Amolecendo o coração do bad boy. (Clichê) I

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 2376 palavras
Data: 07/08/2017 01:21:01
Última revisão: 07/08/2017 01:39:41

Lembro que naquele dia acordei em cima da hora. Olhei no relógio da sala e já faltava trinta minutos para as sete. Tomei um banho rápido, troquei de roupa e coloquei minha mochila nas costas. Não daria para atravessar toda a cidade e chegar na escola a tempo. Como eu era bolsista, e faltas acarretava no cancelamento da bolsa, resolvi fazer algo que deixaria minha mãe muito chateada: Quebrei o cofrinho onde ela guardava dinheiro para fazer nossa ceia de natal. Aquilo não foi legal da minha parte, mas eu não poderia arriscar e ir de ônibus. Contei as ''muedinhas'' e corri ate um ponto de táxi que tinha no meu bairro.

- moço, tu acha que daqui pro centro leva quanto tempo? - perguntei já no assento do carro.

- uns vinte minutinhos se não tiver lentidão. - disse o homem me olhando por baixo dos óculos de grau.

Cruzei os dedos e torci para que ele tivesse razão, mas infelizmente chegamos ao centro depois de umas meia hora. Paguei a corrida, e sai apressado pra ver se encontrava o portão do colégio aberto.

Tremi quando vi a entrada no cadeado. Suei frio literalmente. Senti-me igual aqueles candidatos do enem que estudam o ano todo e no dia da prova não conseguem realizar o exame.

O Sr luiz, um senhorzinho muito simpático que trabalhava no portão veio ao meu encontro e lamentou dizendo ele que não poderia mais me deixar entrar.

- não tem como abrir uma exceção Sr Luiz? - perguntei com cara de choro.

- infelizmente não meu filho. Só cumpro ordens. - disse o velhinho com um molho de chaves balançando nas mãos.

- só dessa vez. Fui dormir tarde fazendo trabalho de aula, e o celular não despertou.

O porteiro lamentou, mas não me deixou entrar. Eu entendia que ele só cumpria ordens, mas eu não podia nadar e morrer na praia.

- ta tudo bem sr Luiz. - falei.

- você me entende né filho? Se eu pudesse, você já estaria dentro. - disse o homem.

- tem problema não sr Luiz. Eu entendo sim.

Deixei o velho pensar que eu estava convencido. Dei algumas passadas disfarçando e quando percebi que o Sr Luiz não me notava mais, corri ate a parte de trás do colégio e subi no muro da escola. Primeiramente analisei o território, e vendo que a barra tava limpa, me joguei pra dentro. Caí por cima de um gramado, limpei o suor da testa, um pouco do barro da farda e fui pra dentro de sala como se nada tivesse acontecido.

- bom dia professor. Posso entrar? - falei tocando na porta da sala.

O professor olhou no relógio do pulso.

- entre. - disse ele fungando como se não tivesse gostado do meu atraso.

Caminhei ate o fundo da sala e sentei ao lado de Ana e Pádua, dois amigos que eu havia conquistado desde o inicio do ano letivo. Uma coisa que percebi estudando em escola de gente rica, é que o bem e o mal realmente existe. Conheci pessoas que não me suportavam pelo fato de eu ser bolsista, e de uma classe inferior. Em contra partida, fiz amigos que sempre me aceitaram pelo que eu sou, independente de qualquer coisa.

- amigo, teu rosto ta todo sujo. - disse Ana passando a mão em minha testa.

- tu nem imagina o que eu acabei de fazer. - falei em sussurro.

- o que tu aprontou? - Ana disse em um fio de voz.

Conversávamos tão baixo que o professor conseguia explicar a matéria sem ouvir as nossas vozes.

- pulei o muro do colégio. - falei em seu ouvido.

- que? Num acredito que tu pulou o muro - Ana gargalhou chamando atenção da sala em nossa direção.

- shiiii! Fala baixo sua porra. Quer que todo mundo ouça?

Ana continuou rindo.

- amigo, me desculpa, mas to tentando imaginar tu pulando o muro. logo tu que é todo certinho.

- o que ces tão conversando aí? - perguntou Pádua virando em nossa direção.

- advinha? O Dudu pulou o muro da escola. - disse Ana gargalhando mais uma vez.

