Já estava nos acréscimos do segundo tempo, e Sebastian, nosso treinador não queria mais um empate, já que era um jogo que ele julgava muito importante para o time. Eu nunca ligará tanto, já que para mim não passava de um passa tempo.
[ 20 minutos antes de acabar o segundo tempo ]
- Time eu não tenho tempo para perder como vocês, então quando vão parar de jogar que nem maricas ?? – Disse Sebastian suando de nervoso.
- Estou vendo o time ser levado nas costas pelo Artur e Fernando, os demais vão ficar parado até quando? Esse vai ser o terceiro jogo em que não saímos com uma vitória, 3 de vocês não vi semana passada no treino, estão mais relaxados do que uma criancinha de 12 anos que aposto que mandaria muito bem.
-Relaxa aí chefe, iremos recuperar neste segundo tempo você vai ver. –Disse Ricardo escorado em uma pilastra.
-Artur, Fernando conto com empenho e engajamento dos meus volantes naquele campo, eu quero marcação, não deixem passar nada. – Marcelo defenda sua posição, não quero nenhum gol vazado.
Mais alguns minutos de sermão e voltamos para o campo. O calor estava fritando meus neurônios, não conseguia pensar direito, calcular os meus passos, só pensava em tomar a bola do time oposto e correr para o gol.
[ Voltando para os Acréscimos ]
-Artur, me passa essa bola. Disse Fernando suando frio, me olhando desesperado.
A área, estava livre sem pensar muito bem passei a bola para Fernando que estava frente a frente ao goleiro. Foi quando aos 47:00 min do segundo tempo, escutamos aquele grito de Sebastian desesperado;
-GOOOOOOL!! –Puta que pariu, vocês querem foder com meu coração.
Me perdi, no meio daquela gritaria e vi todos do time correr para o abraço, Leandro, Jorge, Ricardo, Rodrigo, Daniel já faziam uma dancinha para comemoração de mais um gol.
Senti uma mão me envolver no pescoço, aquele suor exalava no campo e aqueles músculos que demarcavam o uniforme.
-Formamos uma bela dupla em Artur. Disse Fernando me olhando com aquele sorriso amarelo.
-Até que sim...
-Pow, está me tirando brother, aquela marcação, aquele passe, não é pra qualquer um.
-Realmente não é Nando, mas o Sebastian fala muito na nossa orelha, tem horas que fico louco.
-Ele é o treinador cara, é o papel dele nos cobrar, incentivar, afinal somos o time desta cidade, precisamos manter a tradição, colecionar medalhas, troféus, títulos.
-Não ligo pra isso, faço por diversão e sim somos uma boa dupla.
-É assim que se fala moleque, e pra comemorar tem churras e breja na casa do Sebastian, você vai né?
-Ainda não sei, prometi pra minha mãe que almoçaria em casa.
-Para de frescura Artur, ela vai entender. Senti Fernando me apertar ainda mais, sentindo seu corpo colar no meu.
-Agora me solta que ta me sufocando Nando, vamos lá comemorar com o resto do time.
Fomos até Sebastian que estava junto dos outros jogadores comemorando a vitória.
...
Esqueci de me apresentar, me chamo Artur, tenho 24 anos filho único 1,75 de altura, olhos cor de jabuticaba, cabelos castanhos, um físico normal pra um jovem da minha idade que treina futebol. Moro com meus pais Célia e Roberto, um casal com união há mais de 23 anos. Meu pai vive pro trabalho, temos uma padaria onde ele cuida há mais de dez anos, minha mãe é secretária de uma contabilidade, tivemos uma vida tranquila, posso dizer que tudo o que tenho devo aos meus pais que sempre investiram em mim.
Porque falar do futebol, o futebol nada mais é a conexão que tenho com o Nando, somos amigos desde a pré-escola, moramos sempre no mesmo bairro, frequentávamos a casa um do outro todos os dias a tarde para jogar vídeo-game, e sempre acabávamos com o futebol de rua, nossa amizade foi algo que aconteceu naturalmente e ganhou proporções que jamais imaginei estar contando pra todos aqui.
