SEXO DO FUTURO - Parte dois
A viatura parou em frente a um “inferninho”, situado na mesma zona portuária para onde se dirigiam as mulheres. Um sujeito negro, de quase dois metros de altura, metido num uniforme policial que parecia ter sido feito para alguém de estatura menor e mais franzina que a dele, desceu do carro e correu escadas acima, denotando a enorme vontade de esvaziar a bexiga. Disse aos companheiros, que se riam do seu vexame:
- Não demoro. Mas, se quiserem, podem descer também e esticar as pernas. Só não podem beber em serviço.
- Certo, sargento. Mas esperaremos aqui mesmo. Vá logo, para não mijar nas calças – disse o motorista, um sujeito jovem com cara de gozador. - Na volta, traga uns refrigerantes pra gente.
O sargento não ouviu a última frase, subindo escadaria acima, em direção aonde se ouvia uma música brega tocando numa radiola de fichas, numa altura que decerto incomodaria os vizinhos, se o bar não fosse estabelecido numa área de comércio. Àquela hora, as lojas estavam todas fechadas. Só funcionavam os inferninhos e lanchonetes, normalmente frequentados por putas e sua clientela. O motorista resolveu-se a descer do veículo, dizendo que iria dar uma olhada no movimento do puteiro. Os outros permaneceram no carro. Estavam em final de turno e sentiam-se sem ânimo naquela noite calorenta. Não haviam atendido nenhuma ocorrência, o que era raro naqueles dias da semana. Tratava-se de uma sexta-feira.
O recinto estava lotado e fedia a suor e nicotina. Os clientes pareciam nem ligar para o uniforme policial, apesar de alguns serem mal-encarados. Algumas putas cumprimentaram o policial e este respondia nuns resmungos. Caminhou até uma das janelas em estilo colonial, do puteiro, e olhou para baixo. Sorriu ao ver um dos policiais mijando num canto de parede, perto da viatura. Pensou que o sargento bem que poderia ter feito o mesmo. Pouparia uns pingos na cueca. Aí, viu as três mulheres que se aproximavam do veículo policial. Frangiu a testa. Sempre fazia ronda naquela área e nunca tinha visto nenhuma das três por ali. Todas vestiam roupas pretas, de um tipo de tecido fosco que mais parecia uma camuflagem noturna. Viu quando uma delas sacou da cintura um objeto muito parecido com uma mini metralhadora. Mais que depressa, desceu as escadas, saltando de dois em dois degraus. Mesmo assim, chegou atrasado para avisar aos companheiros. Viu vários clarões azulados saindo do cano da estranha arma, que não produziu nenhum som aparente, e seus companheiros tombaram sem vida: um dentro e outro fora da viatura. O motorista já havia sacado seu revólver, mas não conseguiu disparar. Uma das mulheres de preto foi mais rápida e lhe apontou um objeto brilhante, que parecia mais uma soqueira. Dele, saíram quatro petardos que perfuraram o corpo do militar, liberando o que parecia uma forte descarga elétrica. O policial foi sacudido por fortes convulsões, antes de tombar sem vida. A figura feminina acionou algum mecanismo que fez os petardos recolherem-se para o interior da estranha arma, como se esta tivesse algum forte ímã embutido. As mulheres se aproximaram dos corpos como se quisessem atestar suas mortes. A que parecia a líder fez um aceno de cabeça, confirmando o óbito. Com um movimento ensaiado, as três guardaram ao mesmo tempo suas armas e caminharam em direção à escada que dava no inferninho.
Ninguém parecia ter se dado conta do que havia acontecido lá embaixo. Alguns clientes olharam em direção às desconhecidas, estranhando suas vestes futurísticas, mas não teceram nenhum comentário. As três se sentaram à uma mesa desocupada e chamaram uma garçonete que atendia carrancuda, quando era requisitada. As três pediram garrafinhas de água mineral. A atendente pareceu mais abusada ainda com aquele pedido. Naquele momento, o sargento saiu do banheiro imundo da pensão, ainda guardando o membro dentro das calças, e desceu as escadas, sem ser visto pelas recém-chegadas. Teve uma surpresa enorme, quando viu sua equipe assassinada. Sacou sua arma e ficou tenso, vasculhando os arredores com o olhar atento. Estranhou que os seus companheiros estivessem ainda de posse de suas armas. Se tivessem sido surpreendidos por malfeitores comuns, decerto estes lhes teriam alijado das pistolas. Ainda tenso, esgueirou-se até a viatura e, sem perder a atenção, passou um rádio pedindo socorro. Logo apareceu outra viatura para auxiliá-lo. Esteve se reportando a um tenente e era visível o seu embaraço. Por fim, concordou em subirem até o bar onde estivera mijando. Dariam uma batida ali. Quem sabe, o assassino ou os assassinos, estariam lá encima?
