***
― Você está vivo, menino, mas foi por pouco. ― Havia desprezo na voz de Johnny, e Colt gemeu, tentando abrir os olhos. Seu corpo doía, e ele não conseguia abrir seu olho esquerdo, mas seu direito finalmente abriu o suficiente para ver o seu agente de pé sobre ele com uma bolsa de gelo na mão.
― O seu pai... ― Aquelas palavras tiveram Colt empurrando para frente, recuando de um eventual ataque pendente. Ele instintivamente tentou se preparar para o que poderia estar por vir, mas o movimento brusco causou uma dor insuportável que se espalhou por todo o seu corpo e se alojou em suas costelas. Sua mente rejeitou tudo, exceto a necessidade de fugir. Ele tinha que sair deste lugar. Colt se esforçou para ficar em pé, até que seu agente o agarrou e empurrou- o de volta no sofá.
― Ele se foi, Colt. Acalmem-se, filho e me escute. Ele se foi! ― O agente não parava de dizer, enquanto o empurrava de volta no sofá. Seu corpo doía tanto. Ele lutou para ficar de pé, mas não conseguia se sustentar. Por que seu corpo o traía? Ele não tinha escolha a não ser ceder.
― Beba isso. Vai ajudar.
Um vidro fresco foi colocado entre os lábios, ele abriu um pouco e o uísque puro foi derramado em sua garganta. Colt sufocou e trancou com o líquido nojento e ardente que queimava até seu estômago. Ele podia sentir o excesso escorrendo pelo seu rosto e seu pescoço quando foi forçado a consumir tudo que era derramado em seus lábios. Johnny colocou uma bolsa de gelo no rosto quando alguém entrou no escritório.
― O que aconteceu? ― Havia uma grande preocupação na voz desconhecida.
Colt orou para que significasse que a ajuda havia chegado.
― Eu não sei. Ele entrou assim. ― Johnny mentiu. Colt podia sentir e se virou para a porta, mas não conseguia ver quem mais estava na sala.
― Como ele chegou aqui assim? ― A voz estava ficando mais perto e Colt se esforçou para se concentrar. Ele gemeu, e tentou falar. Ele queria dizer quem tinha feito isso com ele, mas sua garganta doía e os sons que saiam não formava qualquer uma das palavras que ele queria dizer.
― Ele tropeçou ou algo assim. ― Colt olhou para cima para ver um homem de cabelos grisalhos mais velho de pé sobre ele, parecendo preocupado. Ele devia parecer horrível pela preocupação no rosto do rapaz.
― Filho, eu sou o Dr. Patterson. Quem fez isso com você? ― Perguntou o médico. O olhar no rosto do médico deixou claro que ele não estava comprando a história de Johnny, mas o agente não se rendeu.
― Acho que ele está com algumas costelas quebradas, talvez a maioria delas, e você precisa olhar o rosto dele. Pode haver uma mandíbula quebrada. Confira a maçã do rosto, também. Seu nariz está quebrado. ― O agente intrometeu quando Colt focou seu único olho bom do médico para o agente que lhe deu um muito inconfundível “mantenha sua fodida boca fechada".
― Precisamos levá-lo para o hospital. ― O médico desapareceu de seu campo de visão, voltando logo em seguida. Colt podia sentir sua mão suavemente no seu corpo, e ele fechou os olhos, aliviado.
― Não, isso precisa ser feito aqui. Este é Colt Michaels. Nós não precisamos da imprensa.
― Não me diga? Ele é um bom garoto. Sério, John, o que aconteceu com ele?
―O toque suave vacilou e Colt assobiou quando a camiseta foi retirada de seu corpo.
― Ele chateou as pessoas erradas, aparentemente. ― Essa foi a coisa mais próxima da verdade que Johnny tinha dito desde que o Dr. Patterson entrou na sala. Colt manteve os olhos fechados e se concentrou em respirar através da dor. Minutos pareceram horas e Colt pensou que poderia ter desmaiado de novo, até que outro copo de uísque foi forçado goela abaixo.
― Beba isso. Eles estão trazendo mais pessoas para cuidar de você. Fique tranquilo, você me entende? Você não sabe o que aconteceu. Você foi atacado ontem à noite. Entendeu? Dr. Patterson vai enfaixá-lo e nós vamos falar mais quando ele sair. Entendeu?
