- Puta que pariu Alexandra! O ônibus vai chegar!– disse já puto da cara com a demora dela no banheiro.
- FICA QUIETO AÍ FORA - gritou.
- Fala baixo – disse incomodado – aqui fora está cheio de gente e não quero que eles ouçam seus gritos.
Não demora muito e Alexandra sai do banheiro da faculdade toda maquiada.
- Precisa tanto tempo pra passar esses reboco na cara? – perguntei pegando ela pela mão e conduzindo pra fora do campus da universidade.
- Reboco teu cú – falou ela com raiva, mas ri disso. A gente era amigo desde o início da faculdade e vivia nesse arranca rabo, mas adorávamos um ao outro – Estou diva! – falava com o ego inflado.
- Pra que?
- Para aquele carinha do ônibus. Vou conquistar ele – valou maliciosamente olhando pra mim.
- Tá no fundo do poço... paquerar no ônibus – falei rindo dela.
- Fecha a boca – disse olhando pro ponto de ônibus e quando viu que o veículo estava lá, disse/gritou: - OLHA LÁ VIADO, O ÔNIBUS!!! – e então começou a correr.
Corri junto com ela, e o pessoal que estava num bar em frente começou a rir alto nos olhando, pois corríamos e o grito da Xandão caminhoneira foi BEM alto, logo, todo mundo ouviu que eu era viado.
Disse no meio da corrida:
- Correr atrás de ônibus é a maior humilhação que já passei na vida – minha mochila nas costas pulava igual pipoca, pois estava correndo demais.
- Já a minha maior humilhação foi meu pai ter me flagrado remixando no quarto – disse quase sem fôlego.
- Remixando? – perguntei com a respiração irregular.
- DJ....
- Ainda não entendi – falei confuso.
- Toma no cú. Deixa quieto.
Com a nossa correria, o motorista nos viu e esperou mais um pouco, até chegarmos. Abençoado seja ele. Teve pena dos dois fodidos aqui.
Nem preciso dizer que estava lotado.
- Saudades do meu carro – disse enquanto entrava, logo atrás da Xandão.
- Riquinho é foda né! – riu em minha frente.
- Ah é sua ingrata!!! Quantas caronas até a porta de sua casa que eu te dei?? -Perguntei indignado.
Passamos a catraca nos apertando com os demais alí e então ela me disse:
- Tem razão! Pede logo pro seu pai te liberar o seu carro, porque essa minha pobreza de andar de ônibus tá foda. Mas agora me dê licença, o gatinho tá lá no fundo – disse me mostrando ele.
- Ele é a sua cara Alexandra! Rolezeiro, óculos espelhado, aparelho nos dentes... um terror.
- Para de ser preconceituoso viado – na mesma hora que ela disse isso, o motorista deu um tranco e praticamente dou de cara com os peitos da Alexandra e ela quase cai no colo de um velhinho que estava sentando no banco preferencial.
- Que merda – falo pra ela.
- Vou lá com meu rolezeiro, antes que que filho da puta do motorista nos mate no acostamento – disse dando um beijo na minha bochecha – Até amanhã viado.
- Até amanhã caminhoneira – então ela foi falar com o amado dela.
Eu, como não demoraria muito pra sair do bus, fiquei no mesmo lugar onde estava quando entrei pois era mais perto da saída.
Dois pontos depois desci e o bus se foi.
Tive que caminhar só uns 5 minutos até chegar em minha casa.
Chegando em casa, logo percebi que todo mundo já tinha chego de seu respectivo trabalho... Eram 23:00hrs, com certeza todo mundo já estaria em casa.
Eu poderia tentar minimizar a questão da renda da minha família, dizendo que a gente é pobre. Mas estaria mentindo. Tenho uma família que sempre me proporcionou uma vida confortável. A gente não era pobre e nem ricos... posso dizer que somos classe média alta. Mas isso não quer dizer que somos esnobes e prepotentes.
Atualmente, meu pai é professor de Direito Civil , da aulas de Direito aduaneiro no curso de Comércio Exterior e também atua como advogado. Minha mãe também está no ramo acadêmico mas em outra esfera. Ela da aula de alguma matéria (que não lembro agora) em odontologia e é dentista também.
A história de como eles se conheceram é engraçada.
