oie gente, estou aqui mais uma vez. então, respondendo a indagação da sharon martins: sim, a ideia da história é cada conto ser um acontecimento da vida do lucas. sem linha do tempo a ser seguida (porém eu prometo que tudo vai chegar a um final, quero finalizar a história desse personagem com um grande laço), sem um personagem recorrente com exceção do lucas. dito isso, nesse capítulo vamos conhecer um primo do lucas, o patrick. é apenas a primeira parte desse conto, em específico. então, fiquem atentos.
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ANGELBOY – Meu primo distante, Patrick. PARTE I
Dias se passaram desde do aprendizado com o senhor Magalhães, aliás o meu time perdeu no dia do campeonato. Uma pena. Minha vida continuava na mesma calmaria: escola, casa, casa, escola.
Porém, em no qual seria mais um dia em casa respondendo atividades do colégio, escuto alguém na porta de casa e segundos depois ouço a voz da Dorota:
-Lucas! Uma pessoa está procurando você.
O que sempre é estranho de escutar, afinal de contas não tenho muitos amigos com exceção da Maria, que nunca estaria na rua em um dia de semana ao invés de estudar como uma louca para o vestibular. Na verdade, todos o qual eu tinha uma amizade ou afinidade estavam estudando como loucos para o vestibular, portanto, nunca recebia visita deles. Eu tinha decidido desde cedo que só iria pensar em faculdade após um ano sabático depois do ensino médio.
Desço as escadas correndo, ansioso para saber quem é, por um momento achei que era o meu pai, porém ele nunca chamaria na porta da sua própria casa, é claro.
Entrando na sala o mistério morreu, era o meu novo vizinho, Cássio, aquele que ajudei dias atrás.
-Olá. -escuto a voz incrivelmente grave dele.
-Olá, João, o pé de feijão e o gigante. -falo com um tom de riso. Toda vez que olhar para você vou ficar surpreso com a sua altura.
-Eu digo o mesmo sempre que me olho no espelho. -ele me responde.
-Duvido que você consiga se ver por inteiro em algum espelho.
-Você está... certo... -ele falou sorrindo.
-Então, qual o motivo da sua visita, querido senhor?
-A missão de pagar minhas dívidas com o nobre príncipe e oferecer meus dotes culinários com um delicioso pavê que fiz com minhas próprias mãos. -ele respondeu com um sotaque pomposo, como um de tempos antigos. Lembro que você disse gostar muito de doces e sobremesas, certo?
-Sim, eu adoro sobremesas e a minha favorita é definitivamente pavê! Como você adivinhou?
-Então você aceita?
-Claro que sim! Deixa eu avisar a Dorota que estou de saída.
Segundos depois, atravessamos a rua e estamos na porta da casa dele, quando entro noto umas mudanças: a televisão estava finalmente na parede, uma estante com filmes ao lado, quadros com pôsteres de filmes dos anos 80.
-Como vai o trabalho? -pergunto seguindo ele até a cozinha.
-Vai bem, é difícil ser o professor que chega meses depois que o ano letivo começa, mas acho que estou começando a ganhar a confiança da turma.
-Principalmente as das meninas, imagino. -retruquei sorrindo para ele.
-Por quê você diz isso? -ele me pergunta tentando entender.
-Ah por favor, você é jovem, bonito, provavelmente o professor mais bonito que eles tem na escola, você é exageradamente alto, inteligente... Com certeza que algumas das meninas, e meninos, tem uma quedinha por você.
-É... eu não... eu não sei... se isso é verdade... -ele falou sem gaguejando e sem graça, corando.
-Tudo bem, pré adolescentes geralmente não tem bom gosto, não precisa ficar orgulhoso. -respondi com deboche.
-Haha, ok então, senhor 15 anos. -ele falou.
-Ei, para você que não sabe eu tenho 17 anos. Breve a fazer 18.
-Oh, sério? Jurava que você era bem mais novo. De verdade.
-Bom, quem vê cara não vê coração, nem a data de nascimento.
Ele sorri e me entrega uma taça com pavê e me pede licença para atender o celular. Começo a passear pela a sala e vou na estante com filmes, em meio de filmes cult e independente como “Reservoir Dogs” “Pink Flamingos” “Blue Velvet” e um box com todos os episódios de “Twin Peaks” percebo uma fileira só com animações, na maioria filmes da Disney: “A pequena Sereia” “Pinóquio” “101 Dálmatas” e etc. Escuto ele voltando a sala e digo:
-Quem diria que um homem desse tamanho teria uma coleção com filmes de animações.
-Bom, na minha defesa, esses filmes são clássicos.