Colt assentiu, era tudo o que podia fazer. Ele estava com medo, sozinho e quebrado. Quem iria acreditar nele, afinal? Abrindo a boca, ele tomou outro gole de uísque oferecido, desta vez o líquido não queimou em sua garganta, em vez disso, o acalmou. Ele manteve os olhos fechados e adormeceu.
***
Colt se sentou lentamente, estremecendo com a dor. Suas costelas estavam enfaixadas, ele teve o cuidado ao sentar-se no sofá. Colt pegou seu reflexo parcial no espelho pendurado sobre a cadeira de couro escuro na frente dele. Seu rosto estava limpo, som pontos suturados, parecendo melhor do que tinha esperado após a surra que tinha sofrido. Nada pode esconder o inchaço ou o hematoma intenso, mas curiosamente, seu pai não tinha quebrado nada muito mal. Ele iria se curar. ― Como é que você descobriu?
― É um pequeno aeroporto e você estava em público. Eu sabia antes de sair da ilha.
― Você não tinha que dizer a meu pai.
― É claro que eu tinha. ― Johnny observou-o atentamente, o seu scotch regular e refrigerante em uma mão. Ele jogou a bebida para trás, engolindo o conteúdo de um gole antes de bater o mini-bar no canto da sala para uma recarga.
― Não, você não tinha. Eu sou um adulto. Isto devia ter sido apenas entre nós. ― Disse Colt em pouco mais que um sussurro. O álcool parecia ter um efeito sedativo sobre os nervos, o que era bem-vindo. Colt olhou para suas mãos. O dedo mindinho da mão esquerda estava preso. Ele estendeu o braço esquerdo, tomando nota de seus ferimentos. Seu braço esquerdo já estava virando preto e azul, mas este não era o seu braço de jogo, não é? Deus me livre disso. Colt olhou por cima do braço direito e zombou. Encontrou exatamente o que ele esperava, o seu pai era sempre protetor com seu braço direito. Nem um arranhão para ser visto.
― Colton, ele é meu melhor amigo e seu gerente. Ele trabalhou a sua carreira desde que tinha cinco anos de idade. Ele tinha o direito de saber que você estava cometendo o pior erro de sua vida. ― Disse Johnny. Ele colocou uma bebida em frente à Colt e sentou-se em frente a ele em uma cadeira de couro.
― Eu acho que eu sou gay. ― Mesmo depois de levar a maior surra de sua vida, Colt não estava disposto a deixar Jace ir.
― Não, você não é, meu filho. ― Disse Johnny e bebeu sua bebida em dois grandes goles.
― Eu o amo. ― Colt se agarrou em Jace, mesmo que as palavras foram ditas com confiança abalada.
― Não, você não. Essa coisa pela qual está passando é normal. Não é nada mais do que hormônios, uma espécie de rebeldia. Todos nós passamos por isso na sua idade. ― Johnny estava de volta, recarregando seu copo. Colt riu, o que puxou os músculos do estômago. Ele imediatamente se arrependeu da ação, quando ele respirou fundo e a dor de suas costelas estalou.
― Não ria, é verdade. ― O copo de Johnny estava cheio até a borda desta vez quando se sentou em frente a Colt. Johnny parecia confortável lá, tão seguro de si.
― Então, você está dizendo que fodeu caras quando tinha 22 anos de idade?
― Colt olhou para Johnny que não o olhava nos olhos. Em vez disso, ele tomou outro gole longo. Com certeza pensando em cada resposta antes de falar.
― Não, eu não fiz isso, mas eu fiz outras coisas. A diferença foi que eu sempre mantive o meu futuro em primeiro lugar. É o que você precisa fazer, filho.
― Não me chame de filho. Você o deixou me espancar. ― Disse Colt e finalmente ergueu a bebida, tomando um gole.
Ele não tinha certeza se era uma boa ideia misturar o medicamento para dor, que o médico lhe tinha dado, com o álcool. Mas se Johnny precisava da coragem líquida para terminar esta conversa, ele supôs que precisaria também. De jeito nenhum ele iria desistir de Jace, mesmo depois de ter sua bunda entregue a ele. Ele o amava. Jace iria se mudar com ele; eles tinham tudo planejado. E ele estava mais feliz que nunca.
