A noite seguia e com ela o bom e velho e tédio fazia-me companhia no abafado cômodo ao qual chamo de quarto. De fato, nunca tive muito. Apenas o necessário. Não gosto de trabalhar e isso faz com que eu tenha poucos pertences (maldito sistema que faz com que alguém precise acordar às cinco ou seis da manhã para que se possa viver com um mínimo conforto). Eu gosto de dormir. Eu gosto do ócio. Estes são meus luxos. Admito, também, que gosto de sexo. Ou melhor, gosto de foder. “Foder” é a palavra certa para mim, alguém que sempre procura relações que beirem, de maneira insana, o intenso.
O calor que sentia, dentro e fora de mim naquela noite me fizeram sair de casa e ir para a famosa avenida onde o podre sempre acontece nas obscuras madrugadas desta cidade. Destaco que, assim como pertences caros, medo também é algo que nunca tive. Andei e divaguei por quase quarenta minutos e quando já estava de saco cheio de apenas observar as putas trabalhando, eis que um carro vermelho para ao meu lado e seu Condutor me questiona se eu gostaria de dar uma volta. Fui.
Dentro do carro, observei que o Cidadão tinha uma aliança no dedo, maus pensamentos em mente e nenhuma culpa nos olhos. Talvez tenha deixado em sua casa uma esposa exemplar e carinhosos filhos, ou fosse patriarca de uma família desestruturada como a maioria daquelas que preenchem os vazios e hipócritas lares por ai. Poderia ser ele mais um dos muitos cretinos que fazem piadas com o termo bicha quando junto dos amigos, mas que adoram enfiar o cacete em rabos peludos de outros homens. Foda-se. Não é problema meu. Qualquer que seja a característica do Indivíduo e suas estruturas social e familiar, naquele momento, era a mim e ao meu rabo que ele queria (lembro-me bem do quanto me comia com seus olhos enquanto ainda não era possível me comer com o que se escondia por debaixo do imponente volume que se formava em sua calça).
Sempre fui direto e nunca escondi de ninguém, sobre tudo de mim mesmo, que sou viado e gosto de pau. Gosto até demais. E quando paramos em uma rua deserta qualquer, dessas onde vários crimes de amor acontecem, trocamos alguns rápidos e ofegantes beijos, ao mesmo tempo em que suas mãos grossas e frias desciam pelas minhas costas em direção ao meu cú, num elétrico contraste com meu corpo quente que pulsava de desejo e vontade de ser fodido por aquele Estranho ao qual o nome eu nem me dei ao trabalho de perguntar. Eu queria seu pau. Apenas isso. E em uma das poucas palavras que soaram dentro daquele carro ouvi sair de sua boca um ofegante e tímido “me chupa”. Desci, então, minha boca em direção ao seu membro que eu já havia retirado de sua calça instantes antes e pude, então, sentir o verdadeiro gosto daquele homem. Chupei. E enquanto eu chupava aquela cabeça grande, deslizava minha língua por toda a extensão daquele cacete, sentindo suas veias dentro de minha boca. Meu breve amante, então, colocou uma de suas mãos em minha nuca, forçando rápidos movimentos de vai e vem que faziam seu membro chegar até minha garganta. O Estranho gemia e sussurrava putarias que eu, sinceramente, nem me esforcei para tentar entender e quando anunciou que queria gozar eu parei, olhei em seus olhos e ele entendeu exatamente o que meu olhar suplicava. Com certa facilidade, me colocou em seu colo, posicionando seu pau na entrada do meu cu e sem muito esforço deslizei sobre aquele cacete observando seu dono virar os olhos e inclinar a cabeça no banco de couro. A cada novo centímetro daquele membro que entrava dentro de mim, era como se minha mente mandasse ondas e ondas de arrepios para meu corpo me fazendo sentir que a qualquer momento eu entraria em absoluto colapso. Cavalguei sobre aquele Macho e meu cu, por algum período de tempo ao qual não faço ideia dizer quanto foi, abrigou o pau de um Estranho, unindo dois corpos desconhecidos em uma coisa só. Como eu disse, não sei por quanto tempo aquele Homem me fodeu, apenas sei que o pecado que cometemos naquele lugar fazia valer a pena qualquer um dos sete infernos. Modéstia à parte, sou muito bom no que gosto de fazer e ao sentir seu pau daquele Indivíduo inchar, fazendo parecer que aquele membro iria explodir, contrai ainda mais meu rabo para que os jatos de seu orgasmo fossem completamente sentidos dentro de mim.
Ao sair do veículo, o Sujeito soltou algumas palavras, mas não dei ouvidos e segui meu caminho, pois a necessidade de um banho quente e de comer alguma porcaria eram mais importantes naquele momento. Provavelmente, o bom homem de família só gostaria de me pedir sigilo ou anotar meu telefone para que eu pudesse aliviar seus desejos oprimidos e proibidos. Se uma próxima vez era o seu desejo, sinto muito. Agora, se o meu breve Amante queria sigilo, ele o terá, pois eu nem ao menos me lembro de como era o seu rosto. Aliás, eu apenas me lembro de seu pau. A única parte de um homem que me interessa.