[ Depois de uma inesquecível noite de sexo onde tive o prazer de ter minha primeira relação heterossexual de minha vida, algo que ficou marcado para sempre em minha memória, era o momento de voltar a realidade do dia a dia e agora ter que enfrentar algo novo,os conflitos internos que nasceram naquela noite,que me deixaram em dúvida quanto a minha sexualidade]
Era manhã de segunda-feira, mais um dia infernal de aula, eu estava cansado, quebrado e com ressaca, pois para mim, a festa não havia acabado depois de deixar Luciene em casa aquela noite, eu retornei a festa para curtir mais um pouco e comer e tomar algumas.
Estava tomando o café com minha mãe, minha cabeça estava pesada, meu café da manhã estava sendo algo simples, não estava com muita fome, somente um iogurte e um misto quente, que minha mãe estava a finalizar, estava pedindo a deus que eu conseguisse passar despercebido por minha mãe e ficar livre de seus comentários e perguntas... Mas era querer demais...
- Mas e então filho? Me diga,como foi a festa ontem? Divertiram-se muito, você e Luciene?
-Sim mãe, foi boa...
- Deve ter sido, pela hora que você chegou ontem, ou melhor, dizendo,hoje.
- Bem que você poderia me liberar da aula hoje heim?
-Cada um sabe de suas obrigações, você sabia muito bem que iria para a aula, então não reclame.
Para não perder tempo, terminei o desjejum, escovei os dentes e saí apressadamente.
Não querendo me atrasar, peguei um atalho, colégio era grande, havia quatro portões de entrada, mas só o portão norte era aberto, eu morava do lado sul, então por comodidade eu sempre pulava o muro, oque não foi diferente aquele dia.
Chegando lá, me dirigi ao pátio, onde como sempre, era tudo esculhambação, gritaria e uma grande aglomeração de alunos de todo tipo: Dos nerds aos estúpidos,dos “bombados” que adoravam “bullyinar” os indefesos e as alunas direitas e as sem vergonha,sem esquecer os gayzinhos vítimas de tapas,extorsões,sarros e dedadas.
Logo avistei Ewerton, com cara de quem não dormiu bem também e fui ao seu encontro.
- Meu deus ruivo... Que cara é essa? Pelo visto a noite foi uma porcaria para você.
Então ele respondeu:
- Mais ou menos, não foi tão boa quanto a sua, que parece ter sido legal, ou só ficou no beijo de boca?
Não vai me dizer que não deu no couro?
Preferi negar, pois apesar de inexperiente, sei que qualquer garota (o) odeia caras gabola, oque poderia por abaixo qualquer futura investida minha em Luciene.
-Querer até eu quis, mas Luciene jogou duro, então não quis forçar.
-Caralho tu é mole mesmo heim...
Puto eu falei: “Se você acha que se sairia melhor, porque não a tirou para dançar”?
- Eu não quis lhe atrapalhar naquele momento, botei fé em você.
Desconversamos, pois Luciene e Érika estavam chegando.
- Bom dia Ewerton, bom dia Fabyano!
- Bom dia garotas...
Algo que achei estranho foi Érika, sua expressão era séria, como de poucos amigos, mas para mim.
Conversamos um pouco, trocamos olhares Luciene e eu, mas então o sinal tocou e fomos para nossas salas e no caminho disse a Ewerton:
- Você viu a cara de Érika? Estava toda empombada para mim,eu heim...
Ewerton riu e disse: Tú é muito mole mesmo... Será que ainda não percebeu? Que a gordinha é gamada em você? E você acha por acaso que Luciene disse nada a ela?
Dentro da sala, minha cabeça estava avoada, os acontecimentos da noite anterior passavam como um flashback, eu só estava pensando em Luciene.
Após agüentar os três primeiros horários de aula, veio o intervalo, onde escondido consegui me encontrar com ela sem ninguém para atrapalhar.
- Tudo bem? Conseguiu dormir bem ontem à noite? Algum problema com sua mãe por chegar tarde?
- Mais ou menos, passei a noite bem, dormi tranqüila, mas tive que agüentar os sermões de minha mãe dizendo que oque fiz “não era coisa de moça direita”.
-Me desculpe, não queria arranjar confusão entre você e sua mãe.
-Não tem nada, mas gostaria de lhe perguntar algo:
- Você falou de nossa noite para Ewerton ou alguém?
