Os meninos chegaram, vieram em seis, e nós, garotas, estávamos em doze. Um deles até brincou pedindo se eu estava ensaiando fora de hora. Todos demos risada.. Meu coração palpitava de forma acelerada cada vez que o Ricardo chegava perto de mim, não sabia ao certo qual sensação era aquela. Ele sentou ao meu lado, disse que eu estava exuberante com aquele vestido longo. Convidei-o para irmos até a sacada, pois tinha um vento muito bom.
Na sacada ele me disse que deveríamos ficar no meio de todo o pessoal, assim eu perderia o medo de me relacionar com ele diante de todos. Fiquei pensando no que ele disse e falei: é verdade, eu estou gostando de ti, não tem por que temer. – Isso minha gata, vem aqui. Agarrou-me pela cintura, juntamos corpo a corpo, o vento fazia o meu vestido levantar levemente, pois havia uma fenda em uma das pernas, deu-me um beijo na boca de forma super suave, delicadamente, ao mesmo tempo uma de suas mãos descia sobre minhas costas em direção à minha bunda, mexia no contorno que a calcinha fazia no vestido.. Estava em transe, pois estava vestida de mulher e ficando com um homem na frente de outras pessoas pela primeira vez.
Ficamos mais um pouco na sacada, ele apoiado de costas para a sacada e eu de costas para ele, ele era 20 cm mais alto do que eu, formávamos um casal perfeito.
Minha família nem sabia que eu gostava de meninos e nem sonhava que eu me vestia de mulher. Precisava contar algo para os meus pais, comentei isso com o Ricardo, ele disse que conversaria com meus pais se precisasse, mas neguei, é claro que não, isso era coisa minha, precisava enfrenta-los sozinha antes de apresentar o Ricardo.
Os meninos ficaram mais um pouco, depois foram embora, Ricardo me convidou para dar uma volta, mas recusei. Fiquei um tempo lá com as garotas para ajudar a organizar as coisas e elas me incomodaram, brincaram que desconfiavam de mim, que a o papel da Marcela viraria vida real e não mais encenação.
Infelizmente tive que tirar o esmalte das unhas, devolver o vestido e voltar para casa com minhas antigas roupas. Apesar disso, uma certeza ficou, que estava gostando de verdade do Ricardo e me sentia completa quando estava vestida de mulher com ele.
No dia seguinte, logo pela manhã a Marina perguntou, em tom de brincadeira, se eu já estava namorando. –É claro que não, né, amiga, só estamos nos conhecendo. Deveria namorar ele, Marcela, ele é um gato sarado.
Pela tarde, cheguei antes no teatro, queria pintar minhas unhas da mão de vermelho antes do pessoal chegar. Fiz isso. A professora Regina até brincou dizendo que o personagem estava tomando conta de mim. Disse que era só para encenar com mais semelhança a personagem. Eu deveria vestir uma saia rose de couro acima dos joelhos, com um cinto da mesma cor, blusa vermelha com babados, bem soltinha, acessórios como brincos e pulseiras e uma sandália de salto alto vermelha. Estava pronta! Linda, todas me elogiaram, falaram que eu tinha um corpo muito feminino.
Começamos a encenar, mas fomos interrompidos por um princípio de incêndio, corremos todos para o lado de fora do prédio. Ainda bem que foi falso, mas professora disse que não poderíamos retornar, somente no dia seguinte.
Eu disse para a Marina: Nossa, não sei o que farei, minhas roupas masculinas estão lá dentro, não posso chegar em casa assim. O que faço, amiga?