Amolecendo o coração do bad boy. (Clichê) II

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 4765 palavras
Data: 07/08/2017 15:10:27
Última revisão: 07/08/2017 16:05:38

- espera aí. - Junior falou antes que eu me distanciasse.

- oi? - perguntei.

- não conta pra ninguém desse nosso acordo viu!? E nem que eu vim te deixar em casa. Combinado? - disse ele.

Apenas balancei a cabeça que sim.

- perfeito. - disse ele.

Junior levantou os vidros do carro e saiu cantando pneus.

A lágrima, que estava presa, escorreu pelo meu rosto e molhou meus lábios.

- antes eu tivesse aceitado o dinheiro. - pensei comigo mesmo.

Não bastante passar por tudo aquilo, ao entrar em casa encontrei minha mãe me esperando para uma conversa.

- antes que a senhora brigue comigo, eu quero explicar que não foi por mal. Mexi no cofre por um motivo bastante importante.

- que motivo foi esse? - ela me olhava com o rosto sério sentada no sofá da pequena sala.

- o celular não despertou, mãe. De ônibus não daria tempo de eu chegar no colégio, e a senhora sabe que eu não posso perder essa bolsa.

- isso não justifica, Eduardo. O que você fez foi roubo meu filho.

- claro que não mãe. - Tirei a mochila das costas e sentei ao lado de minha mãe.

- mudou de nome então?

- foi uma necessidade. Eu ia explicar tudo, assim como estou fazendo agora.

- eu não aceito. Não aceito Eduardo. Por que não me ligou?

- eu tava sem crédito, e mesmo que tivesse não dava tempo pra tentar explicar por telefone. Tenta entender mãe, eu vou devolver tudo antes do natal.

- a questão não é essa meu filho. O problema é que quem faz isso uma vez quer fazer várias outras.

- mas eu não sou assim. Jamais passaria a mão em algo que não é meu. É triste saber que a senhora ta me vendo como um ladrão.

- eu não falei isso, Eduardo. Entenda que eu só não quero que isso se torne rotineiro.

- não vai se tornar mãe. Pode ficar tranquila.

Minha mãe sorriu aliviada.

- ok! Va tomar uma banho pra almoçar.

- o que tem hoje?

- fritei umas asinhas de frango.

- hummm. Beleza!

Peguei minha mochila e fui para o quarto que dividia com outros dois irmãos menores, Kauan de 14 e Kaue de 10. Os dois dormiam em suas respectivas camas. Provavelmente haviam chegado da aula, almoçaram e já estavam tirando o sono da tarde.

- vida mansa. - Pensei enquanto tirava minha roupa.

Peguei uma toalha, enrolei na cintura e fui ao banheiro da cozinha, era o único que tínhamos em casa.

Após o banho, almocei e tentei deitar um pouco para descansar, mas não conseguia. A chantagem do Junior não saia da minha cabeça. Não era preguiça de ajudá-lo a fazer o trabalho nem nada, mas eu tinha medo que ele continuasse me chantageando ate o final do ano letivo, ou pior, que ele não cumprisse o acordo e me entregasse pra direção.

- como aquele bicho descobriu que eu pulei o muro? - pensei enquanto tentava dormir.

O calor tava grande e eu achei melhor me levantar. Tirei meu short e me joguei no sofa da sala apenas de cueca.

- mãe? - chamei.

- mãe? - continuei a chama-la e não obtive resposta.

Procurei pela casa e só então me dei conta de que estava sozinho. Provavelmente meus irmãos estavam na aula de educação física e minha mãe havia ido fazer faxina na casa de algum riquinho.

Tranquei a porta da sala, tirei a cueca, coloquei um filme porno antigo no dvd, deitei no sofá e comecei a alisar meu pau.

Não demorou muito e eu estava com o abdômen todo melado de gala. Gastei um rolo de papel higiênico quase todo para poder me limpar. Em seguida limpei toda a casa, tomei outro banho e enfim consegui dormir um pouco.

No dia seguinte acordei a tempo de apanhar o ônibus para ir ao colégio e chegar a tempo.

- bom dia sr Luiz. - falei na entrada da escola.

- bom dia meu filho. Hoje deu tudo certo.

- foi óh! - Sorri.

