Entre Reinos - 1

Um conto erótico de Beto Paez
Categoria: Homossexual
Contém 1632 palavras
Data: 14/08/2017 17:05:29
Última revisão: 19/12/2017 00:38:23

O canto dos pássaros me despertou do meu sono e anunciou que um novo dia havia nascido em Austo. Levantei-me ainda meio zonzo, os olhos entreabertos, meio cambaleante e abri as janelas.

Quando senti o vento em meu rosto, tratei logo de abrir os olhos e olhar em direção ao lago que fica no fundo do castelo. Vi alguns patos já nadando, um dos meus cachorros correndo atrás de um coelho pela grama verde. O dia havia de fato começado. Respirei fundo e fui me trocar para o desjejum.

A enorme mesa matinal da Família Real estava posta. Na cabeçeira estava o meu pai, o Rei Gael, minha mãe, a Rainha Tácia, e minha irmã, a pequena Princesa Mily, de cinco anos.

Antes que eu esqueça de me apresentar, me chamo Hugo, tenho dezessete anos, e sou o Príncipe-Herdeiro do Reino de Austo, pertencemos a Casa de Voker, que reina o nosso povo por quase um século.

- Bom dia, família. - Falei ao adentrar na sala de jantar. - Como vai, minha pequena? - Dei um beijo na minha irmã.

- Bom dia, filho! - Responderam meu pai e minha mãe.

- Eu dormi muito bem. Sonhei que nós andávamos a cavalo e corríamos em volta do castelo. - Minha irmã me respondeu sorrindo.

- Então que dizer que minha princesinha quer passear com o irmãozinho dela? - Peguei a Mily no colo.

- Você vai passear comigo?

- Sim, minha princesinha. Vou brincar o dia todo com você.

Vi o sorriso estampado no rosto da Mily. Eu amava minha irmã e brincar com ela tornava o meu dia mais feliz.

- Filho, quando você terminar o desjejum, peço que vá até a Sala do Trono. Eu estarei esperando-o com o Alferno.

- Tudo bem, pai. Eu vejo o senhor e o Conselheiro em instantes.

Tomei meu desjejum e fui ao encontro do meu pai.

- Majestade, Sua Alteza Real, o Príncipe-Herdeiro, pede para ser anunciado e a Vossa permissão para adentrar o recinto.

- Faça-o entrar.

- Sim, Senhor. - O Mordomo Real abriu a porta para mim. - O Príncipe-Herdeiro, Majestade.

Eu entrei na Sala do Trono e o meu pai estava no Trono com minha mãe ao seu lado. Dividos em números iguais, estavam Duque Alferno, Conselheiro Real, Primeiro-Ministro e Ministro do Tesouro, junto com o Ministro de Relações Internacionais, Duque Bóris, o Ministro da Defesa, Marquês Úlisses, e o Ministro da Agricultura e Obras, Duque Lúvio, meu tio materno, ambos do lado direito, ao lado do meu pai. Ao lado da minha mãe, estavam a Ministra de Assuntos Internos e vice-Conselheira, Condessa Helga, o Ministro de Projetos e Orçamento, Conde Estevam, e o Ministro da Mineração, Comércio e Desenvolvimento, Príncipe François, irmão do meu pai.

- Senhores Ministros, convoquei esta reunião para tratarmos de um assunto muito importante: meu filho. Como todos sabem, meu filho em breve fará dezoito anos, o que o torna apto a assumir meu lugar no trono caso eu abdique em seu favor. Não farei isso, mas caso fizesse, estaríamos em boas mãos. O Duque Bóris, após intensa comunicação com o Reino de Vajor e com o Rei Antony, conseguiu firmar um possível acordo de casamento entre os nossos filhos. A Princesa Mariah, é uma linda jovem e tem a mesma idade que o meu filho. Quero informar a todos que eu e a Rainha iremos ao Reino de Vajor com o Conde Estevam, o Duque Bóris e a Condessa Helga. Deixarei meus filhos sob a vigilância do Primeiro-Ministro, que ajudará o Hugo durante a regência. Ficaremos cinco dias fora do Reino. Conto com você, meu filho. - Meu pai olhou diretamente para mim.

- Pai, será que podia falar com vocês dois a sós? - Apontei para meu pai e minha mãe.

- Claro, eu e sua mãe falaremos em particular com você. Senhores Ministros, nos dão licença?

- Sim, Majestade. - Todos se curvaram e saíram, exceto meu tio por ser irmão do Rei, o protocolo de nossa Casa Real nos permitia isso apenas em reuniões. Em público, apenas os cônjuges e os filhos do Monarca não precisavam se curvar. Salvo em casos de Coroação.

- Diga, filho, o que queria falar com sua mãe e comigo?

- Pai, sei que o senhor é muito justo, mas não quero ser forçado a casar com ninguém.

- Filho, o Monarca precisa pensar na continuação do seu reinado. Precisa pensar nas futuras gerações, no bem estar da Nação. O Reino de Vajor é tão poderoso quanto o nosso, e esse casamento vai beneficiar os dois Reinos. A Princesa Mariah é a segunda na linha de sucessão, casando com você ela será sua Rainha, o que é muito benéfico para ela. Além disso Vajor vai continuar sendo o nosso principal aliado na defesa e no comércio. É um acordo bilateral. Sua mãe já era nobre quando nos casamos, mas você se casando com a princesa de Vajor, poderá ter a certeza de que seu casamento será mais feliz do que o nosso.

- Pai, mas eu não preciso casar-me para manter um bom relacionamento diplomático com Vajor. Não pretendo casar e ainda mais tão jovem.

