É amigo... eu bem que ouvia, quando era pequeno, as fofocas das senhoras da vizinhança. Todo dia era uma que estava 'botando chifre' - na época, achava era engraçado. Aí cresci e entendi que na verdade, é outro cara que bota, outra coisa, onde você deveria botar!
E o pior é que como que eu vou lutar contra isso? Tenho 41 anos e já não tenho o mesmo fôlego. Pra nada, aliás, quem dirá para sexo. Franzino, nunca tive vontade de me exercitar ou qualquer coisa do gênero. E pra completar, um pintinho mixuruca??? Na boa mermão! Acho que sempre soube disso aqui que tô vivendo.
Moro em apartamento e tenho ódio - ódio - quando o vizinho de cima começa a transar com uma das inúmeras garotas que ele traz pra casa. Mas precisa ser todo dia? Precisa durar mais de uma hora? Ela precisa gemer tão alto? Eles precisam ter uma cama que range mais do que o assoalho das casas abandonadas de filme? Pra que isso??? Pra eu ficar acordado me remoendo por não conseguir ter uma - umazinha ereção sequer!
Mas serviu também pra minha esposa tomar algumas decisões. Obviamente que sempre tivemos histórico de ela me trair, nos nossos 15 anos juntos. Com todo tipo: negão, favelado, office-boy, moleque, coroa, oriental, árabe, a porra toda. Ela é uma senhora de 40 anos tão linda, tão cheia de vida, um corpão violão de dar inveja a qualquer menininha de 20 anos.
E ela, sem pestanejar, começou a cortejar o rapaz. Universitário, jovem, apartamento alugado pelos pais para ficar perto da faculdade. É papinho pra cá, papinho pra lá. Na frente do porteiro, aquele alcoviteiro de primeira linha. Não demorou né? Em dois, três dias eu já estava na língua do desgraçado: "olha lá o galhudo vindo. tem que cuidar dessa galhada aí hein?"
E um belo dia, lá estava eu na cama, mas dessa vez sozinho, ouvindo o vizinho de cima dando uma bela duma trepada. Sonora. Especialmente sonora, com a minha senhora. FDP.
Lógico que o povo adorou a fofoca. Tiraram até foto dela saindo, toda descabelada e com a roupa meio solta, meio rasgada, do apartamento do moleque. Isso antes de eles começarem a foder na nossa própria casa mesmo. Na minha cama! Pô!
E daí mermão, não tem volta. Ela achou uma fonte segura de sexo bom. E você está fudido - e será lembrado disso por muitas pessoas, incluindo o alcoviteiro do porteiro, a faxineira, o vizinho do lado.
Quando ele começou a fodê-la de dia também, com todos acordados, eu podia contar inclusive com a 'gentileza' do nosso vizinho do lado de me avisar quando a fodelança tinha começado, como em um dia em que estava no bar da calçada, do outro lado da rua, e vejo seu Antonio me chamando na janela.
- O que foi Seu Antonio? - perguntei, achando que estava com algum problema. Mas ele começa a fazer mímicas obscenas e grita bem alto, pro mundo ouvir:
- Já começaram os trabalhos aqui Bernardo! E hoje parece que o teto vai cair! Já passa nas Casas Bahia pra comprar uma cama nova! - para alegria de todos no bar.
Eu estou resignado. O cara tem sorte: é jovem e tá na idade de foder até buraco de fechadura. Mais alto que eu e isso sempre incomodou a patroa - meus 1,62m contra 1,83 do moleque. Todo viciado nesses negócios de academia e o escambal, fica fazendo flexão sem camisa na varanda só pra foder com a vida de qualquer cara casado que nem eu, que passe na rua. E vai se foder aquele volume na bermuda do desgraçado - aliás, alguém tem que avisar ele que existe um negócio chamado cueca, ele parece que não usa...
Bom, aqui enquanto escrevo estou em casa, sozinho. Hoje eles foram a um motel famoso aqui da cidade, "sair da rotina", segundo minha mulher. Ela saiu, pegou o meu cartão de crédito pra pagar a noitada - afinal o moleque é universitário e não tem dinheiro. Disse que só volta amanhã de manhã. Numa súbita loucura, insisti num último diálogo, com a intenção de tirar um deboche (como se fosse possível):
- Olha amor, se vocês vão se divertir a noite toda é melhor você levar um dos meus viagras, o Rafael pode precisar...
A resposta foi bem precisa:
- kkkk... se eu der um desses aí pra ele, eu só volto no domingo de manhã. Não me atrase mais, fui!
E aqui estou, com a certeza de que o prédio inteiro sabe até o número do quarto dos dois. Eu só sei o número de chifres na minha cabeça. Aliás, será que sei?