Eu te vejo. Estamos próximos, mas não como eu gostaria. Neste vagão de trem um pouco cheio, com pessoas me acotovelando, eu te vejo.
Você entrou há pouco tempo, na mesma estação que eu, e de imediato nossos olhares se cruzaram, ainda que por menos de dois segundos, mas foi o suficiente para despertar meu interesse. Agora você olha ao redor, para se certificar de que ninguém mais vai entrar, assim você pode ficar encostado na porta, que só voltará a se abrir muito tempo depois. O sinal de fechamento das portas soa, elas se fecham e então o trem começa a se mover.
Você está quase na minha frente, próximo da porta, mas há duas pessoas entre nós. Do meu lado está um jovem branco, com cabelo castanho claro cortado como se fosse uma tigela, vestindo uma blusa xadrez vermelha e preta. Mas ele não me desperta interesse algum. Minha atenção é toda para você.
Não posso ver suas pernas, mas seu tronco forte me chama a atenção. A barba cerrada, escura, acentua seu rosto quadrado, suas feições graves, os olhos pretos e um tanto pequenos. O cavanhaque emoldura a boca reta, de lábios grossos e amarronzados — que me atraem de imediato. O boné cinza de aba reta encobre seu cabelo cortado à máquina um.
Tento disfarçar, mas não consigo. Olho uma, duas, três vezes para você. Seu rosto me é familiar, mas não sei dizer de onde te conheço. Mas este seguramente não é o motivo para que eu te olhe tanto.
Nossos olhares se cruzam de novo, enquanto você coça sua barba, distraído com alguma coisa — talvez. Novamente este momento dura apenas um instante, já que não consigo sustentá-lo e, por reflexo, desvio o olhar, fingindo ler o nome das estações, como se já não conhecesse de cor aquele trajeto. Passados alguns segundos te olho mais uma vez, e, novamente, nossos olhares se cruzam. Sinto uma descarga de adrenalina em minhas veias, misturada à vergonha de ser pego no flagra, como se fosse um crime admirar o que me é belo. Por reflexo desvio o olhar, baixando-o para meu braço. Amaldiçôo-me por isso, já que além de involuntariamente testar sua paciência, estou frustrado comigo mesmo por não conseguir flertar direito. Falta-me um pouco mais de maturidade — logo eu que me considerava, e sempre me orgulhei de parecer, tão maduro e sábio.
Novamente, no instante seguinte, eu te olho, com uma estranha esperança de que você corresponda mais uma vez o olhar, mas desta feita não tenho tal sorte. Seus olhos estão fixos em algo a sua frente, certamente algo que não posso ver, pois estou de costas para ela, mas não ouso me virar para ver, seria "dar (muita) bandeira". Fico um tanto irritado. Queria você olhando para mim, apenas para mim, toda a sua atenção voltada para mim. Mas isso passa rapidamente ao perceber que posso aproveitar esse momento para analisar suas feições com mais calma.
Seu jeito grave, — imagino — até mesmo carrancudo, destacado pela barba cerrada, me atrai. Gosto de homem com cara e jeito "de homem". Mas são, principalmente, seus lábios carnudos que me atraem, como se fossem imãs, e eu, bem, um simples pedaço de metal.
Involuntariamente me imagino te beijando, mordendo seus lábios de leve, te atiçando. Sua língua raspando na minha, e no instante seguinte elas estão se tocando, o beijo ficando mais selvagem, numa tentativa velada de definir quem tem controle sobre quem. Naturalmente, sabemos a resposta. É óbvio, não é?
Num momento, olho para cima, buscando ver sua mão, esperando que você não tenha uma aliança em algum dos dedos anelares. Não consigo ver de imediato, mas não me recordo de ter visto nenhum aro em seus dedos. Logo, você não é casado ou noivo, ou mantém um compromisso com alguém. Mas, agora que vejo melhor, não há nem mesmo uma corrente, ou fitinha presa ao pulso, um pequeno alargador na orelha, nem nada. Não gosta de acessórios? Que pena. Acho que você ficaria tão bonito com eles... Realçaria muito sua masculinidade... Se bem que você não precisa de nada disso, já é naturalmente sensual. É por isso que você não usa acessórios? Você já sabe o que é, o que acham de você, e valoriza isso naturalmente. Se for, parabéns, continue assim.