Fernando tem a mesma idade que eu, ao contrário de mim ele é um pouco mais alto, cabelos pretos, olhos verdes escuros herdados do pai, mas a beleza acredito que tenha herdado da mãe, Cecilia uma mulher robusta, e não aparentava nunca ter 44 anos, sempre muito fina e elegante, mas o pai de Nando não passava muito longe, Joaquim um Senhor boa pinta, barba cerrada, um olhar e sorriso marcante, parecido com o de Fernando. Seus pais viviam fora trabalhando, sua mãe era comissária de bordo e seu pai Engenheiro mecânico.
Na maioria das vezes em que os pais de Fernando viajava, ele dormia em casa, nossos pais se conheciam o suficiente para permitir isso. Logo depois que criou idade para ficar sozinho em casa, não era tão necessária a vinda dele em casa, se não fosse pela sua irmã Beatriz que nascera anos depois, o que fez com que a mãe de Nando desse uma pausa em sua Carreira e Fernando passasse mais tempo em casa pois não aguentava o choro da sua irmã recém nascida.
...
[ Atualmente ]
Fui para o vestiário trocar de roupa, queria descansar depois daqueles 90 minutos de jogo exaustivo, o vapor era tanto naquele banheiro que mal se podia ver. Fui até meu armário pegar minha mochila.
- Bela jogada a sua Artur para o Fernando, se não fosse por vocês estaríamos escutando merda do Sebastian até agora. Disse Ricardo enrolando a toalha na cintura.
- Não foi nada demais, e todos aqui deram o seu melhor, afinal somos um time.
- Rick o Artur não gosta de se gabar, mas eu fico com o nosso título de dupla imbatível. Gritou Fernando do outro lado do chuveiro.
- Falando nisso, me empresta teu xampu ai Artur, esqueci o meu.
- Tu ta me devendo um xampu novo, ta pior que mulher pra cuidar desse cabelo.
- Coé, para de reclamar, afinal esses cabelos aqui não é pra qualquer um.
Fui até Nando, e não pude deixar de notar aquela bunda redonda, estava desconcertado e ele mal percebeu que eu estava ali, bem atrás dele notando ele. Afinal nem sei porque estava notando ele, de um tempo para cá meus sentimentos por ele estavam meio confusos, não sabia como explicar e muito menos porque aquilo estava brotando em mim.
-Toma ai, pode ficar com ele. Dei de ombros e fui a caminho da minha bolsa para me trocar.
-Não vai tomar banho não?
-To com pressa, quero descansar, faço isso em casa.
-Ta certo, mais tarde te passo para irmos pro Churras.
-Ainda não sei se vou.
-Qual é Artur, fala com tua mãe ela vai entender, é a vitória do nosso time, você precisa estar lá.
-Verei o que posso fazer.
Troquei de roupa coloquei meu uniforme na bolsa e fui para o estacionamento encontrar a minha moto.
O caminho não era tão longo até em casa, nada que 10 minutos em uma moto resolvesse, coloquei meus fones de ouvido, peguei minha moto e segui meu caminho em direção a minha casa. Passei na padaria antes para ver como meu pai estava.
-Meu filho, que surpresa em te ver por aqui tão cedo, como foi o jogo?
-Foi bem tenso pai, mas desempatamos no acréscimo do segundo tempo.
-Mas que beleza, aposto que foi um jogo e tanto.
-Foi sim pai, cadê a Fabiola? Não está trabalhando hoje?
-Já dispensei ela, tá quase na hora de fechar já eu do conta sozinho. Meu pai olhava tranquilamente ao redor, transmitindo aquela paz que consigo ver em poucas pessoas.
-Eu te ajudo a fechar pai.
Ajudei meu pai guardar as coisas da padaria, fechei o caixa e peguei uns pães que havia sobrado para levar para um abrigo próximo a cidade. Normalmente as pessoas jogam fora os pães com menos de 1 dia, sabendo que pode ser aproveitado e alimentar outras pessoas.
