- mas o nosso trabalho já ta quase pronto, só falta a gente colocar o motor pra funcionar. – falei pegando a maquete do chão.
- é nesse pronto que o Olavo entra. Ele fez um curso de elétrica, e manda muito bem no assunto.
- se você ta falando...
- qualé Eduardo? Não confia no meu taco? – perguntou Olavo.
- né isso não. Só achei estranho.
- o que tu achou estranho?
- não sabia que você tinha curso de elétrica.
- e outras ‘’cositas’’ mais. – disse ele rindo.
- então acho que nem carecia eu ter vindo.
- O Olavo não vai fazer o trabalho por nós não, Eduardo, ele vai só dar um auxílio.
- ah sim, entendi. E onde eu posso por a maquete?
- vamos colocar lá na sala. ‘’Cês’’ tão com fome? – perguntou Olavo.
- famintos. O que tu preparou ai pra gente comer? – perguntou Junior.
- minha pica! Tu quer?
- coloca aí essa porra pra fora.
Olavo riu.
Coloquei minha maquete sobre a mesinha da sala, e depois, timidamente, sentei no sofá.
- ‘’ce’’ vai ficar aí? – perguntou Junior.
- e pra onde a gente vai?
- ué, não quer cair na piscina não?
- eu nem trouxe roupa.
- e o que tem isso? Eu te empresto meu short.
- sei não cara, eu vou ficar todo molhado.
Junior riu.
- tu já viu o tamanho do sol que ta lá fora? Vai perder? – disse ele me agarrando e me levando pra fora da casa nos braços.
Por um momento, pensei que Junior fosse me jogar dentro da piscina, mas ele freou na borda e me colocou no chão.
Da água, Olavo sorria.
- que é isso? – perguntou ele, de dentro da piscina, com uma latinha de cerveja em mãos.
- acredita que o Edu ta com medo de entrar na piscina e sair molhado? – disse Junior.
Olavo gargalhou.
- acredito não Edu. Ta com medo da água cumpade?
- é que só to com essa roupa. – respondi.
- roupa aqui é o que não falta. Quer emprestada?
- o Junior vai me arrumar um short, mas valeu.
- beleza.
- e comida aqui nessa porra ninguém come não? – perguntou Junior tirando a farda e ficando apenas de sunga.
Não posso negar que salivei ao vê-lo quase despido. Junior reparou que eu o olhava e deu uma coçada, de leve, no saco só pra me provocar. Minha pica já estava dando sinal de vida.
- e o short, Junior? Onde pego?
- la dentro da minha mochila. – respondeu ele saltando dentro da água.
- onde ta?
- no sofá.
- beleza. – falei.
Troquei de roupa, e aproveitei para ligar em casa, e explicar pra minha mãe que eu ia atrasar um pouco.
Quando retornei à parte externa da casa, Olavo e Junior estavam sentados na borda da piscina, tomando cerveja e dividindo um cigarro. Molhei meu corpo em um chuveiro que tinha próximo, e depois também caí na água.
- Edu, vem aqui. – chamou Olavo.
- fala. – disse eu nadando ate ele.
- como é o nome daquele ‘’novatinho’’ lá da sala de vocês? – perguntou.
- o novato?
- isso.
- parece que é Rafael.
- isso, esse mesmo. – disse Junior.
- o que tem ele? – perguntei.
- só curiosidade. – falou Olavo.
- certeza?
- sim. – respondeu o garoto. – cerveja? – ele levantou a latinha me oferecendo.
- ahan. – falei pegando a cerveja de suas mãos e emborcando na garganta.
- vai devagar. – Junior sorriu. – isso daí né suco não.
- deixa o cara. – sorriu Olavo enquanto dava um ‘’tapinha’’ no ombro do amigo.
Voltei à agua e deixei os dois amigos conversando obscenidades. Ficamos ali por um bom período, ate Junior me chama no canto.
- ta com fome?
- ahan.
- eu vou ate a cidade comprar gelo, mais cerveja, e um arroz pra gente comer. Quer ir comigo?
- o Olavo também vai?
- não, ele vai ficar assando uma carne aí pra nós.
- então eu vou ficar por aqui mesmo. – falei.
- beleza, eu não demoro. – disse Junior entrando no carro apenas de sunga.
Procurei pelo Olavo, e ofereci ajuda.
