Boa noite leitores, hoje só postarei o capítulo, na próxima atualização responderei aos comentários...No mais boa leitura e obrigado pelos votos e comentários.
Coração Ferido - Capítulo XII
O final de semana passou sem mais surpresas e tensões. Maxuel e meu tio que no início do dia tinham ido a Porto Alegre voltaram para passar o resto do feriado com a gente, os vi minutos depois que acordei e notei um semblante pesado em Maxuel e Júlio que se encaravam de maneira estranha como se tivessem discutido, mas logo disfarçaram quando eu dei as caras, foi estranho. De noite vieram os amigos do meu irmão do futebol e dei graças a deus que o Nsinc não veio, Luciano em nenhum momento se aproximou de mim, bebeu todas, me encarou, mas não se aproximou. Maxuel puxou papo comigo e como não queria ficar dando ideia para os neandertais amigos do meu irmão acabei sentando em uma das mesas da copa com ele e Bartira.
O domingo de páscoa foi normal, meu pai assou carne, teve ovelha, o que odiei, mas teve javali ao vinho e a carne que pedi para meu irmão comprar. Estávamos eu, meu irmão, meus pais, Arthur, Júlio com o pai deles Henrique, Valmir, Carmem e Luciano em um ambiente tranquilo e familiar como a muito tempo eu não tinha, foi divertido, mas no fim da tarde era hora de Valmir, Carmem e Luciano se despedirem, eles voltariam para BH antes pois um cliente exigia a presença de Valmir e Luciano na obra no dia seguinte.
Foi aquela comoção, meu pais e os dele trocaram beijos e abraços, tapas nas costas, e tudo aquilo que toda família e amigos queridos fazem. Valmir fez meu pai prometer que eles iriam visitar ele e Carmem em setembro quando o Grêmio jogaria com o Cruzeiro no mineirão e meu pai sem escolha aceitou.
- Você não quer voltar comigo...quer dizer, com a gente? – Perguntou um Luciano preocupado quando eu me despedi dele e dos pais.
- Eu preciso ficar aqui, pelo menos mais uns 3 dias Luciano e nós combinamos que você tem que respeitar meu espaço...assim como vou respeitar o seu... – Ele então me abraçou rapidamente, me olhou de uma maneira tão intensa como se suplicasse e entrou no carro. Engoli em seco, se eu bem o conhecia não era só eu que faria uma nova jornada não, olhei mais uma vez e logo Arthur e Júlio estavam se despedindo dele também.
- Se cuida rapaz... – Valmir me deu um aperto de mão, mas logo o lado paizão dele falou mais forte, ele me puxou para um abraço e me deu um tapa nas costas – te espero de novo na quinta, vamos terminar de revisar aquele projeto residencial na Savassi... – sorri, como Luciano mesmo tinha dito eu não fui demitido, ganhei um bônus. Valmir foi em direção ao carro, se despediu do meu irmão que conversava algo com Luciano e entrou.
- Você não sabe como eu estou orgulhosa de você e do meu filho, hoje está indo para casa um Luciano totalmente diferente do que chegou aqui, um Luciano adulto, como mãe não é fácil ver que ele tem um sentimento mais forte de amizade por você...ainda não é reciproco... – olhei pasmo, ele estava certa, mas mesmo assim sorriu me deu um beijo na bochecha – vocês vão chegar lá, se cuida Fabrício, eu vou fazer uma lasagna de frango para quando você voltar, nos vemos na quinta, não esquece de levar a erva para o chimarrão e o vinho da colônia, senão o Valmir te faz voltar para buscar... – sorrimos e ela foi para o carro.
- Tu tá bem mano? – Perguntou Guilherme ao se aproximar de mim enquanto o carro se distanciava.
- Vou ficar... – suspirei – então, me diz aí, o que vamos fazer nesse fim de tarde de domingo de páscoa, eu não quero ficar em casa...– ele sorriu.