Tomei uma água no bebedouro que tinha próximo ao banheiro masculino, e em seguida me virei para ir pra sala. Um carinha do terceiro ano b'' se esparrou comigo, e por muito pouco não fomos ao chão.

- foi mal cara. - falei me desculpando.

- que isso. Ta tranquilo. Te machuquei?

- não, não. E tu? Machucou?

- não! To de boa.

- beleza! - falei me despedindo e tentando continuar meu trajeto ate a sala.

- espera um pouco. - disse o rapaz me encarando e fazendo com que eu olhasse para trás na direção dele.

- fala. - disse eu.

- tu que é o Eduardo do terceiro C''?

- sou sim.

- coincidência da porra. - disse ele sorrindo.

- coincidência porque? - Perguntei.

- falaram que tu é fera em português. - disse ele abrindo a mochila da Nike que estava em suas costas. - Tenho um negócio aqui pra ti fazer pra mim.

Logo me veio a mente a imagem do Junior do dia anterior.

- que negócio? - perguntei já suspeitando do que se tratava.

O cara tirou uma apostila de dentro da mochila e me entregou.

- pra que isso?

- é só um trabalhinho que eu preciso entregar ainda hoje. Você não vai se importar de fazer pra mim né!?

Aquilo era coisa do Junior. O cara estava disposto a me chantagear e usar por muito tempo.

- o que é pra fazer? - perguntei com o rosto fechado.

- páginas 42 ate a 45. - disse ele.

- porra! Mas é muita coisa. - falei folheando a apostila de português.

- faz uma forcinha que da.

- é impossível, cara. Eu levaria umas duas horas pra terminar isso tudo.

- então velho. Tu começa agora e me entrega após o intervalo.

- mas agora eu tenho aula.

- você vai dar um jeito eu sei que vai. - disse ele virando as costas e entrando no banheiro.

O cara estava convencido de que eu iria usar o meus dois primeiros tempos de aula para fazer o trabalho dele. Provavelmente era mais um que sabia o que havia acontecido no dia anterior.

Respirei fundo, coloquei a apostila na mochila e fui para dentro de sala.

- bom dia né!? - disse Ana.

- bom dia Ana. - falei dando um abraço nela.

- não precisou pular o muro do colégio hoje? - perguntou, Pádua.

- não. - fingi sorrir.

Estava tão nervoso que não conseguia quase falar com meus amigos. Em algum momento a direção da escola saberia que eu havia pulado o muro e com certeza eu seria penalizado.

- ta tudo bem amigo? - perguntou, Ana passando a mão sobre o meu ombro.

- ta sim. - falei.

Tirei a apostila de dentro da mochila e comecei a resolver o trabalho do carinha que eu nem ao menos sabia o nome.

- o que é isso? - perguntou Pádua.

- que? - fiquei assustando pensando que ele tivesse descoberto o que estava acontecendo.

- ta focado pro enem né!? - disse Pádua apontando para a apostila.

- ha! - falei aliviado. - sim cara. Vou lutar por medicina.

- é isso aí amigo. Nos encontraremos nos corredores da federal. - disse Ana sorrindo.

- ces vão fazer alguma coisa hoje a noite? - Pádua perguntou enquanto escrevia o conteúdo do quadro.

- eu nada amigo. Sou toda sua essa noite! - respondeu Ana enquanto também copiava.

Eu era o único esquisito da roda. Se a professora me pegasse fazendo outra coisa que não fosse as atividades do quadro, eu estaria fodido com toda certeza. Coloquei o caderno por cima da apostila e tentei reversar entre o conteúdo da aula e o trabalho do filho da puta do 3° B''.

- vamos tomar umas la em casa hoje?

- hoje amigo? - perguntou, Ana.

- é! Amanhã é sábado amiga, dia que não temos hora pra acordar. - disse Pádua.

- pra quem? Pra vocês? Por que é o dia que eu sou mais escravizado.

- lere, lere, lere, lere, lere. - brincou Pádua.

- deixa de ser reclamao Dudu. Vamos aproveitar que a vida é uma só. - disse Ana.

- eu não to reclamando, mas essa é minha realidade.

- então a gente bebe la em casa e amanhã vamos te ajudar nos teus afazeres domésticos. - disse Pádua.

- eu não garanto ajudar, mas prometo ir la da um incentivo moral. - disse Ana.

