-esse silêncio é o que acaba comigo. -Marcelo fica olhando o celular varias vezes enquanto encostara na grade da sacada.
-eu sei amor, mas como você disse, eles conseguiram se esconder. Precisamos de um pouco de calma. -digo o abraçando por trás. -nao acredito que estou em Londres, olha essa vista. -olhávamos para frente tendo uma grande visão da cidade, bem no ato de seu crepúsculo, onde as luzes começavam a dar outro cenário a vista.
-queria que nossa primeira viagem fosse regrada a uma lua de mel. -ele se vira me dando um selinho e apoiando o rosto no meu.
Ficamos alguns segundos ali recebendo o frescor do clima do decimo nono andar do hotel, quando o bolso de Marcelo começa a vibrar.
-oi, Bruna. -Marcelo rapidamente pega o celular o atendendo de imediato. -aham...ok...certo...ok, partiremos imediatamente. -Era a conversa de Marcelo pelo telefone.
-e então, para onde vamos? -pergunto assim que ele desliga.
-para o mesmo lugar onde você deixou seu sapatinho de cristal.
-só pode estar de brincadeira. -digo relembrando da cena em que eu corria de Henrique pela escadaria até entrar no carro de Marcelo.
-a Bruna nos conseguiu duas passagens para o próximo voo para o Brasil.
-mas ela e o Gabriel estão bem?
-estão sim amor, logo iremos encontra-los.
Nos organizamos e logo já estávamos partindo do aeroporto Heathrow com destino ao Brasil.
-descansa amor, temos onze horas até nos metermos na maior missão de nossas vidas. -ele fazia cafuné em meu cabelo.
-você me incluiu sem nem uma objeção. -levantei a cabeça o olhando com certa surpresa.
-voce é meu parceiro. Se é uma decisão sua, eu não posso argumentar. -ele passa a mão no meu rosto fazendo pequenos movimentos com o polegar. -está na hora de te tratar como o homem que você se tornou, você não é mais meu garoto, é meu homem, e em breve meu marido.
-obrigado amor, saiba que ainda teremos nosso momento repleto a lua de mel. Quem diria que eu seria parceiro e noivo do "atirador". -digo soltando uma leve risada em meio a ultima palavra.
-como é matar alguém? -Marcelo me pergunta assim, do nada, da mesma forma como perguntei a ele.
-independente se a pessoa mereça ou não, é como perder um pedaço da própria vida. -vou tentando escolher as palavras certas. -mas infelizmente foi preciso, horrível, mas preciso.
-agora você sabe. -ele diz dando um beijo na minha cabeça.
-vai ficar tudo bem.
-vai sim, vai sim. -Marcelo diz encostando minha cabeça em seu peito e voltando a me fazer cafuné até eu cair no sono.
Quando acordei já estavamos em terras brasileiras.
-amor, acorda. Já estamos chegando. -digo passando a mão no rosto de Marcelo.
-serio?! Nem vi.
-não viu mesmo, estava ocupado demais segurando a baba no canto da boca. -rimos da situação com o som da aeromoça informando que já estaríamos aterrisando.
E agora, onde vamos encontrar a Bruna e o Gabriel? -pergunto quando já estamos saindo do aeroporto.
-por mais obvio que pareça, no apartamento do seu amigo. -ele acena para um taxi que estava logo atrás da gente.
Levamos por volta de 15 minutos até chegar ao edifico de Gabriel, seguindo por um trajeto com pouco transito.
-faz um favor para mim senhor?! -digo ao motorista quando chegávamos ao edificio do Gabriel. -entra pelo acesso ao estacionamento por favor.
Eu nao queria dar bandeira na porta do edifício, falei então com Gabriel pelo telefone para autorizar Jacinto, o porteiro a liberar nossa entrada.
-Charlie, que saudade maninho. -Gabriel me abraça forte quando adentro o interior de seu apartamento. -é tão bom saber que vocês estão bem.
