Coração Ferido - Capítulo VI

Um conto erótico de William27
Categoria: Homossexual
Contém 5962 palavras
Data: 14/08/2017 03:40:47

Boa noite leitores, eu havia prometido postar esse capítulo 2 dias depois do capítulo 5, mas acabei perdendo o capítulo pronto pois esqueci de salva-lo (erro de principiante) e tive que fazer todo ele o que não foi de todo mal já que deixei ele menor a mais real do que antes. Nesse capítulo vocês irão conhecer a família do Fabrício e tentarei leva-los até a serra. Agradeço ao comentários e votos, fico feliz pois me motivam a escrever, mais uma vez peço desculpas pela demora, mas realmente tive que tirar um tempo para mim.

Obs: Pessoal eu iria responder aos comentários, mas realmente tentei adiantar o conto já que hoje volta a minha pós. A boa notícia é que o capítulo 7 já está quase pronto, então lá responderei a todos os comentários.

Obs: Em relação a algumas palavras que aparecem no conto trata-se de regionalismo e já me adiantando peço desculpa aos gaúchos que acharem a maneira que os personagens falam no conto, mas tomei como base as conversas e como meus parentes de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e Nova Petrópolis falam.

Dicas e sugestões são sempre bem-vindos, boa leitura a todos.

Coração Ferido - Capítulo VI

- Atenção passageiros do voo “Varig 134” para Caxias do Sul, a aeronave já se encontra em solo, mas por causa do reposicionamento de posições e o tempo de espera o seu embarque foi transferido e começara dentro de alguns minutos sendo feito pelo portão 16 – meu voo enfim estava sendo anunciado após um atraso de mais de 2 horas da aeronave que segundo informação da companhia aérea tinha decolado com atraso de Macapá e consequentemente tinha atrasado na escala em Belém e Brasília sendo que eu havia chegado de Confins há mais ou menos 5 horas atrás, fiquei mofando durante todo esse tempo no Aeroporto de Guarulhos, mas minha cabeça estava fervilhando, era um pouco mais de 1hora e 20 minutos de voo até Caxias do Sul e eu estava muito ansioso para rever minha família, respirar o ar da serra e principalmente, estar em casa.

Me levantei e assim como outros passageiros andei até a outra ponta do terminal, pois até então o embarque estava previsto inicialmente para acontecer pelo portão 2 remoto onde todos nós aguardávamos, mas fazer o que. Segui para a nova posição de embarque, no caminho encontrei alguns colegas de faculdade que recém haviam chegado em um voo procedente de BH e estavam em conexão para Navegantes e Curitiba onde dois deles moravam. Me despedi com um aceno e segui para o portão onde ao longe já avistava os primeiros passageiros fazendo a fila de embarque na lateral do portão enquanto os passageiros desembarcavam aos poucos e com pressa para pegar outro voo, desembarcar em São Paulo mesmo ou pedir informações. Fui me aproximando até que um grupo de homens usando o uniforme de uma famosa mineradora desembarcou fazendo algazarra, o barulho me chamou atenção e eu quase cai para trás quando vi quem era o que o último passageiro de uniforme que saia apressado e gritando para os outros esperarem, ele assim como eu quando me viu ficou surpreso, assustado e parou.

João estava com a camisa verde clara assim como os outros, mas usava óculos escuros de grau, está ai, mais uma coisa dele que não sabia, carregava uma mochila nas costas e puxava uma pequena mala de rodinha em uma das mãos, ele me encarou por alguns segundos, até abriu um sorriso tímido para mim, mas eu fechei a cara e como se nada estivesse acontecido segui em frente para total decepção dele, foi estranha a minha reação, não senti absolutamente nada, mas eu rezei para ele não parar e me abordar, era o que eu menos precisava. Senti seus olhos em mim, mesmo com os óculos escuros, segui em frente.

Tirando o atraso para decolar por causa dos voos que chegavam do exterior e do resto do interior e capitais o voo foi tranquilo. São Paulo é sempre bonita no início da tarde, principalmente quando a aeronave inicia a subida onde é possível ver a imensidão dessa grande metrópole de um lado e a serra da Cantareira do outro. Rumamos sentido sul e o percurso até Caxias do Sul me possibilitou ver o litoral sul brasileiro e um pouco antes do pouso sobrevoar as cidades de São Marcos, Nova Petrópolis e a serra com suas plantações de uva e o rio das Antas já quando a aeronave fazia a aproximação final para pouso, esse que foi feito com total maestria pelo piloto já que o BoeingNG enfrentou um vento lateral pouco antes do toque.

