Feliz?

Deitado e sonolento. Sem motivo aparente esse jogo começa de novo. Eu sinto desejo, mas... de modo arraigado. É um desejo contido, na verdade... um desejo alheio aos sentimentos. Eu respiro fundo. Ela me toca, eu estou excitado. Nenhuma relação com nós dois. Esse teatro já tem atuações marcadas. Eu apenas sigo o roteiro já faz alguns anos. Mas eu ainda quero atuar bem, sei lá, é uma coisa meio ator pornô, meio a minha atitude "vamos agradar a cliente!". Eu sempre me preocupado com a satisfação dela. Ela nunca reclamou. Eu nunca soube se era de verdade. Usamos a mesma aliança, então eu acho que já devíamos nos conhecer melhor. Mas não. Não nos conhecemos tão bem como eu gostaria. Ela não sabe minhas taras, meus desejos, meus segredos. Eu queria tanto que fosse diferente. Mas nossas mentes pensam de maneira diametralmente oposta em relação a isso. Eu acho que ela devia ter tido mais experiências, ela quis casar virgem. Eu gosto de safadas, ela as chama de messalinas. Para mim ser sexualmente sociável é normal, para ela apenas putaria. Então mais uma vez estamos aqui, mesma cama, mesmo ambiente. Insosso, sem graça. Mas eu preciso ser um marido para ela. Viril, másculo, homem. Mulher pode ser ruim de cama, homem não. Quem foi que me disse isso mesmo? Minhas mãos tocam seu corpo, é esguio, magro. Ela quase não tem seios. O que é estranho, pois eu sempre fui muito tarado em seios. A combinação perfeita: magrinha, cabelos lisos, olhinhos meio puxados, pele branquinha. Ela só é magrinha. Eu puxo seu pescoço a beijo, fecho os olhos e penso em uma atriz pornô. De manhã estava me masturbando para ela. Morena jambo, seios siliconados, corpo curvilíneo...porra ela é gostosa pra caralho! Mas... agora eu estou com a minha mulher, que eu queria tanto que não fosse minha. Como eu disse que tivesse sido um pouco de outros, que tivesse aprendido um pouco com outros. Eu seguro seus cabelos por trás da nuca, mordo seus lábios. É um beijo que não tem mais sabor, pelo menos para mim. Mexendo os quadris, eu quero meter. Com ela? Apenas o protocolo de casado. Fosse outra eu estaria me divertindo mais. Mas eu sou o marido que precisa cumprir seu papel. Fingir que ainda desejo, que a faço feliz. Para ela poder dizer para as amigas o quanto o marido dela é tarado e safado. Nem sou mais assim. Ela geme. Eu fecho os olhos e imagino. O corpo volumoso da atriz. Que emprego bom esse cara tem! Vou beijando seu pescoço, seus pequeninos seios que eu queria que fossem grandes e redondos. "Me chupa!", ela diz. Eu apenas obedeço. Gosto de chupar, apesar de já ter feito isso muitas vezes nela. Ela diz que gosta, do jeito que se mexe deve gostar mesmo. Passo a língua, mordisco, chupo...eu gosto de chupar xana! Acho que sua uma garota atraente falasse isso para mim do nada no meio da rua eu ia arrumar um jeito de chupar a xana dela. Eu penso essas situações o tempo todo...sexo do nada. Ela geme e se mexe. Hummmmmm... Eu apenas sigo o protocolo. Para mim já é mecânico, trivial. Então ela quer me chupar agora: "Pede!", "Pede vai...". Mas eu não quero pedir. Vamos lá bom marido, satisfaça sua esposa. "Me chupa, safada!". Ela gosta da sugestão. Me punheta um pouco, começa me chupar. Como ela chupa mal! Por vezes já me mordeu! Usa os dentes. Isso dói. Não é possível que em seis anos de casada ela anão aprendeu a fazer? E ela não aprendeu. Porra quando foi a última vez que recebi um boquete bom? Não lembro. Vamos acabar com isso logo. Deito-me por cima dela. Encaixo. Empurro. Beijos no pescoço. Ela diz que adora, eu acho trivial. Estou me repetindo até nas palavras. Iniciamos o sexo pragmático, burocrático, sem graça dos casados. Pelo menos para mim sexo de gente casada é assim. Aperto suas nádegas. Tapinhas sem vontade. São fortes, mas não tem convicção. Eu meto sem prazer. Quase bocejo. Tento pensar em putaria. Será que comer aquela tesuda do trabalho seria legal? Ela é loira, peituda, tem cara de safada. Tsc, acho que não. Quando eu me deito e ela está por cima de mim...a maldita posição reta que ela diz que a faz gozar. Porra como consegue gozar assim? É ruim de cama mesmo! Uma safada, putinha de verdade ficaria de quatro, babando igual uma lobotomizada!!! Ia pedir no cú depois de gozar! Ela não. Ela fica reta em cima de mim, se movendo paralelamente. Ela não vê meu rosto na escuridão do quarto, é uma noite fria e sem essência. Ela goza. Eu lamento. "Você não vai gozar?". "E eu consigo?", penso eu com meus fantasmas. Vamos acabar logo com isso. Coloco ela de quatro. Meto com força, meto com raiva, estou puto! Acho essa vida um saco. "Me bate!". Porra, ainda fica fazendo exigências. Eu bato. Acelero os movimentos. Em pouco tempo vem um prazer sem graça, sem vontade. Eu retiro o pênis dela e gozo tocando punheta. É assim toda vez, há seis anos. Entre gemidos tímidos, eu caminho rápido para o banheiro. Banho quente para limpar e relaxar. Quero dormir logo. Ela vem também. "Você gostou?". "Claro". "Você me ama?". "Claro". Essa angústia me consome. Há quanto tempo eu não sou feliz? Feliz no sexo, essa parte tão importante da vida de casado. "Eu te amo! Estou cansado, preciso dormir!". Ela nem parece se importar. Eu me deito, fecho os olhos e não durmo. Fico sofrendo o resto da noite. Amanhece. A rotina do bom moço que todos conhecem, mas ninguém conhece. A boa vida de um marido feliz.