-estamos bem, por enquanto. -Marcelo logo tratou de entrar direto na parte tensa da situação. -então Bruna, vai nos dizer o motivo de tamanha seriedade ou vamos arquitetar um plano logo de vez. -ele olhava para Bruna que estava em outro canto da sala, andando de um lado para outro com o pensamento em outro lugar.
-eu já fui algumas outras vezes àquele salão e já adentrei todos os cômodos daquele lugar. Meu pai não seria burro a ponto de deixar seus pais presos em um local tão pequeno. -Bruna de repente expressa um sorriso e nos olha com certa ironia. -sinto muito rapazes, mas vocês terão que achar a passagem oculta naquele lugar e que eu não faço a menor ideia de onde esteja.
-e qual o problema nisso? -pergunto.
-vocês terão que achar a passagem enquanto lutam com o maior numero de agentes que já lutaram antes. -ela diz completando a frase.
Marcelo e eu nos olhamos por um momento.
-e por onde entraremos? -Marcelo pergunta.
-pela porta da frente. -Bruna e Gabriel respondem ao mesmo tempo.
-o que? -Marcelo e eu falamos tão juntos quanto eles.
-mas e os agentes do esconderijo?! Nem todos estão mortos. -digo indignado.
-não podemos contactá-los, o Edward está tentando monitorar cada passo de vocês, inclusive contactar outros agentes. -Bruna diz. -esse outra, não podemos confiar em ninguém.
-ok, ok. Melhor sentarmos e conversarmos direito sobre esse plano de resgate. -digo me dirigindo a cozinha.
Sentamos a mesa e Bruna juntamente com Gabriel começaram a nos explicar o que já haviam arquitetado sobre o resgate.
-esse tipo de missão é o tipo que não envolve um plano de resgate sem deixar evidencia. -Bruna coloca as mãos a mesa tocando em um ponto crucial. -vocês dois conhecem o Edward. Sinto muito rapazes, mas para qualquer plano que eu pense, vocês vão acabar encarando a situação de frente.
-juntos? -Marcelo segura minha mão.
-juntos. -confirmo as intrelaçando.
-ai que meigo, mas saibam que vamos estar com vocês o tempo todo. -Gabriel diz cortando nosso clima. -e usaremos um dispositivo de contato diferente dessa vez, para não ter o mesmo equivoco de Londres...Aliás, como é la? -ele pergunta mudando totalmente o rumo da conversa.
-é lindo amigo, mais lindo ainda a noite. -vou me distraindo na conversa dele.
-sabem o que é melhor que Londres?! Foco. -Marcelo nos volta a realidade.
-mas é claro que um agente não é um agente sem seus brinquedos e acessórios. -Bruna diz arqueando uma sombranselha.
-agora falou minha língua. -Marcelo da uma risada de canto de boca.
Seguimos ao estacionamento até um carro bem simples que Bruna deixara estacionado para passarmos despercebidos por onde fosse, e ela no volante nos levou até a outra ponta da cidade.
-chegamos rapazes. -diz ela parando dentro do estacionamento.
-mas essa é sua casa. -digo sem surpresa alguma.
-sim, mas ainda não te mostrei a parte divertida da casa. -ela vai adentrando e seguimos a acompanhando até o interior do local. -as crianças estão com o Rodrigo passando uns dias na casa dos avós paternos, então...não vamos ter preocupações.
Caminhamos até o quarto de Bruna e seguimos até seu closet.
-sabe qual é a melhor parte de um closet feminino? A parte onde seu marido não tem motivo para entrar. -ela diz colocando uma combinação de números em um pequeno porta joias acoplado na parede entre suas roupas, onde as roupas e sapatos foram dando lugar a vários tipos de armas, acessórios de luta e espionagem.
-seu marido já foi infiel alguma vez? -Gabriel vira-se para Bruna.
-não, por quê?
-não, por nada não. -ele diz olhando aquele novo cenário.