Quando desembarquei o aeroporto estava movimentado, com muita correria, quase um caos, um voo proveniente de São Paulo (Congonhas) e Curitiba havia chegado um pouco antes que o nosso que estava atrasado e estava fazendo o desembarque dos passageiros para retornar a capital paulista e outra aeronave menor, um ATR estava esperando os passageiros reembarcarem para Porto Alegre na ponta esquerda totalizando 2 aeronaves de médio porte e uma de pequeno porte no acanhado terminal do Hugo Cantergiani e em pleno mês de abril. Fiquei sabendo depois que o ATR era um alternado de Porto Alegre que não pode receber a aeronave por causa da chuva que caia na região.

Com todo esse movimento a minha sorte foi que eu estava com bagagem de mão e fui direto para o saguão, não teria que perder tempo aguardando minha bagagem na esteira e muito menos disputar um táxi com vários passageiros. Era bom voltar para casa e foi melhor ainda quando ao sair da sala de desembarque avistei ele, aquele cara grande e sério que esperava impaciente a chegada de alguém.

- Pai! – Ele me esperava impaciente, quando me viu abriu um sorrisão e os braços, eu estava em casa, abracei ele e ambos nos emocionamos, fazia quase dois anos que não vinha para casa e meu pai ainda era meu maior porto seguro apesar das circunstâncias.

- Meu filho – ele me deu uma boa olhada - bah guri, que saudade de você – ele me apertava em seus braços e me sacudia – meu filho, eu fiquei com tanto medo que você não viesse...não dormi a noite pensando nisso...tua mãe coitada... – ele me encarou, dizia isso com pesar. Dei um risinho.

- Não pai, eu disse que viria, prometi ao senhor e liguei avisando – limpei as lágrimas que caiam – eu não iria de deixar de passar o feriado com vocês, vocês são minha família, não seria justo... – ele me abraçou de novo quando disse isso, pude notar algumas lágrimas correrem em seu rosto.

- Eu achei que o fato do Maxuel vir para cá no feriado também te faria desistir – ele pegou minha mochila e seguimos para fora do terminal.

- Não, eu nunca deixaria de vir para cá por causa daquele pau no cu... – Disse com raiva. Ele riu e me puxou pelo braço.

- Vem, vamos logo, o Gui está esperando a gente lá fora, ele não quis te esperar comigo pois está todo sujo, ele voltou da colônia agora pouco e ficou com vergonha de entrar no saguão – meu irmão só tinha tamanho, mas era envergonhado demais.

- O Guilherme não vai mudar nunca pai... - ri e balancei a cabeça acompanhando meu pai que me abraçou de lado.

- Ele vai ficar feliz de te ver, ele não diz, mas eu sei que sente sua falta, as vezes ele vai em seu quarto e fica lá, as vezes ele fica tão sozinho, só trabalha e trabalha e quase não se diverte, a não ser quando está com o Arthur e o Júlio, acho que tu devia levar ele contigo para Belo Horizonte, ele ia se divertir muito por lá – meu pai disse mais baixo.

- Com certeza, acho que ele iria ficar mais faceiro que cusco em dia de churrasco e fora que ele ficar longe do Tico e Teco seria bom...– pronto, estava há 5 minutos em solo gaúcho e já começava com o regionalismo.

- Olha que bom filho, 5 minutos aqui e já está falando gaúches de novo rsrs – meu pai brincou.

- Pois é pai, é trilegal né... – rimos os dois.

Quando saímos do terminal pude avistar o carro do meu pai estacionado próximo de onde estávamos e Guilherme nos esperando escorado no carro com seu semblante fechado. Guilherme era a cópia exata do meu pai, era um cara muito atraente, apesar de ser meu irmão não poderia deixar passar despercebido, um homem bonito é um homem bonito. Guilherme tinha 1,85m, da última vez ele devia estar com uns 110 kg, mas desta vez estava um pouco mais magro, acho que o trabalho estava puxado para o lado dele, mas ainda assim tinha um corpo grande e pelos e uma barba muito bem-feita, sim ele era peludo, coisa normal nos homens da família Scopel. Guilherme estava com os cabelos um pouco bagunçados, com a camisa de gola dobrada até o cotovelo e com os botões abertos e de chapéu, ele era agrônomo que nem meu pai e suas botinas e calça jeans estavam um pouco sujas, mas nada tão alarmante ao ponto de ele não poder me esperar junto com seu Rafael. Algumas mulheres e homens passavam por ele e olhavam, alguns com repulsa já outros com desfrute e desejo.