- esse incentivo tu enfia no teu ''priquito''. - disse Pádua.

- eu vou enfiar meu dedo nesse teu cu. - disse Ana.

Eu ri da contenda deles dois.

- e aí. Bora Edu? - convidou Pádua.

Sem pensar duas vezes, acabei aceitando. Afinal, como a Ana disse a vida realmente é uma só.

Chegou o horário do intervalo e eu ainda não havia terminado o trabalho.

- vamos de que hoje? - Ana se referia ao lanche.

- hoje não vai da pra eu acompanhar vocês. Vou ler essa apostila ao menos ate a pagina 50. - menti.

- menino, tu ler isso em casa.

- da não Ana. A noite eu vou la pra casa do Pádua e amanhã tenho que ajudar minha mãe em casa.

- e domingo? - perguntou Ana.

- domingo tenho que revisar todo conteúdo da semana.

- esse meu amigo é só o oco. - brincou, Ana. - quer que eu traga alguma coisa?

- não amiga. To de boa. - falei sorrindo.

- sei! Mas vou trazer assim mesmo. Só por precaução.

Ana saiu junto com Pádua e eu acabei ficando sozinho dentro de sala. Devido ter dois condicionadores de ar ligados, a sala ficava toda fechada.

Não demorou muito tempo e apareceu alguém pra me fazer companhia.

- até que enfim te encontrei. Não foi pro intervalo por que? - era o Júnior.

- to ocupado. - foi só o que consegui responder.

- tó. - disse me entregando uma embalagem.

- que isso? - perguntei apanhando o produto.

- pra você comer.

Abri a embalagem e tinha um sanduíche e um copo plastico com suco de laranja.

- não precisava.

- claro que precisava. Você ta me ajudando, é o mínimo que posso fazer. - disse ele.

O Junior só podia ser bipolar. O cara me esculachou no dia anterior, e agora estava pagando lanche pra mim?

- Na saída é pra me esperar viu!?

- pra que? - falei dando uma mordida no sanduda.

- vamos la pra casa hoje fazer o trabalho.

- hoje não da não. Já tenho compromisso com minha mãe.

- então desmarca. - disse ele me entregando o celular.

- não posso! Já tinha combinado de ajudar ela. - falei devolvendo o aparelho.

- da seu jeito. - disse ele me virando as costas.

- hey! - falei antes que ele saísse da sala. - To falando sério, não vou poder ir.

- te vira. O trabalho é pra entregar segunda e o único tempo que vou ter é essa tarde. Na saída me espera la nos fundos da escola. - disse ele saindo.

Deu uma vontade de chorar. Um misto de raiva com desespero. Talvez se eu não tivesse pulado o muro na manhã do dia anterior, nada disso estaria acontecendo.

Finalizei o trabalho do carinha e fui entregar.

- aqui não, me espera la dentro do banheiro. - disse ele próximo ao pátio da escola.

- por que aqui não?

- la no banheiro. Já falei. - disse ele.

Esses caras eram engraçados. Precisavam de mim, e tinham vergonha de falar comigo em público. Antes, eu pensava que essas coisas só aconteciam em filmes.

Deixei a apostila do cara em um lugar visível dentro do banheiro, lavei meu rosto, e voltei pra minha sala. Não ia ficar esperando por ele a vida toda.

Sentei em minha cadeira, e aguardei meus amigos chegarem. O sinal tocou e aos poucos a sala foi enchendo. O último a entrar foi Junior com sua turma. O cara me lançou um olhar enigmático.

- onde tu tava? Vim aqui deixar teu lanche e não te vi. - perguntou Ana.

- tinha ido até à biblioteca. - menti.

- que doce é esse que tem na biblioteca que eu também quero provar? Agora é tu e o Pádua com essa putaria.

- a senhora me respeite! Puta é a velha da sua vó. - disse Pádua me arrancando um sorriso.

A aula terminou e eu chamei a Ana num canto da escola pra fazer uma pergunta que estava entalada na minha garganta.

- Ana, deixa eu te perguntar uma coisa. - falei em uma área isolada do colégio.

- pergunta amigo. - disse ela.

- tu comentou com mais alguém sobre eu ter pulado o muro da escola?

- claro que não. Por que?

- por nada. - falei.

