A descoberta da tarde fez com que, à noite, eu estivesse mais ansioso do que o usual, sentado na cadeira próxima à porta. Eu aguardava papai chegar do trabalho, como sempre, com a mesa já posta para o jantar, a casa em ordem, a cama feita e eu de banho tomado e roupa limpa. De diferente, só o fato de que, desta vez, havia realmente me preparado para ser fudido, caso ele me quisesse. Além de bem limpinho, tinha deixado o cuzinho devidamente lubrificado para que não se repetisse o mesmo da última vez: eu ainda sentia um leve ardor por conta da curra quase a seco sofrida na madrugada.
Dali pra frente, se tudo continuasse como estava – o que parecia ser o caso -, este deveria ser um hábito tão corriqueiro quanto escovar os dentes. Não era uma novidade pra mim, pois já vivera essa rotina na capital, com a única relação fixa que tivera na vida: Alcir, um coroa divorciado que me pegava sem aviso, me cravando o cacete a qualquer hora, em qualquer parte do apartamento. Quando eu ia para sua casa, em geral passando o fim de semana inteiro, sabia que tinha de estar todo o tempo limpo, depilado, perfumado e lubrificado – a não ser que quisesse passar vergonha e ainda levar uma bronca.
Eu estava tenso, de prontidão ali naquela cadeira. Não decidira ainda se devia desmascarar sua mentira de que o aquecedor quebrara e por isso ele tinha que cruzar a casa de cueca para usar o outro banheiro. Tocar no assunto seria uma aposta em aprofundar aquela nossa nova relação: as cartas estariam na mesa, sem rodeios. Fazê-lo assumir a artimanha de desfilar seminu pela casa para seduzir-me significaria obrigá-lo a assumir que nossa atração era recíproca, e que havia sentimento ali: Por que a ideia de conquistar-me, se bastava me currar? Ou: Se estava querendo me provocar com seu corpo, é porque queria que eu tomasse alguma iniciativa. Pra que, se eu era só um cu que ele sabia poder meter à vontade?
Mas falar nisso, tocar nessas questões, também poderia ser um gol contra. Justamente por deixar as coisas às claras, ele poderia se retrair, talvez definitivamente desistir daquela loucura que estávamos vivendo. Afinal, quando saiu do quarto, advertira: “nem um pio”.
Se aquilo tudo era complicado para mim, para ele provavelmente devia ser bem pior. Do meu lado, a novidade em tudo aquilo era ver se tornando realidade um desejo que eu me conformara em ver como de alcance impossível. Sim, me deixava confuso, porque afinal quem estava me comendo era meu próprio pai, mas era algo que eu queria, que acalentava há tempos.
Do lado dele, porém, comer o próprio filho talvez não fosse o único nem o fato novo mais importante, por mais inesperado que fosse. A maior novidade talvez fosse descobrir que não nutria mais por mim decepção e rejeição, mas atração: querer tocar, tatear, beijar, acariciar, penetrar. Ele se deparava com um sentimento forte por mim, e lidar com isso não tinha como ser fácil – a não ser que ele fosse um cafajeste.
De repente, descobria-se desejando o filho, querendo seduzi-lo, tê-lo por perto como nunca quis antes – nem mesmo apenas como filho. Eu não tinha dúvida de que, para ele, era mesmo uma descoberta repentina: nunca manifestara qualquer tentativa de assédio por mim, nenhum carinho excessivo, nenhuma atenção acima do esperado – bem ao contrário. Nunca tinha havido qualquer comportamento dele que indicasse que o que vivíamos agora era um ponto de chegada, como era para mim. Pro papai, era um ponto de partida: um ponto de partida inesperado, surpreendente e, possivelmente, aterrorizante.
Era uma situação muito delicada. Talvez a mais delicada que um pai pode viver com um filho. E escancarar que eu sabia de sua reciprocidade aos meus desejos seria outra situação delicada. Eu me sentia incapaz de ter certeza da atitude correta. Se ele, decidido e firme como era, parecia estar meio perdido, quanto mais eu. Devia faltar muito pouco para ele chegar quando resolvi que não faria nada; não revelaria minha descoberta: veria como seria o comportamento dele dali pra frente e daí pensaria melhor.
Sentado naquela cadeira, tinha ainda lá no fundo do coração a esperança que ele chegasse amoroso, me abraçando, tascando um beijo e dizendo que pensara em mim durante todo o dia. Mas sabia que o mais provável é que sua atitude permanecesse a mesma dos últimos dias, como se nada tivesse acontecido àquela madrugada. E foi mais ou menos o que ocorreu – exceto pelo fato de que ele não evitava mais me encarar. Estava um pouquinho mais relaxado para se deixar sorrir, e sorriu algumas vezes, deixando-me vê-lo sorrir. Pode não parecer nada, mas para mim foi um baita avanço.