-Oh, esse é o meu favorito, -tiro o filme Bambi da estante. Assistia sem para quando era criança, sempre chorava quando matavam a mãe dele... meu pai colocou meu apelido de Bambi, por que sempre tinha lágrimas nos meus olhos quando ele tinha que viajar.
-Olhando bem, você tem olhos de Bambi mesmo, você tem essa expressão de inocente no rosto...
-Eu vou levar como um elogio.
-Ah, eu falei como um elogio.
Depois disso não tinha outra a fazer do que assistir Bambi. Sentamos no sofá e passamos a tarde inteira assistindo e comendo o pavê. No final da tarde, me despedi e agradeci.
-Foi uma tarde agradável. Muito obrigado Cássio. -fiquei na ponta dos pés e dei com extrema dificuldade um beijo na sua bochecha.
-Eu que agradeço, Bambi. -ele falou ficando vermelho. Agora eu tenho que voltar a realidade e corrigir os trabalhos da classe.
-Boa sorte.
Andando de volta para casa, penso como eu sentia saudades do meu pai e como quando eu era mais novo tinha tardes tão agradáveis como esse com ele.
Estou tão distraído que não percebo o carro na garagem, entro em casa cabisbaixo e estou a caminho das escadas quando escuto a reconhecível voz grossa e carinhosa:
-Filho... Que saudades!
Me viro e vejo minha mãe sorrindo porém distraída com o seu celular, meu irmão um pouco mais distante, a Dorota olhando tudo com um sorriso no rosto, e um homem de barba que não reconheci, e ele, meu pai!
-PAAAAAAAAI!
Corro e me jogo nos braços dele e ele roda comigo, me segurando em um abraço apertado.
-Meu pequeno Bambi, quanto tempo... Tanto tempo que você não é mais tão pequeno assim. Ele me coloca no chão e olha para mim.
-Eu finalmente cheguei nos 1,71cm. -informei orgulhoso. Pai, por que você não avisou que ira voltar hoje?
-Porque sei que você gosta de surpresa... e porque não tinha certeza se iria conseguir voltar hoje. As coisas estão muito corrido lá, enquanto que na filial daqui as coisas são mais fácil de administrar, e de qualquer jeito, as coisas vão ficar bem mais fácil agora que trouxe seu primo Patrick para gerenciar as coisas. -ele aponta para o homem que não reconheci quando entrei.
E agora olhando bem eu reconheço ele de quando era mais novo, lógico que sim, Patrick, ele sempre fazia piadas e brincadeiras comigo porque eu sempre chorava quando caía e chamava pelo o meu pai na hora das brincadeiras entre os primos.
-Olá Lucas. Quanto tempo. -ele fala estendendo sua mão.
Até onde eu lembrava, Patrick era muito babaca quando mais novo, era apenas um ano e alguns meses mais novo que meu irmão, acredito que ele tenha 25 anos. É poucos centímetros mais alto que eu, mas era forte, tipo muito forte, braços enormes, pernas grossas e malhadas, tinha uma barba invejável no rosto, sobrancelhas grossas, cabelos escuros, braços peludos, o peitoral quase estourando a camisa de botão. Era quase do tamanho de um guarda-roupa.
-Olá Patrick... muito tempo mesmo. -respondo mas sem dá muita atenção. Mas pai, isso quer dizer que o senhor vai passar mais tempo aqui ou...?
-Isso quer dizer que infelizmente, não vou passar mais tempo aqui até terminar de resolver as coisas lá... E não adianta olhar para mim com essa cara -ele falou quando olhei chateado. Prometo que a partir do momento que tudo tiver certo lá, eu venho e passo dias e dias aqui com vocês, mas no momento, seu primo Patrick vai fazer esse trabalho por mim e também não adianta fazer essa cara para ele, porque não é culpa dele. -ele me falou quando joguei um olhar fulminante para o Patrick, que olhava sorrindo para mim.
Depois de um tempo, todos na mesa, terminando o jantar e minha mãe fala para o já tão mencionado Patrick que o quarto de hóspede tá arrumado e se ele precisasse de ajuda para organizar as coisas era só pedir a mim amanhã, mas que hoje ele fosse direto para cama e descansar. E assim, depois da sobremesa (um sorvete que desenterrei do congelador) meu irmão foi para a sua casa, minha mãe pediu desculpas e foi para o quarto, o Patrick deu boa noite e finalmente fiquei a sós com meu pai. E dali para a frente passamos o resto da noite comendo sorvete, ligamos a TV para assistir Harry Potter mas na verdade conversamos sobre tudo: o trabalho dele, meus estudos, meu ano sabático depois da escola, livros que eu estava lendo, sobre os discos de músicas que ele me trouxe de presente... Um fim de noite agradável para um dia surpreendente agradável.
CONTINUA...