O gigante e o menino valente
Na quarta-feira estávamos eu e o Rodrigo no auditório esperando o que faríamos naquele dia, quando chegou a Nathy já sorrindo e falando:
- Agora o trio canino esta completo... rs
Eu na minha santa inocência falei:
- Trio canino? Do que você esta falando?
- O Rodrigo não para de falar que eu sou chihuahua então como você que começou, descobri quais cães vocês parecem um é o Dogue Alemão e o outro o Buldogue Francês. Viu só que chique, todos europeus.... rs Então vocês já sabem o que faremos hoje ?
- Ainda não. E eu falei chihuahua só uma vez e já ganhei uma raça... rs Rodrigo é culpa sua... rs
- Mas não perco uma vez de chama-la de chihuahua... rs Ela é toda elétrica e nervosinha... rs
- Isso ainda vai dar em namoro... rs Agora mudando de assunto, vocês já arrumaram lugar para ficar? Estou preocupado, qualquer hora sou jogado na rua... rs
- Estou em uma republica junto com a minha prima, não é cara, mas só aceitam mulheres, uma pena.
- Eu estou em uma pensão por enquanto só que acaba ficando cara pois cobram por dia e não fazem um valor fechado por mês. Também estou procurando lugar para ficar e principalmente um lugar que os meus pés não fiquem para fora da cama... rs Até achei alguns lugares que o valor não era tão caro, mas ou era longe ou achei o lugar muito bagunçado.
Neste momento chega um rapaz e nos interrompe já falando:
- Bom dia ! Meu nome é Paulo mas todos me chamam de Paulão.
Não sei o que aconteceu comigo naquela hora, mas só de ouvir aquela voz, meu coração acelerou. E o rapaz continuou falando:
- Então nós vamos fazer uma peça para as crianças do orfanato, “O gigante e o menino valente”, e acredito que vocês são ideais para participar. O que vocês acham ?
A Nathy nem deu tempo para nós falarmos e saiu falando:
- Com certeza!!! Eu sou uma atriz frustrada, eu quis uma vez participar de um grupo de teatro, mas o diretor falou que eu nunca seria uma GRANDE atriz.
O Rodrigo não perdeu a oportunidade e acabou soltando:
- O diretor estava correto, você nunca seria uma grande atriz com esta sua altura... rs Mas eu tenho certeza que eu nunca vou ser um grande ator, mesmo sendo alto... rs quando estou na frente de muitas pessoas eu travo.
E lá fomos nós participar da peça e para minha surpresa acabei ficando com um dos papéis principais. Eu acabei sendo o menino valente, a Nathy a fadinha... e o Paulão o Gigante.
Para meu desespero, usei uma roupa que possuía uns cabos e quando o pessoal da coxia puxava o cabo eu subia e quando soltavam eu descia e ainda tinham mais dois cabos que faziam que eu tivesse movimento lateral. O Rodrigo foi um dos três que ficaram manipulando os cabos. Foi neste momento que eu descobri porque eu era a pessoa ideal para este papel além de ser baixo, pesava um pouco mais de 50 Kg.
Ensaiamos toda a quarta, até eu conseguir me acostumar com os sobes e desces, sem gritar, demorou um pouco. Na quinta-feira foi o grande dia da apresentação.
Quando a cortina se abriu e eu vi que tinha aproximadamente umas 100 crianças, além de todos os calouros que estavam participando do trote e mais pessoas que eu não conhecia, senti um frio na barriga e pensei não se preocupe vai acabar tudo bem, ensaiamos até dizer chega.
A sonoplastia era barbara, conforme o gigante dava passos nós escutávamos um barulhão, que não passava de um rapaz que batia em um tambor ritmado com as passadas. Outra coisa que era muito engraçado era quando eu pulava o sonoplasta assoprava uma espécie de apito que fazia um barulho muito engraçado que fazia as crianças ficarem rindo.
A peça transcorria bem, o menino já havia ganhado os sapatos mágicos da fadinha, que permitiam que ele pudesse dar saltos gigantescos. O menino agora ia se encontrar com o gigante, esta parte eu me lembro muito bem.
O menino conversando com o gigante:
- Mas gigante por que você quer destruir as casa dos meus avós?
- Porque eu quero, e além disso é uma casa muito feia.
- Eu não acho a casa feia, para mim ela é muito bonita, passei bons momentos nesta casa, além disso, onde meus avós irão morar, se você destruir a casa deles.
- Isto não é problema meu! Vou destruir e pronto.
- Não!!! Você não pode!!!
- E como um menino como você vai me impedir? Mas para não falarem que sou totalmente mal, vou fazer três perguntas para você, se você acertar não destruirei a casa. Combinado?
- Combinado!
- Então O que é, o que é? Fica cheio de boca para baixo e vazio de boca para cima?
Neste momento eu perguntava para a plateia e a fadinha aparecia com um cartaz com o desenho de um chapéu e a meninada toda gritava “chapéu”. E eu respondia para o gigante.
