Mais uma vez volto aqui, primeiramente boa tarde a vocês leitores, como combinando estou postando mais um capítulo da história. Depois desse acredito que consigo postar mais um no fim de semana ou no início da semana que vem se o trabalho permitir.
Antes de iniciar mais um capítulo eu gostaria de abordar um assunto um tanto quanto constrangedor e preocupante para mim. Como não costumo entrar logado na CDC a não ser para postar um capítulo ou então comentar e votar em uma história ou conto que chame minha atenção, fiquei sem saber o que acontecia já que meu e-mail para postar aqui não é o mesmo que uso no trabalho, ou seja, não é meu e-mail pessoal. Acontece que ontem ao abrir para postar esse capítulo eu notei que havia atividade no meu login e consequentemente no e-mail que uso para conta, sendo que eu não havia logado antes, reparei que alguns leitores reclamaram comigo via contato (e-mail) que seus comentários haviam sido apagados supostamente por mim, então fui verificar e notei que eu supostamente tinha apagado alguns comentários em capítulos anteriores de leitores que conheço e que me costumam comentar positivamente e me dar nota máxima e inclusive votado em histórias que eu nem tinha lido, ou que não fazem o meu gosto.
Com toda essa confusão descobri que o meu login tinha ficado gravado no notebook que eu uso no escritório e um dos funcionários que tem acesso a ele usou minha conta e resolveu usar da vontade dele. Com o problema resolvido mudei a senha aqui no site e chamei a atenção dele já que sou seu chefe. Não quero causar polêmica e muito menos picuinha, vim apenas me desculpar por um erro que envolveu terceiros, mas que foi totalmente meu, pois era minha máquina no local de trabalho e minha responsabilidade em manter a máquina sem o preenchimento automático. Devo isso aos meus leitores, pois com o mesmo profissionalismo que tenho no meu ambiente de trabalho tenho ao escrever aqui. No mais peço que se deixei de responder alguém via e-mail que se sentiu lesado ou prejudicado a tal ponto, favor deixar contato nos comentários. Obrigado.
Em relação ao comentário com deboche de um dos leitores minha resposta é:
Atox14: Não deveria me preocupar em lhe responder, já que você se afetou tanto e já tem uma opinião formada sobre mim, não é mesmo? Mesmo assim vou lhe responder, pois não deixo nenhum dos meus leitores sem resposta, sendo eles fiéis ou não, leitor. Meu notebook é de uso estritamente pessoal, mas como trabalho com outros engenheiros inclusive dois deles que acompanham as leituras aqui não me preocupei em eles lerem o conteúdo do conto que é publico depois que atualizo aqui, o que foi errado foi eles comentarem e manipularem meu perfil, mas já tomei providências. Quanto ao seu segundo comentário, você mesmo apagou depois que respondi com uma justificativa, provavelmente você ficou constrangido ou envergonhado, na minha opinião infantil demais o seu comportamento, apagar para depois criar picuinha, não tenho 10 anos caro leitor. Se acha que fui eu peça ao moderador do site que verifique, ele pode lhe provar que não foi, ao contrário não estaria dando minha cara a tapa.
Quanto a sua frustração não entendi o porquê, você foi o único que se doeu ao ponto de tecer linhas e mais linhas para mim e olha que com a resposta que lhe dei mais 3 leitores me mandaram e-mail, você não foi o único, então não se doa, você poderia simplesmente ter me questionado como todos os outros fizeram, se não fosse por esse modo, fosse via comentário, teria o maior prazer em lhe responder como respondo a todos, pois como você quis insinuar não tenho "preferência" de leitores. Não sei quem você é e pouco me importa sua opinião contanto que seja justa e plausível, escrevo a um bom tempo aqui, inclusive tento ser o mais maleável possível quanto as respostas que dou pois sei que as vezes posso ser mal interpretado e até mesmo demagogo. Quanto a você “saber” como eu reajo a “determinados” comentários, acredito que você deve ter visto e lido que nenhum deles eu apaguei como você insiste em dizer, inclusive muito obrigado pelos zeros nos capítulos, vejo o quão adulto você é né? Alguns inclusive bem ofensivos e que nada tinha a ver com a história em si, então leitor peço que antes de você sair tecendo palavras e mais palavras sem argumento e sem nexo, pois eu sei muito bem o que “argumento” significa você procure saber o que está acontecendo.