- Mano – chamei ele que estava distraído.

- Barbaridade! Não é que tu veio mesmo – disse ele abrindo um sorriso e se ajeitando quando me viu chegando com o meu pai.

- Me dá um abraço Gui... – eu disse largando minha bagagem no chão. Ele recuou.

- Bah, eu estou sujo Fabrício, estava acompanhando e colheita da uva lá em Veranópolis e não passei em casa – ele disse sem graça – tu tá todo arrumado e bem vestido, eu vou acabar te sujando - disse ele reparando na minha roupa, que se resumia em camisa, calça jeans e tênis.

- Deixa de ser fresco mano e vem me dar um abraço, desde quando tu se importa com isso? – Perguntei fazendo ele rir e vir em minha direção.

- Verdade né – disse ele me abraçando forte e dando um tapa nas minhas costas que doeu, normal no caso do Guilherme, ele é meio coió – tudo certo contigo? Senti tua falta ... – disse ele em meu ouvido ainda abraçado em mim. Seu suor não era forte, estava misturado com perfume.

- Estou bem sim, e estou aqui agora, vou ficar uns 6 dias por aqui, devo voltar para BH na quarta - disse a ele, meu pai via nós dois abraçados e sorria realizado, tinha os dois no ninho pelo menos por alguns dias.

- É tão bom ver você aqui também, eu não consigo me conformar que um de vocês tem que morar tão longe para ganhar a vida quando poderia morar aqui ou então no máximo até Porto alegre... – dizia ele inconformado.

- Pai...nós já conversamos sobre isso, tu a mãe e o Gui podem muito bem ir até BH para me ver, é só o senhor parar de dar fiasco toda vez que embarca em um avião... – ele se aproximou.

- Não diz isso, os outros podem ouvir e rir de mim – disse baixinho fazendo eu e o meu irmão gargalhar – parem, me respeitem, dou um laço em vocês dois – ele fechou a cara.

A caminho de casa meu pai e meu irmão disputavam para ver quem me contava as novidades, os dois falavam alto e brigavam e eu tentava prestar atenção no que eles diziam, mas eu só ria deixando eles mais nervosos ainda. Eu estava adorando, eu sentia falta dessas coisas, tanto é que acabei me esquecendo dos últimos eventos da minha vida e me permiti a relaxar.

- Pai, liga o rádio e parem de falar alto, não é por que somos descendentes de italianos que temos que falar alto, está parecendo carro de louco com você e o mano gritando assim, e o cara do lado está rindo da gente – eles me olharam e fecharam a cara, mas logo riram.

- Eu vou te mostrar quem é fiasquento aqui seu jaguara – disse Guilherme virando para trás e querendo me dar um tapa.

- Pai, olha o mano querendo me bater – me fiz de vítima – ele está me inticando – fiz biquinho.

- Meu Deus, mas só tem tamanho vocês dois... – ele riu e balançou a cabeça.

O resto do caminho até em casa foi a base de risadas e gritaria. Caxias do Sul não mudou muito, está bem movimentada, era bom voltar para casa, enquanto o carro seguia pelas ruas minha memória ia longe. Quando encostamos e eu sai nem dei mais ou menos um passo e minha mãe estava de frente para mim.

- Mãe – Sorri e me joguei em seus braços.

- Graças a Deus você chegou meu filho – disse minha mãe me abraçando forte, abracei forte nela e senti seu cheiro, o tão famoso perfume do qual as vezes me lembrava, carinho de mãe era outra coisa – eu estava tão agoniada com a tua demora, nem comi direito, o que aconteceu? – Perguntou ela me inspecionando, pois só avisei por alto que o voo ia atrasar.

- O avião que cobriu a rota chegou do norte do país com alguns atrasos nas escalas e aí acabamos ficando mais do que o esperado no aeroporto – disse calmamente a dona Ana que me enchia de beijos.

- Nossa, veio de onde? – Perguntou ela.

- O voo vinha de Macapá, Belém e Brasília, lá para cima deve estar chovendo – disse a ela, minha mãe por trabalhar em uma transportadora viajava as vezes para a base de Belém e Palmas, então conhecia bem o clima da região.