- Pai, mãe – ele chamou os dois que estavam mais a frente conversando com meu tio e Maxuel que desde ontem a noite estava estranho e me olhava como se quisesse me dizer algo – que tal a gente ir tomar um chimarrão na praça? Só nós mesmo, que nem antes... – ele se referia à quando éramos mais novos.
- Bah, boa ideia, vamos? – olhou para minha mãe, tio e primo que aceitaram.
Como era de se esperar meu pai acabou convidando Henrique também que havia passado o dia com a gente, ele estava de rolo com uma amiga da minha mãe e eles acharam que era uma boa ideia para aproximar mais os dois. Arthur e Júlio vieram também, eles estavam mais afastados com meu irmão, eu, meu pai, minha mãe, meu tio e Maxuel ficamos conversando. Notei que Maxuel me olhava com uma certa apreensão,
- O que está acontecendo Maxuel? – Ele arregalou os olhos.
- Nada.... – Tentou desconversar, mas estava tão nervoso que não conseguia.
- Maxuel, que mancha roxa é essa no seu pescoço – ele estava de regata, consegui ver que algumas manchas desciam pelas costas - meu Deus! Olha suas costas cara... – ele me olhou em pânico – que porra que está acontecendo? – prensei ele, agora ele ia falar.
- É... – Ele ficou sem graça, baixou a cabeça, era estranho ver Maxuel assim tão acuado a aturdido.
- Fala cara, por mais que tenhamos nossas diferenças você é meu primo, minha família... – ele começou a chorar.
- Eu preciso contar a alguém, vai ser melhor...Eu estou transando com o Júlio! – Botei a mão na boca, ele baixou a cabeça envergonhado.
- Capaz! O Júlio, amigo do meu irmão? – Perguntei olhando para ele.
- Sim... – Maxuel estava me contando algo no mínimo bizarro.
- Como assim Maxuel, você não era ativo, até me cantou e me bulinou na cozinha no dia em que eu cheguei aqui...– Ele passou as mãos no cabelo – e tua namorada? Barbaridade! – ele chorou com mais força.
- Já faz tempo que eu não sou ativo, aquilo era mais para te encher o saco mesmo – ele me encarava eu olhava para ele sem acreditar – e minha namorada bom, é mais para manter a aparência – e vergonha estava estampada na cara dele – já não transamos há algum tempo e só fui a Porto Alegre para resolver um problema e romper com ela – ele mordeu os lábios e quando me dei conta abracei ele.
- Há quanto tempo você transa com o Júlio? – Perguntei com curiosidade.
- Tem mais ou menos 1 ano já... – Ele deu um risinho, eu botei a mão na boca de novo.
- E aquela vez que transamos, você gozou um monte comigo... – olhei para ele que riu – achei que você só fosse ativo ou então aqueles caras “héteros” que transam com gays – ele deu um risinho mesmo com lágrimas no rosto.
- Foi sim, aliás, foi uma das poucas vezes em que fui ativo... – olhei embasbacado.
- Você já tinha sido passivo antes daquela vez?! – Perguntei surpreso.
- Não, foi de uns tempo para cá, na verdade há 3 anos – ele limpou o nariz com a mão – eu tive duas transas como ativo, com você e com um aluno da academia, mas não sentia tanto prazer assim, decidi experimentar o outro lado, transei com uns caras da academia também, mas é muita bomba, ou gozam rápido o não levantam o pau – revirei os olhos - mas em uma viajem eu conheci um marinheiro lá de Rio Grande que me virou do avesso de tanto meter pica em mim – fitei ele, eu queria rir – ele acabou vindo para Porto Alegre, virou meu aluno na academia, marcava em cima, chegamos a namorar escondido, mas daí há mais ou menos 2 ano atrás terminamos, ele veio e me contou que me traiu e tinha engravidado uma guria lá pros lados de Salvador e que ia casar com ela, fiquei arrasado, eu não quis ser mais amante como ele queria e terminamos, mas ele ainda me liga as vezes para saber se estou bem... – Eu não sei se eu o abraçava, batia ou fazia os dois.