- Não temos nada pra beber? Só suco? – ele perguntou, logo ao sentar à mesa.
Eu não entendi.
- Hoje é sexta-feira. Vou ficar por aqui e resolvi pagar logo a peãozada hoje; não preciso acordar cedo amanhã. A comida está com uma cara boa; podíamos acompanhar com alguma coisa.
Meio que gaguejei, porque, definitivamente, não esperava por isso – nem pela ideia de oferecer alguma bebida diferente e menos ainda que ele falasse comigo naquele tom ameno, diria até animado, propondo uma confraternização. Pedi desculpas por não ter pensado nisso, comentei que tinha ido ao mercado naquele dia, mas nem me passara pela cabeça comprar uma ga...
- Cerveja eu sei que não tem, mas vê lá na dispensa um vinho que me deram ano passado.
Olhei pra ele, completamente estupefato.
- Anda. Não fica aí me olhando como um babaca. Vai lá e traz a garrafa pra nós - disse, com a costumeira voz de comando, mas sem rispidez.
Saí para obedecê-lo e ainda ouvi me mandar trazer junto o saca-rolha. Não foi difícil encontrar a garrafa – era a única que tinha – e voltei muito rapidamente. Ele disse que era frescura, mas enquanto tirava a rolha peguei duas taças apropriadas para a bebida. Claro, ele não provou nem muito menos aspirou o vinho, que nem era de uma marca vagabunda, como pressupus. Encheu as duas taças até a borda e bebeu logo em seguida, sem sequer aguardar que eu pegasse a minha. Era meu pai troglô. Eu adorava isso: foi meio doido, mas meu pau deu uma levantadinha enquanto eu assistia a cena.
A esta altura, eu estava completamente deslumbrado com a situação. Eu e ele ali, bebendo vinho juntos, os olhos dele nos meus, aquele jeito naturalmente viril dele, a irritação em meu cuzinho me lembrando a todo minuto que tinha à minha frente o homem que estava me comendo. Tudo me excitava. Paradoxalmente, era tão extraordinário que parecia me avisar para sonhar menos.
Ele não sair à noite para ficar comigo não era propriamente nenhuma grande notícia. Não tinha a ver necessariamente com querer ou não ficar comigo, porque desde a morte de mamãe ele não saía mais mesmo. De qualquer forma, sua fala embutia a ideia de que era pela minha companhia que ele ficaria em casa numa sexta à noite, e eu quis acreditar nisso. Sabia que seria melhor, mas não conseguia sonhar menos.
Depois do jantar, fomos para a frente da TV. Ele se refestelou no sofá, como sempre fazia, e eu me pus ao lado, na poltrona, também como sempre fazia. Mas havia algo novo, que percebi imediatamente: estava sem cueca sob o short, que expunha pela abertura uma nesga de seu saco, junto a uma das pernas abertas. Eu senti um frio na espinha com aquela visão e rapidamente desviei o olhar.
- Senta aqui comigo – mandou.
Ele me tomou pela cintura e me apertou junto ao seu corpo. Bolinou meus quadris, o início da minha bunda, enquanto permanecia com os olhos na tela da TV. Do nada, puxou o velcro do short e abriu a braguilha.
- Anda, dá uma mamada – era uma ordem, mas saiu amável.
Ele ainda não havia me deixado chupá-lo; seria a primeira vez. Eu imediatamente me aproximei e baixei a cabeça para finalmente ter aquele prazer, mas sua mão desviou-me e entendi que ele queria que eu ficasse de frente para ele, no chão.
Pus-me de quatro e comecei o serviço. Ele acendeu um cigarro. Deixou que eu chupasse até o momento que estendeu a mão ao cinzeiro e o apagou. Então, levantou-se abruptamente, deu a volta e lentamente abaixou meu short, como se quisesse revelar minha bunda aos poucos. Posicionou-se sobre mim e meteu o cacete de uma só vez – sem a violência que usara na curra, mas também sem qualquer cautela para que o ânus se acostumasse gradualmente ao volume. Senti seus pentelhos tocarem minha pele.
- Cuidado, pai, tá um pouco ardido de ontem.
- Deixa de frescura – resumiu-se a responder, enquanto começava a movimentar-se, sem pressa.
O cacete deslizava gostosamente pelo meu canal esgarçado e devidamente lubrificado. Ele elogiou minha providência, numa voz meio sacana. O elogio não foi mera gentileza: com o corpo sob seu peso, eu percebia o quanto a penetração estava sendo prazerosa para ele. Estava concentrado em saborear ao máximo as metidas. Sua dedicação a isso era evidente.
Não agia propriamente com delicadeza, com suavidade, mas era nítido que, desta vez, trocara o afã das outras pela parcimônia de quem quer explorar a fundo uma iguaria. Eu era sua iguaria. Não sabia por quanto tempo, mas pelo menos naquela noite ele estava deixando claro que eu era.