- valeu Edu, mas ta tudo controlado por aqui... Alias, eu quero ajuda sim. Vê se ainda tem limão no refrigerador, se não tiver, liga pro Junior e pede pra ele trazer.
- ta bom.
- edu? – chamou quando eu já esta entrando na casa.
- o som parou, acho que foi a caixa que descarregou, dentro da minha mochila tem um cabo, pega ele e liga na caixa pra mim, por favor.
- onde ta tua mochila?
- no primeiro quarto à esquerda após a sala.
- beleza.
Fui ate o interior da casa, certifiquei-me que ainda havia limões, e depois coloquei a caixa de som para tocar.
Voltei pra parte de fora com duas latinhas em mãos.
- aceita? – ofereci uma cerveja ao Olavo.
- na hora. – disse ele limpando as mãos em uma pano de prato.
- ta cheirando pra ‘’carai’’. – falei puxando uma cadeira de plástico e sentando próximo à churrasqueira.
- modéstia à parte, eu tenho mão boa pra churrasco. – disse ele abrindo a latinha e dando uma golada. – aprendi com um peão lá da fazenda do meu pai, o cara sabe tostar uma carne como ninguém.
Olavo sentou em uma cadeira que estava vaga ao meu lado.
- não sabia que vocês tinham fazenda. – comentei enquanto tomava da cerveja.
- é do meu pai. – ele falou com certo pesar.
- impressão minha ou tu não se da muito bem com teu pai?
- bingo! Acertou na mosca.
- acho que a maioria da gente é assim né!? Ou tem problemas com o pai, ou com a mãe. – sorri e dei mais uma golada na bebida.
- mas com meu pai é diferente. Eu não tenho problemas com ele. Ele é quem tem problemas comigo. Acho que não sou perfeito como ele queria que eu fosse. – Olavo tinha a voz carregada. Mágoa, tristeza... Não sei ao certo.
Tentei mudar de assunto, mas ele queria desabafar.
- meu pai nunca me aceitou, Edu.
- por que diz isso?
- ele não me trata como filho.
- caralho velho. É phoda, mas vocês já conversaram? Já tentaram resolver as possíveis indiferenças que existe entre vocês?
Olavo negou com a cabeça.
- ...e nem quero. Se ele acha que sou um marginal, ele vai continuar achando. Eu não vou tentar mudar a opinião dele a meu respeito não.
- então o problema é esse? Ele te ver como um marginal?
Olavo confirmou com a cabeça, enquanto sugava a última gota da cerveja. O rapaz amaçou a lata e jogou próximo da churrasqueira.
- acertou outra vez. – falou me olhando fixamente.
- mano, eu acho que você é malandro pra caralho, mas marginal eu acho um pouco pesado.
Olavo riu.
- pior que eu já dei motivo, Edu. Eu já aprontei bastante. Por isso meu pai tem esse pensamento de mim.
- você já fez algo muito pesado? – perguntei um pouco curioso.
Olavo abaixou a cabeça, e quando a levantou, caiu uma gota dos olhos.
- esse papo ta meio sinistro né!? – sorri tentando disfarçar. – vou ver como ta a carne. – falei tentando me levantar.
- não Edu, espera um pouco. – disse Olavo me fazendo sentar de volta.
- Olavo, você não precisa falar não cara. Da pra ver que é um assunto bastante delicado. Tu ta pálido, vei.
- mas eu quero falar, Edu. Isso ta me sufocando brow.
Cheguei bem perto do Olavo, e acariciei suas costas.
- hey vei. Sejá la o que tiver acontecido no teu passado, você não precisa me contar. Se isso ta te sufocando tanto como tu disse, tenta tomar como aprendizado.
Olavo me encarou e se pôs a chorar. O cara chorava muito ao ponto de soluçar.
Olavo apoiou seu rosto em meu ombro, e me abraçou forte. Era nítido que o cara queria o afago de alguém. Seus olhinhos foram ficando pequenos e avermelhados.
- hey, chora não po. Eu vou buscar mais cervejas pra gente. Beleza?
Ele não disse que sim nem que não. Apenas me olhou com um olhar tristonho e afobado.
Deixei Olavo sentado e fui ao freezer buscar mais cervas. Quando retornei, não o encontrei no mesmo lugar.
- Olavooo? – gritei.
- aqui. – disse ele sentado na borda da piscina.