― Eu o detive, não foi?
― Não rápido o suficiente. ― Colt revidou. Johnny se inclinou para frente, colocando os cotovelos sobre os joelhos e olhou para Colt durante vários segundos até que finalmente parou de brincar de gato e rato e começou a falar com sinceridade.
― Não há nenhuma maneira isso vai ser aceito na NFL. Seu pai tem muito investido em você. Ele não vai deixar que isso acabe assim, você sabe disso. Quando ouvimos o que estava acontecendo no Havaí, seu pai ficou enlouquecido. Ele queria ir atrás do menino.
― Jace sabe que temos que esconder. ― Colt não sabia se o tempo todo e ele cuidadosamente virou a cabeça para olhar pela janela. Estava escuro lá fora. Merda, ele tinha estado aqui o dia todo e ele disse a Jace que o esperasse no hotel por ele.
― Filho, você não pode se esconder muito bem. Olhe o que aconteceu.
― Você estava me espionando? ― Perguntou Colt. Ele procurou em sua bermuda, pelo seu telefone. Ele não estava lá.
― Nada disso importa. Você acabou de sofre uma agressão de alguém de sua família. Espere até que você entre em campo. Você vai ser mais um alvo do que você jamais vai entender. Nenhum time vai contratá-la para ter um quarterback como um alvo. Não vai acontecer, meu filho. A homossexualidade é desaprovada no mundo dos esportes.
Johnny esvaziou o copo, mas não se mexeu. Ele ficou lá olhando para Colt.
Tudo o que importava para Colt era o telefone.
Não era por ele. Ele olhou ao redor do sofá e, em seguida, ao redor do piso para ver se tinha caído quando seu pai atacou.
Colt começou a perguntar, mas o agente interrompeu.
― Filho, você não está me ouvindo. Ouça-me com atenção. Quando descobrimos em primeiro lugar, o seu próprio pai estava pronto para liquidar com o garoto... Você me entende? ― Isso deteve Colt que olhou para Johnny. Seu coração em pânico pelas palavras. Pensar em seu pai descarregando toda a sua fúria em Jace. Deus, por favor não...
― Jace Montgomery é o seu nome. Eu acho que é esse o nome no relatório. Demorou cerca de trinta segundos para descobrir com quem você estava. Colton, isto não é apenas sobre você, isso não vai ser bom para ele, também. O que aconteceu com você não é nada comparado com o que vai acontecer com ele. Seu pai te ama. Imagine se pagar alguém para ir atrás de Jace. E seria tudo culpa sua. Você estará pintando um grande alvo vermelho direito em suas costas.
― Não, não, não Jace. ― Colt sacudiu a cabeça enquanto o temor crescia. Onde estava Jace agora? Colt se levantou, o quarto começou a girar em torno dele. Ele estava fraco, mas tinha que ir se encontrar com Jace e avisá-lo. Colt foi vacilante em seus pés, e ele tropeçou até que o agente ficou na frente dele, bloqueando-o e obrigou-o de volta no sofá.
― Calma, eu parei seu pai. O menino não vai ser tocado, pelo menos não agora, mas se você não parar com isso, eu não posso protegê-lo ou a você. Você sabe como seu pai é, e ele está decidido. Você está jogando fora muito, mantendo este ritmo.
― A raiva atravessou Colt e ele agarrou a camisa de Johnny, puxando-o para mais perto. Colt não estava em condições de fazer essa demonstração de força bruta, mas isso não impediu que o medo se transformasse em raiva dentro dele.
― Sim, você tem razão para em se preocupar, a vida daquele menino repousa em suas mãos. ― Em algum lugar no fundo da mente de Colt, ele sabia que Johnny estava jogando ele, mas o medo já estava tendo a sua residência em seu intestino. Aquilo não podia estar acontecendo. Jace era uma pessoa maravilhosa e não merecia passar por algo assim. Johnny reassumiu sua posição, bem ali na cara do
Colt, o deixando ainda segurá-lo, quando facilmente poderia se soltar.