Vejo que você segura com firmeza o ferro que serve de apoio para mãos no trem, os nós dos dedos estão brancos. Suas mãos são grandes e fortes. Será que elas cobririam meu rosto se você as colocasse sobre ele? Imagino que um tapa seu deve doer muito... Será que deixa marca na bunda das pessoas sortudas com que você transa? Imediatamente te imagino como um ator de filme pornô, sentado num sofá, as pernas afastadas, e alguém pulando em seu colo, cavalgando como uma amazona, enquanto você mantém suas mãos pesadas na bunda, ajudando, guiando os movimentos.
Então você faz um movimento e eu rapidamente encaro a parede a minha frente, fingindo ler o aviso acima do banco reservado para idosos. Infelizmente você interrompeu minha diversão em te admirar... Isso não se faz, sabia?
Mas já tive o suficiente, por ora. No instante seguinte, com as lembranças ainda frescas na memória e a imaginação a mil, me imagino beijando sua mão, chupando seus dedos, grandes, roliços, enquanto te olho, te provoco. Logo a seguir você morderia o lábio inferior, se controlando para não me tomar em seus braços e me beijar vorazmente. Ainda assim, começa a fazer movimentos de entra e sai com o dedo indicador, enquanto eu, com um biquinho, o chupo. Seguro sua mão e lentamente retiro o dedo de dentro da minha boca, sugando com força, enquanto te encaro. Então lambo, passo a língua ao redor da ponta, e volto a "engolir" seu dedo. Repito isto várias vezes até você perder o controle e me beijar, um beijo selvagem, cheio de malícia e desejo. Conduza o beijo, eu deixo. Satisfaça sua vontade, e, naturalmente, a minha. Estou quase entregue a você, então só deixe rolar, não ouse parar minha diversão logo agora.
Dentro da minha calça algo começa a inchar, ganhar volume. Conto até cinquenta para distrair minha mente e me controlar. Não posso me excitar excitado num lugar desses, público, cercado de pessoas, ainda mais estando em pé, com gente sentada de frente pra mim. Não é mesmo senhora do cabelo preto chanel sentada ao lado da moça grávida que usa agasalho azul, pouco mais claro que o celeste? Não acho que vocês ficariam confortáveis com isso. E muito menos eu, sou tímido apesar da minha mente pecaminosa e sem controle. Mas não acho que você teria vergonha de uma coisa destas, ver um cara — ou mesmo você ficar — excitado, não é? Provavelmente não. Não com o seu jeito despreocupado e confiante. Imagino que você não deve ter problema algum em ficar pelado na frente de desconhecidos, ao contrário de mim. Talvez você seja até exibicionista... E, bem, não te culparia. Também seria se fosse igual a você. Em meu íntimo quero ser como você, e deve ser por isso mesmo estou tão atraído. Quero você pra mim para que você supra o que eu não tenho, e provavelmente não terei. Freud deve explicar isso em um dos seus trabalhos — acho.
O homem do programa de rádio que escuto está falando o mesmo de sempre, mas eu ignoro completamente o que sai dos meus fones de ouvido. Minha atenção é voltada única e exclusivamente pra você. E, naturalmente, para minha mente fértil que nos coloca juntos em situações cada vez mais excitantes para mim. E certamente para você também, se soubesse o que estou imaginando. Faltam cinco estações para eu descer, o que dá cerca de vinte minutos. Tenho tempo para imaginar mais, te desejar mais.
Novamente te olho. Agora você está mexendo no celular. Segurando no apoio para mãos trem com uma mão, enquanto mexe no celular com a outra, te deixa numa posição tão despojada, tão segura de si, como se você estivesse posando para uma revista de moda. Parece digitar algo, mas logo coloca o aparelho no bolso da calça. Vejo que você puxou a manga de seu moletom azul marinho até o cotovelo, e agora seus pulsos e os antebraços estão à mostra. São fortes como as mãos. A pele é grossa, morena. Artérias grossas e em relevo marcam a pele, formando alguns desenhos abstratos, e isso me deixa louco. Então percebo que sob seu agasalho há braços fortes. Os bíceps, tríceps — e quais forem os outros músculos — flexionados me indicam a grossura de seu braço.