- alguém mais ta sabendo? - perguntou ela.

- não... Acho que não! - menti. - não comenta com ninguém ta, só por precaução.

- pode confiar amigo. Eu não faria isso contigo. - disse ela.

- eu confio. - sorri.

Naquele final de aula eu não vi o Pádua, despedi-me da minha amiga, liguei pra minha mãe explicando que não iria pra casa aquela tarde, e fui encontrar com o Júnior no local combinado.

O cara não demorou muito e estacionou o carro na parte de trás do colégio.

- tem alguém olhando? - perguntou abaixando o vidro do seu Civic preto.

- não. Ta tudo limpo. - falei.

- então entra rapidão. - disse ele.

Eu não entendia porque o Junior tinha tanta vergonha de alguém ver eu entrando no carro dele. Durante o percurso ele não conversou comigo, ligou o som do carro e foi o tempo todo calado.

A vida é interessante: Quando ele precisou me convencer de fazer o trabalho com ele, foi todo caridoso e amigável. Agora que já tinha conseguido o que queria, não me tratava mais com afeto. coloquei o cinto e, pela vidraça do carro, fiquei admirando a paisagem. Também não iria fazer questão da amizade dele. Aquilo seria só negócios, e depois ele me deixaria em paz. Eu torcia pra que isso acontecesse.

Entramos em um condomínio de luxo, onde Júnior abaixou parte do vidro do carro para se identificar.

- ok! - disse um cara fardado por trás do vidro de uma casinha.

Um portão foi aberto, Junior levantou o vidro do carro novamente e entrou. Eu fiquei encantado com o local. Fiquei admirado mesmo, eu parecia aqueles caras do interior quando vão ao shopping pela primeira vez. Era tudo muito lindo: a rua toda em pedras coladas ao chão, as mansões - sem cercados algum - com grandes jardins. Parecia cena de filme americano.

Junior estacionou o carro em frente a uma enorme casa amarela. Ele saiu por uma porta, e eu desci pela outra.

- o que foi? - disse ele ao me ver com cara de besta parado em frente a fonte que tinha na entrada de sua casa.

- isso aqui é lindo cara.

- achou mesmo? Nossa casa é uma das mais simples aqui da vizinhança. - disse ele já acostumado com aquele lugar.

O cara foi andando e eu o acompanhei. Ao chegar na entrada principal, Junior passou pela porta e eu parei na calçada pra tirar meus tênis.

- que tu ta fazendo? - disse ele me encarando de cima pra baixo.

- vou tirar meu tênis pra não sujar a casa.

Junior não se aguentou em risos.

- cara, tu ta doido? Coloca isso daí e me segue.

Eu coloquei os pés dentro do tênis de qualquer jeito e continuei seguindo Junior.

- Alexandre? - disse uma mulher parada na sala.

- Oi Bá. - disse o rapaz.

- seus pais ligaram pra você?

- sim. Foram pra Angra né!?

- isso. Você vai precisar de alguma coisa?

- não, não Bá. O almoço ta pronto?

- sim. A hora que você quiser, é só falar que eu dou ordens para servir.

- você quer almoçar agora? - Junior perguntou.

- não! - falei tímido.

Minha barriga estava colada nas costas, mas eu fiquei com vergonha de aceitar o almoço.

- beleza Bá. Daqui a pouco eu te aviso. - disse o menino continuando a subir as escadas.

A senhorinha branca de cabelos grisalhos me olhou e me cumprimentou com um sorriso.

- amiguinho do Alexandre? - perguntou com simpatia no olhar.

- sim senhora. - falei voluntarioso. Eu nem era amigo daquele cara sem escrúpulos, mas como eu iria explicar isso àquela doce senhora?

- fique a vontade. - disse ela.

- obrigado, senhora. - falei.

Que mulher gentil. O Junior ou Alexandre, como ela o chamava poderia ter herdado a simpatia dela.

Após subirmos as escadas, Junior abriu a porta do que eu supus ser um quarto. O cara entrou e eu fiquei parado no corredor.

- o que ta esperando? Que eu te carregue no colo? Entra aí. - disse ele.

Era difícil entender se Junior era irônico, ignorante ou se aquela forma de tratar os outros fazia parte de sua cultura.

- da licença. - falei entrando no quarto.

