"Político fugitivo: mulher é morta como queima de arquivo"
"Esposa e empresária é a única testemunha do crime"
— Mãe! Porque o pai fugiu?
— Não sei Kadu! — respondo impaciente.
— Mas ele é inocente, deveria ter esperado a polícia chegar! Por que ele não fez isso? — Kadu questiona novamente.
— Aaaah! Não sei garoto. Isso é algo que você terá que perguntar a ele quando e se ele voltar.
— Por que a senhora insiste em se manter distante de mim, mãe? Por que você não se permite nem um pouco a respeito disso? — olho para Kadu e vejo seus olhos lacrimejantes. Percebo além disso a palidez estampada em sua pele e sua magreza evidente.
— Deixa disso Kadu! Você está sendo muito melodramático! Está parecendo um gay com crise existencial. — tiro um escarro dele. — A propósito, por que vc está tão magro e pálido desse jeito?
— Não é nada! Vou tomar um banho.
Seguro Kadu pelo braço e indago.
— Você está me escondendo alguma coisa! Pode me contar. Você está usando drogas, é isso? Eu não me surpreenderia se fosse isso.
— Não enche, mãe! — Kadu se esquiva com força.
— KADU! Que menino problemático, eu não mereço isso!
Meu celular toca e vejo Ed no visor.
— Sim Ed, pode falar.
— Eu consegui a segunda parte do acordo. E o rapaz já está morto.
— Jura? Leve-a para os laboratórios médicos e periciais da minha empresa, na entrada diga que vc a encontrou já morta…
— Sim, Camila! Eu já sei toda a história.
— O que houve Ed? Agora só preciso completar aqui em casa a última parte do plano e esperar o "Grand finale".
— Camila, eu estou levando o corpo de uma criança morta, eu tive de esperá-la morrer para depois matar o crápula que fez isso com ela e o pior de tudo isso é que eu fiz isso tudo por você, mesmo já não sentind…
— Tchau Ed! — desligo o telefone.
Vou até o quarto de Kadu enquanto ele ainda está no banho. Vasculho suas coisas nas gavetas e encontro um envelope plástico com um exame. Abro e verifico.
— Mãe, o que você está fazendo? Você não deveria ver isso. — Kadu toma o papel de minha mão.
— Kadu, você está com câncer no rim?
— Esquece mãe! Eu estou bem.
— Kadu, você não está be… — Kadu desmaia na minha frente. Me ajoelho tentando reanimar Kadu e gritando — MARTA! MARTA! CORRE E CHAMA UMA AMBULÂNCIA!
— O que houve dona Cami… AI MEU DEUS! O QUE HOUVE?
— Corre Marta e chama uma ambulância.
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— Fábio, o que o Kadu tem?
— Sra. Roater, seus filhos tem um câncer em estágio muito avançado no rim. Um transplante de rim é a opção mais viável.
— E quem pode ser compatível com ele?
— Geralmente o pai é compatível em 80 a 85% dos casos, sra. Roater. Mas também há casos em que a outros familiares também podem ser, como a mãe, alguns irmãos, etc.
— Tudo bem, Fábio! Obrigada! — saio me afastando para falar ao telefone.
— Alô!
— Rui! — Nosso filho…
— Sua vagabunda! Como ousa me ligar depois de ter me entregado?
— Rui escuta… o Kadu está com câncer e você pode ser que seja o único compatível. Você tem que voltar, já fazem 5 dias que você está foragido, mas seu filho precisa de você.
— Ai meu Deus, Camila! Eu vou ter que me entregar?
— Rui ele está na minha clínica, eu posso dar um jeito de fazer tudo sem registro e vc vir como um anônimo. Você tem que vir Rui! Seu filho depende de você! Você vem?