Lá estava eu, suado, exausto e sujo, após mais uma batalha sangrenta em que havíamos nos sagrado vencedores …, se bem que, não sei mais distinguir vencedores de vencidos. A espada ensanguentada, pendia em minha mão ao longo do corpo, assim como meu escudo pesava sobre o outro braço. Olhei em volta e vi apenas corpos mutilados, sangue, fezes, excremento e aves de rapina banqueteando a fartura que se lhes oferecia.
“Demétrio, venha até aqui …, tenho um presente para ti!”, ouvi a voz de Cláudio, meu comandado, chamando-me para um pequeno campo frondoso que escapara da nossa carnificina. Assim que cheguei, deparei-me com ele ao lado de uma mulher; meu prêmio era uma grega de grandes olhos escuros, lábios finos e longos cabelos negros. Ela estava sentada sobre os próprios joelhos, com as mãos largadas ao longo do corpo esguio, protegido por uma túnica branca de algodão, e parecia fitar o vazio que exsurgia de seu próprio interior.
“Leve-a consigo, meu amigo …, dou-te de presente por uma batalha vitoriosa”, disse Cláudio, enquanto se afastava em direção aos outros legionários que estavam incumbidos do doloroso trabalho de aliviar o sofrimento daqueles que ainda gemiam e gritavam no campo de luta, irmão ou inimigos, perfurando seus corpos com a lança, e deixando-os livres do sofrimento.
Olhei para a mulher e vi que ela não tinha nenhuma reação; provavelmente, testemunhando tudo o que acontecera naquele dia, seu coração e sua mente estavam entorpecidos, causando-lhe um efeito de distanciamento da realidade, procurando esquecer tudo aquilo; agachei em frente a ela, fitando seu rosto alvo e sem marcas. “Venha comigo”, eu disse, enquanto estendia a mão para ela que, imediatamente, reagiu encolhendo-se atemorizada, abraçando seus ombros com os braços cruzados e desviando o rosto para o lado.
Permaneci, pacientemente, com a mão estendida, esperando até que ela olhasse para mim; após alguns minutos ela voltou seu olhar em direção do meu, tendo no rosto uma expressão hesitante. “Não tenha medo, pegue minha mão e venha comigo”, eu insisti com um tom de voz suave e controlado. Mais alguns minutos transcorreram até que, finalmente, ela estendeu sua mão, segurando a minha; ajudei-a a levantar-se, e juntos caminhamos na direção oposta ao campo de batalha, pois eu sabia que ela não precisava de mais dor e sofrimento.
A tarde avançava, fria e sem luz, enquanto eu retornava para o acampamento, trazendo a grega sentada à minha frente; tomei cuidado em não apertá-la entre meus braços, apenas mantendo-a firme sobre a montaria até que chegássemos ao nosso destino. Entramos em minha tenda e meu optio já me aguardava com um vaso de água e um pano limpo. Lucas, meu servo, não conseguiu esconder sua surpresa ao ver a mulher que me acompanhava, mas como era de seu costume, nada perguntou a respeito; antes de me lavar, pedi a ele que me ajudasse com a armadura, e depois com as armas e as sandálias.
Após ter me lavado, voltei-me para a grega e caminhei até ela, que já não mais hesitava ante minha presença; perguntei se estava com fome e ela acenou afirmativamente, e enquanto pedia para Lucas providenciar uma refeição para nós, fui surpreendido pelas primeiras palavras pronunciadas por ela.
-Poderia eu banhar-me? – ela perguntou, ainda com hesitação.
Olhei para Lucas que não perdeu tempo em providenciar água e panos limpos; meu servo trouxe um jarro com água, mas eu intercedi, sabendo que o desejo da grega não se limitava às mãos e ao rosto. “Prepare um banho para ela”, ordenei. Em poucos minutos uma tina de madeira foi preenchida com água quente, e protegida por um enorme tecido branco.
Antes de entrar, a grega olhou para mim, incapaz de esconder seus temores; “Fique tranquila, aqui estás segura”, eu disse enquanto sorria para ela. Fiquei de costas e deixei que ela apreciasse seu banho. Logo, ela estava limpa e vestida; olhei para seus pés e notei que ainda permaneciam descalços e que também estavam com pequenos ferimentos; pedi que ela se acomodasse sobre algumas almofadas e pedi a Lucas que trouxesse unguento e panos limpos.