Respostas aos demais comentários:
Nayarah: Será que foi coincidência mesmo? João sabia onde Fabrício trabalhava e sabia de toda sua vida, o mundo é muito pequeno, mas nada acontece por acaso. Boa leitura.
afonstico: em relação a isso eu ainda não sei com quem Fabrício vai ficar, a história em si tem alguns assuntos para abordar. Espero que esteja gostando. Boa leitura.
Valtersó: Adoro seus comentários. João vai ter algo pior do que a cadeia, você pode ter certeza. Luciano é mimado mesmo, mas vai defender seu melhor amigo de todas as maneiras possíveis. Boa leitura.
Chria: E aí mineirinha, como vai? O mundo não da volta, acho que ele dá é um rodopio mesmo rsrsrs. Espera até o fim da história, algumas coisas ainda vão rolar. Boa leitura.
The owl: Foda né, mas Fabrício não irá ter sangue frio, como um bom descendente de italiano ele vai esquentar rapidinho inclusive vai ser o início do inferno na vida dele. Boa leitura.
Atheno: Você está certo, parece meio cliché, aliás não se preocupe curto muito seus comentários...você é Ariano? Continue acompanhando a história, prometo que não vou apagar seus comentários rsrsrs, aliás, se aconteceu de sumir algum dos teus me avise, tive um problema com isso.
Tozzi: Gostei do seu comentário cara, é verdade, o Maxuel vivendo a mesma história do Fabrício. Boa leitura.
LeonS: Está aí, mais um capítulo. Boa leitura.
Leoky: Acredito que agora não te faço mais chorar, acho que pelo menos não nos dois próximos capítulos. Boa leitura.
Plutão: Acredito que irá gostar desse capítulo, agora os dois parecem estar mais a vontade com a amizade, guardar rancor não faz bem não. Boa leitura.
Pedrolfm: Mais um capítulo prontinho. Boa leitura.
Aos leitores que não respondi é por que me acompanham na plataforma Watt Pad e lá a história está um capítulo a par com a daqui.
https://www.wattpad.com/user/willf26, esse é meu perfil para quem quiser acompanhar a história por lá, é possível ter uma maior interação leitor/escritor além de ser mais funcional.
A quem vota, lê comenta ou até mesmo lê na surdina, obrigado.
Dicas, sugestões e críticas são sempre bem-vindas.
Coração Ferido – Capítulo XIV
Então estávamos ali outra vez, como uma horrível brincadeira do destino, um cruel acaso, vítima e estuprador, as máscaras estavam prestes a cair ou não. Eu não tinha medo dele, se tivesse não tinha reagido e provavelmente não estaria vivo essa hora. Fiquei estático pois não sabia o que fazer, encontrar ele em um ambiente e situação que não estava preparado me fez pensar, eu não estava no meu porto seguro e apesar de ter Valmir ali não me sentia confortável mesmo. Um filme de tudo o que passamos passou pela frente dos meus olhos me deixando com um nó no estômago.
- Está tudo bem rapaz? – Perguntou o pai dele com uma preocupação forçada – você está pálido, deve estar com muita fome né? – ele franziu a testa achando que seria engraçado zoar com meu físico.
- Está tudo ótimo, pode ter certeza que não é fome senhor Roberto – sorri falsamente, João olhava sem ação, estava com medo, os papéis tinham se invertido, se eles queriam jogar eles iriam se surpreender com o quão forte eu poderia ser, não era assim mesmo, o que não te mata te deixa mais forte? Então botaria em isso em prática.
- Então vamos ao almoço e ao que interessa, não é mesmo? – Valmir quebrou o gelo, eu queria era sumir dali.
- Vamos...vem Fabrício... – disse João com um sorriso forçado vindo na para mais perto de mim, ele queria se aproximar, mas eu não faria parte disso, não mesmo, reagi de uma maneira que nem eu esperava, foi mais forte que eu, antes mesmo de ele chegar muito perto dei uma bofetada bem forte no seu rosto que ecoou no ambiente e atraiu a atenção de várias pessoas ao redor.