A dona Ana Scopel Assis era o nosso pilar, meu pai falava alto com ela e ela com ele, mas os dois sempre acabavam se acertando...na cama. Assim como meu irmão eu tinha poucos traços dela o que no fundo eu sabia que deixava ela um pouco triste. Minha mãe estava muito bonita e saudável para os seus 50 anos de idade, ela era uma mulher atraente, descendente de italianos e portugueses, morena com os olhos e cabelos pretos que evidenciavam sua descendência da região do Venetto e do alto Algarve, usava um moderno corte Chanel o que a deixava muito elegante e o meu pai com os cabelos brancos literalmente. Ela estava usando camisa social branca e calça social preta, ainda estava com roupa de trabalho e com maquiagem. Minha mãe fazia ioga pois ajudava ela a relaxar já que ela era administradora em uma transportadora da região e barraqueira de carteirinha, aliás, toda a minha família era assim, mexeu com um, mexeu com todos! Além disso era voluntária em um orfanato da região.

- Aí meu filho, tu não sabe como eu fico feliz de te ver em casa, agora a minha família está completa de novo – disse ela abraçando eu e o meu irmão. Ela fez sinal para o meu pai que logo se juntou a gente em um abraço coletivo que durou alguns minutos.

Desfizemos o abraço e rimos os 4. Minha mãe olhou ao redor e viu alguns vizinhos que sorriam e acenavam para mim fazendo eu retribuir o cumprimento.

- Vamos entrando que daqui a pouco os vizinhos começam a se juntar na porta para te ver e aí para tu descansar vai ser difícil...principalmente se a nona Motta te ver por aqui e querer te fazer entrar na casa dela... – ela me puxou pela mão como se eu fosse criança, meu irmão trouxe a minha mala e meu pai trancou a caminhonete vindo logo atrás.

- Aí mãe, deixa ela coitada, tu sabe que ela gostava de ficar conversando comigo quando ninguém mais tinha paciência com ela – eu disse rindo, mas minha mãe me olhou como se eu tivesse falado besteira.

A nona Motta, ou melhor, Tiziana Motta Spricigo era nossa vizinha de anos e já estava na casa dos 74/75 anos, Italiana de Imola morava no Brasil há 30 anos e era viúva há mais de 25. Dona de metade de uma vinícola da região, era uma mulher difícil de se lidar, seus filhos Federico e Giancarlo então eram piores ainda, mas por sorte ou azar do destino eu e meu irmão caímos nas graças deles, acredito que foi justamente por não ligarmos para o que os outros diziam deles na rua, então sempre quando ela ou eles não tinham com quem conversar eles me chamavam ou então ela fazia algo e levava para gente aqui em casa o que matava minha mãe já que era como se eu recebesse um carinho de avó. Lembro de uma vez que fui com eles para a Argentina, tenho que confessar que meus pais só deixaram por que ela insistiu, mas minha mãe não deixou que ela pagasse nada.

Foi a nona Motta que interviu quando meu pai me tocou de casa, ela me tirou dali e me hospedou em sua casa na noite daquele fatídico dia, fazendo com que os filhos me levassem para Valmir na manhã seguinte.

- Essa velha está ficando terrível meu filho, tu acredita que esses dias ela saiu com a mangueira na rua e deu um banho na Carla, a filha da Marli da rua de trás – ela disse como se fosse a pior coisa do mundo, eu teria feito pior já que essa Carla era bem rampeira e vivia dando em cima do meu pai.

- Eu faria pior, daria uma surra de mangueira nela – disse sério.

- Ai meu filho, daqui uns dias essa velha mata alguém ainda – disse minha mãe toda preocupada.

- Capaz mãe... – fui interrompido por alguém que eu odiava, ou melhor nos adiávamos.

- Oi primo, quanto tempo... – Meu sangue subiu, Maxuel estava escorado de braço cruzado em uma das pilastras da varanda com a maior cara de cínico, ele simplesmente me analisava de cima a baixo e eu juro que senti um frio subir pela espinha.

- Olá Maxuel, digo o mesmo... – foi uma saudação fria e forçada.

Maxuel Scopel era meu primo por parte de pai, filho do meu tio Lucio com a tia Rita, irmão mais velho dele e nessa altura ele já estava com seus 30/31 anos se não mais. Ele era um cara bonito, mas o que tinha de bonito tinha de arrogante, era do tipinho que fazia piadinhas, era inconveniente, se achava e além do mais era preconceituoso, com comentários idiotas que deviam fazer sucesso na academia que ele trabalhava. Era o estereótipo da família, alto, mas com cabelos louros acinzentados por causa da mãe dele, 1,81m, corpo grande, mas ao contrário de nós ele era malhado do tipo rato de academia mesmo e se depilava um pouco o que deixava ele com ares de fresco, seu rosto quadrado harmonizava com o resto do corpo, mas só.

