Assim como o medo do marginal que tentou me assaltar, tive medo da reação do André quanto ao impulso repentino de impedi-lo segurando em seu braço, o q não foi aliviado ao ver sua expressão quando ele se voltou a mim, não sei dizer se foi espanto ou raiva, mais a minha expressão claramente era de pavor
- Ah... obrigado por me ajudar, podemos comer algo ali nos quiosques, já está quase na hora do almoço... – antes mesmo que conseguisse terminar, fui interrompido por aquela voz roca.
- Não precisa, não tem nem porque você fazer isso.
- Claro q tem – Aumentei um pouco o tom, mais recuei com aquela expressão- Você me ajudou, eu estaria cheio de hematomas de não fosse você, é só um obrigado
Alguns segundos sem resposta já foram suficientes para me deixar ansioso, queria realmente que ele aceitasse o convite, apesar do medo do desconhecido e de sua expressão, não entendi o porquê de eu desejar assim sua presença, acabara de vê-lo em minha frente, não é alguém q havia reencontrado, um total desconhecido que me provocava emoções que não eram costumeiras em minha vida.
- Tá certo, já que não tenho nada pra fazer mesmo, mais não vai ser bom pra um playboyzinho ficar do lado de alguém como eu.
Ainda surpreso de ele ter aceitado, não sei o que deu em mim quando respondi eufórico.
- Não ligo, nem sou daqui mesmo, estou de férias, de passagem.
Sem mais retorno, seguimos quietos até os quiosques, eu apenas o segui, fomos a um de rodizio de carne, não que eu não gosto de carne, mais comer demais enjoa, mas nem pensei em reclamar, apenas fui guiado, nos acomodamos em uma mesa bem no fundo, não entendi o porquê, mais também preferia.
- Pode comer o que quiser, hoje é meu convidado, valeu mesmo por ter me ajudado com aquele cara.
Mais nos acomodamos e já começou a vir comida, André comia como se não houvesse amanhã, mais já era de se esperar, só parou de mastigar para conversar comigo.
- Você não devia sair sozinho por ai, aqui não é cidade grande mais tem vagabundo em todo lugar, por mais pequena que a cidade for, mais você já deve ter aprendido a lição, e valeu a comida mano. – Não sabia o q responder, seus modos até o jeito de falar, eram brutos, nada com que estava acostumado.
Sem saber como agir, fiquei em silencio, tentando almoçar sem deixar muito óbvio o quanto eu olhava para aquele homem bruto, em trajes nas ultimas condições possíveis, porém com um semblante encantador, forte e que emanava segurança em mim. O silencio não durou muito, quando que por surpresa ele me encara e pergunta.
- Qual foi? Tem alguma coisa na minha boca?
- N-Não, nada na sua boca – Desviei o olhar para o outro lado tentando desconversar
- Por que tu me encara então? Nunca viu alguém q não tem tudo o que quer como você?
- Desculpa, não é nada – tentei disfarçar um sorriso tímido
- Quando terminar de comer vou pro meu rumo e você pro seu, cuidado por onde anda, filhinho de papai se nota de longe.
- Você poderia me acompanhar até a rua de casa? –Nem eu mesmo acreditei no que disse, mais não tinha como voltar atrás, já havia dito.
- Não tenho nada por aquelas bandas, não é lugar pra mim
- Eu posso te dar alguma coisa, posso te pagar, só pra não voltar sozinho, acho q não seria ruim um pouco de dinheiro pra você. – Tentei insistir me tremendo todo com o medo de que a qualquer instante ele se exaltaria e me daria umas porradas que claro fariam muito estrago
- Tá.
Simples assim, seco e direto, bebeu o refrigerante de um vez e perguntou se já podíamos ir, confirmei e fui pagar, não foi algo caro, pro tanto que comemos, mais ele do que eu, enfim comprei alguns doces e partimos pro hotel. Quase que o caminho todo foi em silêncio só chegando no hotel que ele falou alguma coisa.
- Pronto, agora é só seguir reto sem problemas, já posso tomar meu rumo.
Antes dele virar, peguei dinheiro, coloquei na mão dele e sem olhar pra traz fui apressado para o hotel, não entendia o motivo, mais sabia que naquele dia eu estava tao eufórico e elétrico q mau dormiria pensando no que aconteceu.