― O nome de sua família tem muito investido em você agora. E lembre-se que eles te amam. Deixe alguma desavisada equipe contratá-lo e descobrir o que você é gay. Você não será capaz de manter qualquer um de vocês seguro. Vale a pena esse risco? Eu não deixaria a pessoa com quem me preocupo passar por isso. Colt ficou em silêncio por alguns minutos. Ele soltou o seu coração quebrado,
se tornando a parte mais dolorosa de seu corpo golpeado e quebrado. Todas as suas esperanças e sonhos de começar uma nova vida com Jace desmoronou em torno dele. Colt pegou o copo, olhando para o líquido âmbar e pensando sobre as coisas. Ele estava tão confuso, o que ele ia fazer? Ele queria Jace. Colt esvaziou o copo.
Outro copo apareceu na frente dele, junto com a garrafa. Ele bebeu o uísque em poucos goles e derramou outro. Uma quantidade indeterminada de tempo passou enquanto Colt ficou lá em guerra consigo mesmo.
― Eu o amo, eu o amo muito. ― Disse Colt em derrota.
― Então, proteja-o. Você precisa pegar a estrada e ser o que você precisa para ser nesta fase da sua vida, solto e focado no seu futuro. Isso vai salvar sua vida.
― Ele não vai entender. Tem de haver outro caminho. ― Disse Colt, a emoção entupindo sua garganta.
― Caia na real, Colton. Eu não tenho que lhe dizer, mas seu pai tem alguém seguindo você. O líder de torcida será seguido também. Ele está preparado para fazer o que for preciso para impedi-lo de cometer esse erro. Espero que você entenda o que eu estou querendo dizer com isso.
― Foda-se. ― Disse Colt e dispensou o copo, optando pela garrafa.
― Ponha um fim nisso agora, antes que isso acabe com ele, e eu lhe garanto que vai acabar com ele.
Colt não podia deixar Jace ser ferido. Ele tinha que protegê-lo, não importa o quanto seu coração se partisse. Jace era muito bom para isso, perfeito demais para o mundo de Colt. Ele agarrou o copo de cristal, lutando contra as emoções conflitantes dentro dele. O copo saiu voando pela sala, quebrando contra a parede mais distante. Colt viu os pedaços quebrados caírem no chão, junto com seus sonhos de uma vida com Jace.
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Na quarta-feira de madrugada, Colt estava sentado em uma cadeira no Shaggy Dawg, um bar local visado por atletas. A música country tocava ao fundo. Uma pequena fêmea tipo groupie16 estava ali sentada, madura para a colheita. Este lugar era como uma casa para ele. Colt passava mais tempo aqui ao longo dos últimos quatro anos do que em qualquer outro lugar, incluindo o campo de futebol.
Seus colegas de equipe e amigos estavam todos lá, pendurados para fora em sua mesa. Colt tinha ficado bêbado praticamente desde que deixou o escritório de Johnny e as bebidas não paravam de correr toda a noite. Elas entorpeciam a dor de seu corpo, mas não tanto a de seu coração. Seu olho bom focou no relógio contra a parede de trás do bar. Já perto das duas horas da manhã - hora de fechar. E isso o assustou. Será que ele tinha álcool suficiente em seu apartamento para passar a noite?
― Eu ainda não posso fodidamente acreditar que você foi fodidamente pego. O que há com esta cidade maldita. ― Perguntou Hank Wilson. Ele era um menino caipira do Kansas que tinha jogado bola com Colt desde o seu primeiro ano.
Eles eram amigos, apesar de os dias de Hank estarem contados. Ele não seria escalado para próxima temporada.
― Sim, é uma merda, cara. Se eu estivesse fodidamente lá, isto teria sido diferente. ― Paul Moon arrastava suas palavras, enquanto batia o punho bêbado sobre a mesa redonda na frente dele. Ele era outro jogador que jogava com ele há quatro anos, e ele estendeu a mão sobre a mesa, dando a Hank uma colisão do punho com raiva.
― Droga, seria um fodido negócio diferente. Devíamos estar lá fora procurando por esses filhos da puta. Isto é uma droga, cara! ― Hank concordou, suas palavras em um insulto quando cuspiu para fora do outro lado da mesa. Eles estavam todos completamente destruídos. Mesmo para os estudos! Colt era o único que estava na fila para acabar com seus anos de faculdade com um diploma. Agora, com certeza estava parecendo que não estaria acontecendo. Ele não viu nenhum de seus professores, lhe permitindo assistir a aula bêbado, e ele não pensava em estar sóbrio de novo.