-olha só o cheiro de arma nova. -Marcelo vai pegando algumas armas e acessórios que iria precisar usar durante o resgate de Jack e Margoh.
-ei, eu treinei bastante com um bastão deste. -digo o pegando em uma parte separada das demais armas.
Era um bastão médio em prata, que quando acionado se esticava o dobro do tamanho original.
-mas e esse acionador aqui que nunca vi? Pergunto passando o dedo sobre um pequeno leitor.
-esse bastão era do meu avô. Era sua principal arma. -ela pega o bastão e pressiona meu dedo sobre o leitor, registrando minha digital. -por mais que ele nunca tenha sido um agente ativo e só trabalhando no protótipo dessas armas, ele sempre procurava aprender formas de defesa. Nunca foi do tipo de usar armas, ele precisava apenas deste bastão para derrubar um batalhão inteiro. Experimenta...-ela diz apontando para o leitor.
Pressiono meu dedo sobre o leitor revelando uma ponta afiada em cada parte final do bastão, como pontas de espada.
-o que eu usava não tinha esse treco.
-está registrado com sua digital agora. É seu Charlie, presente meu para você.
-deixarei seu avô orgulhoso. -digo a abraçando.
Ficamos alguns minutos selecionando e separando o armamento correto para o ataque.
Por mais que eu estivesse louco para acabar com Edward, lá no fundo eu sentia uma certa ansiedade. Não tínhamos uma exata noção de quantos agentes enfrentaríamos, ou até mesmo qual seria o ataque deles. E a questão maior disso tudo, é que eu finalmente enfrentaria aquilo ao qual fui treinado.
-que porra é essa aqui? -diz uma voz que eu não ouvia a muito tempo.
-Henrique?! -Bruna diz sem conseguir mostrar qualquer expressão, vendo seu irmão totalmente surpreso com aquela cena.
-por quê seu closet está cheio de armas e por quê você esta com esses caras? -Bruna engole seco e todos nos olhamos por um momento. -RESPONDE. -Grita Henrique olhando para todos nós.
Bruna tira o olhar de Henrique e me olha fundo nos olhos.
-nem adianta olhar para mim, voce é a irmã. Diante dessa cena toda, acho que ele merece uma explicação. -Bruna passa a língua entre os lábios e acente com a cabeça em sinal de confirmação. -vamos estar no fundo da casa.
Os outros foram passando por Henrique um a um e ele fuzilava cada um com o olhar. Quando fui passando por ele, ele segura meus braços percebendo que mau consegue fechar sua mão em meu bíceps e me analisa de cima a baixo.
-como você mudou.
-oi para você também Henrique.
-por quê você está aqui? -ele diz afrouxando a mão e segurando levemente meu antebraço.
-você vai entender, foi confuso para mim também. -digo me desvencilhando dele, mas ele me segura novamente, mas dessa vez segura minha mão e fica olhando minha aliança, faz uma pequena pausa e me olha bem fundo nos olhos, como se tentasse ver o que tanto mudou em mim além do físico, mas sem falar nada ele solta minha mão e se vira para Bruna.
-Pode começar a me explicar. -vou saindo do quarto apenas ouvindo a voz de Henrique se distanciando, iniciando sua conversa com bruna.
-o que ele queria com você? -Marcelo pergunta assim que chego até ele e Gabriel.
-por incrível que pareça, nada. -digo me sentando em uma cadeira e colocando as pernas em cima de uma mesinha. -agora só esperar para ver o que vai virar esse momento família não mais secreta de assassinos.
Por maior que tenha sido minha decepção com Henrique, eu me preocupava de certa forma com a reação dele a isso tudo. Se para mim foi uma pressão enorme, imagina para ele que tem mais a ver com isso tudo do que eu. Mas procurei não demonstrar tamanha preocupação a Marcelo, para assim ele não pensar algo além do que eu realmente me preocupava.