- Eu não vou almoçar com vocês – apontei para eles dois - não me sento a mesa com esse tipo de gente... – encarei João que me olhava surpreso enquanto passava a mão no rosto, seu pai que nada falou apenas me encarou com raiva, muita raiva – Me desculpa Valmir, mas desse circo não vou participar...eu não sou hipócrita e nem tenho medo das consequências... – Me levantei, mas Valmir me segurou pelo pulso – me solta! – Exclamei, algumas pessoas próximas nos olharam curiosas, se eu agi por impulso, agi! Se eu me arrependi? Não!
- Fabrício! – Valmir chamou minha atenção visivelmente surpreso – o que está acontecendo, por que está se comportando assim? O que foi isso? – Perguntou ele alterado.
- Foi a minha resposta a muitas coisas... – Pai e filho me olhavam, era engraçado, João ficou calado, talvez tivesse medo que eu gritasse aos quatro ventos o que ele tinha feito, peguei minhas coisas e encarei Valmir – vou embora, aqui não fico mais...me demita se quiser... – Sai em direção a recepção e rapidamente ele me alcançou e me puxou para parte de fora da churrascaria onde havia uns bancos de madeira, sentei e baixei a cabeça, o aconchego que achei que iria vim dele não veio, quando o encarei ele andava de um lado para o outro.
- Que porra que você pensa que está fazendo Fabrício? Você ficou louco? – Valmir gritou comigo apontando o dedo para mim.
- Eu estou muito são Valmir... – Ele respirou fundo.
- São! – Debochou ele cruzando os braços - você acabou de ofender e agredir futuros clientes, para de agir como criança! – Ele apertou meu braço com um pouco a mais de força.
- Criança! – Exclamei ofendido, eu estava puto.
- Você vai voltar lá comigo e me ajudar a desfazer todo esse mal-entendido, essa confusão que você criou, ou eu te demito, está me entendendo? – Era a primeira vez que Valmir agia assim comigo, ele então me segurou pelo braço e tentou me puxar para dentro.
- Me solta! Eu não vou – Puxei meu braço com violência – volte para mesa puxar o saco deles, não deixe seus preciosos clientes esperando – ele me encarou nervoso, passou a mão na cabeça e me encarou.
- Você está demitido Fabrício! – Quando ele disse eu não acreditei, muito menos ele que me olhou rapidamente e tentou falar algo, mas não deixei.
- Ótimo – antes dele falar algo me levantei.
Dei as costas para ele e respirei fundo, esse desgraçado tinha entrado na minha vida há 10 minutos e já estava fodendo com ela. Valmir então sem graça tentou me tocar, eu me esquivei.
- Não é para tanto, eu me exaltei...esquece... – Ele tentou concertar o estrago, pelo seu tom de voz ele começava a ficar desesperado.
- Eu passo amanhã para recolher meus pertences...e para você assinar minha carteira – Olhei meu braço e as marcas do aperto dele estavam ali.
- Não Fabrício...não vamos terminar assim... – Ele olhou para os meus pulsos e arregalou os olhos, agora sim ele estava desesperado – o que eu fiz contigo... – Valmir tentou vim atrás de mim, mas eu não deixei. Sinalizei para o primeiro taxi que vi e entrei antes de ele para totalmente e ainda podia ouvir os gritos do Valmir atrás de mim. Passei meu endereço para o motorista e ele rapidamente arrancou.
- Está tudo bem? – Perguntou o motorista meio preocupado.
- Não, mas vai ficar... – não me dei ao trabalho de olhar para ele pois me impressionei com o que vi.
Cheguei em casa e fui direto para o chuveiro. Aproveite que havia sentado no piso e deixei a água cair por alguns minutos, o calor da água parecia levar a sujeira que aquele ser atraia com ele. Quando me sequei e peguei meu celular haviam ligações perdidas de Valmir, Carmem, Luciano, Tatiana e até dos meus pais. Fiquei puto pois não queria envolver eles. Ouvi a porta ser esmurrada e não precisava ser um gênio para saber que era Valmir ou Luciano, então para não causar mais confusão fui até a porta e a abri.