Na universidade onde estudavam no ensino superior, Direito e Odontologia dividiam um corredor. E em ambos cursos tinham aqueles que desdenhavam o curso do outro. E os meus pais eram muito inimigos por isso e por outras coisas. Era bem infantil da parte deles, eu sei, mas era assim haha. Quando tiver outra oportunidade, continuo a história deles.
Enfim, abro o portão com minha chave e caminho até a porta de casa, passando pelo jardim.
Abro a porta da entrada e ouço de imediato meu pai conversando com a minha mãe na sala, sobre alguma coisa que a única palavra que identifiquei foi “México”. Ué? México? Poderia dizer que eles estão planejando uma viagem de férias pra lá, mas o tempo de férias está longe, agora é apenas fim de julho.
Ando mais e chego na sala dizendo:
- Eai pessoal – falo me sentando no chão pra tirar meus tênis.
- Eae filho – diz meu pai do sofá me olhando de relance e logo voltando a olhar a TV.
- Levanta já do chão garoto! – exclama minha mãe indo até mim.
- O que foi? – perguntei – Ele está limpo!
- Mesmo assim, levanta daí! – fala pegando minha mochila pesada das minhas costas.
- To levantando – digo me erguendo – vou tomar banho.
- Vá mesmo – afirma minha mãe.
- Como tem sido o ônibus? – pergunta meu pai para me provocar.
- Uma maravilha – digo irônico, subindo a escadaria pro segunda andar.
- Nada que não posso tu sobreviver. No meu tempo de faculdade andava todo dia de busão – fala meu pai rindo. A essa hora já tinha parado de subir pra ouvir ele falar – foi num ônibus nossa primeira paquera, se lembra Melanie? – pergunta a minha mãe.
- Nem me lembra disso Daniel... vergonha de falar isso pro nosso filho! – fala ela ao sentar ao lado de meu pai no sofá.
- Não tinha lugar melhor pra paquerar naquele tempo? Ônibus... Deus me defenda – digo continuando minha subida de escada.
Chego em meu quarto, jogo num canto a mochila que minha mãe tinha tirado de minhas costas.
Ali mesmo tiro toda minha roupa, pego minha toalha de banho e vou para o banheiro que ficava bem ao lado do meu quarto.
Tomo um banho rápido, pois hoje ainda é terça-feira e amanhã tem aula cedo. Ainda tinha que comer alguma coisa antes de dormir.
Desço as escadas e percebo que meus pais estão se arrumando para irem dormir. Passo por eles perguntando:
- Dormir já? – falo irônico, pois eles sempre dormem tarde e a esse momento já devia ser umas 23:30.
- Já sim – responde minha mãe não entendendo a ironia – vá comer alguma coisa antes de deitar e nada de passar a madrugada na frente daquele computador.
- Estou indo fazer isso mesmo e pode deixar, não vou ficar no computador – falo atravessando a sala de estar e indo à cozinha.
Aqueci um pedaço de pizza no micro-ondas e comi rapidamente na bancada mesmo da cozinha. Estava morto de sono.
Lavei o que sujei e logo subi pro segundo andar para finalmente poder descansar.
Apesar de estar na faculdade com Xandão de noite, a gente estuda de manhã. Estávamos apenas desenvolvendo um trabalho com o resto do nosso grupo. Essa semana e a próxima seria bem puxada, já que além de terminar esse trabalho.... Ah, esqueci de mencionar, curso o curso de Direito... seguindo os passos de meu pai haha. Continuando, esse trabalho consistia em montar uma defesa para um caso fictício e os outros compromissos da semana e da próxima, seriam palestras que a gente deveria ir, já que valem horas complementares, coisa essencial no ensino superior. Ou seja, sem muito tempo de respirar!
Eram 6:35 quando meu celular despertou.
Estranhamente estava disposto, coisa que praticamente nunca acontece comigo em dias de semana.
Levanto com um pouco de pesar, já que é inverno e estava quente debaixo das cobertas. Mas isso não tira minha disposição.
Tiro minha roupa ali mesmo no quarto e vou enrolado em uma toalha para o banheiro ao lado. Ligo o chuveiro numa temperatura média e levo uns 7 minutos debaixo dele.
