto do meu filho, eu e i Diego estamos muito felizes e não quero que você estrague isso como quase estragou.
O: eu te entendo e vou respeitar sua decisão.
Eu: ótimo, já que você vai sair então vai querer reaver suas posses, eu cuidei de todas as terras e você...
O: é tudo seu.
Eu: como assim?
O: a sua mãe sozinha não podia te passar nada do que era nosso, eu assinei tudo passando todas as posses para seu nome, quando eu sair daqui eu quero me desculpar com sua mãe e viver minha vida ao lado dela em paz com o dinheiro que ainda temos, que por acaso é o suficiente para termos uma vida luxuosa. Então tudo o que era nosso agora é seu filho.
Eu: esta bem então. Então era isso o que eu tinha para te falar, desejo que você fique bem.
O: Obrigado – respondeu olhando em meus olhos.
Eu me levantei para sair quando meu pai se levantou rapidamente e me deu um abraço, um abraço que ele nunca tinha me dado antes em toda a minha vida, um abraço de conforto, carinho e amor. Eu não consegui me mexer, apenas aceitei o abraço dele e naquele momento eu soube que ele pela primeira vez estava me aceitando e me abençoando...
- Sem contato físico – repreendeu o guarda quando entrou na sala para pegar meu pai.
Nos separamos e ele seguiu sem dizer mais nada, apenas fiquei ali olhando para ele indo embora, depois e alguns segundos me recuperando eu consegui me mover e sai da sala. Chegando em casa eu logo encontrei a cena mais linda de todo o mundo, Diego estava deitado na cama com Pedrinho dormindo encima de sua barriga, não me contive e tirei uma foto, o som do celular ao tirar a foto acordou Diego...
D: então, como foi com seu pai? – falou baixinho e com voz de sono.
Eu foi tranquilo, ele vai deixar todos os bens da família nas minhas mãos – expliquei toda a conversa para meu noivo.
...
Era chegado o grande dia do casamento de Diego e Ricardo, Arthur e Caio. A decoração estava impecável, tudo selecionado a dedo pelo Arthur e planejado para ser um acontecimento super organizado. Quando nossos garotos chegaram juntos no local do casamento o Arthur logo começou a chorar de emoção, chorou mais ainda quando encontrou sua família lá olhando-o com seu noivo ao seu lado, o mesmo aconteceu com Diego, seu pai veio do Rio junto com sua esposa e filho, Guilherme estava feliz pelo irmão mais velho e Liliana não parava de chorar de tanta emoção, tudo o que Diego conseguia pensar era “Meu Deus, eu sou a pessoa mais sortuda do mundo”.
Ricardo ainda falou com seu pai mais algumas vezes após o mesmo sair da prisão e em uma de suas conversas ele acabou convidando o pai para o casamento e o mesmo na tentativa de se reaproximar do filho acabou aceitando o convite e como prometido estava lá junto com sua esposa e feliz pelo seu filho estar bem e em paz consigo mesmo.
A cerimônia não foi demorada e logo nossos rapazes estavam casados e comemorando na festa que foi oferecida a todos os convidados e familiares.
Depois daqui suas vidas se resumem apenas a felicidade e poucos problemas. E viveram felizes para sempre.
FIM.
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DIEGO:
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D: Tudo isso aconteceu a 50 anos, seu avô Ricardo morreu a 10 anos num acidente de carro enquanto viajava para uma das fazendas no interior, eu quase morri junto com ele de tanto desgosto quando fiquei sabendo o que tinha acontecido, mas eu tive de me manter forte por causa do seu pai. Pedro sempre foi um menino muito apegado ao Ricardo e ao saber da morte do pai ele quase entrou em depressão, eu tive de ficar forte por ele e por você, na época você tinha 5 anos de idade.
L: Vovô o senhor já passou por muita coisa na vida, nem sei o que eu faria se eu passasse por metade dessas coisas...
D: quem sabe você não passe Luan, você ainda é muito jovem, tem apenas 15 anos, muita coisa ainda vai acontecer na sua vida, coisas boas e ruins, a vida é cheia de surpresas e tudo o que for de ruim deve ser usado para nos fortalecer e não para nos deixar fracos.
L: entendo mas e...
P: filho, vim te buscar, esta na hora de ir – Pedro entrou na minha casa para pegar o filho – oi pai, como o senhor esta? – perguntou ao me abraçar.
D: estou muito bem meu filho, só um pouco solitário demais.
P: nem tanto né, Luan passa mais tempo aqui do que em casa, ele te ama muito – falou passando a mão na cabeça do filho – e tio Guilherme, tem noticias?
D: Guilherme esta bem, falei com ele a dois dias, as coisas na Alemanha estão tranquilas – Guilherme estava morando na Alemanha fazia 20 anos.
P: Ok, então filho, temos que ir agora, estamos atrasados para seu dentista.
L: certo, vamos. Tchau vovô – ele me deu um abraço e logo após meu filho fez o mesmo.
Quando eles saíram eu fui para a janela do segundo andar e fiquei olhando os dois entrarem no carro e irem embora, uma lagrima escorreu dos meus olhos enquanto eu pegava um porta retrato com uma foto tirada no meu casamento com o Ricardo, lagrimas mais fortes vieram em meu choro silencioso enquanto eu encarava seu rosto naquela foto.
D: Sempre que eu vejo nosso filho e nosso neto eu sempre vejo você neles dois, é por isso que me mantenho forte, ainda tenho muito a fazer por eles e é neles que você esta vivo, é neles que eu sempre encontro você, você nunca morreu para mim meu amor.
R: eu sempre estive com você Diego – olhei para trás assustado e ele estava ali no meio da sala me olhando chorando na janela.
Ele se aproximou lentamente e me pegou em seus braços como ele sempre fazia, acariciou meu rosto com as costas de sua mão e me puxou para um beijo e mais uma vez eu pude sentir a força daquele beijo em meus lábios, um beijo que a 10 anos eu não sentia.
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<3 Queridos leitores, sinto muito por deixar vocês esperando tanto tempo, mas como eu prometo eu sempre cumpro, então ai esta o fim do meu conto. Não sei se voltarei a escrever mas tudo indica que sim, não tenho tido tanto tempo para escrever, tanto por conta do trabalho ou por conta de problemas pessoais e físicos que me deixaram impossibilitado de postar antes. Gostaria de agradecer a todos que me acompanham desde o início, foi mais de um ano de conto e a presença de todos vocês sempre foi muito importante para mim, mesmo com poucos comentários mas eu sempre analisava a quantidade de pessoas que liam os capítulos e era uma quantidade grande de pessoas, então agradeço a cada um de vocês que vieram ao meu conto e a partir dele conheceram um pouco de mim, cada personagem tem um pouco de mim. Muito obrigado a todos e quem sabe... até a próxima!!!!
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