- Achei que ia ter que arrombar a porta – Valmir estava nervoso, ofegante e suado, ele não esperou nem eu convidar ele para entrar.
- Ainda bem que não arrombou... – disse sem nenhuma emoção – não posso me dar ao luxo de pagar uma porta agora que estou desempregado – irônico, eu sei, ele me olhou com certo remorso.
- Se eu tivesse arrombado era eu que pagaria Fabrício... – o mesmo olhar de culpa que Luciano tinha Valmir também tinha – e você ainda é meu funcionário – ele disse rispidamente.
- Eu não sou mais seu funcionário senhor Valmir... – se eu queria atingi-lo eu consegui.
- Para de falar bobagens...esquece isso...você não é assim... – Ele me encarou preocupado, eu suspirei.
- Eu sou quando por acaso eu descubro que o pai do cara que me estuprou está sentado na mesma mesa que eu para almoçar...e que ele é nosso futuro cliente – não consegui encarar ele, acabei sentando no chão escorado na parede, Valmir me olhou com pena e sentou do meu lado me puxando para junto dele, acabei deitando com a cabeça apoiada no seu peito de toalha e tudo – e pior ainda foi quando o cara que me estuprou aparece na mesa e me trata como se nada tivesse acontecido... – Respirei fundo.
- Eu sei... – ele comentou, encarei ele.
- Sabe?!- Olhei para ele, eu estava surpreso.
- Sei...- Sua voz apesar de sair tranquila eu podia notar que ele estava nervoso - depois de você sair e ver como ele ficou inquieto eu disfarçadamente tirei uma foto e enviei ao Luciano... – Valmir não era um bom engenheiro à toa, ele era esperto e tinha maldade. Ele pegou seu celular e mostrou uma foto para mim e logo depois a conversa dele com Luciano pelo Whats app onde ele enviou a foto a Luciano e perguntou se ele era alguém que ele conhecia. Não precisava dizer que depois da confirmação veio alguns palavrões escritos e algumas ameaças que eu tenho certeza que se desse ele cumpriria – ele me confirmou que era esse o tal João que abusou de você...como eu posso ter sido tão burro, logo eu um engenheiro, um homem velho...que exemplo... -Valmir dramático entrando em evidência.
- Não tinha como você saber... – Tentei aliviar o lado dele.
- Mas você poderia ter dito... – olhei ele de lado.
- Claro Valmir, seria muito fácil eu me expor dizendo para você que o filho do seu novo cliente cujo estava na minha frente e almoçaria com a gente tinha me estuprado... – me calei, era difícil dizer isso.
- Fabrício...você deu uma bofetada nele que doeu em mim e a churrascaria tinha no mínimo umas 50 pessoas... – ele riu, eu também – você mesmo se expos, mas gostei muito da sua atitude, claro, depois que Luciano explicou – ele riu tentando me deixar mais calmo – Eu tive que ter um sangue frio da porra para não voar em cima dele e o ensinar a ser homem... – Ele estralou os dedos.
- E o que você disse? – Perguntei curioso.
- Bom, agi friamente, pedi desculpas e disse que se a obra ainda fosse minha eu daria um desconto bom para eles por causa do imprevisto... – Ele me olhou de lado – ele aceitou, no entanto me pediu que você ficasse a frente da obra – olhei pasmo para ele – e você vai...eu estou com muita vontade de pegar aqueles dois de porrada... – Valmir era pior que puta para gostar de confusão.
- Valmir...eu estou com medo... – Ele me apertou mais.
- Por quê? – Perguntou.
- João sabe da minha vida, ele foi até o escritório, disso você já sabe, então quem não garante que eles não estavam lá só para aprontar algo, quem garante que essa obra não é fria e seja só uma forma de ele se vingar de mim? Estou preocupado... – respirei fundo.
- Não fique – ele me acalmou – eles vão ter o que merecem... – olhei de novo para ele, Valmir então pegou meus pulsos – e aliás, ele já está fechando contrato comigo, acredito eu que isso é uma terrível coincidência... – ele parecia bem seguro.