― Não, acalme-se, eu lidei com isso. ― Disse Colt e esvaziou o uísque com Coca-Cola, levantando a mão para a outra.
O espião de seu pai estava sentado no bar, bebendo água potável e de vez em quando olhava por cima para vê-lo. Eles eram fáceis de detectar, e ele se perguntou se isso era apenas uma tática de intimidação. Inferno, isso funcionou Colt se intimidou e o cara serviu como um lembrete constante de que ele precisava proteger Jace a todo custo.
― Você está sendo porra de silencioso sobre isso, Colt. Qual é o problema?
― Disse Hank, inclinando-se quase por cima da mesa para se aproximar de Colt. A garota não se afastou quando Hank olhou-o de perto.
― Você nunca bebe tanto assim. ― Disse a loira bonita para ele. Ela ficou de pé, à direita de Colt, a preocupação em seu rosto bonito era evidente. ― Você está bem?
― Ele estaria melhor se você caísse fora agora. ― Disse Paul aos aplausos de Hank, ambos estavam agora focados na garota que lhes lançou um olhar de ódio.
― Não seja rude. ― A menina atirou para trás, antes de se virar para Colt.
― Você não parece bem, Colt. Deixe-me chamar Magda. Você não deveria ficar aqui assim... ― Ela foi cortado no meio da frase e, do nada, seu corpo foi empurrado para baixo contra Colt. A menina perdeu o equilíbrio e bateu nele. A dor disparou pelo comprimento de seu corpo, momentaneamente desligando seu cérebro. Ele empurrou para trás na cadeira, mas bateu no muro enquanto seu rosto fez contato com sua virilha.
Os caras na mesa vaiavam e gritavam, enquanto Hank empurrava sua cabeça para baixo. Ele segurou-a firmemente no lugar, pressionando seu rosto contra o brim azul coberto da virilha de Colt. A garota soltou um grito e empurrou contra o estômago e costelas de Colt.
― Maldição, Hank! ― Colt gritou, mas ele não foi ouvido. Ele se concentrou em controlar suas mãos, que a empurrou para longe em seu colo. Jace apareceu na frente dele, puxando a menina do agarre de Hank.
***
Jace caminhou pelas ruas de Austin preocupado com Colt por dois dias inteiros. Ele havia esperado durante horas no hotel, bem depois da hora do check- out. Em algum lugar por volta das seis horas da noite, Jace finalmente enviou uma única mensagem de texto perguntando se Colt estava bem. Ele nunca recebeu nada de volta. Ele esperou no hotel até cerca de nove da noite, antes que finalmente chamasse Gregory para uma carona para casa.
Jace perdeu a aula no dia seguinte, esperando Colt chamar. Ele também tinha perdido suas aulas na terça-feira preocupado, esperando por seu telefone. A televisão ligada, na esperança de ouvir alguma coisa, qualquer coisa, sobre Colt. Jace não conseguia descobrir o que possivelmente poderia ter acontecido. Certamente, se algo terrível aconteceu, o noticiário local iria cobrir a história. Colt era uma grande celebridade em sua pequena cidade como qualquer pessoa. Quando ele não tinha ouvido nada, Jace começou pesquisando sobre o complexo do condomínio de Colt, enquanto andava pelos corredores em frente às suas aulas.
Na meia noite de quarta-feira, Jace fez a coisa típica de menina e chamou todos os hospitais. Quando esse esforço não deu em nada, ele novamente passou pela casa de Colt cerca de trinta vezes antes de decidir ir até a cidade. Ele não tinha nenhum plano, exceto procurar alguém que pudesse saber algo sobre Colt. Engraçado como o pensamento nunca lhe ocorreu, de que Colt pudesse tê-lo abandonado no hotel. Ele ainda não ido até o bar, onde todos os caras do futebol se encontravam. Jace olhou através da grande janela aberta na frente do bar e seu coração se contraiu em seu peito quando viu Colt sentado à mesa com os amigos. Mas que diabos?