- Claro que não, está pensando que sou o que? Bocão por acaso?
Ele até perguntou, mas eu disse que não passou de nada além de beijos e amassos...
-Fora isso, gostou da noite de ontem?
-Sim, foi muito bom, você foi muito carinhoso...
Quando verei você novamente?
- Não sei, mas não irá faltar oportunidade.
Luciene se levantou e me deu um beijo no rosto, não era bem oque esperava um beijo fraternal, mas não foi mal.
O intervalo terminara, mas ao invés de ir para sala de aula, fiquei na quadra jogando basquete com Ewerton, não por vagabundagem, mas infelizmente na vida nada é perfeito, ainda mais o sistema educacional público de nossos estados e municípios.
Em meio ao jogo, Ewerton perguntou:
- E aí Binho? Quando nós iremos curtir outra vez?
Já faz um bom tempo que não nós vemos mais, já faz mais de cinco meses, desde aquele dia que fomos pegos você tem me evitado, está acontecendo alguma coisa?
- Nada pessoal ruivo, você é gostoso e bom amigo, mas preferi não continuar com nossa relação “especial”, a amizade normal já está de bom tamanho...
Em certo momento durante o jogo Ewerton fez uma pergunta estranha, me pegando de surpresa.
- Binho, oque você acha de Caio?
-Porque a pergunta? Pelo que sei vocês nunca se deram bem... Mas não entendi, oque acho como? Se ele é um cara legal, otário ou um galado arrogante?
-Bem, otário e arrogante aquele bicho é, se acha muito... Mas eu quero saber de você e sua amizade com ele, como é sua relação com ele?
Eu não poderia elogiar muito para não dar na vista, afinal se ele estava curioso quanto a minha amizade com Caio, alguma coisa tinha...
-Bem, apesar de ser novato aqui na galera, ele é um cara legal, gente fina quando você conhece. No começo eu o achei arrogante mesmo, com temperamento forte, genioso, mas com o tempo, é uma pessoa que é suportável...
-Mas agora me diga você, qual seu interesse nele? Fiquei curioso...
-Ontem em meio à festa, ele e aquele “galego” Thiago vieram falar comigo, você viu?
-Não, não prestei atenção (mentira)... Falaram o que?
-Eu estava conversando com Josué sobre você e Luciene e que depois que vocês acabassem de dançar, eu iria tentar arrochar ela, mas depois que o “josa” foi embora, eles chegaram e começaram a conversar comigo e “pediram”, se é que eu posso usar essa palavra,deixar vocês na curtição...
Disseram que era o mínimo que eu poderia fazer por você depois de ter lhe malhado com a galera naquela merda que aconteceu no morro (conto 10), e se eu fosse realmente seu amigo, deixaria a garota ontem para você melhorar sua imagem.
- E oque você disse para eles?
-Bem boy,você me conhece,sou galado, então eu disse: “E se eu não quiser”?
Aí seu amigo bombado, Thiago, disse que dependendo do que eu decidisse aquela noite eu poderia chegar inteiro em casa, ”ou não”... E que ele não precisaria nem da ajuda de Caio para me fazer mudar de idéia.
Ele foi bem convincente...
- Espero que você não pense que eu tenho alguma coisa haver com isso... Eu irei falar com eles, eu não preciso e nunca precisei de ninguém para ser meu advogado... Sei não viu...
-Mas já passou, o lance já foi... Não tem oque fazer, você ficou com ela... Mas ninguém vai morrer por isso e nem nossa amizade vai ficar ruim por causa de uma garota.
Tirando onda eu disse:
- Claro... Na hora do cacete, da pancada, quem você vai querer ao seu lado? Os peitinhos dela ou minhas mãos?
-Você, claro...
- E então...
Decidimos ir embora, já que não iria ter aula mesmo, melhor seria ir para casa...
No caminho Ewerton ainda me xavecou, tentando me arrastar para a casa dele, algo que recusei, pois não queria me complicar com Caio, apesar de que no fundo no fundo, eu queria curtir como ele novamente.
Deixei-o em casa e fui embora, não sem antes ouvir um: “Pense com carinho “nego”, depois você me diz... eu quero ao menos a derradeira “...
Eu ri e disse um “talvez” para ele, mas não haveria possibilidade, de novo relacionamento.
Continua...