Agora imagino você me abraçando forte, suas mãos passeando por minhas costas, esfregando minha pele ainda sob minha camiseta. É gostoso te sentir. A maciez de seu agasalho é como um abraço morno... Queria ficar assim para sempre. No instante seguinte você está sem camiseta, e eu abraço sua cintura. Afundo meu rosto em seu peito estufado, e te aperto com força. Seu cheiro me excita. Sinto sua pele grossa sob a palma das minhas mãos, certamente mais macias do que as suas, e você me elogia por isso. Diz que isso te excita. Eu sorrio e você toma meus lábios com os seus, num beijo terno e suave. Então eu passo a mão por sua barba, que espeta meus dedos, mas eu ignoro. Tudo o que quero é acariciar seu rosto. Você sorri com meus carinhos e sem esforço me pega no colo. O beijo se aprofunda, sua mão sobe pela linha da coluna, me arrepiando os pelos do corpo.
Quatro estações até eu descer. O trem está um pouco mais vazio. Apenas uma pessoa entre nós. Uma mulher branca de cabelo escuro, com mechas californianas de um loiro desbotado. Ela parece ter minha altura e é mais baixa que você. A aparente diferença de altura entre nós dois me faz internamente feliz. Agora, com o vagão mais vazio, posso ver suas pernas. Você está usando uma calça slim preta, que se prende às suas panturrilhas e fica um pouco folgada nas coxas, que imagino serem fortes pelo volume que noto. Você não usa cinto, a calça fica presa à sua cintura devido a seu quadril grosso. O agasalho cobre sua cueca, infelizmente. Esperava vê-la, ver a cor dela, a marca dela, parte dela saindo pelo cós da calça. Queria ver mais da sua pele, sua barriga, sua braguilha até.
Descendo o olhar vejo que você usa botas pretas, o bico delas já desbotada pelo uso. A primeira coisa que me vêm à cabeça é que você é trabalhador braçal... Talvez um pedreiro, ou um mecânico, quem sabe.
Em minha mente, agora te imagino num uniforme qualquer, o rosto e pescoço suados, avermelhados devido ao calor e esforço físico. Estou tirando sua camiseta depois de um dia puxado de trabalho, a pele ainda brilhando com o suor, os pelos do seu peito, pretos e grossos, colados à pele.
Inclino-me sobre seu corpo e aspiro o cheiro dele misturado ao delicioso cheiro do desodorante masculino que você usa. Esta mistura me deixa alucinado, e então você se esparrama num sofá, abrindo os braços fortes no encosto, rindo de mim, mas gostando do que estou fazendo.
Sem que eu peça você levanta os braços, coloca as mãos atrás da cabeça, deixa à mostra suas axilas peludas e suadas. Deliro com a visão excitante do seu corpo, os músculos retraídos, a pele morena devido ao sol. Em seguida a beijo, sinto o gosto salgado do suor em meus lábios. Subo devagar por seu corpo, primeiro a barriga, depois o peitoral forte. A seguir a clavícula, o pescoço, a bochecha, e termino beijando sua boca, num beijo voraz onde você me mostra o quanto sentiu minha falta naquele dia. Sinto suas mãos fortes na minha cintura, a palma áspera arranha minha pele, mas isso me excita. Estou sentado em seu colo, e bem embaixo da minha bunda, algo dentro da sua calça azul marinho pulsa, pedindo para sair, exigindo atenção. Seguro o volume na sua braguilha com força, sentindo a quentura, e o volume responde, pulsando contra minha mão, como se tivesse vontade própria. Sorrio.
Só então me lembro de onde estou, sonhando acordado ainda num vagão de trem, em pé, e novamente tenho que fazer uma contagem mental para me controlar.
Não há ninguém na nossa frente. Vejo você por completo... Deus, como você é grande! Forte! Imponente! E pela primeira vez na vida lamento o vagão não estar cheio.