- porra velho. Tu me assustou cara. – falei me aproximando e lhe entregando uma latinha.
Olavo estava sentado na lateral da piscina com os pés dentro da água.
- ta melhor? – perguntei sentando ao seu lado, e passando as mãos em suas costas.
Ele confirmou com a cabeça.
- será que vai chover? – falei olhando para o céu.
- tempo ta mudando né!? – disse Olavo.
- né isso que to vendo mano.
- e o Junior ta demorando pra porra. – disse Olavo olhando no relógio do pulso.
- ele foi só comprar cerveja e gelo mesmo, ou ia a outro lugar?
- só comprar isso mesmo, e arroz pra gente comer com o churrasco... Meu Deus, esquecemos do churrasco. – disse Olavo dando um pulo, e caindo de pé no gramado.
Corremos ate a churrasqueira, e de fato, algumas carnes haviam ficado tostadas, mas no geral a maioria ficou no ponto.
- cara, num sei se vou esperar o Junior não. To morrendo de fome. – falei cortando um pedaço da carne.
- porra, na moral, eu também to brocado. – disse Olavo me acompanhando.
Mal começamos a comer da carne, Junior passou com o carro pela porteira.
- ó aí o mané, num morre nunca mais. – Olavo sorriu com um pedaço de carne na boca.
- só os falsos né!? – disse Junior chegando com algumas sacolas. – vocês num iam me esperar não pra comer?
- não tava pensando nisso não, mas já que tu insiste...
Olavo levantou, foi ate o Junior e o agarrou por trás, fazendo com que o mesmo derrubasse algumas sacolas.
- sai fila da puta. Vai me comer sem nem me cantar? – resmungou Junior.
- você vem sempre por aqui gatinho? – Olavo perguntou fazendo carinho no cabelo do Junior.
- essa foi foda, se tivesse vindo com uma cantada inédita, eu iria soltar meu rabinho pra ti. – Junior sorriu.
Ajudamos Junior a tirar as coisas do carro, e depois do almoço voltamos para a piscina. O tempo, realmente, estava fechando. Muitas nuvens estavam armadas, só esperando a hora certa de mandar água.
Começou um sereno leve com vento, juntamos nossas coisas, e fomos pra dentro da casa.
Sequei meu corpo em uma toalha que o Olavo me emprestou, e depois coloquei minha cueca box branca.
- Junior?
- fala Edu. – respondeu o rapaz.
Todos nos estávamos no quarto trocando de roupa.
- e a nossa maquete? Vamos finalizar agora?
- vamos deixar pra mais tarde. Tem bastante tempo ainda.
- se vocês vierem com porra de trabalho de aula pra cá, eu vou da na cara dos dois. – disse Olavo colocando um short.
- mas não foi essa a intenção de termos vindo aqui hoje?
Olavo se aproximou de mim, e apertou meu rosto com suas mãos geladas e enrugadas da piscina.
- foi sim ‘’nerdzinho’’. Viemos aqui para finalizar a maquete de vocês, mas vamos deixar um pouco a vida lá fora, e vamos aproveitar o que temos pra hoje.
- pela primeira vez eu concordo contigo.
Junior sorriu.
- oi? Edu? Você ta concordando com o Olavo?
- ahan. – falei sorrindo. Mas eu queria mesmo era aproveitar essa cama.
- porra. Você ta de sacanagem comigo né!? Com uma pá de coisas pra fazer, e você vem falar em dormir?
- mas o que vamos fazer na chuva, Olavo?
- muita coisa uai. Temos play, sinuca... Cara, Junior, acabei de ter uma ideia ‘’mucho’’ louca. – disse Olavo.
Junior sorriu.
- ai, ai, lá vem você com suas ideia loucas. O que ta se passando por esse teu cabeção?
- lembra quando a gente brincava do pique esconde na chuva?
- lembro sim, há dez mil anos atrás.
- eu topo. – falei.
- que? Cê ta bem Eduardo? Estava querendo dormir, e agora ta disposto a brincar da manja na chuva?
- já brinquei quando era criança, acho que vai ser divertido.
- então bora Junior, são dois contra um.
- hoje né nem quinta e vocês estão nessa de tbt?
- bora logo caralho, coloca a sunga, e vamos pro terreiro. – disse Olavo saindo do quarto todo animado.