- Hugo, tudo já está quase formalizado. Não vou voltar atrás com minha palavra. Eu e sua mãe iremos assinar o acordo e ponto final. Você não tem escolha.

- Isso está errado, é injusto, desumano! Não poderei ser feliz nesse casamento.

- Do que você está falando?

- O senhor nunca percebeu que não gosto de garotas? Eu não quero me casar com nenhuma Princesa.

- Você enloqueceu, Hugo? Você vai ser o Rei de Austo, é um Príncipe de Voker, não pode ter esse corrompimento moral. Isso é desprezível para qualquer pessoa, ainda mais para o meu filho, o futuro Rei.

- Não quero seu Trono, seu Reino, eu quero ser feliz.

- Você vai fazer o que mando, entendeu?

Meu pai pegou-me pelo braço e jogou-me no chão. Pude sentir fúria em seus olhos.

- Por favor, Gael, não bata no nosso filho. Eu vou conversar com ele, meu amor. Permita-me que eu leve-o daqui.

- Saia com ele da minha frente, Tácia!

Minha mãe tirou-me da Sala do Trono e me levou para o meu quarto.

- Você está bem, meu filho?

- Mãe, convença-o a desistir desse acordo.

- Infelizmente eu não posso, filho. O Reino está muito conturbado, a economia está em declínio. Eu não estou de acordo, mas é o melhor a ser feito.

- Melhor para quem? Para o meu pai?

- Hugo, não seja tão duro com o seu pai. Ele já perdoou seu relacionamento com seu primo, mas você precisa entendê-lo. É difícil para ele entender sua orientação.

Eu tive um relacionamento com meu primo no passado, o Príncipe Bernard, filho do meu tio François. Pouco tempo depois meu pai descobriu, mas mandou o meu primo para longe, antes que meu tio e o resto da Côrte descobrissem.

- E por causa dele eu sofri durante esse tempo. Agora que o Bernard se casou com uma Condessa, vocês permitiram que ele voltasse. Eu vou sair um pouco. Preciso pensar em tudo o que aconteceu hoje.

- Meu filho, não vai fazer nenhuma besteira. Não irrite mais o seu pai.

- Eu queria ter nascido plebeu, talvez tudo fosse bem diferente.

- Ei, espera. Hoje é dia do seu treino militar, você não pode faltar.

- Estou sem cabeça para segurar uma espada e ficar me degladiando com outra pessoa. Não preciso disso hoje.

- Não sai assim, filho. Estou com um mal pressentimento.

- Vou levar a Mily para passear, eu prometi isso a ela.

- Tudo bem, mais tarde você precisar ouvir algumas instruções do seu pai e do Duque Alfenor.

- Não lembre-me disso.

Em umas das dependências do castelo...

- Você ouviu os gritos do Gael? Deve ter acontecido alguma coisa quando eles ficaram a sós.

- Eu sempre achei o Príncipe Hugo estranho. Os criados comentam muita coisa sobre o seu sobrinho, Príncipe François.

- Pare de ser maldoso, Alferno. Eu não gosto da ideia do Hugo suceder o meu irmão, mas não vou ficar pensando ou dando atenção aos falatórios de plebeus.

No estábulo...

- Alteza, veio buscar o Lírico?

- Sim, René, ele está pronto?

- Claro, Alteza. Vou trazê-lo até o senhor.

Alguns minutos depois o chefe do estábulo me traz o meu cavalo.

- Obrigado. Prometi a Mily que a levaria para um passeio. Ela gosta muito do Lírico. - Alisei a crina do meu cavalo.

- Ele está saudável e muito bem alimentado. Bom passeio, Alteza.

- Espero isso.

Montei no Lírico e peguei a Mily na porta principal do castelo. O castelo ficava bem próximo a uma grande reserva e logo nós começamos a cavalgar sentindo o vento no rosto.

Comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido naquela manhã. Lembrei-me também do Bernard, de como foi difícil ter separado-me dele.

Cavalgamos por um longo tempo ao redor da reserva e logo decidi parar para dar um descanso ao Lírico.

- Mily, você está com sede?

- Eu quero comer.

- Trouxe umas frutas e uns bolinhos. Vou forrar essa toalha aqui para lancharmos.

Quando acabei de estender a toalha, o René chega com alguns cavaleiros.

- Altezas, desculpem-nos por interrompê-los, mas a Rainha pede para que vocês retornem.

- Meu nome é Mily. Não gosto que me chamem de Alteza. - Falou, inocentemente.

- Somos Príncipes, minha pequena, e esse é o estilo formal pelo qual devemos ser tratados.

- Mas eu não gosto.

- René, aconteceu alguma coisa?

- Sim, Alteza, Sua Majestade desmaiou com a chegada da comitiva e pediu para vê-los.

- Comitiva? Quem chegou no castelo?

- Não sei informar.

- Vamos embora, Mily. A mamãe precisa da gente.

- Eu vou dar um beijo e ela logo ficará boa.

Voltamos para o castelo e fui ao encontro da minha mãe com a Mily.

- Mãe, como a senhora está? O que houve? - Peguei na mão dela.

- Passei mal quando vi a chegada do seu primo e da esposa.

- O Bernard voltou?

- Sim, meu filho. Ele está de volta.

O que será de mim?

Espero que curtam esse primeiro capítulo. Continuo?

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Beto Frissón a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

INTERESSANTE. NEM LONGO, NEM CURTO. ASSIM PRENDE.

0 0
Foto de perfil genérica

Tretas palacianas. Gostei só achei curtinho!

0 0

Listas em que este conto está presente