O futuro pode ser diferente daquilo que esperamos dele. Em vez de brilhante e alegre, as cidades revelam uma aparência desgastada e melancólica. Mas uma empresa vem fazedo muito sucesso nos últimos meses. O que ela faz? Garante ao usuário seu próprio Manzu, um jovem servo que vive para satisfazer as vontades de seu mestre.
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Olaaaaa! Essa historia talvez seja um pouco diferente do que vcs estão acostumados aqui na CDC. Faz algum tempo que estou cozinhando essa ideia, e acho que finalmente chegei em algo legal de se ler. Espero que gostem. Bjs.
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Robb chegou em casa, tirou os sapatos apertados e caiu no sofá. Tinha sido um longo dia no trabalho. Seu chefe era um completo babaca, andando por aí com aquele Manzu ridículo. Nada poderia ser pior do que ser mandando por alguém que aparentava ter a metade da sua idade, ainda mais se essa pessoa tem alguém que anda do seu lado satisfazendo todas as vontades como uma puta.
Frustrado, ligou a tv. Zapeou pelos canais, mas nada era interessante para assistir. Acabou deixando em um canal onde passava um fime que ele não tinha o menor interesse de assistir. Pegou o celular e abriu uma rede social. Os Manzu dominavam seu feed. Parecia que todo mundo tinha um.
"Que merda", pensou. "Será que não percebem o quanto isso é ridículo?"
Acabou adormecendo ali mesmo. No da seguinte seria sábado,então estaria de folga. Um dia de paz e sossego, pra variar.
O dia amanheceu ensolarado. Nova York poderia ter decaído muito nos últimos anos, mas ainda possuía um belo céu. E o Central Park continuava lindo como sempre. Robb decidiu qie seria uma boa ideia fazer um passeio pelo parque. Fazia muito tempo que ele não saia de casa, e o dia estava perfeito para isso. Calçou tênis confortáveis e saiu. O parque ficava a apenas 15 minutos de seu apartamento.
Do lado de fora, Robb percebeu que o dia estava mais bonito do que ele previamente pensara. O sol reluzente,o céu azul, e nenhuma nuvem à vista. Parecia muito com aquele dia......
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- Vamos Robb! Quem chegar por último é a Mulher do padre! - E saiu correndo. Robb se esforçou para acompanhar o garoto de cabelos prateados, mas ele era muito mais rápido.
- Gin, espere por mim! - gritou, mas o garoto nem deu atenção. Só parou de correr quando chegou na cerejeira no topo da colina. Alguns momentos depois, um esbaforido Robb apareceu.
- Eu ganhei - disse Gin
- Não foi justo - replicou Robb - Você já começou na frente!
Os dois riram enquanto observavam o céu azul sem nuvens, deitados debaixo da cerejeira.
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Já no parque, Robb respirou profundamente. O ar ali era realmente mais leve que o ar na cidade. As árvores exibiam um verde vivido, um ar de novo, que só era possível após um inverno rigoroso. Flores nasciam nos canteiros, e as pessoas sorriam e brincavam. Robb não conseguiu evitar sorrir também. Tudo isso lhe lembrava de uma época onde as coisas eram mais fáceis. Mas isso parecia ter ocorrido a uma eternidade atrás...
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Robb e Gin se sentam de baixo da cerejeira. O céu está claro, sem nuvens, e parcos raios solares passam através dad folhas da árvore, transformando o chão em um mosaico de luz e sombra.
- Crescer é um saco! - exclama Gin, após alguns segundos de silêncio. Os dois amigos se olham. Robb tem o queixo um pouco mais largo, e pequenos fios de barba nascem em seu rosto. Sua constituição física é maior que a de seu amigo, mas isso não o torna alguém musculoso, apenas alguém mais forte. Já Gin não aparenta já estar chegando nos 17. Devido à sua genética japonesa, Gin tem o rosto fino e pele clara, sem a presença de uma barba. Seu corpo é magro, e ele é menor que a maioria dos garotos de sua idade.
- Está falando do que? - Perguntou Robb - Você não cresceu ainda! - Soltou uma risada debochada, enquanto Gin sorria ironicamente.
- Você sabe do que eu estou falando. As coisas mudam muito com os anos. Se lembra quando apostavamos corrida lá da sua casa até aqui em cima?
- Claro que eu lembro. Você sempre ganhava.
- E você sempre dizia que não era justo.