De onde estava, Jace podia ver que Colt tinha sido espancado. Quando ele olhou para a janela, os piores temores de Jace se materializaram quando ficou mais visível o lado do rosto e do corpo machucado de Colt. Jace pegou seu celular e mandou uma mensagem a Colt. Ele nunca entrou nesse bar antes. O Shaggy Dawg era um restrito domínio de tipos com um perfil especifico. Todo jogador que já tinha lhe dado um tempo difícil frequentavam Shaggy Dawg. Jace esperou e observou, mas Colt nunca pegou seu telefone.
Um pensamento lhe ocorreu, talvez Colt tivesse sido assaltado e seu celular tinha sido roubado. Talvez? Mas Colt, nesse momento estava ligeiramente girando em sua cadeira, dando a Jace um melhor ângulo de seu rosto rasgado que o fez jogar a precaução ao vento e entrar. Jace empurrou pela porta da frente, dando um passo para dentro, ignorando tudo o que acontecia ao seu redor. Ele se encaminhou diretamente para a mesa do Colt. Todo o tempo ele tentou acalmar seu coração batendo. Ele precisava se manter tranquilo e de alguma forma ainda, obter algumas respostas.
Quando Jace se aproximou, viu uma menina na mesa de Colt. Ela falava diretamente com Colt. Jace reconheceu a garota. Ele chegou perto o suficiente para vê-la sendo empurrada para baixo pela cabeça para Colt. Para crédito de Colt, ele recuou ao toque, uma dor clara em seu rosto. Não estava em Jace ignorar um ato tão de violência e ele instintivamente interveio quando Hank não a deixava livre. Sem dúvida, todos na mesa estavam completamente bêbados. Jace ajudou a garota quando ele se concentrou cara a cara com Colt. Ele encarou o seu rosto e o pânico encheu seu coração com o que viu. Todo o lado esquerdo do rosto de Colt
estava contorcido, inchado e machucado.
― O que aconteceu? Você está bem? ― Perguntou Jace, a garota que ele tinha e todo o resto esquecido. Segundos depois, Jace foi arrancado de Colt. Hank estava em seu rosto, empurrando-o para trás.
― O que diabos você está fazendo aqui, bicha? ― Hank empurrava Jace com cada passo que dava, suas grandes mãos musculosas empurrando contra o peito de Jace. Paul saiu do nada e empurrou Jace, também. Eles trabalharam juntos, fazendo com que Jace perdesse o equilíbrio e batesse de volta contra uma mesa lotada. Ele derrubou bebidas e mandou a mesa para o chão. Jace caiu com ela. Todo mundo que estava sentado à mesa ficou com raiva e se envolveram, todos focados em Jace. Hank estava de pé sobre ele, puxando-o pelo colarinho, só para empurrá- lo para trás novamente. Desta vez, Jace tropeçou para trás vários passos até cair de joelhos.
Onde estava Colt? Por que ele estava deixando isso acontecer?
― Ninguém quer você aqui, bicha. ― Hank não cuspiu nele, mas cada palavra bêbada que saia de sua boca era seguida por seu próprio jato de saliva. O barman pulou o bar e o segurança apareceu do nada, agarrando-o em torno de sua cintura, separando Jace da multidão furiosa. Eles abruptamente levantaram Jace e começaram a arrastá-lo até a porta da frente. Jace não poderia deixar de voltar- se para Colt que estava sentado lá olhando para um homem no bar. Apenas por um breve segundo, Colt olhou em sua direção. Foi quando Jace viu a dor, parecendo ferido e outra coisa... uma decisão clara. Colt não iria se envolver nesse ataque brutal. Seu coração se partiu naquele momento.
― Encontre o seu fodido pau em outro lugar, bicha. ― O segurança gritou enquanto Jace foi empurrado para fora da porta da frente. Ele perdeu o equilíbrio e caiu novamente em sua bunda na calçada. Desta vez, o cuspe tinha um propósito e pousou em seu peito. A janela do bar estava cheia de fregueses torcendo pelo segurança. Alguns deles estavam zombando através do vidro. Jace se levantou, espanou-se fora e procurou alguma coisa para limpar a mancha de cuspe de sua camisa. Ele não encontrou nada e cuidadosamente puxou a camisa sobre a cabeça e jogou-a no lixo. Ele usaria somente sua camisete de baixo.