- Meu filho – disse minha mãe me repreendendo.

- Que foi? – Perguntei me fazendo de bobo.

- Nossa, isso é maneira de cumprimentar um primo querido que você não vê há mais de 2 anos, hein? – Eu contei até 10 para não virar a mão na cara desse dissimulado. Me virei com todos me encarando e com um sorriso forçado dei um abraço nele.

- Como vai querido primo, está tudo bem contigo lá em Porto alegre? – Enquanto o abraçava senti seu nariz no meu pescoço me cheirando, ele me puxou para um abraço apertado e seu pênis duro roçou em minha perna, meu irmão abafou uma risada e meus pais me olharam feio tentando me repreender.

- Está tudo bem sim, sabe como é, Porto Alegre é Porto Alegre e com você está tudo bem também? – Perguntou ele fingindo uma certa preocupação na frente dos meus familiares.

- Ótimo, se melhorar estraga...me de licença... – dei as costas e entrei em casa deixando todos ali.

Segui para o meu quarto, meus tios estavam na rua comprando carne para o churrasco que meu pai faria a noite. Tomei um bom banho, minha mãe trouxe uma toalha para mim e meu irmão minha mala, me arrumei e sai. Quando fui para cozinha senti um cheiro característico que só aqui era possível. Tinha uma panela com o néctar dos deuses e o melhor bolinho que existia.

- Mãe, tu fez grostoli para mim? – Perguntei animado a ela que estava na parte de frente de casa tomando uma cuia de chimarrão com o meu pai.

- Não, foi a dona Motta que te mandou assim que descobriu pelos vizinhos fofoqueiros aqui da rua que você tinha chegado, aquela abusada.... – Ouvi meu pai repreender minha mãe - na geladeira tem sagu também, mas esse e o quentão fui eu que fiz – eu quase dei pulos de alegria, grostoli e sagu, será que era meu aniversário também – vi na última foto que tu mandou e notei que está magro – ela reclamou com meu pai – filho meu não pode passar fome, será que a Carmem não notou, até com a feição abatida ele está – disse ela preocupada sem saber o real motivo.

- Aí mãe, eu só perdi uns 4 quilos, foi por causa das provas da faculdade e a dona Carmem é pior que a senhora, se bobear ela me dá comida na boca... – me calei, era caçar confusão, minha mãe e Carmem se conheciam há anos eram grandes amigas, mas minha mãe morria de ciúme dela, justamente por que eu vivia na casa deles em BH e ela achava isso um absurdo, pois a madrinha passava mais tempo com o filho do que a mãe.

- Mal posso esperar pela janta... – pensei alto, mas logo sou tirado dos meus pensamentos.

- De janta vai ter você na minha cama seu tesudinho... – disse meu primo me agarrando pela cintura e me puxando para junto dele, ele beijou meu pescoço me fazendo soltar a xícara de quentão que eu segurava, seu pênis duro apertando em minha bunda – quase gozei quando senti seu cheiro hoje seu safadinho, o primão está com saudades de você sabia, ele está com saudades, disse alisando o pau.

- Me solta... – disse já tremendo.

- Mas por que, da última vez que você gemeu na minha pica não era isso que pedia, lembra safadinho... - empurrei ele.

- Para com isso Maxuel – disse me soltando dos braços dele – da última vez você foi um covarde lembra, não quero lhe corromper de novo... – Provoquei.

- Ahh priminho, vai dizer que tu não gosta...não te faz de santo, isso tu não é... – ele veio para cima de mim – hoje quando eu te vi meu pau babou... – ele é interrompido pelo meu irmão.

- Babou o que Maxuel? - Maxuel murchou todo quando meu irmão cruzou os braços esperando a resposta dele.

- Eu que babei aqui quando vi esses grostoli – disse ele tentando disfarçar pegando uma cerveja na geladeira.

- Cuidado, quando a cerveja sobe para cabeça a gente faz besteira, e você não quer fazer besteira não é mesmo primo? – Perguntou meu irmão a ele que me fuzilou com o olhar.

- Verdade, vocês me dão licença, mas eu tenho que dar uma ligada na academia e ver se está tudo bem por lá – disse ele desconversando e saindo da cozinha. Meu irmão me olhou e me abraçou.

- Eu sei o que esse boca aberta fez contigo, o pai não me deixou bater nele por que disse que o tio ia descobrir o que o filhinho dele realmente é – ele me olhou com pena e eu quase desmaiei.