Nessa hora o professor interviu.

- estou atrapalhando o grupinho de vocês ai atras? Se eu tiver atrapalhando, é só falar que eu me calo - disse ele com bastante ironia.

- desculpa professor. - falei com o rosto corado.

A Ana colocou a mão na boca, abaixou a cabeça na carteira e ficou prendendo o riso.

- depois quero saber essa historia de tu ta pulando o muro da escola. Santinho, santinho... Ta se soltando hen!? - disse Pádua soltando um riso.

- babaca! - falei sorrindo.

Os dois primeiros horários passaram rápido. O professor de matemática finalizou a aula passando um trabalho pra casa em dupla e depois nos liberou para o intervalo.

Ana e eu fomos andando pra praça de alimentação. Pádua foi resolver um problema e ficou de nos encontrar antes de terminar o intervalo.

- Vai querer o que amigo? - perguntou a Ana na fila do caixa.

- nada não amiga. Eu to cheio.

- para com isso né Dudu. Diz logo o que tu quer comer. - ela insistiu.

- já falei que nada amiga. Vou só te acompanhar.

- tu é foda hen!? - disse Ana revirando os olhos.

Ana era uma menina branquinha do cabelo bastante liso. Seus olhos eram castanhos com grandes cílios. Seus pais eram médicos em uma cidade do interior, por esse motivo ela morava em um apartamento a beira mar com os avós.

Sentei em uma cadeira pra segurar a mesa, enquanto Ana comprava seu lanche. Tirei o celular do bolso, naquele colégio o único momento que podíamos usar o celular era na hora da saída ou no intervalo. Liguei o aparelho para ver as mensagens, quando alguém sentou na cadeira ao meu lado.

- posso falar contigo? - disse o cara de voz rouca.

Tremi tanto que meu celular caiu no chão.

Por que será que quando somos adolescentes agimos assim? Aquele cara não podia passar próximo de mim que eu já ficava nervoso e meu estomago começava a doer.

- po... pode. - falei fingindo que mexia no celular.

- to precisando de um favor teu.

Como assim favor meu? Aquele cara era o Júnior, filho de um dos maiores empresários do ramo hoteleiro da cidade. Ele simplesmente era o cara mais popular da escola. Havia boatos que o Junior transava toda noite com uma mulher diferente. Não sei se é verdade, pois o pessoal fala demais. O que posso garantir é que grande parte das meninas da escola babavam por ele.

- seguinte, quanto tu cobra pra fazer o trabalho de matemática comigo? - disse ele firme.

- ah não cara. Eu não cobro nada. - falei tentando não aparentar estar nervoso na frente dele.

- ah! Qualé? Fala teu preço. To precisando dessa nota. - disse ele.

- eu não cobro nada cara. Eu vou fazer o trabalho com meus amigos. Sempre fizemos juntos.

- que amigos? Aqueles nerds esquisitos que sentam la no fundão?

- eles não são esquisitos... E sim, é com eles mesmo que vou fazer o trabalho.

- não chamei eles de esquisito por mal.

- ta tudo bem. - falei.

- trouxe rissoles e suco. - disse Ana sentando na mesa com uma bandeja.

- bom. Vou deixar você comer. Pensa na minha proposta. - disse Junior saindo sem ouvir minha resposta.

- o que eu perdi? - perguntou Ana sentando ao meu lado na mesa.

- nada demais. - falei dando uma mordida em um dos rissoles.

- o que o Junior tava fazendo aqui conversando contigo?

- ele veio pedir ajuda no trabalho de matemática. - falei tomando do suco.

- logo vi. - disse Ana sorrindo. - ele nunca fala com a gente.

Fui obrigado a concordar.

O Junior era daqueles caras que se sentem superiores aos outros. Seu grupo de amigos era seleto e fechado, apenas os caras mais populares e as meninas mais vulgares. Nunca fiz questão de pertencer aquele meio, mas sempre tive curiosidade em sair com eles pra ver como era ser o centro das atenções.

Enquanto Ana, e eu comíamos nosso lanche, Junior passou acompanhado de uma garota e foram na direção dos vestuários. Como não era horário de educação física, logo deduzi que eles iriam aprontar.

- sortuda. - pensei comigo mesmo.