À medida que a multidão se dispersou, a janela se esvaziou e Jace ficou para trás, escondendo-se nas sombras, observando. Colt ainda estava sentado no mesmo lugar, com os olhos focados em seu telefone celular por vários momentos. Ele quis que Colt lhe enviasse um texto. Mas nada veio. Colt não se movia e não retornou a mensagem, mas seus olhos estavam de volta sobre o homem no bar. O lado sensível de Jace pediu-lhe para virar e ir embora, mas seu coração rejeitou sua cabeça. Colt tinha se declarado, feito amor com ele, e namorou com ele como ninguém nunca fez antes.
Colt foi sincero, tinha que ser.
― Você precisa dar o fora daqui. Você está aqui tentando começar uma porra de problemas? Seu tipo não é bem-vindo aqui. E eu não vou impedi-los se eles vierem até você, cadela! ― O cara que Colt estava olhando todo o tempo, gritava para ele a da porta da frente. Jace ainda levou um segundo para olhar para Colt uma última vez, rezando para que ele se levantasse e viesse para fora.
― Saia daqui, bicha! ― Disse alguém atrás dele. Jace nem sabia quem estava lá. O cara na porta da frente começou a avançar sobre Jace. Isto o levou a mover- se. Jace não tinha certeza de como, mas ele correu todo o caminho do bar para seu apartamento, percorrendo as quatro milhas de distância. Quando ele bateu com a porta da frente, a dor de tudo, finalmente, bateu nele, tornando-se quase insuportável. Seu coração entrou em modo de sobrevivência.
Jace tinha quebrado as regras esta noite e foi para o mundo de Colt. Ele não deveria ter pisado naquele bar. Desde que ele havia conhecido Colt, ele permitiu que seu coração controlasse suas emoções e não a cabeça. Quando ele viu que Colt havia sido espancado, ele simplesmente reagiu. Ele sabia que não devia aproximar- se de Colt quando estava cercado por seus companheiros de equipe. Colt não estava fora do armário. Certamente era por isso que ficou sentado lá. Toda essa noite foi culpa de Jace, ele não deveria ter ido lá. Certamente, se ele tivesse estado em qualquer perigo real, Colt teria se envolvido, certo? Este não era o momento para um coração partido. Colt tinha sido ferido, por isso ele não tinha ligado, certo?
― Ei, você está bem? ― Perguntou Gregory.
― Sim. ― Jace não disse mais uma palavra. Ele foi direto para o seu quarto, rezando para que Colt encontrasse alguma maneira de resolver isso.
Abril desemanas mais tarde)
O sol brilhava em abril como a maioria de Austin, Texas, terminando com a escalação para o futebol da NFL. Era cedo, um pouco antes das oito da manhã, e o estádio de futebol da universidade estava cheio. Este era o desempenho final de Jace como líder de torcida antes da formatura. A universidade tinha vários jogadores na seleção deste ano e mais alguns eram suspeitos para serem convocados para alguma equipe. Para uma cidade sem equipes profissionais, este era o Super Bowl, World Series e NBA Playoffs, tudo em um.
Um palco foi montado no meio do campo. Grandes telas de televisão foram instaladas e espalhadas em todos os cantos do estádio. Apesar de que todos os jogadores eram importantes, Colton Michaels atraia a atenção de todos.
Ele foi amplamente divulgado como o número um deste ano, para a primeira rodada da seleção. A antecipação que pairava no ar era quase palpável e, ainda assim, Jace tentou não se importar.
Uma vez que todos os líderes de torcida eram obrigados a estar aqui, ele pegou o primeiro turno. Havia um número suficiente deles para ter dois conjuntos de grupos de acrobacias em campo durante três horas em um momento. Se tivesse sorte, ele poderia entrar, entreter a multidão e sair antes que a seleção começasse. Se ele não tivesse sorte, ele estaria assistindo Colt aceitar sua oferta de aparecer para a televisão nacional. Jace orou que tivesse sorte.
Jace estava estirado nos bastidores com o resto de seus companheiros. Haley, sua parceira dublê estava ao seu lado, puxando a perna para trás e até a cabeça, soltando os músculos.
― Você está fazendo tudo certo, Jace? ― Ela perguntou, caindo para as divisões. Haley estava com a equipe por quatro anos. Ela era uma líder de torcida incrível e sua única parceira dublê desde o início. Eles se esforçavam juntos.