- Eu nunca ia imaginar, você todo sarado, marrento, arrogante e homofóbico gosta de levar cassete no rabo...pior ainda, amante de um militar... – ele começou a chorar.
- Gosto muito...amo levar pau de um macho que nem ele... – ele precisava de um abraço, foi o que fiz, ele me apertou – não me julgue, por favor... – ele me olhou consternado.
- Eu não estou te julgando, é só difícil de acreditar... – ele me olhou e riu
- Eu tirava uma com a tua cara, mas eu era o mais viadão de nós aqui... – ele riu e chorou ao mesmo tempo, era isso, os homens da família só tinham tamanho... – e pior que eu nunca fui homem o suficiente para te pedir desculpas... – interrompi ele.
- Maxuel, aquilo passou, fazem 9 anos, eu gozei, você gozou, transamos gostoso com direito a beijo na boca e uns bons amassos, eu não sou tão santo assim... – Ele riu.
- Por favor, me desculpe por tudo de ruim que te fiz... – ele me abraçou de novo, mas dessa vez bem apertado – eu queria que você voltasse a conversar comigo direito, gostasse de mim, as vezes eu penso em te ligar e pedir desculpas... – interrompi ele.
- Sabe por que eu não gostava de ficar perto de você? – ele me olhou e balançou a cabeça negativamente, foi engraçado – eu odiava seu jeito arrogante, de olhar os outros de cima, todo metido a machão, ou então com aquelas piadinhas idiotas – ele me olhou surpreso – nunca foi pelo sexo Maxuel, se bobear eu lhe usei mais do que você me usou... – nós dois caímos na risada.
- Então você me desculpa? – perguntou esperançoso.
- Sim, já devíamos ter feito isso a muito tempo... – ele sorriu e me abraçou de novo.
- Obrigado, é bom ter alguém para desabafar... – Maxuel era um gato, Júlio era um gato também, mas tinha um jeitão de coió, será que os opostos se atraem mesmo?
- Como começou isso? – ele ficou constrangido com a pergunta, mas se ele começou tinha que ir até o final.
- Como eu te disse foi há mais ou menos 1 ano e meio – ele suspirou – foi aquele fim de ano que você não veio para cá, parece que você foi para São Luís ou Recife...algo assim... – ele franziu a testa.
- Foi para Cancun... – lembrei daquela viagem maravilhosa – continua... – insisti.
- Enfim...Eu ainda estava com raiva de Edson... – interrompi ele.
- Quem é Edson? – perguntei.
- O marinheiro... – ele disse com um risinho amarelo.
- Ah...Entendi – ri da cara dele.
- Continuando, no réveillon ele começou a me dar umas encaradas, eu estava carente, cabisbaixo, minha vida estava monótona, sem graça... – ele franziu a testa.
- Sei bem como é isso... – comentei.
- Ele me encarava discretamente, eu estava em uma conversa animada com o meu pai e o seu, depois de algum tempo veio o irmão dele se juntar a nós, eu sabia que tinha algo naqueles olhares, eu via que por trás daquele jeito caipira e bobão tinha um predador, um macho fodedor perfeito... – ele ficou vermelho, eu ri.
- Continua Maxuel... – insisti tentando não imaginar Júlio na cama.
- Em determinado momento da noite ele chegou para conversar comigo... – ele falava e seus olhos brilhavam – eu estava sozinho no meu canto, ele veio todo marrento, falando comigo de cima, bem aqueles caras que não devemos no interessar, mas nos interessamos... – revirei os olhos, será que ser iludido era mal de família.
- Não consigo imaginar vocês dois... – mordi o lábio, notei que meu irmão e os amigos olhavam para gente com muito interesse, acredito eu que era para saberem o que estávamos falando.
- Eles ainda estão olhando para cá né? – Eu assenti.
