Pela Honra do Meu Pai - Capítulo 3

Um conto erótico de Allana Prado
Categoria: Homossexual
Contém 2585 palavras
Data: 25/09/2017 11:09:31

"Para a maioria dos homens, dor significa ódio, e ódio significa vingança."

Passei o domingo todo sem nenhuma daquelas notícias que eu estava esperando, isso era muito irritante, nunca precisei esperar por algo e não tinha muita paciência pra isso. Mas não deixei que isso me abatesse, o garoto estava caidinho por mim e ele mesmo confessou isso, tudo era questão de tempo para que se acertasse, pensei. Também estava mais calmo e mais conformado agora, eu sabia quando entrei nisso que teria que me submeter a coisas, então iria fazer da melhor maneira possível, partiria pra cima dele do jeito que jamais parti pra cima de qualquer mulher.

Um pouco mais tarde, quando eu já começava a ficar entediado com aquele domingo frustrante, eu me lembrei de fazer uma coisa que há tempos não fazia. Retornar as inúmeras ligações da minha mãe durante a semana. Minha relação com ela não era uma das melhores, nossas opiniões sobre o passado eram totalmente diferentes e consequentemente nós sempre tentávamos nos evitar por causa do atrito que causava.

-Oi mãe. Como vai? – Tentei ser o mais simpático possível e esquecer a ultima vez que nos falamos.

-Joaquim meu filho! Estou bem, tá tudo bem contigo? Você sumiu e eu estava preocupada.

-Aah, mãe, eu ando numa correria que não tive tempo. – Dei essa desculpa.

Do outro lado ela fez silencio, ela mais do que ninguém sabia do meu jeito peculiar e um tanto criminoso de viver e me sustentar, claro que como mãe ela não concordava, mas não tinha muito que fazer.

-Kim... você sabe que...

-Tá tudo bem mãe, não é nada disso que você tá pensando. Pra sua informação, eu voltei a estudar, tá!

Interrompi antes que ela começasse com aquele mesmo e velho discurso. Sabia que ela iria ficar feliz, então, dispensei a parte do real motivo por eu estar fazendo aquilo.

-Jura? Que felicidades, meu filho, que bom que você voltou. Vai ser bom pro seu futuro.

-É que pensei que seria uma coisa que o pai gostaria que eu fizesse.

-Sim. É sim. – Ela disse meio aérea como todas as vezes que eu tocava nesse assunto.

-Sinto saudades dele. – Acabei falando em voz alta – Porque teve que ser assim? Só em pensar que aquelas pessoas...

-Kim, meu amor, seu pai não era nem de longe quem você acha que ele era. Eu estou falando porque eu o conhecia, ele tinha os defeitos dele, andava com más companhias... seria melhor pra você aceitar que parte do que aconteceu foi culpa dele mesmo.

-Chega mãe.

De novo ela estava tocando nesse mesmo assunto, toda vez era assim, com ela tentando enfiar na minha cabeça coisas que só ela via e até mesmo imaginava. Desliguei a chamada sem dar tempo para que ela falasse mais nada e imediatamente me arrependi de ter feito aquela ligação. Não, ela não o conhecia. Meu pai era um cara que fazia de tudo pela família, ele era bom, eu me lembrava disso. Minha mãe não tinha o direito de manchar assim as únicas e poucas imagens que eu tinha dele, pois era aquilo que me fazia ter motivação pra tudo que eu estava fazendo.

Não deixei que aquela conversa me afetasse de modo algum, eu estava convicto de que tudo era apenas uma tentativa dela me fazer mudar de alguma forma, pois ela sabia que partes dos meus problemas de disciplina e comportamento surgiram naquela época. Recusei todas as outras chamadas seguintes que indicavam serem dela e logo em seguida desliguei o celular pra que não tocasse mais, seria melhor pra nós dois cada um fica no seu canto.