Junior era alto, tipo 1,79, pele branca, corpo forte dentro do limite pra sua idade, seus olhos eram castanhos, seus cabelos também eram castanhos e bagunçados, sempre por cima da testa. O cara usava um brinquinho na orelha esquerda e tinha uma cara de anjo e safado ao mesmo tempo.

O intervalo chegou ao fim, e nem sinal do Pádua. Fui ao banheiro mijar e lavar as mãos, e depois encontrei com Ana e Pádua já dentro de sala.

- tava aonde vagabundo? - perguntei chutando a cadeira do Pádua.

- na biblioteca.

- fazendo?

- fui pegar uns livros.

- hummmm. Explica essa conversa direito, mas falando apenas o que aconteceu de verdade. - disse Ana.

Nós três rimos.

- é verdade mesmo. Eu tava na biblioteca. - disse Pádua.

- jura que não tem nenhum cafuçu no meio?

- juro, vadia. Quero que um raio parta tua vagina se eu tiver mentindo. - disse ele.

- vai tomar no cu. Tomara que esse raio parta teu anus. - disse Ana.

Eu ri.

Os últimos horários foram de historia. A aula tava tão bacana que o tempo passou voando e nem percebi.

Na saída do colégio, meus amigos fizeram barreira para que eu passasse sem que o sr Luiz me visse.

- pronto seu porra. Paga só um sorvete pra nós agora. - disse Ana sorrindo.

Despedi-me dos meus amigos e fui pra parada apanhar o ônibus. Antes de chegar ao ponto, um carro preto parou do meu lado e desceu os vidros.

- vai pra onde? - era o Junior mais uma vez.

O cara estava de óculos escuros e já não usava mais a farda do colégio.

- vou pra casa. - respondi parado ao lado do carro.

- entra aí. Eu te levo. - disse ele.

- não precisa cara. Eu moro longe.

- mora onde? - perguntou.

- Santa Barbara. - respondi.

- porra. Vai um tanque daqui la, mas eu te levo mesmo assim. - disse sorrindo.

- precisa se incomodar não cara. A não ser que você va pro rumo de lá.

- já disse que te levo pô. Entra aí.

- beleza.

Junior destravou as portas do carro e eu entrei.

- coloca o cinto. - disse ele.

- ta bom. - falei.

Pelo canto dos olhos eu observava a barriga do Júnio. Sua barriga não era trincada, no entanto ele tinha um belo abdômen.

- gostou da aula hoje? - disse Junior puxando assunto.

- gostei sim. Eu gosto de estudar cara, por incrível que pareça.

Junior sorriu.

- tô ligado. eu gosto de física velho. As demais matérias eu apenas suporto. - disse ele com um sorriso.

- percebi. - sorri.

- o que tu faz depois da aula? - perguntou.

- ajudo la em casa.

- ajuda em que?

- ah! eu ajudo a arrumar a casa, ajudo na roupa... Essas coisas.

- bacana.

Era nítido que Junior não estava confortável comigo dentro do carro. Ele preferia mil vezes ta ali com os amigos dele. O cara puxava um papo apenas para me deixar mais a vontade.

- qualquer dia eu vou convidar você pra ir la em casa tomar um banho de piscina. O que tu acha?

- sério Junior? - perguntei animado.

- sim.

- quando?

- ha! A gente marca um dia aí. - disse ele despistando.

- bacana, mas e teus pais?

- o que tem os velhos?

- não vão se importar em eu ir pra la.

- claro que não. A casa também é minha. - disse ele.

Junior e eu ainda conversamos várias outras coisas ate finalmente chegarmos ate minha casa.

- caralho, você sai de casa que horas pra poder ir pra aula?

- saiu bem cedo. Tenho que pegar dois ônibus.

- bastante longe né!?

- um pouco. - falei.

- um pouco? Ta com pena?. - disse ele sorrindo.

Sorri também.

- valeu pela carona, Junior. - falei tentando abrir a porta.

- espera um pouco. Você pensou naquela proposta que te fiz?

- do trabalho?

- isso.

- não da Junior. Já combinei de fazer com meus amigos.

- pô velho, mas vocês são em três, e o trabalho é em dupla. Tu faz comigo e teus amigos formam a dupla deles.

Fiquei pensativo.