No entanto, os policiais cometeram o erro de revistar todos os homens do recinto, negligenciando as mulheres. Principalmente as que estavam vestidas em estranhos uniformes negros. Uma delas levantou-se da mesa e se postou estrategicamente ao lado da garçonete que atendia a clientela. Isso, pouco antes do tenente se dirigir à atendente, perguntando:
- Quem foram as últimas pessoas a entrar neste puteiro?
- Homem ou mulher?
- Homem, claro. Não creio que alguma mulher tivesse sangue frio o bastante para cometer aquela chacina lá embaixo – Disse o tenente, para o espanto da garçonete que ainda não sabia do ocorrido.
A mulher vestida de negro relaxou. Estava pronta para ameaçar a pobre garçonete, encostando-lhe uma arma no flanco. A atendente apontou dois sujeitos mal-encarados que haviam subido por último, mas estes não estavam armados e nem pareciam culpados. Uma das putas que estavam com eles jurou que estiveram o tempo todo consigo. Por fim, os policiais chegaram à conclusão de que estavam perdendo tempo ali. O tenente deu a ordem para descerem e aguardarem pela perícia junto aos corpos. Aí, o sargento ousou contrariar seu superior:
- Desculpe, tenente, mas não acho que devamos negligenciar a batida nas mulheres. Talvez, quem atacou os nossos companheiros tenham passado as armas para elas, aqui em cima. – Falou com convicção o negrão.
As mulheres vestidas de preto ficaram tensas, olhando uma para as outras. Seriam, fatalmente, descobertas. A um sinal da que parecia a líder, todas sacaram, ao mesmo tempo, suas armas ocultas entre as vestes. Apenas o sargento percebeu o movimento suspeito delas. Gritou:
- Atenção: armas escondidas!
O aviso chegou tarde. As mulheres atiraram, pegando o tenente e os outros policiais de surpresa. O sargento jogou-se ao chão e revidou ao ataque. Atingiu uma delas com um tiro na barriga. O tenente, mesmo ferido, também atirou. Teve mais sorte. Acertou a líder com um balaço certeiro na testa. A única das mulheres que não fora atingida usou a estranha arma que mais parecia uma soqueira para derrubar de vez o jovem tenente. Mas deu tempo ao negrão, demonstrando incrível agilidade, a derrubá-la com um murro certeiro na nuca. Ela caiu pesadamente no chão imundo do puteiro. O pandemônio estava formado no local. Teve cliente descendo as escadas às carreiras, tropeçando nos degraus e se esborrachando no chão. Uma das putas foi empurrada janela abaixo por outra em fuga. Nem bem findaram os disparos, não havia mais ninguém no recinto, afora os policiais e as mulheres de preto. Uma morta, uma mortalmente ferida na barriga e outra desmaiada. O negrão ainda estava atônito, sem saber se atirava novamente na mulher ferida ou se socorria os companheiros. Preferiu a segunda opção. Infelizmente, pela segunda vez naquela madrugada, perdeu mais companheiros. Todos os policiais estavam mortos. Aí, ouviu a sirene de uma viatura policial que alardeava a sua aproximação. Deviam ser os peritos chegando. Um deles sacou o celular do bolso e fez uma ligação.
O comissário Abelardo tinha os olhos revirados, mãos espalmadas sobre o birô. Àquela hora da madrugada, ficavam poucos policiais na delegacia. Na verdade, ordenava que todos saíssem para a ronda, e permanecia com ele só uma escrivã. Era ela que o estava chupando, ajoelhada sob o tampo da mesa, entre as pernas do policial.
A mulher magra e sem grandes atrativos de beleza reclamou:
- Assim, me doem os joelhos. Vamos para um dos catres, lá estaremos mais à vontade...
- Termine a chupada, mulher. Estou adorando. E você sabe que em uma das camas da cadeia fica mais fácil de sermos flagrados. Algum dos presos pode nos alcaguetar, ou alguma viatura pode chegar de repente. Isso, sem falar de alguém que venha prestar alguma queixa na madrugada, possa nos flagrar no ato. Então, mame esse cacete com gula que eu estou já gozando!
- Mas eu também quero gozar!
O delegado fez uma cara de irritação, mas resolveu-se a atender a reclamação da subalterna. Levantou-se, puxou-a de baixo do birô e obrigou-a debruçar-se sobre o tampo. Ela sorriu, quando ele lhe levantou a saia curta que ela usava. Estava já sem calcinha.
- Pois já que estou quase gozando, vamos passar para os "finalmentes", catraia.
Dito isso, apontou o caralho babado para as pregas da policial e empurrou tudo de uma só vez. Ela tentou gritar, mas ele tinha lhe tapado a boca com uma das mãos.
- Sem alarde, puta safada. Quer que nos ouçam?
- Não. Quero que enfie sem pena na minha bunda, meu delegado. É assim que eu adoro... - ela grunhiu de forma abafada, tendo a boca pressionada pela mão do amante.
Aí o telefone tocou. A princípio, o delegado não quis atender. Mas sabia que telefonema para delegacia àquela hora significava bronca pesada. Então, sem tirar a peia de dentro, levou o aparelho telefônico ao ouvido.
Fim da Segunda parte