À noite, como um bom garoto que eu estava fingindo ser, me deitei cedo para que não me atrasasse outra vez pro colégio. As minhas desculpas pra tiazinha do portão estavam acabando e eu tinha receio de que ela não me deixasse entrar mais, eu ainda tinha a alternativa de pular o muro, mas resolvi não me arriscar. Outra vez não deixei de pensar o quanto estava perdendo por estar matriculado naquele maldito colégio, àquelas horas era pra minha noite estar apenas começando.

...

No outro dia, como esperado, consegui me levantar com um pouco de dignidade e a tempo de fazer minhas coisas com calma antes de ir pro colégio. A única coisa que ainda me irritava era que a manhã definitivamente não combinava comigo, tudo me irritava naquele horário, o som do canto dos pássaros era insuportavelmente insuportável e eu não entendia como alguém podia gostar disso. Levantei, tomei um banho pra tirar de mim o cheiro de sono e vesti o uniforme que se eu pudesse tacaria fogo. No horário certo, saí de moto pra mais um dia que eu sabia que iria ser deprimente.

Chegando lá, bem antes do sinal tocar diga-se de passagem, preferi não entrar pra aproveitar meus últimos minutos livre e testar um pouco da minha sorte. Talvez o Théo ainda não tivesse chegado, foi nisso que apostei e, ao me lembrar que ele ainda me devia uma resposta, me motivou a permanecer ali. Observava o pessoal entrando, depois de terem sido deixados no portão por incríveis e enormes carros de luxo, eu pensava o quão fútil era todas elas, eu sentia nojo de todos eles. Não foi muito diferente quando vi estacionar um carro preto e de lá sair o objeto principal de me fazer estar ali, julguei que deveria ser o motorista pelo mínimo contato que ele teve ao se despedir e descer do carro. Logo ele estava frente a frente comigo.

-Oi – O sorriso dele era largo e dava pra se notar de longe.

-Olá.

Ele vestia o mesmo que eu, uniforme do colégio e tênis, os cabelos pretos estavam molhados e ajeitados para o lado, mas seu modo de se portar logo já entregava qual era a dele.

-Tentei te ligar ontem, mas só dava caixa postal.

-Ah, é que eu fiquei sem bateria, coloquei pra carregar e fui dormir. – Menti rapidamente – Mas então, o que você queria falar comigo?

Perguntei acompanhando seus passos e entrando pelo portão do colégio, eu já estava acostumado com os olhares direcionados a mim, mas parece que naquele momento eles tinham se multiplicado só por eu estar andando junto com o Théo. Notei que ele hesitou antes de falar, como se decidisse se falaria ou não e de que forma, foi aí que percebi do que se tratava.

-Falei com a Yas ontem também.

Ele por fim disse, colocando as mãos no bolso e se mostrando inseguro, aquela situação chegava a ser tão ridícula que tive que me segurar pra não dar risada. Antes que eu pudesse lhe falar algo, o sinal tocou e o alvoroço de alunos correndo para todos os lados nos atrapalhou. Eu não podia perder aquela chance, não logo agora, por isso, inventei algo rápido.

-Vamos matar essa aula?

Propus com receio de que ele não aceitasse, a cara dele não negava que deveria ser um daqueles nerds que não perdem aula por nada, mas pra minha surpresa, ele pensou por um segundo e acabou aceitando.

Fomos até atrás da quadra de esportes onde os alunos praticavam a educação física, já tinha matado algumas aulas naquele local e sabia que poucas pessoas costumavam aparecer por ali. Percebia-se que nem de longe o moleque era habituado com aquilo, ele parecia assustado e a todo o momento olhava para os lados com medo de que alguém nos visse, mas logo tratei de fazer com que ele esquecesse isso.

-Então... o que você tinha pra me falar? É sobre a gente?

Fui atrevido o bastante pra dizer isso e poupar rodeios desnecessários, eu tinha pressa, observei o quanto ele se sentiu acuado depois daquela minha ultima frase, talvez fosse apenas timidez, mas resolvi dar mais uma palavra de incentivo a ele:

-Théo, eu tô na sua, de verdade. Será que você não percebe isso?