Coloquei o short molhado e já ia saindo do quarto, também, quando Junior me chamou.
- fala Junior.
- vem cá. – chamou-me para mais próximo.
- o que foi?
- ‘’ce’’ não vai se distanciar de mim. Beleza?
- não entendi.
- to mandando você não ir pra longe.
- o que ta pegando vei? Por que isso agora?
- nada demais. Só to querendo te precaver.
- e aí, os pombinhos vêm ou não? – Olavo apareceu na porta do quarto todo molhado.
- já estamos indo. – respondi.
- ah bom. – disse ele.
Olavo saiu do quarto, e eu o acompanhei; Junior me deu uma ultima encarada, mas nada falou.
Na parte de trás da casa havia um campo a perder de vista. A mata era bem aparada, e cor de verde limão. A chuva forte deixava a terra molhada e escorregadia. Logo na descida, levei um tombo.
- machucou? – perguntou Olavo me ajudando a levantar do chão.
- não, ta de boa. – falei limpando a lama do short.
- e o Junior?
- ta vindo aí atrás.
- você gosta de açude, Edu? – perguntou Olavo.
- gosto sim.
- ta afim de dar um mergulho?
- aqui tem açude?
- aqui não, mas na fazenda do vizinho sim.
- mas não tem problema em a gente usar?
- la não mora ninguém. Os donos aparecem uma vez no mês.
- se você ta falando que não tem problemas, eu topo sim ir lá dar um mergulho.
- então bora.
- não vamos esperar pelo Junior?
- o Junior já conhece tudo por aqui, quando não nos encontrar, ele vai saber que estamos lá.
Olhei para trás, afim de ver se o Junior já vinha, mas isso não aconteceu.
- então bora. – falei timidamente.
- espera aqui, vou la dentro buscar uma coisa e já volto.
Olavo correu para o interior da residência, enquanto Junior vinha descendo para o quintal.
- o que deu nele? – perguntou Junior usando apenas uma sunga.
- disse que ia buscar algo lá dentro. – falei – Junior, o que tu ia dizer lá dentro na hora que o Olavo chegou?
- não era nada. – disse ele virando as costas, e saindo no meio da chuva. Segurei seu braço e o virei de volta em minha direção.
- fala pô. Por que ‘’cê’’ disse pra eu não me distanciar?
- não é nada. Já disse! – falou ele um pouco nervoso. – te trouxe pra ca e tenho que cuidar de você.
- não faz muito sentido isso. Por que você precisa cuidar de mim?
- e por que você faz tanta pergunta? – ele me olhou nos olhos.
- você pede pra eu não ficar longe, não me explica o motivo, e não quer que eu fique curioso? O que ta pegando afinal? O problema é o Olavo?
- faz o que você quiser. – disse ele mais uma vez me virando as costas.
- é isso mesmo que eu vou fazer. – gritei ao vê-lo se distanciar de mim.
Olavo retornou, e perguntou pelo Junior.
- ele foi pra lá. – falei apontando.
- ué. Não nos esperou por quê?
- acho que ele estava querendo ficar sozinho. – respondi.
- estranho né!? Mas de boa! Bora? – chamou.
- vamos. – respondi.
Acompanhei Olavo por uma longa estrada de mata. Caminhávamos e a lama salpicava em nossas vestes. Olavo levava um facão, provavelmente para abrir algum caminho de mato que pudesse haver no percurso.
Chegamos a uma grande cerca de arame farpado que dividia os dois sítios. Olavo foi o primeiro a passar por baixo do arame, em seguida, passou eu.
Olhei para trás, e não conseguia mais visualizar a casa, já estávamos bastante longes.
- vem. – Olavo chamou.
- bora. – respondi.
Caminhamos mais um pouco, até chegar ao tal açude.
- olha ai que belezura. – disse Olavo fincando o facão na terra.
- caralho Olavo, a água é bem limpinha.
- isso aqui é a oitava maravilha do mundo. – disse o amigo do Junior.
- e eu vou cair dentro. – falei correndo e saltando no açude.
- não ta com medo de os donos aparecerem?
- que se danem. – falei.
Olavo riu, e deu um ‘’peixinho’’ dentro da água, que estava bastante gelada.
- delicia. – disse o rapaz.
Passamos bastante tempo ali. Quando o sol já estava se escondendo, Junior deu as caras.