Os dois sorriram um para o outro, e seus rostos se aproximaram. Gin avançou mais um pouco e tocou suavemente seus lábios nos de Robb. Robb recuou, e o rosto do garoto de cabeolos prateados se tornou vermelho como pimentão. Ele começou a se levantar, mas foi impedido por seu amigo.
- Espere um pouco. - Fala Robb, sério. Gin emudece, com medo do que está por vir. Ainda segurando o braço de Gin, Robb se levanta, ficando bem de frente para aquele garoto com o qual cresceu. - Eu esperei por muito tempo para fazer isso. - E, com essa frase, Robb o beija demoradamente.
Naquela noite, os dois rapazes se entregam um ao outro, cada um descobrindo o prazer do corpo do outro, e os dois se tornaram um.
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Um canto de pássaro rompe o silêncio contemplativo da mente de Robb, que se volta para olhá-lo. Ele está pousado ao seu lado, no encosto do banco. Um pássaro de tons escuros, levemente azulados. Robb sorri para ele. O pássaro canta em resposta.
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Robb sobe a colina da cerejeira e se senta paido nela. Esconde a cabeça entre os braços, tentando esconder as lágrimas que insistem em rolar. Vir ali fora uma péssima ideia. Esse lugar está cheio de belas lembranças, acontecimentos que nunca mais irão repetir-se, que sá renovar-se. Robb levanta a cabeça para o céu azul sem nuvens e grita, um grito simples e desesperado, questionando o proprio sentido da vida.
Ah, a vida. Por que ela precisa ser tão cruel? Por que ela não pode simplesmente acontecer, e deixar as pessoas serem felizes? Robb fecha seus olhos escuros, lembrando-se dos olhos cinza-claros que uma vez estiveram com ele naquele mesmo lugar. Lembrando-se de como aqueles olhos sorriam quando o via. Lembrando-se de quando eles se fechariam para nunca mais se abrir.
***
Robb se levanta do banco. Olha ao redor. As pessoas estão felizes. Correm com os outros. Jogam bola. Arremessam objetos para cachorros irem buscar. Riem juntos.
Essa é a palavra. Juntos. Todos eles estão com alguém. Robb está sozinho. "Mas estar sozinho não é tão ruim", Robb pensa, mais para convencer a si mesmo do que por realmente pensar assim. Sai para caminhar, e, quando se dá conta, está indo para casa. Resolve que esse é o destino correto para se seguir.
Chegando em casa, Robb tira os sapatos e liga a TV. Vai para o banheiro e se olha no espelho. Seu cabelo castanho-avermelhado está comprido e desgrenhado, e suas olheiras são tão profundas que parece que não dorme há dois meses. Talvez isso seja verdade.
De súbito, Robb se lembrou que dia era aquele, e se sentiu a pior pessoa do mundo por ter esquecido. Era dia 31 de agosto. Dia do aniversário de Gin. Dia que eles ficaram pela primeira vez. E também o dia que, um ano depois disso, ele falecera.
Não pode evitar que as lágrimas escorressem pelo seu rosto. Já fazam três anos, mas a ferida ainda doía. Robb lavou o rosto e foi até o seu quarto. Abriu a última gaveta da sua escrivaninha, e tirou de lá uma pequena caixinha aveludada. Dentro dela, um anel brilhava, e uma dedicatória dizia "Para sempre, como uma cerejeira. Você aceita?". Robb olhou demoradamente para o anel. Aquele seria o dia. Mas não foi. E nunca mais seria.
Voltando para a sala, a televisão exibia um comercial sobre os Manzu. Robb pensou em desligar e ir fazer qualquer outra coisa, mas algo chamou a sua atenção. "Não fique mais sozinho. O que você quiser, quem você quiser", dizia a propaganda. Robb se lembrou de algo que sua mãe lhe disse, alguns meses atrás....
"Você tem andado muito tempo sozinho", ela disse. "Devia arrumar alguém. Um amigo, namorada, namorado, cachorro, gato, sei lá. Só arrume alguém para lhe fazer companhia. Vai lhe fazer bem"
Robb ponderou por um momento. "Quer saber? Foda-se". Pegou seu celular, e instalou o aplicativo dos Manzu.
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Bom, por hoje é só. Esse capítulo ficou um pouco mais longo do que o que eu normalmente escrevo, mas achei importante para a contextualização do personagem. Digam pra mim nos cometários o que acharam.
Xoxo.