- fecha a porta. - disse ele.

Como aquele quarto era grande. Medindo com os olhos, dava pra perceber que ele era aproximadamente umas duas vezes maior que o meu. A parede toda pintada de azul com marfim, teto de gesso com um lustre no meio, uma porta de vidro que dava acesso a uma varanda.

- Porra! O cara tinha uma varanda dentro do quarto. - pensei.

- o computador ta no ponto. - disse Junior apontando para a mesinha que ficava próximo a sua cama.

- beleza! - falei tirando meu caderno de dentro da minha mochila, e a jogando em cima de um tapete que ficava ao lado da cama de Junior.

Sentei na cadeira giratória que ficava na mesinha do computador e abri o word. Pelo monitor eu vi o reflexo do Junior tirando a roupa.

- meu Deus. Ele ta ficando pelado. - pensei.

Aquilo era tão natural. Tenho certeza que Junior não tinha maldade em tirar a roupa na minha frente.

- ta precisando de alguma coisa? Um suco, água, café... - disse ele parando em minha frente apenas de cueca.

- não! - respondi nervoso.

Junior estava apenas de cueca. Uma box alvinha que deixava marcado seu material. Ele tinha alguns pelinhos caminhando até a entrada da parte da frente da cueca. O perfume dele... que perfume era aquele? Tão bom que me deixava sedado.

- quer colocar uma roupa mais confortável?

- quero sim.

- da uma olhada aí, ver se tem alguma coisa que sirva pra ti. - disse ele apontando para o roupeiro.

- beleza! - respondi saindo da cadeira e indo em direção as gavetas.

- vou tomar um banho rápido, quando eu terminar a gente desce pra almoçar.

- ta bom! - enfatizei com a cabeça.

Abri as gavetas de uma por uma. A primeira logo de cara era a gaveta onde ficava as cuecas. Era tudo extremamente organizado. As cuecas eram divididas por cores em fileiras pares.

Na segunda gaveta ficavam as meias e os cintos. Mais uma gaveta com a organização impecável. Abri a terceira, a quarta e apenas na quinta gaveta fui encontrar shorts. Procurei algo que se adequasse em mim, e encontrei um short branco do Corinthians. Tentei puxa-lo, mas senti que estava preso em alguma coisa. Tirei vários shorts para poder então pegar o meu escolhido e o motivo de ter ficado emperrado eram algumas revistas.

- caralho! Que isso? - falei curioso.

Por baixo dos shorts tinham várias revistas pornográficas, a maioria apenas de mulheres peladas. Tentei folheá-las rapidamente e encontrei algumas páginas bastante surradas e ate coladas.

- punheteiro. - pensei sorrindo.

O chuveiro foi desligado, e eu tratei de arrumar tudo o mais rápido possível. Quando Junior saiu do banho, eu já estava vestido com seu short e sentado na mesinha do computador trabalhando tranquilamente.

- quer ir la almoçar agora? - disse ele secando o cabelo com a toalha.

- quero. - respondi! Minha barriga roncava e não dava mais pra enganar a fome.

Descemos a escada e caminhamos ate a cozinha.

- Bá? - Junior procurava pela senhorinha simpática.

- A Bá teve que dar uma saída. - disse uma senhora lavando louça na cozinha.

- a comida ta quente, Irene? - perguntou Junior parando atras de um balcão americano.

- ta sim. - disse ela.

- serve dois pratos pra gente, por favor. - pediu o rapaz.

- sirvo sim. Vão querer suco ou refrigerante?

- quer beber o que, Eduardo? - perguntou Junior me fitando.

- pode ser suco? - perguntei.

Junior sorriu.

- não sei cara. Tu que sabe. - disse ele tirando onda.

- pode sim, pode ser suco. - falei sorrindo.

- então dois sucos, Irene. - disse o rapaz.

- ta bom. Espera só um pouquinho que eu já sirvo vocês.

- a senhora quer ajuda? - ofereci-me na mais pura inocência.

Junior, mais uma vez, riu de mim.

- bora la pra sala. - disse ele me puxando.

- obrigado. - agradeceu a moça.

- por nada. Se precisar eu vou ta la na sala.