- Você me tratou mal Valmir... – Ele baixou a cabeça – você gritou e apontou o dedo para mim, se você não soubesse quem eram eles você iria me jogar no fogo por causa de um contrato... – Passei as mãos no cabelo.
- Eu sei...não fala assim... não me deixa mais arrependido do que eu já estou... – Ele estava coçando as mãos, claro sinal de nervosismo.
- Eu estou puto com isso... – Eu não era fácil, mas não merecia ser tratado assim.
- Não me odeie Fabrício...por favor, eu dobro teu salário, mas não me odeie – Ele estava me propondo isso.
- Não é para tanto Valmir, não precisa se desesperar, só não falte com respeito com quem trabalha para você, quem lhe traz dinheiro, isso é no mínimo frustrante, humilhante e constrangedor... – Ele baixou a cabeça envergonhado.
- Isso não vai mais acontecer...foi a primeira vez que eu lidei com um comportamento seu desse jeito, você enfiou a mão na cara dele... – Eu ri.
- E enfiaria de novo – disse sem remorso nenhum – no dia que ele me estuprou ele criou um novo Fabrício, mas passou, acho que ele não vai mexer comigo tão cedo – Valmir assentiu – e relaxa Valmir, eu fui errado também, eu sei que você não vai mais fazer aquilo comigo... – Ele então me abraçou e me beijou na cabeça.
- Nunca mais...eu prometo... – ele disse com a voz embargada, emotivo demais.
- Agora deu né...não quero pensar naquele enrustido o dia inteiro – Ele riu do meu comentário.
- Está com fome? – Perguntou.
- Eu estou cansado... – me aninhei em seu colo – posso me encostar no senhor, lembra quando eu dormia com meu cachorro lá no Sul... – Ele riu.
- Pode, mas espera aí... – ele então pegou o celular e discou para alguém – Carmem...ele está comigo, está tudo bem, pede para o Luciano não sair do escritório por tudo que é mais sagrado, não o deixe sair, use sua autoridade de mãe... – ele se calou, ficou alguns instantes ouvindo uma Carmem preocupada do outro lado da linha – ok, vou ajudar ele a arrumar algumas roupas e levo ele para nossa casa... – me levantei e encarei ele que logo finalizou a ligação.
- Eu vou para casa de vocês? - ele confirmou com a cabeça - esse desgraçado voltou para me infernizar de novo... – limpei as lágrimas que escorriam dos meus olhos – pelo jeito o pai dele é igual, viu como ele me olhou com desejo? Que nojo! – Valmir me abraçou de lado, ele não tinha culpa, ele não conheceu João, só o Luciano o viu uma vez – mas acho que eles não vão vim aqui em casa me importunar... – Valmir se levantou e me levantou também.
- Por enquanto é mais seguro você ficar lá em casa... – Ele me olhou com um risinho sarcástico – quem vai adorar você morando com a gente vai ser o Luciano... – ele se calou quando viu minha cara.
- Não dá Valmir, o Maxuel está vindo me visitar, daqui dois dias ele chega...eu não posso sair daqui nós vamos ficar bem... – Valmir ficou surpreso e pensou alguns segundos.
- Ele pode ficar lá em casa, a Carmem vai adorar cozinhar para vários homens grandes... – franzi a testa.
- Isso soou tão estranho Valmir, não diga isso em público e nem perto dela, senão ela vai cozinhar para menos um homem grande... – ele concordou rindo.
- Está decidido, você e seu primo ficam lá em casa e não vamos mais voltar nesse assunto, vamos lá separar algumas roupas e objetos para você levar... – ele então foi me empurrando para o quarto, eu sem saída aceitei, ia ser melhor assim.
Exatamente as 17:00 h eu estava arrumando meus pertences no quarto de hóspedes da casa de Carmem e Valmir. Luciano me olhava atentamente escorado no batente da porta e estava assim desde que Carmem sentou para conversar comigo. Seus braços pareciam que iam rasgar as mangas da camisa baby look preta que ele estava usando, assim como sua bermuda de tactel que evidenciavam suas coxas grossas.
- Filho, ajuda o Fabrício, eu vou ir no mercado comprar uma carne, teu pai quer comer churrasco hoje á noite, acho que vai ser bom... – ela sorriu e saiu do quarto me deixando com Luciano.