Flash back

Eu já estava com 18 anos quando tive minha primeira relação sexual com outro homem. Na época eu recém tinha voltado para casa depois do meu pai me pôr para fora. Ainda não tinha perdoado ele por completo e tinha um pouco de receio de ficar perto dele e do meu irmão, então eu sempre estava mais com minha mãe, a nona Motta e até mesmo meus amigos da rua. O tio Lucio e a tia Rita vieram de Porto alegre com o Maxuel e o seu irmão mais novo o Patrick para passarem o Natal com a gente e dois dias após chegarem eu e Maxuel já bem entrosados decidimos conversar à noite na varanda e em determinado momento ele veio com um papinho de que achou errado o que o meu pai fez comigo, que ele me entendia e me apoiava que não era que nem uns e outros por aí, típico papinho para me levar para foder e foi o que fizemos, eu era virgem, no meu quarto transamos, Maxuel foi carinhoso, me beijou, me chupou, eu chupei ele, meteu com força mas com calma e acabamos transando três dias seguidos, no quarto dia ele propôs de dormirmos junto e aproveitar os dois últimos dias do ano, foi o que fizemos, mas o erro dele foi não trancar a porta. No outro dia a tia Rita que já não gostava de mim e que piorou quando soube que eu era gay entrou no quarto sem bater e nos pegou juntos enquanto eu e Maxuel transávamos de conchinha. Foi uma loucura, ela que já me odiava foi para cima de mim e me tirou da cama a tapas enquanto Maxuel foi pelado mesmo para o banheiro e se trancou lá, ele foi um covarde filho de uma puta que na hora do aperto arregou, sua mãe gritava histérica e alterada, na confusão acabei saindo porta a fora e parei na sala aonde minha mãe que voltava da padaria presenciou a cena e sem perguntar tirou tia Rita de cima de mim, tia Rita tentou avançar nela que a esbofeteou e pelo cabelo tirou minha tia de dentro de casa e a atirou na rua, Maxuel foi acudir sua mãe.

- Nunca mais encosta a mão no meu filho sua cadela safada, ele tem mãe para defende-lo, pega as suas coisas e some daqui por que senão eu te arrebento e arranco esse cabelinho loiro, entendeu – ela me olhou preocupada – vem filho, eu imagino que você me deve explicações - ela me puxou pela mão, eu assustado sentei no sofá e contei tudo a ela, quando Maxuel apareceu ele me olhou com raiva, mas não disse nada, olhou para minha mãe.

- Você não precisava ter batido nela daquele jeito – ele disse – onde já se viu você uma mulher adulta bater em outra mais velha – disse como se a mãe dele fosse a coitadinha.

- Quem é você para me dar lição de moral seu piá de bosta – minha mãe estava nervosa, muito nervosa - tu pega tuas coisas e some junto com a tua mãe daqui, para transar com meu filho tu foi homem, o cafajeste, agora é só a mamãe aparecer e pegar você no flagra que você se faz de inocente, de corrompido, bem capaz... – ele me olhou mais uma vez.

- Some daqui Maxuel, você já fodeu comigo mesmo, agora vai lá correr chorar para mamãe... – ele me olhou com raiva a sumiu corredor a dentro.

- Vem, vamos tomar banho – ela me ajudou a entrar no banheiro e me deu banho, era a primeira vez que isso acontecia.

Foi a primeira vez que vi minha mãe alterada, como ela mesmo dizia, ninguém mexe com a cria dela. Em nenhum momento ela me olhou de maneira torta ou me julgou.

Meu pai chegou a cobrar explicações do por que ela ter batido na cunhada e depois toca-los de casa, minha mãe disse que Rita a ofendeu e que Maxuel tomou as dores da mãe. Meu pai não engoliu a história e chegou a insinuar que talvez a culpa fosse minha o que fez minha mãe discutir com ele e eu sair de casa e dormir na casa da nona Motta.

O casamento do tio Lucio que já estava em crise acabou quando ele ficou sabendo o que ela tinha feito alguns meses depois e fora o fato de que o coitado tomou um chifre. Após a separação ele pediu transferência de Porto Alegre para Uruguaiana onde conheceu a Meire uma gaúcha geniosa de Soledade, já estão juntos há 8 anos. Fiquei sem olhar para cara de Maxuel durante 6 anos e só o vi na última vez que vim para cá quando ele estava namorando a Sabrina, uma guria gente boa de Erechim.

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- Eu não ligo mais Gui, só peguei nojo dele, espero que ele seja muito feliz – disse sincero.