- Maxuel, vamos ali comprar um crepp de chocolate, pois ainda não comi todo o chocolate que podia hoje – ele riu e concordou.
- Vamos – nos levantamos.
Avisei meus pais que íamos comprar um crepp, meu tio e meu pai sorriram felizes por essa reaproximação, minha mãe me olhou sarcástica, mas nada falou.
- Podemos continuar? – Perguntei a ele quando sentamos no gramado onde próximo tinha uma aroeira enorme que fazia uma sombra confortante.
- Então...nós conversamos uma boa parte da noite, ele veio falando de uvas, de terra, ai de repente começou a ficar mais gentil, me olhava nos olhos, começou a falar um pouco da vida dele, eu falei um pouco da minha em Porto Alegre, conversa vai, conversa vem ele tocou em meu pulso... – olhei ao redor e de longe podia ver meu irmão e os amigos olhando em nossa direção, Júlio parecia um pouco impaciente, na verdade desde a última noite ele estava estranho.
- O toque diz tudo não é mesmo? – ele assentiu.
- Sim... – Maxuel olhou para um ponto qualquer – naquela noite como estava todo mundo na tua casa ele me convidou para ir na dele, estava vazia, o pai e o irmão estavam na sua, quando eu entrei ele já me agarrou... – por que eu achava que essa história não era bonita.
- E aí vocês transaram... – ele assentiu.
- Não sei se isso é sexo, eu nunca o beijei, ele diz que beijo é coisa de veado... – que droga, meu primo estava indo para o mesmo caminho que eu, amante de um enrustido.
- Maxuel, o cara te come, mas não te beija por que acha que é coisa de gay? – Ele baixou a cabeça.
- Sim...já tentei beija-lo algumas vezes, mas ele nunca deixou, teve uma vez que ele foi para Porto Alegre e nós dormimos juntos, foi a primeira e última vez que isso aconteceu, estava pegando no sono quando senti um calor na minha boca, eu podia jurar que ele me deu um selinho... – eu estava vendo uma nova perspectiva de Maxuel, um novo lado, o de que ele era humano.
- E como vocês se encontram? – Perguntei com um ódio mortal de Júlio.
- As escondidas, em motel... – era mal de família mesmo.
- E essas manchas? Ele te bate? – Perguntei com raiva.
- As vezes...ele gosta de sexo selvagem...ele tem pegada, só que as vezes não sabe a noção da força que tem...eu estou acostumado primo, sou personal e... – Interrompi ele.
- Isso está errado Maxuel, você o deixa te usar... – quem era eu para falar algo pois até semanas atrás isso acontecia comigo – você não tem que passar por isso... – peguei em seus ombro.
- Eu sei, mas ontem pus um ponto final na nossa história – ele disse com pesar.
- Por isso vocês estão estranhos – ele assentiu um pouco envergonhado – ainda bem que só eu que percebi, odiaria ter que inventar alguma mentira para meus pais... – nós dois rimos.
- Ele adorou saber que eu terminei com a minha namorada, mas não gostou quando eu perguntei se ele estava com alguém...a reação dele respondeu minha pergunta... – se ele queria que eu ficasse com pena dele, conseguiu – ele disse que eu não era nada dele para saber da sua vida, que ele era o macho e que eu devia obediência a ele... – Fiquei pasmo.
- Meu irmão me contou que Júlio está engatando o namoro com uma dentista aqui da cidade, parece que foi colega de escola deles e já foi uma antiga namorada de Júlio... – ele me olhou acabado.
- Eu não quero ser amante, quero amar e ser amado, não vou ficar com sobras dos outros Fabrício, eu tenho amor próprio...não quero alguém que fique me escondendo ou quando alguém nos ver na rua me apresentar como amigo ou primo... – ele estava certo.
- Você fez o certo... – toquei em seu ombro.
- Você acredita que ele ainda me deu uma bofetada...eu apanhando de uma cara Fabrício... – ele estava muito magoado.
- Sei como é... por que eles sempre batem na cara... – comentei com o olhar perdido.