Discretamente, e pra dar ênfase no que acabei de dizer, coloquei uma de minhas mãos na perna dele e deixei que ela repousasse ali. Ele não teve outra reação a não ser ficar parado me olhando e talvez pensando no que ouviu, afinal, não é todo dia que se ouve uma declaração assim.

-A gente pode tentar ir ficando sim.

Foi apenas o que ele disse, antes de eu finalmente tomar coragem, puxá-lo para mais perto, respirar fundo e dar um beijo nele. A sensação era pra lá de estranha, nunca havia feito aquilo e jamais me imaginei fazendo, mas a necessidade havia me feito chegar até ali e eu não iria parar. Tentei pensar em qualquer outra coisa, enquanto meus lábios deslizavam com certa resistência pelos dele. Depois de alguns anos, me senti um verdadeiro adolescente outra vez, que matava a aula pra dar uns beijos no fundo da escola, o único problema era que eu não estava ali por que queria.

Um movimento entre as arvores que nos cercava chamou minha atenção e fez com que eu parasse imediatamente o que estava fazendo, quase agradeci por isso.

-Droga! É o Vinícius, meu ex-namorado. – Théo disse observando um garoto magro e alto dar meia volta e desaparecer de nossas vistas.

-Você ainda gosta dele? – Quis saber se teria algum empecilho que pudesse impedir o andamento do meu plano.

-Não... mas não queria que ele ficasse sabendo assim, ele é uma boa pessoa, só não rolou entre a gente mesmo.

Respondeu todo sentimental e mexido com o ocorrido, isso quase me fez sentir um pouco mais de empatia por ele. Percebi depois disso que eu precisaria ficar de olho bem aberto nesse tal ex caso não quisesse que alguém atrapalhasse meus planos. Nada poderia dar errado, não depois de eu estar me sacrificando daquele jeito.

Dei um jeito de fazer com que o tempo passasse arrancando o máximo de histórias, e consequentemente informações, possíveis do garoto, não que eu me importasse de verdade, mas seria interessante estar bem informado para as próximas fases. Ele, sem nem imaginar, me contava coisas sobre sua vida e sua família que eu ia absorvendo com um sorriso no rosto por estar dando certo. Foi numas dessas histórias que descobri que o garoto também não tinha uma boa relação com a mãe e que ela passava a maior parte do tempo viajando e torrando a grana da família.

-E sua relação com seu pai? – Perguntei realmente interessado.

-Ah, meu pai sempre foi tudo pra mim, ele sempre me protegeu de tudo e todos, e talvez por isso eu sempre fui muito mais ligado a ele do que qualquer outra pessoa. E o seu pai?

-Morreu quando eu tinha 10 anos. – Achei desnecessário dizer que a família dele tinha total culpa nisso, então me limitei a somente dizer aquilo e mudar de assunto.

Por incrível que pareça, o primeiro tempo acabou passando rápido e logo o sinal da segunda aula estava tocando e me pegando de surpresa por ter aguentado todo aquele tempo. O garoto não quis perder mais nenhuma aula, apesar de dar pra ver nos seus olhos que ele preferia ficar, então, nos despedimos e voltamos cada um pra sua sala de aula. Fingi que não percebi todos aqueles olhares quando entrei em minha sala, a essas horas todo mundo já deveria saber que eu havia matado aula pra ficar com o Théo Albuquerque, o garoto era influente no colégio e misturado ao fato de que eu também era um dos assuntos preferidos, eles teriam assunto pra uma semana. Tentei não ficar muito incomodado com aquilo, associar minha imagem com a daquele moleque não era muito agradável, mas uma hora ou outra a notícia ia acabar se espalhando e mesmo que eu quisesse esconder, o menino não tinha cara que de gostava de manter as coisas em segredo. Apenas aceitei.