E foi assim quando o gigante perguntou “O que é, o que é? Tem coroa, mas não é rei, tem escama, mas não é peixe?” e eu respondi “Abacaxi”.
E também para a última pergunta “O que é, o que é? Cai de pé e corre deitado?” e eu respondi “Chuva”.
Quando eu respondi a última pergunta o gigante ficou bravo e falou:
- Vou cumprir com a minha palavra e não destruirei a casa, mas eu vou esmagar você por ter me desafiado.
Quando o gigante tentou me pegar eu saltei para o outro lado, e quando ele se virou para tentar me pegar novamente eu saltei para o outro lado e isto se repetiu mais duas vezes, quando o gigante já estava cansado, eu parei dei mais um salto e falei:
- Gigante o que você precisa é..... ahhhhhhhhhhhhhhhh
E neste momento um dos cabos se arrebenta e eu acabo caindo com tudo em cima do gigante, isto é, do Paulão. Quando dou por mim estou deitado em cima do Paulão e a primeira coisa que veio a minha cabeça foi falar:
- Gigante você está bem ?
- Sim !!! E você está bem?
- Também estou bem !!! Então Gigante o que você precisa é do abraço de um amigo !!!
Neste momento nos abraços e o gigante começou a chorar e falar:
- Nossa nunca ninguém quis ser meu amigo, todos fugiam de mim com medo porque eu sou muito grande...
Neste momento as cortinas se fecham e só ouço a fadinha falar:
- E o Gigante e o menino valente foram amigos para sempre e se divertiram muito.
Eu ainda estava deitado em cima do Paulão e sendo abraço por ele, aquilo estava me envolvendo de uma forma que eu pensei, se eu ficar mais um pouco aqui vou ficar excitado. E neste momento eu levantei atordoado com o que eu pensei e só falei baixinho para o Paulo:
- Tudo bem com você realmente? Porque você chorou de verdade.
- Não estou bem! Acho que entrei demais no papel.
Todos nós fomos e cumprimentamos o público e neste momento a fadinha fala:
- Garotada!!! O Gigante e o Menino daqui a pouco estarão lá fora para que vocês possam abraça-los. Lá fora tem alguns brinquedos que vocês podem ir sem medo. Tem também a barraquinha de cachorro quente e suco. Boa diversão!!!
Quando nós saímos tinha uma fila enorme esperando para abraçar o Menino Valente e o Gigante. Acho que nós abraçamos umas trezentas crianças... rs E incrível que só haviam no máximo 100. Tenho certeza que abracei a mesma criança mais de uma vez.
Após todos os abraços, falaram no microfone para cada criança pegar um calouro e brincar de cavalinho. Neste momento veio um menino bem pequeno e perguntou para mim se eu podia ser o cavalinho dele, falei que sim. Quando já estava com o menino nas costas e brincando chega o Paulão e fala para o menino você não quer vir para as minhas costas e o menino responde que tinha medo de altura, o Paulão saiu de lá rindo sem parar.
Só ficamos livres quando o Gustavo começou um espetáculo de Mágica. Neste momento aproveitei para ir na barraquinha de cachorro quente e suco e fui me esconder no auditório para poder comer em paz, quando chega o Paulão e fala:
- E ai baixinho se escondendo?
- Engraçadinho você! Estou morto de cansaço.
- Mas não se empolgue muito. Daqui a pouco as crianças vão embora e nós temos que limpar tudo. Já que hoje é o último dia de trote. Amanhã serão os processos de seleção para os esportes. Vai participar de algum?
- Pretendo participar para natação. Eu era bom onde estudava.
- Então nos encontramos amanhã, que o melhor seja escolhido... rs Não esqueça de trazer sunga, óculos, touca e toalha.
Ficamos conversando mais um pouco quando nos avisaram que as crianças já iriam e para nós irmos nos despedir delas.
Naquele dia não conversei mais com o Paulão. Em compensação enquanto limpávamos não conseguia mais escutar a Naty falando que ela era uma atriz nata... rs
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Agradecimentos:
VALTERSÓ: É muita honra ter alguém que lê a maioria dos contos, lendo o meu.O filho da Dona Olga é um zero a esquerda... rs Abraços
de porto alegre: É uma honra para mim você estar lendo o meu conto. Quero dizer que adoro os seus contos. O Rodrigo é um amigo de sala do Pedro. Eles se conheceram no primeiro dia de aula. Abraços
Geomateus: é um prazer você estar lendo o meu conto. Sabe que eu sempre fiquei intrigado com o seu pseudônimo. E ficava as vezes elocubrando os nome mais diversos: Geovane Mateus, Geométrico Mateus, Gervásio Odorico Mateus... rs Desculpe-me mas há horas que não conseguimos controlar a nossa imaginação.
Quem quiser enviar um e-mail diretamente para mim pode ser que eu demore um pouco para responder, enviar para andrezito.abc@gmail.com
Abraços,
André