Quando terminou, deu a volta novamente e jogou-se no sofá. Eu me levantava e ele ergueu a mão, com um dedo esticado para cima, em sinal para que eu parasse.
- Que isso?! Não vai limpar?
Fiz uma cara de quem não havia entendido.
- Nenhum macho te mostrou que depois de dar tu tem que deixar limpo? Anda, – completou, brandindo levemente a pica ainda inchada – põe a boca e deixa ele do mesmo modo que encontrou.
Ouvir aquilo reforçou ainda mais minha ereção, que se prolongava mesmo após ele sair de dentro de mim. Meu pau parecia que ia explodir. Limpei tudo e quis recolher um restinho de porra da uretra. Num momento, senti que afagava minha cabeça, mas não durou muito. Aproveitei a chance e lambi o saco, os culhões, os pentelhos. Rocei um lado do rosto naquela pica que ia se retraindo, mas ainda assim continuava grossa, robusta. Depois, rocei a outra face; beijei. Deixou que eu aproveitasse aquilo pelo tempo que eu quisesse; não fez qualquer objeção.
Quando terminei, mandou que eu pegasse o resto de vinho para ele. Fui à sala de jantar, com a postura encolhida para disfarçar a ereção persistente, mas no retorno não tive como escondê-la. Ele não ignorou e, num sorriso novamente sacana, apontou para meu pau duro e comentou sobre o quanto eu gostava de macho. Eu corei, ouvindo aquilo da boca do meu próprio pai. Sem constrangimento, sem rodeios, ele me expunha como o passivo que acabara de enrabar.
Eu não sabia como agir. Ele parecia atencioso, ao mesmo tempo grosseiro, sacana, carinhoso; eu não entendia. Achei que, por precaução, devia sentar na poltrona, e não ao seu lado. Torcia para que ele novamente me chamasse junto a si, mas não o fez.
Eu o imitei e voltei os olhos para a televisão, fingindo que não permanecia atento a ele, na esperança de que me convocasse de novo para dar-lhe prazer. Ficamos um bom tempo assim, calados frente à tela. Talvez eu estivesse até encolhido na poltrona, não sei. Mas ele, isso eu sei, estava relaxado, o corpo folgado tomando mais da metade do sofá, as pernas bem abertas, os genitais ainda à mostra sobre sua cueca, que eu não suspendera.
Então, deu uma coçada nos pelos do peito, ajeitou a cueca para guardar seu tesouro e levantou-se. Num reflexo, eu me pus imediatamente de pé, aguardando. Ele sorriu com o canto da boca.
- Pode relaxar, soldado.
Eu sorri, sem graça.
- Quer que eu vá deitar com você? – arrisquei, com a voz visivelmente trêmula.
Ele não fez cara feia, mas me enquadrou:
- Tu dorme no teu quarto. Eu não me deito com homem.
E assim foi feito.
Na madrugada, porém, me procurou. Voltou a me currar. Previdente, eu não me vestira para dormir: deitei-me peladinho, fantasiando que ele viria. Quando acordei, sentindo o choque do pau que me violava, o contentamento de perceber que minha fantasia se realizava superou a rápida sensação de dor. À parte uma reação inicial involuntária, não me opus em nada à sua investida.
Ele me cobriu sem qualquer preliminar, embora aos poucos começasse a distribuir beijinhos por minha nuca, minha face, meus cabelos. Talvez minha aceitação tão dócil de seu ataque tenha lhe dado a chance de também relaxar: ele ia se deixando ser amoroso, afetuoso. Eu me mostrava tranqüilo sob ele. Diria até embriagado. E acho que ele foi tomado por essa embriaguez: ninguém, nem mesmo eu, estava testemunhando ele cometer o pecado de ser carinhoso comigo.
Não sei se gozou, porque eu estava tão tonto que, à medida que fui me habituando à cadência de seu cacete, não ia mais percebendo muita coisa. Além do torpor de me ver num sonho tão desejado, estava exaurido – não sei se por conta dos esforços físicos aos quais ele vinha me submetendo ou se pela tensão de tudo o que estávamos vivendo. Só o que senti foi seu membro percorrendo meu canal novamente sem pressa, agora com evidente delicadeza, deslizando na porra que se acumulava ali desde a trepada na sala da TV.
Adormeci enquanto ele ainda se deleitava sossegadamente. Era como se me ninasse com o movimento gostoso de sua pica dentro de mim, num afago doce que me fez sonhar com os anjos.
Talvez ele sequer tenha se dado conta do meu sono. Ou, ao contrário, tenha notado e gostado disso: da liberdade que ele lhe proporcionava para poder estar junto a mim.
[continua]