....Nada indicava uma presença humana naquele lugar, mas, pelo adiantado da hora, só me restava entrar, com o corpo em chamas, na casa fria. A chave que veio dentro do envelope anônimo entrou fácil na fechadura e destrancou a porta que, ao abrir, rangeu...
SEGUNDA PARTE
Entrei na casa de uma vez, no susto. Busquei localizar, com a tênue luz do aparelho celular, a caixa de luz. Após tentar sem sucesso ligar os interruptores da casa, identifiquei, sobre uma mesa de madeira, muitas velas e algumas caixas de fósforos. Cansado da viagem, apenas acendi algumas e procurei um chuveiro. Naquele momento, desejava, tão somente, esfriar a pele e descansar até o amanhecer, quando poderia enfim ir embora dali.
Desnudei-me e deixei as roupas na cadeira também de madeira, como quase tudo na casa, embora soubesse que precisava esquecer o que estava esperando ao chegar ali. A mesa firme, a madeira forte dos móveis, só me fizeram pensar em tudo o que poderia acontecer naquele lugar. Em cada canto daquela casa em que meus olhos pousavam, eu só conseguia imaginar nossos corpos nus em movimento, em variadas posições. Já sem roupas, segui para o banho frio na expectativa de apagar o mais rápido possível aqueles pensamentos. Antes de ligar o chuveiro, deixei Piazzolla tocando no aparelho celular para me fazer companhia durante o banho, que certamente não seria breve. Péssima escolha! Piazzolla excita mais do que acalma. Enquanto a água tocava minha pele em brasa e a música penetrava em meus ouvidos, foi inevitável que eu começasse a me tocar tomado por todo aquele desejo acumulado que me arrastou até aquele lugar.
Minhas mãos, colocadas inicialmente no pescoço, seguiam o fluxo da água percorrendo a pele, as costas, até se alojarem na virilha apertando com força meu cacete, como se pudesse conter, na força, a intensidade do desejo. Mas sem que eu conseguisse parar, os dedos já seguiam encostando suavemente na glande inchada de tesão, no ritmo da música e, naquele movimento e intensidade, se movia e movia... sem parar. Naquele instante, com a excitação a mil e sentindo que não era apenas a água que escorria pelo meu corpo que estava deixando minha glande tão molhada, não conseguia ouvir mais nada além da música e da minha respiração ofegante. Não ouvi o ronco do motor da moto ou o ranger da porta da casa, nem percebi que Ele já estava parado à porta do banheiro observando silenciosamente enquanto eu seguia de olhos fechados, e minha mão violenta chocalhando o meu cacete quase no auge do prazer.