- Sabe mano, tu é muito maduro, no teu lugar eu faria questão de todo mundo saber que ele transava comigo... – interrompi ele.

- Não, para que?Isso só ia me fazer passar mais vergonha, não quero expor os outros assim como não quero que me exponham e digamos que ele nem era tão bom de cama assim – pisquei para ele que ficou sem graça mas logo riu.

- Tu não presta – ele me cutucou com o ombro.

Nos juntamos aos nossos pais na área a ficamos a tarde toda matando a saudade e contando as novidades para eles. Nesse tempo contei que tinha pedido demissão por causa de um desentendimento com Luciano que resultou em agressão e também que Valmir não queria aceitar a minha saída da empresa o que fez meus pais me olharem esperançosos sobre voltar para casa, coisa que logo descartei.

Meus tios chegaram do mercado e logo após os primeiros convidados chegavam para o churrasco, mas cada um trazendo algo. Depois que todos já tinham matado a saudade e estavam enturmados, seguimos para a área de lazer atrás da casa onde meu pai fazia questão de manter uma imensa churrasqueira de alvenaria, área gourmet e uma piscina média, meu pai fez questão de dar uma vida confortável para nós, essa casa foi fruto do trabalho suado dele que enfim estava prestes a se aposentar.

A carne foi posta na churrasqueira e a cerveja começou a descer. Eu estava tomando uma dose de steinhager com gelo e meu irmão me acompanhando. Meu pai e minha mãe estavam faceiros, a casa estava cheia, o filho pródigo havia voltado, meu irmão parecia feliz também, tivemos um tempinho de botar a conversa em dia e ele me confidenciou que tinha conhecido uma guria lá de Bento Gonçalves e que ele estava muito afim de trazer ela aqui em casa para apresentar para os meus pais.

- Mas você está bem mesmo Fabrício? Está Feliz? – Ele me perguntou quando já tomava o terceiro copo.

- Sim mano e tu? – Perguntei a ele.

- Sim – ele assentiu - estava pensando em ir te visitar em julho e talvez levar a Bartira junto, o que que tu acha, será que dá? – Fiquei feliz com isso.

- Mas é claro, eu vou ficar muito feliz de receber você e a minha futura cunhada – cutuquei ele que ficou envergonhado.

- Para... – ele ficou tão engraçado vermelho.

- E tu vai comigo para Itália ano que vem? – Perguntei a ele.

Meu irmão merecia ser feliz, pois Guilherme era muito esforçado e o engraçado é que só ficamos próximos de uns anos para cá, eu e ele éramos totalmente diferentes, quer dizer, ainda somos, eu sou o nerd, ele é o valentão rsrsrs, mas cada uma aprendeu a conviver com a diferença do outro. Lembro que quando me assumi homossexual ele não gostou da ideia e inclusive me ofendeu diversas vezes, foi na mesma época do meu pai que inclusive após começou a repreende-lo.

Quando voltei para casa naquela ocasião ele um dia entrou no meu quarto após alguns meses e visivelmente bêbado e emocionado me pediu perdão por tudo o que me fez, nunca entendi por que os homens da família encherem a cara para ficarem emotivos, mas fazer o que né. Eu era vivido, conhecia as grandes cidades, e algumas capitais mundo afora, meu irmão era mais coiózão, ele só conhecia de São Paulo para baixo e a Argentina e o Uruguai, pois fez faculdade e especialização naquela região e eu queria muito que ele me acompanhasse a Itália quando eu fosse de novo daqui um ano para curtir o verão e a tão sonhada visita e Verona, terra dos nossos antepassados.

- Sim, eu vou – disse ele com um sorriso – mas só se tu me prometer que aquele pau no cu do Luciano não vai junto, tu sabe que eu e ele não nos damos bem... – esqueci esse fato, mas ai me lembrei que ele não era mais meu amigo.

- Ele não vai, não se preocupe... – ele notou minha voz entristecida, mas não me questionou.

- Vem cá, você acha que eu um dia vou ter a mesma inteligência e postura que você mano, quer dizer, eu sou meio chucrão... – Interrompi ele pois sabia aonde essa conversa ia parar.

- Para né – ele me olhou envergonhado - tu não vai começar com aqueles papos que nem o pai que fala de que saiu da colônia com uma mão na frente e outra atrás e que blá, blá, blá... – ele balançou a cabeça e riu.