- Foi o Luciano? – Perguntou, eu assenti – babaca, sempre achei ele mal-encarado... – interrompi ele.
- Foi uma briga que tivemos...eu bati nele também e... – Fui interrompido.
- E acabaram transando loucamente no tapete da sala... – ele me fitou, suas lágrimas ainda caiam, mas agora ele gargalhava.
- Posso me juntar a vocês? – Maxuel fechou a cara quando Júlio se aproximou de nós com uma cara nada boa.
- Não! – fui curto e grosso.
- Nossa, já chego levando patada... – ele então fez menção de sentar, mas antes eu interrompi.
- Vaza Júlio...essa conversa é particular... – Ele olhou preocupado para Maxuel.
- Você contou a ele? – perguntou.
- Sim...e foi a melhor coisa que eu fiz, contar a alguém... – ele olhou para Maxuel, estralou os dedos e então respirou fundo.
- Nós ainda não terminamos de conversar Maxuel... – Júlio estava com a voz estranha, mais emotiva.
- Terminamos, agora volta para seus amigos, não somos íntimos para você estar aqui trocando ideia com a gente, essa conversa é particular... – Júlio então pegou Maxuel pelo braço e o fez levantar.
- Você vai comigo agora! – Pela primeira vez na vida vi ele com raiva e meu primo desprotegido.
- Solta ele! – Empurrei Júlio que na hora me empurrou de volta me fazendo cair, quando levantei Guilherme e Arthur já estavam em cima da gente.
- Barbaridade! Que fiasco é esse? – perguntou meu irmão – tu tá bem mano? – ele me olhou preocupado, mas assenti.
- Estou sim... – olhei para ele e sorri.
- Júlio, solta ele! – Arthur tentava apartar a confusão – Gui, me ajuda aqui... – meu irmão foi tentar separar os dois, mas Júlio parecia tão forte, Maxuel estava em pânico, ele simplesmente ficou estático, ele estava fragilizado e envergonhado.
- Júlio, solta o meu primo agora! – Ele me encarou, mas não atendeu meu pedido.
- Me solta, eu não sou mais seu puto...o veadinho... – Maxuel reagiu, deu uma cotovelada em Júlio que o soltou de imediato – nunca mais toca em mim seu desgraçado – Júlio estava com muita raiva, ele tentou ir para cima de Maxuel, mas seu irmão impediu.
- Para de dar fiasco, eu sou teu irmão mais velho e tu vai me ouvir! – ele segurou Júlio pelos ombros, Arthur era mais adulto que o irmão em vários sentidos – pela mãe que tá lá no céu, para de ser um babaca... – foi automático, ele se acalmou, olhou um pouco envergonhado ao redor, algumas pessoas nos olhavam curiosas.
- O que aconteceu aqui? - Guilherme cochichou no meu ouvido – é o que eu acho que é? – Ele não precisava ser um gênio, nenhum dos dois, eles sacaram.
- É o que você está pensando... – ele olhou para os dois e riu.
- Capaz que vocês têm um rolo! Eu achava que o Maxuel gostava do mano...ai... – Dei um tapa na cabeça de Guilherme, Júlio me olhou com raiva, isso era ciúme!
- Valeu boca aberta... – repreendi meu irmão.
- Tu é gay mano? – Perguntou Arthur ao irmão.
- Não! – Exclamou – e para de me olhar assim, eu não sou um dos guris que tu da aula... – ele cruzou os braços com raiva.
- Mas parece... – Ele comentou – alguns dos meus alunos dão menos trabalho que você...e tem mais juízo também... – Júlio ficou vermelho.
- Eu vou embora, obrigado por me ouvir Fabrício... – Maxuel estava constrangido.
- Eu vou contigo... – meu irmão me segurou pelo braço.
- Espera – ele me olhou estranho – o pai e a mãe podem desconfiar... – revirei os olhos, será que ele achava que nós tínhamos 10 anos ainda.