Fomos pra casa onde o horário do almoço já se aproximava, ao adentrar vi risadas na sala era minha mãe sentada conversando com Fernando.
-Filho ainda bem que chegou, já estava preocupada o Nando disse que faz tempo que o jogo acabou.
-Passei na padaria, pra ver o movimento e acabei ficando por lá.
-Quando for assim me avisa Artur
-É Artur. Fernando falava em tom de deboche.
-Mãe eu não tenho mais dez anos, sei bem o que estou fazendo.
-O Nando disse do passe que fizeram no ultimo tempo, eu deveria estar lá para prestigiar.
-Na próxima quero você na primeira fileira dona Célia e você também senhor Roberto!
-Preciso arrumar alguém que tome conta da padaria, senão fica muito difícil de trancar e perder o dia.
-Eu imagino pai, mas vamos dar um jeito nisso.
-Galera o papo está ótimo, vocês são incríveis mas eu e o Artur precisamos ir. Fernando se levantava caminhando em direção a porta.
-Nando eu disse que não poderei ir, o almoço é aqui em casa hoje.
-Filho não se preocupa, ele me explicou, isso é importante para vocês, você precisa estar lá, eu e seu pai entendemos, o almoço fica pra outra hora. Disse minha mãe encostando em meus ombros.
-Prometo que volto pra jantar mãe, e você Nando pode fazer o favor de esperar que vou tomar banho.
-Se tivesse feito como eu, estaríamos pronto.
-Sossega ai, não vou demorar.
Fui até ao meu quarto peguei uma toalha e uma cueca limpa e fui tomar um banho gelado. O sol estava estralando, mentalmente eu estava cansado, não sei bem o porquê mas hora ou outra meu pensamento estava longe eu parecia estar flutuando no meio do nada, uma confusão de sentimentos.
Me enrolei na toalha, coloquei minha cueca e fui me trocar.
Fernando estava sentado na beira da cama, com um quadro na mão...
-Cara eu me lembro desse dia como se fosse ontem
-Eu me lembro toda vez que olho essa foto, por sua culpa nos perdemos na trilha...
-Hey, minha culpa? Você podia muito bem ir com o resto do pessoal.
-Poderia mas não fui, não ia deixar você se meter em confusão sozinho.
-Levei tanto xingo naquele dia...
-Deveria ter tomado uma surra por desviar nosso caminho da trilha e nos deixar perdido durante 6 horas Fernando.
-Mas foi uma aventura e tanto.
-E como foi...
Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu, eu e o Nando estávamos fazendo trilha com um pessoal da escola, mas estava muito chato e foi ai que ele decidiu desviar o caminho, disse que chegaríamos mais rápido e seria muito mais divertido, eu acabei indo na onda e deu no que deu.
Peguei uma regata e uma bermuda branca, passei um perfume e fomos para casa de Sebastian, fomos na minha moto já que Fernando estava a pé.
...
Chegamos na casa de Sebastian e fomos recebido por sua esposa Suzane, uma loira alta, cabelos longos, toda ajeitada e não aparentava a idade que tinha. Sebastian era louco por ela e tinha um ciúmes daquela mulher.
-Meninos que bom que vieram, já era hora, só faltava vocês. Suzane nos cumprimentava enquanto estava com uma Cerveja na mão.
-Culpa do Artur, que enrolou
Fitei Fernando enquanto fuzilava com os olhos.
-Não tem problema, o importante é que vieram, os meninos estão lá no fundo, fiquem à vontade a casa é de vocês.
Fomos até a churrasqueira onde todos estavam, uns jogando truco, outros bebendo, Sebastian tomava conta da Churrasqueira enquanto mandava pra dentro uma dose de Tequila.
-Os meus garotos chegaram!!
-Ele já ta mamado. Sussurrei no ouvido de Fernando.
-Entra na onda Artur...