- Não, mas é que agora namorando sério eu tenho que melhorar a minha aparência – ele me analisou por alguns segundos - olha só você, todo bonito de bermuda jeans e camisa gola polo, arrumado, tu tem estilo mano e eu não, vivo de botina e calça jeans, agora eu quero melhorar a minha aparência e tu podia me ajudar nisso, quer dizer, eu já tentei te pedir algumas vezes, mas eu não tinha tempo e nem você... – com essa confissão eu me dei conta que deixei minha família um pouco de lado, principalmente por causa daquele maldito do João, era hora de vestir a camisa da culpa e humildade.

- Sabe, por muito tempo eu estive perdido – ele não entendeu, mas não fez objeção, apenas me ouvia - mas agora eu me encontrei de novo, então sim, eu posso te ajudar, nisso e no que você precisar, pois eu acho que família se ajuda e eu tenho certeza que se fosse o contrário tu me ajudaria também – ele sorriu e me deu um soquinho.

- Com certeza mano, não tenha dúvida disso – ele me cutucou com o ombro.

- Que tal sábado a gente ir no shopping aqui mesmo ou então descer até Porto Alegre, vamos em algumas lojas de marca, tu tem que impressionar a guria, aliás, acho que teu cabelo poderia ter um novo corte também – ele me olhou assustado.

- Mas pode ser depois do futebol, eu combinei com o Arthur e com Júlio que ia jogar com eles e que se caso tu viesse eu te levaria junto... – fechei a cara para ele, pois os amiguinhos do meu irmão eram dois bocós, lindos, mas dois bocós.

- Sério Gui? – Ele entendeu, não jogava futebol, jogava xadrez.

- Tu pode fazer uma força e ir, não vai doer nada... – disse ele me cutucando com o ombro – e além do mais eles querem te ver – sério, o Tico e Teco querendo me ver? Difícil de acreditar.

- Tá bom, fazer o que – olhei para ele – mas tu vai tomar banho antes da gente ir no shopping, não quero um irmão fedidão e com chulé junto comigo... – ele me deu um soquinho.

- Eu não sou fedidão... – ele pareceu pensar – só quando eu fico o dia inteiro na colônia acompanhando a lida ou a colheita da uva.... – Nós dois rimos.

- Bobo – eu disse para ele. Logo o silêncio reinou entre a gente.

- É bom ter você em casa, senti sua falta – ele me disse um pouco envergonhado - olha o pai ficando tri louco, a mãe vai brigar com ele aí eles vão ficar emburrado e aí a noite ninguém dorme por causa dos gemidos deles dois no quarto – olhei para o meu irmão que ria e olhava passava a olhar seu whats app, olhei para eles e ri.

- É bom estar em casa – dei uma golada na minha bebida, meu irmão me puxou para um abraço de lado e ficamos ali olhando os convidados.

- Eu não acredito no que eu estou vendo – ele me cutucou e apontou, meu riso se desfez quando vi quem olhava na nossa direção da porta que dava acesso à área de lazer da casa.

- Luciano! – Exclamei fazendo com que todos próximos olhassem na mesma direção que eu e meu irmão.

Continua...

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Comentários

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Adoro a tuas sagas de descendentes de italianos (será que é por que sou um?). Por favor, não demore a postar a continuação, pois sinto falta de teus escritos. Acredita que salvei "Ação e Reação" no meu pc e constantemente a releio? Um abraço carinhoso para ti. Obs.: Espero que Luciano e Fabrício descubram o que sentem logo para serem felizes e fazerem dona Carmen feliz. kkkk

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Uauuuuu

Comecei hj a ler o conto e estou gostando muito. Muito bom este capítulo em familia. Vejo que vai ter treta entre Luciano e maxuel. Agora as atitudes de Luciano foram bem triste que ao meu ver um pedido de desculpa será pouco eu no lugar de Fabrício poderia até desculpar mas não ia qurer mais o Luciano por perto Luciano terá que rebolar pra reconquistar Fabrício.

Não demore a postar estou ansioso pra ver este reencontro deles dois

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Sou rancoroso, n olharia nunca mais pro Luciano. Cara muito escroto, q bom q tá arrependido, mas confiança perdida n se reconquista fácil.

Posta logo kkk.

Abraço.

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O que o João estava fazendo em Caxias? Esse capítulo foi demais, vejo Luciano e Maxuel se crispando e o Tico e o Teco o que querem? Será que Guilherme e Luciano vão cair na porrada e como vai ser a reação da dona Ana e da Carmem? Quero ver tudo isso logo...

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Legal, só q eu perdoaria eles só quando estivessem na ânsia da morte.

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Não demora a postar jesus tô viciada RS

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