- Apesar das circunstâncias eu estou feliz que você esteja aqui em casa, vou ter companhia para assistir filme e até conversar... – olhei para ele a franzi a testa, até parece que ele não me enchia o saco a noite no Skype e até quando aparecia lá em casa “sem sono” e ficávamos assistindo até adormecermos.
- É, apesar de tudo... – Ele então viu minha feição e entrou no quarto.
- Não fica assim – ele sentou na cama e baixou a cabeça – quando meu pai mandou aquela foto e disse o que tinha acontecido a minha vontade foi de ir até aquela churrascaria e quebrar a cara dele... – Sentei do seu lado.
- Não vale a pena Luciano... – Ele assentiu.
- Você não sabe como é difícil para mim manter o controle sobre certas coisas...se não fosse minha mãe me segurar eu tinha ido lá e provavelmente agora estaria preso de novo, mas feliz por ter matado aquele verme... – interrompi ele com um tapa no braço que fez ele se calar.
- Nunca mais diga isso... – ele me encarou - ele vai ter o que merece, mas não vai ser por suas mãos, não mesmo, se eu souber que você se meteu em problemas por causa do João ou por minha causa eu não vou te perdoar, estamos entendidos? – ele concordou coma a cabeça e saiu pisando forte do quarto, eu sei, peguei meio pesado, depois eu iria resolver isso.
Jantamos todos juntos, Valmir assou uma picanha e algumas tulipas de frango e linguicinha suína, tudo muito gostoso, mas percebi que Luciano estava sem graça perto de mim. Apesar de tudo o meu dia não foi tão ruim e no jantar rimos e brincamos principalmente quando Valmir contou como me comportei na churrascaria, o que me deixou um pouco envergonhado, depois acabamos indo para varanda tomar chimarrão e mais tarde eles foram dormir.
- Boa noite Fabrício – Carmem me deu um beijo na testa.
- Boa noite Fabrício – Valmir veio e me beijou no rosto e logo depois foi atrás da esposa que não deu muita bola para ele - Carmem, espera, eu nem te mostrei a dor que estou sentindo por causa da tensão do dia de hoje – disse ele fazendo drama enquanto a mulher olhava a mão e dava beijinhos – está doendo demais – ele se fez de coitado, eu ri.
Como não queria dormir acabei indo para sala e lá tomei um susto quando encontrei Luciano deitado no chão sobre o tapete só de cueca box todo estirado assistindo Megaconstruções, é, ele estava chateado.
- Posso assistir contigo? – Ele me olhou sem graça e me deu espaço para que pudesse sentar no sofá.
- Fica à vontade... – Era oficial, Luciano era igual o pai para fazer drama, eu odiava isso, só tinha tamanho, mas era mais dramático que uma adolescente na TPM - quer? – ele me ofereceu o pote de Nutella, sem cerimônia peguei o pote e passei o dedo e então o encarando eu lambi o dedo enquanto ele observava...digamos...constrangido, olhei para ele e mordi o lábio.
- Delícia...e pensar que tem gente que não gosta de creme de avelãs, como pode isso, né? – Ele assentiu e riu.
- Pois é... Quem não gosta de Nutella não sabe o que está perdendo... – Ele me olhou nos olhos, eu tremi, sabia que ele queria dizer mais, notei que ele pegou uma almofada e colocou por cima de sua cueca, excitado, provavelmente.
- Posso deitar do seu lado? – ele me olhou espantado e deu espaço sobre o tapete, pegou duas almofadas e então ajeitou para mim.
- Deita aqui... – ele bateu com a mão, poderia negar, mas queria deitar naquele tapete fofinho, ou será que eu queria era dormir abraçado em um urso de pelúcia.
- Obrigado – agradeci assim que me ajeitei, eu estava muito próximo dele, podia sentir o calor de seu corpo e os seus pelos roçarem o meu.
- Você perdeu peso? – Perguntou fitando meu corpo.
- Perdi sim, estou com 87 kg, a academia está ajudando bastante, mas não quero perder muito peso, acho que estou bem assim – olhei meu corpo.
- Está mesmo... – gelei com o comentário dele, depois disso acabamos prestando atenção ao programa.