Minha cabeça me coloca agora a sua frente. Não estamos nestes trens novos, com ar-condicionado, lâmpadas fluorescentes potentes e câmeras de segurança. Estamos num trem mais antigo, daqueles onde a meia luz torna o ambiente mais propenso ao tipo de brincadeira que estou imaginando.
Estamos num trem tão cheio que mal há espaço para se mexer. De algum jeito eu acabei ficando a sua frente, e você, graças à lotação do transporte, está bem atrás de mim. Sinto sua respiração no topo da minha cabeça, o calor do seu corpo nas minhas costas.
Com a mão direita você segura o apoio para mãos, enquanto que com a esquerda, ao lado do corpo, segura sua mochila. Já eu, nem consigo um espacinho que seja para segurar. Fico parado, prensado entre você e um homem já cinquentão, a minha frente, de lado, de alguma maneira mexendo em seu celular. À medida que o trem se movimenta, meu corpo começa a se encaixar no seu. Sinto seu peito colado às minhas costas, sua respiração tão próxima de mim, seu cheiro, seu calor. Para te atiçar empino minha bunda e ela fica bem próxima à sua braguilha. Com o movimento do trem, em pouco tempo sinto algo tomar forma em sua calça, espetar minha bunda, correspondendo aos meus movimentos. Olho para trás, buscando seu rosto, e você me encara, o cenho franzido, os olhos confusos. Desvio o olhar rapidamente, volto à minha posição inicial, e nada faço. Estou gostando, obviamente. E você precisava saber disso. A seguir sinto algo quente segurar meu quadril. Pelo canto de olho vejo sua mão esquerda. Sorrio. Endireito as costas e colo meu corpo no seu. O calor do seu corpo me envolve, e dali não quero sair. Você me pressiona contra seu corpo com mais força, e começa a timidamente mover seu quadril, aproveitando os movimentos deste trem velho e perfeito para nosso momento particular, ainda que em público. Eu o acompanho, mudo o apoio dos pés a todo instante. Quero te sentir. E sinto. Às minhas costas te sinto me espetando. Alguém estaria vendo nosso divertimento? Não sei. Não ligo. Que olhem. Só o que me interessa é você, nada mais.
Novamente me excito. Novamente faço uma contagem.
Olho pra você novamente. Você corresponde. Desvio o olhar e me amaldiçôo logo em seguida. “Mas que merda! Será que não consigo sustentar o olhar?” penso comigo mesmo. Olho de novo e me forço a não desviar o olhar ao mesmo tempo em que sorrio timidamente, na esperança de que você veja. Você está olhando fixamente para fora, não para mim. Mas não tenho medo de você me xingar. Não tenho mesmo. Na pior das hipóteses inventaria uma desculpa qualquer para te olhar tanto... Um "você se chama João? Acho que estudamos juntos na..." e tudo ficaria bem. Mas, não sei, acho que você nunca cairia nisso. Você é certamente mais velho do que eu, tem mais experiência que eu — certamente! — e perceberia rápido que é uma desculpa esfarrapada. Mas isso não importa. No fim, não preciso inventar nada. Você nem parece bravo com meus olhares, agora que te vejo melhor. E você é mais bonito do que eu me lembrava.
Infelizmente descerei na próxima estação. Fico a frente da porta. Agora estamos frente a frente. Percebendo que descerei, você se afasta da porta, e se aproxima perigosamente de mim. Estamos frente a frente, você está quase colado ao meu lado direito. Minha respiração acelera, um calor toma meu corpo, apesar do friozinho que faz lá fora. Tudo está abafado, as roupas me incomodam. Realmente, você é mais alto do que eu, e certamente mais forte. E isso só serve para me excitar mais. Faço uma nova contagem mental, mas está difícil me controlar. Você se importa de me ver excitado? O que faria se descobrisse que é por sua causa?
Você segura o apoio para mãos para se equilibrar e sua cintura está tão próxima de mim... Minha vontade é de enlaçá-la com meus braços e colar nossos corpos. Sentir seus músculos, seu cheiro, seu calor. Enfim, te sentir.
Suas roupas têm um cheiro bom... É o amaciante ou o seu perfume?