- Te acalma Guilherme, meu pai já sabe que eu prefiro homens... – Olhei rapidamente para ele.
- Você contou! – fiquei surpreso.
- Sim, ele me apoiou, mas achou errado eu enganar minha namorada, foi por isso também que eu terminei com ela... – Todos olhamos para ele.
- Eu vou fazer a pergunta mais uma vez mano, você por acaso é gay? – Arthur mudou muito mesmo, seu irmão suspirou. Ele olhou para Maxuel e fechou a cara.
- Não, mas gosto de foder um... – menos um ponto para ele, meu primo levou um golpe fatal – Maxuel gostava de dar para mim e eu aproveitava e... – ele foi interrompido com um murro que meu primo desferiu nele.
- Babaca, desgraçado... – Ele estava com raiva – tu nunca mais me procura, eu odeio você – ele apontou o dedo na cara de Júlio - saber que eu me apaixonei por você só me dá mais nojo... – ele cuspiu no chão – acabou, procura outro trouxa, outro veado para foder... – pelo desespero no olhar de Júlio eu sabia que tinha algo a mais ali.
- Fica aqui com eles... – disse para o meu irmão – acabou o show pessoal, já deu... – disse a alguns curiosos que ouviam a conversa e saímos dali.
Maxuel voltou na segunda de manhã para Porto Alegre, desejei toda sorte do mundo a ele, eu sabia quais eram os próximos passos, ele teria que se reerguer. Júlio não apareceu mais lá em casa e nem fez questão de me cumprimentar quando o encontrei com o irmão na rua, achei infantil da parte dele, quase morri, só que não.
- Fabrício... – Arthur me chamou em um canto enquanto Guilherme e Júlio conversavam com um antigo conhecido – você acha que acabou mesmo, digo entre meu irmão e o teu primo? – Perguntou muito interessado.
- Não sei, eu realmente não sei – disse de maneira sóbria – acho que os dois tem muito que aprender, é bom deixar eles tentarem resolver – olhei para Júlio, ele me olhava de canto de olho.
- Meu irmão estava insuportável hoje, parece que de alguma maneira ele foi afetado por tudo isso, será que era mais do que sexo? – Arthur estava preocupado mesmo.
- Arthur, não sei como vocês costumam ver um gay, mas nem sempre é só sexo, eu diria que pelo tempo que os dois estão juntos e pela reação do seu irmão já pode ter sentimentos envolvidos, aí fica complicado, uma parte sempre sai ferida, geralmente é o gay e não o “hétero” – ele ficou preocupado.
- Sempre achei meu irmão estranho, falava pouco de mulheres, teve umas 3 ou 4 namoradas só e olha que ele tem 30 anos... – interrompi ele.
- Não vamos falar disso agora...eles estão vindo – interrompi ele quando vi os dois vindo para nosso lado.
- Então Júlio, acho que você tem algo a falar com o mano né? – Meu irmão não fez isso.
- Me desculpe por ter sido um babaca contigo, um boca aberta e um pau no cu, eu estava com raiva e não pensei direito... – interrompi ele.
- Me deixem sozinho com ele por favor... – Pedi aos dois que rapidamente saíram indo para uma cafeteria ali perto - você não deve desculpas a mim, deve ao meu primo - ele ficou sem graça - então pelo menos seja homem uma vez na vida, honre o que você tem no meio das pernas e peça desculpas a ele... – quando me virei para sair ele me segurou pelo braço.
- Ele está bem? – encarei ele, sério mesmo.
- Ele vai sobreviver...logo ele vai achar alguém que o mereça, ame valorize... – Júlio arregalou os olhos e estralou os dedos – é aqui que eu me despeço de você, juízo e não parta mais corações... – dei a mão para ele que apertou firme.
- Boa viagem... – ele sorriu sem graça – se cuida lá em Minas – então se retirou indo para o carro e sai cantando pneu. Alguma coisa me dizia que a história deles não acabava ali.