Luciano estava inquieto, olhava para mim e voltava a atenção a televisão.
- Fala logo o que você quer Luciano... – quebrei o silêncio.
- Ele sabe de você, quer dizer, conhece toda sua vida – ele se referia ao João.
- Pode até ser, mas ele não me conhece direito – Encarei ele.
- Eu não vou deixar ele chegar perto de você... – Olhei em seus olhos, eu sabia do que ele estava falando – quero me desculpar com você...sobre matar ele... – Luciano ficava sem graça fácil.
- Tudo bem, eu sei que não vai... – sorri para ele, estávamos perto demais.
- Vou torcer para não o encontrar na rua, senão vai ser briga na certa... – Ele disse parecendo um guri de dez anos que não tem medo de nada.
- Você tem a opção de não brigar, acredito que ele não quer confusão... – Luciano ficou me encarando.
- Como sabe? O pai dele vai ser nosso cliente – comentou inconformado.
- Se ele quisesse tinha reagido a bofetada que lhe dei... – Ele me olhou surpreso – você não achou que eu iria tremer de medo ou pular no colo dele né? – Ele pensou alguns segundos e negou – o que não te mata te deixa mais forte... – Ele assentiu.
- É, mas ele pode querer te pegar sozinho... – Luciano não iria deixar essa história passar – tenho medo que ele te machuque... – se ele queria ser fofo ele estava conseguindo.
- Pode até ser, mas eu estarei pronto para ele – disse com firmeza, Luciano olhou para mim com um sorriso de satisfação – eu sou a vítima, mas não tenho que me comportar como uma, quando eu disse que ele nunca mais tocaria em mim eu não estava mentindo, a bofetada que lhe foi um aviso que se ele acha que aquele Fabrício submisso que fazia as vontades dele ainda existe ele está muito, mas muito enganado – Ele brilhou os olhos.
- Eu não conheço um Fabrício submisso, mas gosto muito do Fabrício que estou vendo... – as bochechas dele ficaram vermelhas, as minhas também.
- Sério... – Ele balançou a cabeça assentindo.
- Sim...aliás, eu vou ser o chefe da obra na casa do pai dele...- Olhei assustado.
- Como assim? – Perguntei já prevendo o pior.
- Meu pai quer que eu fique de olho em tudo o que acontecer, isso é se realmente fecharmos o contrato com o Roberto, pois apesar de tudo ele não te fez nada – Luciano estava certo.
- Não quero participar dessa obra... – Ele suspirou.
- Não vai... – Ele disse com pesar.
- Manda a Paula te ajudar, ela é terceirizada, mas faz o mesmo que eu... – Ele me olhou, não queria forçar uma situação.
- Pode ser... – Ele comentou coçando a barba
Um clima estranho se instalou, nos olhávamos, estávamos muito perto um do outro.
- Eu não estou saindo com a Paula... – ele comentou baixinho.
- Luciano...eu não preciso saber disso... – Ele me encarou – você não me deve satisfação da sua vida, com quem sai ou não - peguei mais um pouco de Nutella na colher botei na boca.
- Precisa sim... – ele se virou e me encarou.
- Não... – Sorri para ele – se você está curtindo ela eu fico muito feliz... – Ele riu.
- Ela é lésbica... – engoli em seco.
- Como assim? – Perguntei muito curioso.
- Ela está saindo com a Tatiana, segundo o que ela me disse a Tati é inexperiente... – Cai na risada, Tatiana ficando com mulher.
- Para... – não acreditei.
- É sério, por que você acha que as duas estão se evitando no escritório... – aí foi que eu me lembrei, elas estavam estranhas.
- Vai entender, que elas se curtam então... – encarei ele – por que você anda chegando tarde em casa, as vezes bêbado? – Ele me encarou.
- Eu sei que tenho muita raiva em mim...resolvi procurar ajuda... – Olhei para ele, Luciano não estava mentindo – Estou fazendo terapia para raiva... – ele deu um risinho sem graça – os dias em que cheguei meio bêbado é por que fui com o pessoal do crossfit em uma confraternização de academias...foi bem legal... – olhei ele por alguns segundos.