- Me da essa moralzinha cara, eu sou muito fraco em matemática. Você me ajuda e eu te dou uma graninha. Quanto tu quer? - disse ele pegando a carteira do bolso da calça.

Junior insistiu, mas eu continuei negando. Eu não iria deixar ele me usar em troca de dinheiro.

- não Junior, valeu, mas eu não topo não. - falei.

Junior respirou.

- você vai ter que me ajudar seu viadinho do caralho. Te trouxe ate esse fim de mundo por nada? - Junior foi agressivo com seu tom de voz.

- hey velho, porque ta falando comigo assim sem eu te fazer nada?

- é isso aí seu pela saco. Tu não vai perder nenhum pulmão não se me ajudar.

- jamais te ajudaria cara. Agora destrava o carro que eu quero descer.

- não vai me ajudar? - disse Junior com ira na voz.

- não pô. Não vou não.

- é tua ultima palavra?

- é sim.

- beleza! Eu não queria fazer isso, mas vou ter que comunicar a direção da escola que tu anda pulando o muro do colégio.

Nessa hora eu gelei.

- eu não ando pulando o muro do colégio. De onde tu tirou isso? - tentei inventar uma mentira.

Junior gargalhou.

- vai mentir pra mim? - disse me encarando.

Junior destravou a porta e mandou eu descer do carro.

- você decide, ou me ajuda com o trabalho ou vai correr o risco de perder tua bolsa.

Junior conseguiu mexer com o que eu mais valorizava depois da minha família.

Fiquei parado sem saber o que fazer.

- e aí viadinho, qual vai ser?

Mesmo com o ar ligado, eu suava.

- ta. - falei de cabeça baixa.

- não ouvi. - disse ele.

- ta. Eu vou te ajudar. - falei gaguejando.

- assim que eu gosto. - Junior sorriu. - temos um acordo? - disse ele.

Olhava para o Junior, mas não conseguia falar nada.

- respondi.

- temos. - falei com a voz trêmula.

- ótimo. - disse ele.- agora pode ir.

Eu tinha uma lágrima preparada pra cair a qualquer momento. Coloquei minha mochila nas costas, abri a porta do carro e desci sem olhar para trás..

- espera aí. - Junior falou antes que eu me distanciasse.

- oi? - perguntei.

- não conta pra ninguém desse nosso acordo viu!? E nem que eu vim te deixar em casa. Combinado? - disse ele.

Apenas balancei a cabeça que sim.

- perfeito. - disse ele.

Junior levantou os vidros do carro e saiu cantando pneus.

A lágrima, que estava presa, escorreu pelo meu rosto e molhou meus lábios.

- antes eu tivesse aceitado o dinheiro. - pensei comigo mesmo.

Continua...

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Comentários

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O cara é mó mentiroso da pra perceber quando ele diz q gosta de física mas não gosta de matemática... tipo elas se complementam... WTF

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BOM, COMEÇOU TUDO ERRADO NÉ? QUABRANDO O COFRINHO. DEPOIS PULOU O MURO. SE NÃO BASTASSE ACEITOU CARONA DE DESCONHECIDO. TEM QUE LEVAR NA CABEÇA PRA LARGAR MÃO DE SER BABACA. UMA VEZ ACEITO A CHANTAGEM, NÃO VAI CONSEGUIR SAIR NUNCA. JUNIOR TEM UM TRUNFO. A PROPÓSITO DEVE TER SIDO PÁDUA QUEM CONTOU AO JUNIOR QUE VOCÊ PULOU O MURO. FICA ESPERTO. JUNIOR DEVE COMER O PÁDUA E EM TROCA RECEBEU A INFORMAÇÃO. O SUMIÇO DE PÁDUA NÃO FOI POR ACASO. MAS CREIO QUE JUNIOR EM BREVE DEVE RECEBER O DELE. INTERESSANTE. CONTINUE.

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Pelo jeito ele vai fazer de tudo pelo Júnior, e vai se ferrar. Vc não descreve o protagonista, só o Júnior.

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Que foda, o Junior vai "virar" amigo dele, mas vai ter vergonha do cara, e ainda, quando os dois tiverem bem, o Junior vai trair o cara, mas gosto de contos assim....

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Gostei. Boa escrita e bom enredo. Espero que continue logo.

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