- e ai ‘’mofilho’’ tava aonde? – perguntou Olavo.
- achei que iriamos brincar da manja, e não tomar banho de açude. – respondeu Junior.
- mudança de planos. – disse Olavo ainda dentro d’água.
Fui o primeiro a sair do açude.
- já vai subir? – perguntou Junior ao meu lado.
- ahan.
- não vai me esperar?
- se tu quiser, eu espero.
- eu quero sim. Vou só dar um mergulho, e a gente sobe.
- beleza. – falei sentando em cima do gramado que ficava de frente para o açude.
Junior, apenas com uma sunga bastante suja de lama, deu uma facada dentro da água, e já caiu próximo ao amigo. Os dois nadaram por bastante tempo, e vez ou outra eu os flagrava olhando para mim. Estava com uma sensação estranha. Nada aterrorizante, mas apenas estranha.
A noite chegou, e finalmente os dois amigos deixaram a água. Ambos caminharam e cada um sentou ao meu lado.
- tem um cigarro aí Junior? – perguntou Olavo.
- tenho um charuto aqui dentro das calças! Como é que vou andar com cigarro debaixo desse dilúvio, animal? – ironizou o rapaz.
Olavo apenas sorriu.
A chuva, que havia começado durante a tarde, ia perdendo a força.
- bora subir? – chamei os dois.
- ta apressado? – perguntou Olavo.
- apressado não, mas to com bastante frio. – respondi.
- vou te aquecer. – ele brincou me apertando por trás.
- é melhor a gente ir subindo, Olavo. O Edu tem horas pra chegar ‘’em’’ casa. – disse Junior.
- ninguém vai voltar hoje pra cidade, vamos dormir aqui. A gente faz uma fogueira, termina de assar a carne, e acaba com as gelas.
- minha cota de cerveja já fechou por hoje. – falei.
- fraquinho assim? – perguntou Olavo.
- ahan. – sorri.
- e no que você não é fraquinho? – insistiu Olavo.
- não entendi.
- ah, entendeu sim. – ele fez um gesto de boquete com a mão e a boca.
Fiz menção a me levantar, mas Olavo me segurou pelo braço.
- hey, calminha aí. To só brincando. – disse Olavo.
- eu preciso voltar pra casa, minha mãe deve ta preocupada.
- liga pra ela e diz que vai dormir aqui.
- não da, eu preciso mesmo voltar.
- fica! Garanto que não vai se arrepender.
- qualé a tua meu irmão? – Junior falou enfurecido. – o Edu não pode passar a noite fora, pra que tu fica insistindo?
- e tu ta doidinho pra levar ele em casa, e comer ele de novo né!? – Olavo riu.
- como é que é? Repete seu filho de uma puta? – Junior levantou-se e partiu pra cima do amigo.
- ceninha pra cima de mim não Junior. Pra que isso agora? Estamos só entre amigos. – disse Olavo apontando o dedo na cara do Junior.
- Olavo? Por que tu disse que se ele me levar ele vai me comer?
- Porra Edu, eu sei de tudo que rolou entre vocês, irmão. Mas comigo vocês tão de boa, ta ligado? Pode confiar. O Junior falou pra mim, porque sabe que eu sei guardar segredo.
Senti a lágrima sendo fabricada, e a garganta se fechando naquele momento. Não era vergonha não, era frustração. Então o Junior estava me usando e me fazendo de chacota pros amigos dele?
- vamos curtir essa noite, Edu. Nós três. Bora? – falou o rapaz.
- velho, o que foi que te deu pra ta falando tanta merda assim? – disse Junior acertando um soco no amigo.
- eu topo. – falei sem medir as palavras que saiam de minha boca.
Junior me olhou com cara de espanto; Olavo sorriu.
- aqui mesmo ou la na casa? – perguntou Olavo.
- Edu? Tu não precisa fazer isso, mano.
- cala a boca Junior, vai querer mandar na vida do cara agora? Bora Edu. Deixa esse cuzão aí. – disse Olavo me puxando pelo braço.
Ali, parado, Junior me olhou serio e fez um sinal negativo com a cabeça.
Continua...
♫♫♫
Rapaz, é difícil demais gostar dessas muié bandida
Quanto mais ''nóis'' corre atrás mais ela pisa.
A minha terminou comigo por mensagem
Me largar desse jeito foi muita sacanagem.
♫♫♫