- Por que terapia? – Perguntei a ele.
- Por que eu estou cansado de foder tudo por causa do meu gênio, eu não quero ser visto sempre como o assassino que matou o pai de família, ou então o engenheiro barraqueiro...eu estou tentando mudar Fabrício, percebo que eu posso mudar para tentar ser mais feliz... – Ele baixou a cabeça.
- Eu fico muito orgulhoso de você, sabia... – Ele sorriu.
- Acho que ainda tem uma caixa de canudos de chocolate e baunilha, o que você acha de a gente comer com Nutella e assistir a maratona de megaconstruções que está passando? – Ele esperou minha resposta.
- Acho uma ótima ideia! – Sorri, ele então se levantou e minutos depois trouxe a caixa com os canudos doces e algumas fatias de banana e kiwi, bom, era isso, para quem teve um dia péssimo, encontrou depois de alguns meses o cara que fodeu com a sua vida eu iria terminar a noite ao lado do meu melhor amigo seminu em cima de um tapete comendo creme de avelã com frutas, ainda bem que não tinha vinho branco. Assistimos alguns desenhos, como era madrugada de sábado e não iriámos trabalhar de dia decidimos assistir algo.
- Espera aí... – Disse ele se levantando e passando por cima de mim.
- Aonde você vai? – Perguntei.
- Na cozinha...pausa o programa fazendo um favor – disse ele de costas e que costas.
Luciano foi para cozinha e alguns minutos depois ele voltou com uma bandeja alguns palitos de fondue e três potinhos, quando ele mostrou em cada um havia pedaços de fruta, havia Kiwi, morango e banana picados e uma caixa de canudos doces também.
- Para que tudo isso? – Perguntei.
- Se nós vamos comer Nutella, pelo menos vamos fazer direito, né? – Ele sorriu e colocou tudo a nossa frente no tapete mesmo.
- Esperto... – Ele sorriu e deitou ao meu lado.
- Só esperto... – ele me encarou.
- Briguento serve? Marrento... – Ele me fitou.
- Melhor amigo gostoso também serve... – disse ele se aproximando, mas quando ia fazer algo ouvimos um pigarro, era Valmir.
- Estão assistindo o que? – Perguntou Valmir.
- Megaconstruções, está passando sobre a construção do Aeroporto de Hong Kong - disse enquanto Luciano se ajeitava no tapete.
- Posso assistir com vocês, a Carmem está nervosa por que eu queria que ela fizesse um negócio para mim, ela não quis, eu fiquei com raiva e ela brigou comigo... – Eu e Luciano nos entreolhamos, Valmir tinha comprando uma edição do Kama Sutra e estava deixando Carmem de cabelos e pé e dolorida por causa disso – estou fazendo birra, para ela se sentir mal e vim atrás de mim... – Ele então sentou no sofá que ficava do lado esquerdo próximo ao tapete.
- Claro pai...que Nutella? – Valmir olhou, sentou no tapete e pegou um canudo doce e passou no creme que já estava bem pastoso.
- Valmir – Carmem gritou – Se você não vier para porra desse quarto esquece que eu vou fazer a folhinha verde com você... – Ele deu um pulo e sinalizando um boa noite correu para o quarto e bateu a porta.
- Teu pai não existe... – Comentei com Luciano.
- Nem o seu, foi ele que falou da tal folhinha verde para ele, inclusive foi ele que falou para o meu pai comprar o Kama Sutra... – Minha cara foi no chão, saber que meus pais faziam isso era estranho.
- É muita informação para uma noite só... – Luciano então virou para o meu lado e me encarou.
- Você sabe fazer a folhinha verde Fabrício? – Quase engasguei.
- Não! – Exclamei – Agora vamos prestar atenção no programa
- Vamos... – Ele me fitou por alguns segundos e depois volto a prestar atenção na televisão.
Adormeci pensando em como o dia começou corrido, passou por uma turbulência e terminou de uma maneira gostosa. Se eu me arrependi das ações e consequências, não!
- Boa noite Fah...- Luciano disse baixinho perto do meu ouvido.
- Boa noite Lu... – me virei e dormi, mas tive a sensação de que ele encostou sua barba em meu ombro, vai saber né.