Junior me levou ate um local onde a família dele comia. Tinha uma mesa bastante grande cor de tabaco com várias cadeiras acolchoadas, alguns quadros na parede, e um lustre quase do tamanho da própria mesa pendurado no teto espelhado. Mais uma vez fiquei impressionado.

Junior sentou numa ponta da mesa, e eu, na outra extremidade.

- senta aqui pô. - disse ele apontando para uma cadeira que ficava do seu lado. - pra que sentar tão longe se só estamos nós dois? Tu é todo estranho. - ele sorriu.

Junior machucava com as palavras. Não sei se era intencional ou se ele falava aquelas coisas sem medir as consequências.

Levantei da minha cadeira e fui para o lado do dono da casa. Não demorou muito e a dona Irene chegou com dois pratos, uma jarra de suco e duas taças com gelo.

Ela nos serviu e depois retornou aos seus afazeres.

Junior comia sem fazer barulho nenhum no prato. Eu não ouvia sequer o som de seus dentes triturando o alimento. Eu tentava imita-lo, mas não levava muito jeito. Nunca havia comido em casa de gente rica, e tava me sentindo um pouco inseguro. Em um certo momento, um pedaço do meu bife espirrou e voou no peito nú do Junior. O cara engoliu sua comida a seco, pegou um guardanapo, limpou o peitoral e depois me encarou. Esperei pelo grito, mas ao inves disso ele riu... Rio muito. Eu não estava entendendo nada.

- porra velho, tu me cagou todinho. - disse ele se levantando.

- desculpa cara, foi sem querer.

- não é assim que se corta um bife. - disse ele parando por trás de mim.

Junior estava sem camisa, usando apenas uma bermuda jeans rasgada.

- me ''daqui'' tua mão. - O abdômen do Junior roçava em meu braço.

O cara usava o mesmo método que os professores usavam para alfabetizar as crianças do jardim de infância. Ele segurou minhas duas mãos e foi me dando alguns toques da forma correta de comer.

- agora tenta sozinho.

- acho que não vou conseguir. - falei envergonhado. - sou acostumado a cortar a carne com os dentes.

- assim? - perguntou ele pegando a carne com a mão e a colocando direto na boca.

- é. - falei sorrindo.

- isso não é ruim, mas é bom você aprender a usar o talher. Em algumas ocasiões você vai precisar.

Eu apenas confirmei.

- bom, coma aí do jeito que você achar melhor. - disse ele levantando-se mais uma vez. - vou te esperar la no quarto.

- ta bom.

Após terminar meu almoço, eu retirei a louça da mesa e levei ate a pia.

- deixa eu te ajudar meu filho. - disse a empregada tirando tudo das minhas mãos.

- eu posso lavar minhas mãos aqui? - falei parado em frente à pia da cozinha.

- pode sim. Fique a vontade. - disse ela.

Terminando de me lavar, Irene me ofereceu um pano de prato limpo. Sequei minhas mão e retornei ao quarto.

Junior estava terminando de se trocar. O cara colocou uma bermuda, um tênis da Nike e uma regata.

- cara, surgiu um contratempo, tu não vai se importar de terminar nosso trabalho né!? - disse ele colocando um relógio prata no pulso.

No fundo eu me importava sim. Achava injusto ter que fazer tudo sozinho, mas fazer o que né!?

- Não. Tudo bem! - fingo concordar em fazer tudo só.

- eu não vou demorar. Você fica a vontade, se precisar de qualquer coisa pode falar com a Irene.

- ta bom. - falei.

- falou. - disse ele saindo pela porta do quarto.

Olhei para aquela enorme cama toda coberta de algodão, e não resisti, pulei em cima.

- que caralho macio. - falei sorrindo.

E era macio mesmo. Abracei-me com uma almofada e fiz planos pra um dia quando eu fosse rico ter uma daquelas. Bruscamente a porta se abriu e Junior entrou apressado. Levantei rapidamente, mesmo depois de ele já ter me visto.

- esqueci as chaves do carro. - disse ele.

Junior olhou pra mim e riu.

- pode dormir pô. Aqui tudo é nosso. - disse sorrindo e saindo novamente do quarto.

Eu senti tanta vergonha que fiquei com vontade de me jogar da janela. Arrumei a bagunça que eu havia deixado na cama, e foquei no trabalho de matemática.