Sentado em meu lugar, parei pra pensar no enorme passo que havia dado somente naquele dia, eu sabia estar com o garoto em minhas mãos e dali em diante era um passo pra que eu chegasse perto do meu alvo. No geral as coisas estavam caminhando muito bem, mas eu ainda não tinha idéia do que fazer com elas. Quando decidi que finalmente era hora de me vingar pela droga de vida que tive, eu sabia que meu principal objetivo sempre seria o velho e que tudo que eu enfrentaria pela frente, seria para finalmente encontrá-lo, mas eu sabia que ainda precisava arquitetar e alinhar melhor as coisas de modo que tudo desce certo.

Ainda tive que cumprir minhas obrigações de bom moço na hora do intervalo, sorrindo e fingindo uma felicidade que a tempo não sentia para só depois ser dispensado de tudo aquilo. Quando o ultimo sinal tocou, eu saí em disparada pelo pátio antes mesmo que os outros alunos começassem surgir, eu sabia que seria procurado, mas depois inventaria qualquer desculpa pra justificar minha saída. Á passos largos cheguei a minha moto e, como um fugitivo, saí dali o mais depressa possível.

Guiava distraído pelas ruas sem realmente querer ir pra casa e ter que ficar sozinho quando uma onda de sentimentos me atingiu, eu sempre estaria desse jeito, ninguém no mundo seria bom o suficiente ou capaz de entender os demônios que estavam presos ao meu passado. Senti-me de novo uma criança com todos os sentimentos daquela época voltando a minha mente e de repente eu me vi pegando um caminho que eu já conhecia muito bem.

O trajeto feito parecia interminável até eu finalmente avistar ao longe a enorme fachada de tijolos gastos e o letreiro que indicava ser o cemitério da cidade. Desci e entrei sem nem dar tempo pra pensar muito, a sensação fria e assombrosa daquele lugar me causava calafrio todas as vezes que estive por lá. Caminhei por fileiras e mais fileiras de túmulos até encontrar o que estava procurando, o do meu pai. Na foto ele estava serio, como todas as lembranças que eu tinha dele e um nó se formou na minha garganta.

-Pai!

Sentei na lápide, cruzando minhas pernas e permanecendo assim em silencio por alguns minutos. Como eu queria tê-lo de novo comigo, como eu queria voltar a ser aquela criança com apenas lembranças boas. Ás vezes eu achava que a dor que eu carregava era mais forte que qualquer outra coisa dentro de mim, até mesmo que minha sede por vingança. Eu só queria poder sumir e recomeçar do zero, sem ninguém ou nada que me fizesse lembrar aquele terrível episódio, daquela terrível cena. Tirei minha mochila das costas e vasculhei em meios aos meus cadernos do colégio uma coleção recortes de jornais que eu sempre carregava comigo, fazia parte da minha nada agradável história. A foto do meu pai, aquela mesma do tumulo, estava estampada em todos aqueles pedaços de papel acompanhada da mesma notícia mentirosa e sensacionalista, perfeita pra que a culpa caísse pro lado mais fraco da situação. Eu as guardava como forma de nunca me esquecer como tudo foi manipulado para que parecesse que aconteceu, e naquele momento eu soube que nada e nenhum outro lugar seriam capazes de me fazer sentir em paz e vingado do que ali e fazendo o que eu estava fazendo.

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Eiei, como vcs estão?

Lembrando que essa história já está totalmente completa no WATTPAD, que é um aplicativo totalmente gratuito e é só baixar pelo celular ou entrar pelo site no computador mesmo (www.wattpad.com). Meu perfil lá é esse aqui: AllanaCPrado

No mais obrigada a todo mundo que acompanha aqui, um beijo e boa semana <3

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GRANDE BABACA. SUA MÃE CONHECE SEU PAI MUITO MELHOR DO QUE VC. ERA ELA QUEM COVIVIA E DORMIA COM ELE. VC ERA CRIANÇA E NEM SABIA DE NADA. CRIOU FANTASIAS DE UM BOM PAI O QUE NEM SEMPRE CONDIZ COM A REALIDADE. TÁ FICANDO CHATO ESSE SEU MAL HUMOR, ESSA SUA IDÉIA DE VINGAR UM PAI IDEALIZADO. CRESCE BABACA.

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