Saio, seco-me e vou ao quarto me vestir.
Camiseta de manga cumprida, branca, com os braços de cor azul, jaqueta cinza, calça jeans azul escura e tênis cinza escuro completavam meu visual.
Desço as escadas e meus pais já estão comendo na mesa.
Meu pai colocava café na xícara de minha mãe e ela falava com ele sorrindo.
- Bom dia filho – fala ela feliz.
- Bom dia filhão – fala meu pai chegando ao meu lado e batendo em meu ombro amigavelmente – Tá aqui seu café – diz ele me alcançado a xícara enquanto eu nem havia sentado na mesa. Era uma xícara bem cafona, que era em comemoração de quando passei no vestibular.
- Que animação é essa? – pergunto estranhando tudo aquilo ali.
- Nada não – fala minha mãe.
- Quer uma carona filho? – oferece meu pai – ou talvez eu te devolva a chave do seu carro... se aceitar a carona, pode convidar aquela tua amiga lésbica pra vir junto – quase cuspi o café.
- Que amiga lésbica? – perguntei confuso.
- Aquela que você vive chamando de caminhoneira – fala ele rindo.
Ahhhh ele tá pensando na Alexandra. HAHAHAHA vou deixar que ele pense que ela é lésbica.
- Ah sim... eu adoraria ter meu carro, mas se você não me der, aceito a carona e minha amiga lésbica também – digo rindo um pouco – mas vocês estão estranhos – digo sentando-me a mesa – ontem não estavam assim.
- Ah filho... o que uma noite de sex....- minha mãe o interrompeu.
- Cala boca Daniel! – falou quase sussurrando.
OMG.
- Não preciso saber disso – falo ficando meio envergonhado e logo mudando de assunto – alguma novidade no escritório, faculdade ou qualquer coisa?
- Nada não – fala minha mãe.
- O que que vocês estavam falando do México quando eu cheguei ontem de noite? – pergunto curioso, tomando mais um gole de café... meu pai é o melhor fazedor de café do mundo.
- Você sabe que a gente tem parentes mexicanos né? – pergunta meu pai.
- Parentes que nunca vi na minha vida – falo rindo.
- Você conhece essa história já filho, não precisamos te contar novamente – disse meu pai.
Meu avós, pais do meu pai, não aceitavam o romance dele com minha mãe pelo o motivo estúpido de não respeitarem que minha mãe é ateia e a família toda de meu pai (incluindo ele) é católica raiz mesmo. Então, como meu pai realmente amava minha mãe, ele não se separou dela.
Então, após meus avós terem conhecimento de que ambos não se separariam, expulsaram meu pai de casa e ele foi morar com minha mãe, na casa dos pais dela. Ele tinha apenas 22 anos e ela 23.
Depois de alguns meses sem contato, meu pai com minha mãe iam até a universidade, quando viu um de seus irmãos na entrada da universidade lhe esperando. Os problemas de meu pai eram com seus pais, não com os irmãos. Então logo se abraçaram e começaram a conversar.
Ai veio a notícia.
Uma irmã dele (que vivia no México com o marido mexicano), chamou meus avós para se mudarem pra lá... que lá a vida era melhor financeiramente (já que ela fisgou um marido rico). Então meus avós foram e levaram todos os filhos. Exceto meu pai, que nem filho mais eles consideravam.
E então se deu a separação da família.
Meu pai ficou no Brasil, mais específico em Curitiba com minha mãe e o restante foi pro México.
- OK, sei sim. Mas o que isso tem haver com ontem? – perguntei tomando o último gole de café e me levantando da cadeira.
- A gente recebeu uma ligação de lá ontem. Um de seus tios.
- Qual deles? – perguntei colocando a mochila nas minhas costas.
- Um que você nem conhece... ele já nasceu no México. Tem 23 anos – fala meu pai.
- Mas o que tem ele? – perguntei.
- Ele ligou pra cá... contar coisas da família lá – disse meu pai meio com desgosto.
- Mas você o conhece pai? – perguntei, já que como ele tinha já nascido no México.
- Eu tenho contato com meus irmãos Vinicius. E como já fui algumas vezes em uns congressos para aqueles lados, passei pelo México para conversar com eles e conhecer o Gabriel.