As horas foram passando e nada do Junior aparecer. Quando deu 4 horas em ponto no relógio do computador, dona Irene entrou com uma bandeja repleta de ''gostosisses''.

- você deve ta faminto né!? - disse ela.

- to um pouco. - sorri.

- trouxe um lanchinho pra você. - Disse ela colocando a bandeja sobre o criado mudo.

- não precisava se incomodar não dona Irene.

- não é incomodo nenhum meu filho. Qualquer coisa to na cozinha.

- ta bom. - falei. - O Junior disse que horas voltava?

- se eu ti falar que não vi nem a hora que ele saiu.

- ta certo! - sorri.

A moça saiu do quarto, e eu fiz uma pausa para o lanche. Terminando de comer, voltei a me concentrar no trabalho. Recebi uma ligação do Pádua, e marquei na casa dele as 20 horas.

O dia começou a ficar escuro e nada do Junior voltar. Já era umas 18 horas quando ele foi aparecer.

- to quase terminando Junior. - falei.

- beleza! Depois tu finaliza, agora o Olavo quer falar contigo. - disse Junior

Só então reparei que ele estava acompanhado de outro cara.

Levantei da cadeira, e fui ate próximo deles.

- tu é um cagão né!? - o cara me insultou do nada.

- que? De que tu ta falando?

- tu me ferrou seu merdinha.

- hey brow. Abaixa a voz po, e fala direito com o cara. - Junior interviu.

- como é que tu quer que eu fale direito com esse filho da puta, depois do que ele fez?

- eu sei, mas tenta relevar. Você disse que ia só conversar.

- o que eu fiz que não to sabendo? Do que vocês tão falando?

- não precisa mentir pra nós não. - disse Junior. - E agora o que a gente faz contigo? - ele me encarou.

- me explica primeiro o que ta acontecendo, que eu não to entendendo nada.

- tu é muito zé ruela mermo. - disse Olavo.

O cara do terceiro B'' tentou me dar um murro, mas Junior o segurou pela cintura.

- agora não. - disse Junior.

- Como assim agora não? E depois? Depois sim? - pensei.

- por que você fez isso com o cara? - Junior me perguntou calmamente.

- fiz o que Junior? Eu to boiando aqui sem entender nada.

- eu vou dar umas porradas nele. - disse Olavo sem paciência.

- Eduardo, a gente não quer te bater, só queremos uma explicação.

- podemos conversar só nós dois, Junior? Esse cara ta me assustando.

Junior olhou para o amigo e pediu que ele aguardasse um pouco fora do quarto. - Olavo não concordou.

- espera um pouco la. Eu já te chamo. - disse Junior.

Olavo saiu jurando que iria me matar. Alguma coisa muito séria estava acontecendo.

- eu não fiz nada Junior. Juro por Deus que não sei do que vocês estão falando. - disse assim que fiquei sozinho com Junior.

- me responde uma coisa: De quem era aquela apostila que tu tinha na hora do intervalo?

- era desse cara aí. - falei.

- o que tu tava fazendo com a apostila dele?

- um trabalho que ele pediu.

- tu sabia que esse trabalho era pra hoje não sabia?

- sabia. Por isso mesmo eu fiz ele na hora do meu horário de intervalo.

- e tu entregou pra quem?

- eu deixei la dentro do banheiro. - falei.

- era só isso que queria saber.

- o que? O que foi cara?

- você jogou a apostila do Olavo no vaso sanitário. Agora os pais dele foram chamados no colégio e ele pegou suspensão por tua culpa.

- não! Eu não fiz isso não.

- claro que fez seu cuzão. Você vacilou com a gente. Cagou tudo.

- eu não fiz cara. Ele pediu pra eu esperar ele dentro do banheiro, e daí como ele tava demorando, eu resolvi deixar em cima do lavatório.

- era pra ter esperado o cara. Por tua culpa agora ele ta ferrado.

- mas não foi por mal, só que eu tinha que voltar pra dentro de sala.

- foda-se! Você fez merda e agora vai ter que pagar.

Junior tava irado.

O cara me virou as costas, e abriu a porta para que Olavo entrasse.

- e aí. - disse Olavo um tanto alterado. - Posso acabar com ele?

- aqui não. Leva ele la pra garagem.

- eu vou embora. Falei apanhando minha mochila do chão.