― Sim, por quê? ― Jace disse distraidamente, esticando suas costas.
― Você sabe o porquê. Você não tem sido o mesmo há semanas. ― Haley inclinou-se, tocando os dedos dos pés. É como se todos os ossos do seu corpo desaparecessem quando começava a façanha.
― Eu estou bem. ― Disse Jace, levantando os braços acima da cabeça, esticando os ombros.
― Você está pensando nele? ― Ela perguntou, virando a cabeça para cima em direção a ele.
― Com o quê? ― Jace se inclinou e tocou os dedos dos pés, segurando lá por um segundo, deixando os músculos das costas obter um bom alongamento.
― Quem terminou com você? ― Haley saltou para cima e para baixo, balançando as pernas e os braços para fora antes de se dobrar para trás, aterrissando solidamente com os dois pés sobre a relva.
― Como você sabe? Jace não fugiu da pergunta. Ao contrário de seus companheiros de quarto, Haley de confiança, e ela revirou os olhos.
― Olá? Eu sou uma garota. Eu sei tudo sobre desgosto. Eu estive preocupada com você. ― Haley pegou suas malas e percorreu os poucos metros de distância, colocando-os contra a parede do estádio.
― Eu estou bem. Precisamos começar. ― Disse Jace quando a música começou a tocar.
― E isso foi uma resposta total cara. Leva tempo, Jace. Eu prometo que vai ficar melhor. ― Jace ficou quieto, como tinha feito durante as seis longas semanas. Ele nunca tinha ouvido ou visto Colt após o breve encontro no bar. Seu coração ainda doía. Como poucos dias de férias de primavera poderiam mudar o mundo de Jace? Ele sacudiu-se e juntou-se aos outros na frente do campo. Ele congelou o sorriso em seu rosto e começou sua longa performance abrindo caminho para os aplausos entusiasmados da multidão.
Duas horas e meia depois, Jace levantou Haley em uma manobra no ar, quando as telas mudou abruptamente. A seleção estava começando, e não era apenas a fanfarra do evento. Anos de treinamento o tinha preparado para manter Haley solidamente no ar. Ele jogou-a, pegando-a facilmente em seus braços enquanto o evento da seleção começava. Todas as líderes de torcida correram para o palco e caíram de joelhos para assistir ao primeiro round. Se Colt fosse escolhido, Jace e sua equipe eram obrigados a comemorar após Colt receber sua nova camisa. Dez minutos depois, Colt foi anunciado como o número um, o primeiro escolhido. New York Panthers17, sob grande alarde televisionado, Colt foi anunciado como sua primeira escolha. Colt, seu pai e agente, juntamente com a mais recente namorada de Colt, todos foram ao palco. Colt segurava a mão dela e isso
era tudo que Jace podia se concentrar.
Colt aceitou a oferta e recebeu sua camisa. A multidão foi à loucura. Eles relataram um bônus de vários milhões de dólares pela assinatura junto com a oferta, mais do que Colt tinha sequer previsto. Bem, bom para ele.
O herói local da cidade tinha feito bem, seguindo os passos ainda maiores que seu pai. O estádio foi à loucura, seus companheiros já estavam de pé, líderes cantando, mas Jace não poderia encontrar nele motivação para torcer. Ele ficou congelado no lugar enquanto lance após lance de Colt atravessavam a tela de televisão de grandes dimensões. Uma dor lancinante atravessou seu coração, paralisando-o e ele não conseguia respirar. O coração de Jace foi arrancado de seu peito.
Ele nunca imaginou que Colt poderia prejudicar tanto alguém dessa maneira. Colt estava obviamente excitado. O pai de Colt estava extremamente orgulhoso,aceitando apertos de mão de todos os envolvidos. A loira no braço de Colt inclinou- se, dando-lhe um beijo de comemoração. E com isso Jace estava farto. Ele deixou o palco, indo pelo campo para pegar seu equipamento, sem se incomodar em dizer adeus a qualquer pessoa na saída. Ele deixou o estádio e nunca olhou para trás. Ele tinha provas finais para estudar. A necessidade de terminar este semestre e fechar este capítulo em sua vida era a emoção mais premente, que o atravessava enquanto ele andava pelo campus vazio para seu apartamento.