Olho pra você e você me olha de volta. Desvio o olhar, envergonhado, instantes depois. Há algo em seu olhar, mas não sei o que é. Seria dúvida? Curiosidade? Não é irritação, certamente, tenho certeza disso. O que você estará pensando de mim?
"Quem é esse que tanto me olha?"
Agora que estamos tão próximos sinto seu calor. Deus!, você é uma fornalha. Meu lado direito do corpo está morno. Só agora percebo que meu braço direito, estendido ao lado do corpo, está bem próximo da sua virilha, e você, como se nada estivesse acontecendo, com uma perigosa e enlouquecedora inocência, olha fixamente para fora, ignorando o que acontece. Se não tomar cuidado, qualquer movimento brusco e acabo tocando sua braguilha e partes íntimas. Não é isso quê você quer, não é? Não posso fazer isso... Não em público. E as condições não são favoráveis. Podemos ser presos. Um pequeno passo meu para me equilibrar e nos aproximamos um pouco mais. Cerca de 30 centímetros nos separam. Quero te abraçar, a vontade é grande, mas me contenho. Minha respiração acelera, e respirar está complicado. Você está sentindo o mesmo que eu?
Minha estação está próxima e minha mente fervilha de ideias. Talvez você também desça na próxima estação. “Não...” minha mente me lembra do óbvio. “... ou não estaria de frente para mim”.
Mas veja, você pode descer na próxima estação, junto comigo. Que tal? Pense nisto: eu finjo que tenho que ir ao banheiro e vou na frente. Você vem logo atrás e faz o mesmo. Os dois fazem hora no banheiro até o mesmo esvaziar. Daí eu entro numa cabine e você vêm logo atrás pra satisfazer uns fetiches meus. Prometo que você vai gostar e, também, vai ser rápido. Ou não, depende de você.
"Você entende meu plano?" penso comigo mesmo. Eu te olho e você retribui o olhar. Desvio rapidamente, mas me forço a sorrir levemente. Estou envergonhado comigo mesmo por pensar isso.
Olho para o lado, em direção à hora num dos monitores do trem e coincidentemente você está bem na frente. Você me olha, curioso, mas eu não retribuo de imediato. Desta vez só quero ver a hora mesmo
— 19h21min — digo quase num sussurro, que você ouve.
Mesmo assim não deixo de notar seu rosto atraente e meus olhos se fixam nos seus lábios. Minha boca repentinamente fica seca. “Olhe para mim, por favor. Entendeu meu plano, né? Preciso explicar algo mais?”
— Próxima estação — diz a voz computadorizada nos alto-falantes do trem. Meu coração bate forte. Chegou a hora. Estou ansioso e acho que não consigo mais me conter. Vem comigo.
"Não, espera!" penso. Uma passageira se aproximou e você se afastou de mim. Finjo olhar as horas no monitor do trem e pelo canto do olho vejo que você está atrás de mim. O que está fazendo? Não foi esse o nosso combinado!
As portas do vagão se abrem e eu, lentamente, ando até as escadas rolantes. Finjo procurar alguma coisa e olho disfarçadamente para trás. Você não está lá. Na escada novamente olho para trás, te procurando entre a multidão que esperava para subir. Nada.
Chego ao piso superior da estação com certo desanimo. Apenas para ter certeza, e com uma última ponta de esperança, olho para trás, te procurando uma última vez. Você realmente não está lá. Mas não tem problema. Talvez amanhã eu me atrase de novo e consiga te ver.
Apresso o passo para não perder o ônibus que pego diariamente até minha casa. No caminho, olhando para fora pela janela, minha mente imagina coisas enquanto o ônibus segue pelas ruas iluminadas pelas luzes opacas de postes velhos.
Na minha mente estou seguindo pelo piso superior, e olho para trás. Não te vejo. Mas ao me virar, topo de frente com você, que me abraça com força e me beija. Naturalmente, retribuo. Estamos alheios ao resto do mundo que certamente nos olha...
Imediatamente me censuro mentalmente por sonhar acordado e com coisas tão bobas, como sempre, como uma adolescente apaixonada. Fazer o que? “Sou um apaixonado incurável”, parafraseando alguém que não me lembro o nome. Sorrio.
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