- não vai a lugar nenhum. - disse Olavo chutando minha mochila com todo o material.

- tu vai embora sim, mas num vai ser pra casa não. - disse Junior me encarando.

Continua...

Pessoal, seguinte. Eu não vou mudar o rumo da historia. O roteiro é esse e vou seguir ate o final. Não curto escrever conto que no primeiro ou segundo capitulo os protagonistas já estão se comendo. Pra quem acompanha minhas historias sabe que curto colocar vilão como protagonista. O enredo da narrativa vai tratar sobre Junior e Eduardo, e esses dois vão mudar muito até o final da historia. Quem não gostar, pode deixar de acompanhar galera, tem rolo não. Só não fiquem acompanhando e me criticando a cada capítulo, porque isso é muito desestimulante. Abraços!

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Comentários

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Aí sinceramente né... Essas caras que são gays na história sempre são muito passivos e aceitam tudo são tão inocentes que dá até raiva por favor...

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Por isso q gosto dos seus contos, pq não começa com amores melosos, tem todo um conteúdo antes disso.

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ANTES QUE AS CHANTAGENS AUMENTEM, VÁ A DIREÇÃO DA ESCOLA E ASSUMA QUE VC PULOU O MURO. É MAIS DIGNO DO QUE SE REBAIXAR PRO JUNIOR. JUNIOR E SEU AMIGO NÃO PRESTAM E NÃO HESITARÃO EM T PREJUDICAR. SÃO RICOS E NADA PEGA CONTRA ELES. MINHA PREOCUPAÇÃO NÃO É NEM COM JUNIOR NEM COM SEU AMIGUINHO MAU CARÁTER. É COM QUEM INFORMOU AOS DOIS QUE VC PULOU O MURO. ESSE SIM MERECE QUEIMAR NO FOGO DO INFERNO. VOU AGUARDAR. REALMENTE JUNIOR É BIPOLAR. E BIPOLARES SÃO PERIGOSOS. CAI FORA.

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O que me atrai nos seus contos são os personagens mesmo. São sempre complexos, cheios de dúvidas e dualidades. A gente nunca sabe ao certo o que vai acontecer no capítulo seguinte. O enredo das suas histórias são bem costurados. Tenho certeza de que este será também. Pra ser bem sincero, já me apaixonei pelo Júnior, kkkk.

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Morto que eu nunca tinha lido uma história sua! Esse capítulo foi incrível. Morri de rir ao saber da Bá, meus irmãos mais novos de chamam de bá uasuhasuhas Sempre que eles me chamam assim eu penso que esse apelido lembra uma velhinha.

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Comecei%20a%20ler%20hoje%20e%20tó%20adorando,%20críticas%20negativas%20sempre%20irão%20existir%20basta%20ignorar%20-%20lás.%20Só%20eu%20que%20pensa%20que%20o%20Pádua%20quem%20contou%20ao%20Junior%20sobre%20o%20Edu%20ter%20pulado%20o%20muro%20?%20Abraços%20man...

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O conto tá perfeito como tudo que vc escreve Berg... Continue nessa linha e não mude nada que tá fodastico.... Só acho q devias pensar sobre postar no whatpad, aqui as vezes porco as postagens do seu conto :(

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Todo idiota esse Eduardo. Chantagem nao tem fim aposto q ele vai levar uma surra e ainda vai continuar cheirando o rabo do Alexandre. To amando a historia. Muito boa msm!

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Gostando muito, continua.... o Pádua que falou!

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E teve leitor pedindo isso? Diversidade galera, esse não é o perfil do autor, deixem o cara contar a história dela a fodinha fica para depois.

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Não ligue para criticas q não são construtivas, continue o mais rápido possível, tô adorando

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Vou continua pq gostei tomara que ele mude de personalidade

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Ele ainda vai ser humilhado de todo jeito é ainda vai continuar com o Júnior? Só vou acompanhar pra descobrir o quanto capacho o Eduardo consegue ser

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Continue assim desse jeito, seu conto esta ótimo, posta o 3 capitulo hj, to ansioso pra saber l que vai acontecer com Eduardo, tenho quase certeza que os amigos do edu acabaram abrindo a boca e contaram que edu tinha pulado o muro

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tem que para de fazer favores para esses dois e ainda sair como errado......

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