- Legal – respondi – mas o que ele queria?
- Nada não – falou meu pai desconversando – vá escovar os dentes e chame sua amiga lésbica se quiserem carona.
Achei meio estranho aquilo tudo. Contar o que? Sei lá, problemas do meu pai ele não costuma falar muito.
Já com a mochila nas costas, mando uma mensagem pra Alexandra e vou direto para o banheiro escovar aos dentes.
Tudo terminado, desço e meu pai já me esperava. Embarcamos no carro e guio ele até a casa de Alexandra para pega-la e então enfim irmos a universidade, já que ele teria aulas para lecionar.
- Viadoooooo – fala ela baixo ao meu lado, enquanto estávamos indo pra minha sala – você tem parentes mexicanos!!!? – ela estava mesmo empolgada.
- Tenho sim... eu mal os conheço – digo olhando pra ela rapidamente e logo volto meu olhar pra frente – mas o único mexicano de verdade é esse meu tio o resto são só brasileiros que se mudaram pra lá.... fora o marido da minha tia, que também é mexicano nato.
- Já quero – falou rindo.
- E o teu rolezeiro? – perguntei.
- Que nada... não vai desenrolar... talvez eu tente mais um pouco – fala tentando fazer uma cara sedutora.
- Piranha – digo eu – respeite ele!
- Estou fazendo um favor pra ele! – fala como se tivesse cheia da razão.
- HAHAHAHA você não presta mesmo Xandão!
Entramos na sala com quase todo mundo lá.
Os novatos Marcos e Yuri estavam nas primeiras carteiras.
Eles entraram logo no começo do semestre, julho mesmo.
Marcos era loiro de olhos claros, assim como eu. Já Yuri era forte, tinha cabelos negros, tatuagem egípcia no braço musculoso. Ele era lindo demais e gostoso também hahaha. Uma pena que os dois namoravam. Sim, namoravam. Nos primeiros dias de aulas dele aqui na sala, me perguntei porque o Yuri não apareceu pra mim ao invés de aparecer pra Marcos hahaha. Mas agora minha paixão pelo Yuri tinha passado. E também não sou fura olho!!!
Nos dirigimos ao fundão da sala, passando por ambos.
Sentamos em nossas respectivas cadeiras. Ela atrás de mim, na última carteira da fileira.
- E foi só isso que teu pai te disse dos parentes? – perguntou curiosa.
- Só e não vou saber de mais nada provavelmente – disse dando de ombros – minha mãe me conta que sempre que surgia algum problema com a família de meu pai, ele mesmo resolvia sozinho. Minha mãe descobria por acaso, pois meu pai não gostava de falar isso perto dela e de ninguém.
- Nossa! Ele tem muita mágoa da família mesmo! – disse surpresa.
- Acho que qualquer um teria – falei com uma cara triste.
- Mudando de assunto – dizia ela – parece que a franga da Ana Rúbia não vai aparecer mesmo hoje – Alexandra procurava ela olhando ao redor da sala.
- Você e essa garota vivem se provocando... credo! – digo em reprovação, mas na verdade, por dentro, estava é querendo ver treta. Assistir mais uma surra que a Xandão daria na Ana franga.
- Quero sovar mais a cara daquela vagabunda, só me falta uma oportunidade – disse com olhar sedento.
Ana Rúbia, mais conhecida como Ana franga, era uma garota que era nossa amiga no começo do curso. Mas então a Alexandra arranjou um namoradinho e a Ana Franga pegou o namoradinho dela.
Xandão desceu o braço na franga em frente de toda a sala, no estacionamento da faculdade (que ficava na saída de nosso bloco). E desde aquilo elas se odeiam.
_______________________________________________________________________________________________________
É gente. Estou de volta após o sumisso! E é muito bom voltar!!!
Não sei se terminarei o conto do pscicopata... meio q perdi o tesão!
Enfim, estou com saudade de tudo isso e agora volto! Como perceberam, ressuscitei uns personagens haha em espacial Xandão (melhor personagem do meu conto anterior... acho eu).
E quem n conhece meu conto anterior, leia! "Apaixonado pelo cara que divide apê comigo".
Espero de verdade que gostem. Ainda n fixei frequencia de postagem, então fiquem de olho!
Até logo <3