-É claro que não iriamos deixar de comparecer, e precisamos desse churras já que não aguentava mais você falando na minha orelha. Fernando cuspia as palavras ao mesmo tempo que ria.
-Faço isso pelo time, e agradeço todos hoje que estão aqui, é uma vitória nossa e precisamos manter essa pegada, mas hoje não é dia pra falar de técnicas, vamos comemorar...
Jorge, Marcelo, Daniel e Rodrigo estavam numa roda de Truco, junto de Marcelo estava sua namorada Claudia e junto de Jorge estava Milena, ambas muito bem arrumadas pra um churrasco.
Leandro e Ricardo estava ao lado de Camille uma amiga deles do futebol e que quase na maioria das vezes estava por perto.
Nos juntamos a eles e ficamos ali conversando amenidades, hora ou outra estávamos bebendo algo, mas parei na segunda cerveja pois estava dirigindo. Fernando mandava ver com Sebastian e sua mulher arrumava a mesa com os pratos e talheres.
-Meninos como vocês se sentem sendo a atração do time. Perguntou Camille encarando a mim e Fernando.
-Acho que não tem atração do time, melhor ou pior, todos jogamos iguais. Respondi sucinto.
-Gosto do trabalho que faço com meu parceiro. Fernando sorria enquanto dava um gole na sua caipirinha.
-Eu gosto do que vejo no campo. Camille mirava seus olhos em Fernando.
Leandro e Ricardo por sua vez perceberam a indireta e sorriram discretamente.
-Ah Valeu.
-Poderíamos sair qualquer dia desses o que acha? Um cinema, uma balada, meus pais não estão em casa na quarto, se quiser aparecer por lá.
Não acreditei naquilo que acabara de ouvir, foi tipo um convite para transar. Os meninos arregalaram os olhos.
-Vou dar uma licença para vocês conversarem mais à vontade. Ricardo se retirou e Leandro por sua vez acabou acompanhando.
Bom aquele trio havia ficado esquisito e aquela conversa estava me incomodando não sei bem porquê.
-Vou ali ajudar a Suzane com a mesa. Me retirei sem olhar pra trás.
Eles haviam entendido o recado, e Fernando ficara ali com uma cara de paisagem.
O churrasco fluía tranquilamente, a maioria do pessoal estava embriagado, e eu parecia aquelas tias que fica responsável por todos. Sebastian estava tão louco que arrastou Fernando para a piscina. Foi quando vi aquele monte de agua sair fora da piscina e preenchendo o gramado.
-Fernando me espera. Camille tirou sua roupa ficando apenas de biquíni.
Foi notável quando todos viram ela pulando no colo de Fernando, não sei porque mas meu sangue subiu quando vi ela indo pra cima dele tentando arrancar um beijo.
Realmente eu estava ligado a Fernando e era algo mais do que uma simples amizade, tínhamos uma conexão, mas meus sentimentos estavam diferentes, não sentia atração ao beijar uma garota, e meu coração sempre disparava quando ele estava por perto. Não me imaginava gay, mas era hora de eu aceitar as coisas como elas realmente estavam acontecendo.
Resolvi pegar minhas coisas e ir embora.
-Marcelo você pode dar uma carona por Fernando? Ele não está em condições de ir embora sozinho e eu já estou de saída.
-Qual é já vai? Está tudo bem contigo?
- Não estou me sentindo muito bem.
Mentira...
-Quer que eu te leve irmãozinho?
-Não, dá pra eu ir tranquilo.
-Se cuida cara, eu levo o Nando.
-Beleza, valeu.
Me despedi de Suzane que estava na cozinha, inventei a mesma desculpa e sai de lá as pressas, o ambiente não estava muito legal, tudo que eu queria era ir pra casa e descansar um pouco.
Subi na moto e parti em direção pra casa, precisava entender tudo o que estava acontecendo comigo...
BOM PRIMEIRAMENTE ESPERO QUE GOSTEM, SE FOR DO AGRADO DE TODOS CONTINUAREI A HISTÓRIA