Na sala mais reservada, onde as meninas se arrumavam, fiquei com vergonha, afinal de contas, era o único menino lá, mas elas foram bem queridas e disseram para eu me soltar, ser eu mesma, deixar rolar, afinal, era tudo encenação.
A Marina está no meu lado, se maquinado, ela e outra garota do teatro, a Débora, me ajudaram, fizeram em mim uma maquiagem leve, mais do dia a dia, pois iria interpretar uma moça jovem, estilo patricinha, que acabará de voltar de um passei do shopping. As garotas me alcançaram um sapato de saldo preto, com tiras de amarrar na canela, uma bolsa pequena salmão com acessórios dourados, um par de brincos (sim, furaram minhas orelhas, quase caí dura pensando na minha mãe), pulseira, uma presilha para prender meus cabelos e um maravilhoooso vestido florido preto, até os joelhos, com estampas de flores brancas e cor creme. O bojo do vestido foi ajeitado com um sutiã discreto com enchimento.
A Marina, bem sacana, tirou da bolsa dela uma calcinha que havia comprado especialmente para mim, vesti e ficou perfeita, pois minha bundinha é bem redondinha graças aos exercícios da academia que faço. Ela disse, quis te dar uma, mas não tinha oportunidade, espero que goste, amiga, disse ela. Disse que tinha amado o presente, obrigado, Mari, eu disse.
Esse teatro era bem legal, pois o pessoal se produzia em cada peça, quando eu acabei de me vestir só ouvi elogios, pois estava realmente super feminina e lindaa. Não tinha um traço masculino do meu corpo.
Os meninos me elogiaram, disseram que eu nasci para interpretar uma mulher. Fiquei encabulada, mas sabia que levava jeito pra coisa. Demorei um pouco para andar direitinho com o salto, mas aprendi.
A interpretação da peça foi muito boa, mas senti na hora que tirei toda aquela roupa mega linda, a vontade era de ficar com ela pra sempre. Mas, precisava voltar para casa, e com aquele look não ia ser bom, né. Mas deixei a calcinha.. Não consegui tirar, e também, não era do teatro, era minha.
Na saída do teatro o Ricardo me disse que estava linda interpretando a Marcela, que ele gostou muito. Disse, muito obrigada, (ops, pensei, o certo seria obrigado, mas não me corrigi), você também estava, ele deu uma piscadinha e saiu.
A Marina disse: eu vi a piscadinha, amiga, ele é um gato, saia com ela uma hora dessas, podemos marcar depois do teatro, e quem sabe você vai com o look do teatro sem ninguém ver.
Continua.