Ajoelhei-me em frente a ela e apliquei o unguento nos ferimentos; em seguida, envolvi-os em panos para que o medicamente fizesse seu efeito; acomodei-me ao lado dela e ofereci tâmaras e lascas de carne de carneiro, pão e leite fresco. Ela comeu sem esconder sua avidez, já que deveria estar sem comer há algum tempo. “Me chamo Aura”, ela respondeu quando perguntei seu nome, limpando os lábios com as costas da mão direita.
Lentamente, fui quebrando a resistência de Aura, conversando amenidades, sem tocar em assuntos indesejados; mas, houve um momento em que ela sentiu a necessidade de falar sobre tais assuntos.
-Eu estava aprisionada pelo bárbaro de nome Ivar – ela começou a dizer com voz trêmula – Ele me comprou dos meus pais, que eram refugiados da dominação germânica …
-Vendida! – exclamei eu, atônito pelas palavras dela – Como, vendida?
-Eu sou uma aberração! – ela gritou de volta em tom lamurioso, incapaz de conter as lágrimas.
Percebendo a gravidade do momento, envolvi Aura em meus braços e deixei que ela se aninhasse em meu peito, o que fez com certa resistência; deixei que ela choramingasse baixinho, acariciando seus cabelos macios e sedosos. Ficamos assim por algum tempo. Deixei que Aura desafogasse a mágoa que doía dentro dela, mas, ainda assim, estava curioso por saber tudo o que acontecera com ela.
-Eu fui vendida por meus pais, porque eles não me queriam – ela começou a falar com um tom fraco e hesitante – Não queriam ter consigo alguém que não era perfeito …, alguém que não era completo …, então fui dada a Ivar, o bárbaro …, ele me levou consigo para a sua aldeia …, depois de algum tempo trabalhando como uma escrava comum …, ele veio até mim …, uma noite …, ele queria me possuir …
Repentinamente, Aura parou de falar e voltou a choramingar; tornei a acariciar seus cabelos e seu rosto, tentando consolá-la. “Não tema, confie em mim e abra seu coração”, eu pedi a ela quase em um sussurro.
-Ivar era um homem violento – ela prosseguiu, engolindo as lágrimas – E ele rasgou minhas vestes, deixando-me nua! E quando me viu assim …, ele …, ele …, ele recuou e me chamou de aberração!
Mais uma vez o silêncio imperou, e Aura desabou em uma torrente de lágrimas descontroladas. Apertei-a entre meus braços …, mesmo sem saber a razão, eu sentia a dor daquela mulher como se fosse minha própria dor. Depois de algum tempo, implorei para que ele prosseguisse com sua narrativa.
-Nos dias que se seguiram, Ivar me humilhou – ela continuou – Obrigou-me aos trabalhos mais pesados, e todas as noites ele vinha até meu catre e me açoitava com crueldade, gritando que eu era uma aberração e que ele fora enganado por meus pais …, eu suportei o quanto pude …, até que …, um dia …, quando uma pequena caravana saiu da aldeia, eu me escondi em um carroção de peles e fugi do jugo daquele monstro …
-E como você veio parar aqui – perguntei eu, curioso – Como você chegou neste campo de batalha?
-Fugi da caravana, quando desconfiei que eles poderiam perceber minha presença – ela respondeu, ainda engolindo o choro quase incontido – vagueei a esmo, comendo raízes e bebendo água das pequenas nascentes …, até que vi a coluna de legionários caminhando e decidi segui-los …, e por isso, aqui estou …
-Agora você está segura – consolei-a com carinhos em seu rosto – Você irá comigo para Roma …
Assim que eu disse isso, Aura me encarou com uma expressão que era puro terror! Ela gritou que eu não poderia levá-la …, tornou a dizer que era uma aberração, e, livrando-se de meus braços correu para fora da tenda. E antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ouvi os gritos dos legionários do lado de fora de minha tenda.
Corri na direção do alvoroço e vi Aura caída no chão; um dos soldados da guarda havia impedido sua fuga, golpeando-a com o cabo de seu gládio; aproximei-me dela e tomei-a nos braços …, olhei para o legionário e nada disse …, afinal, ele estava cumprindo com seu dever. Dei as costas e retornei para minha tenda. Depositei a grega desacordada sobre as peles que revestiam minha cama de madeira e deitei-me ao seu lado.
Observei que ela não estava ferida, mas apenas desacordada; mais uma vez, acariciei seus cabelos e senti a maciez quente e tenra de seu rosto perfeito; subitamente, um desejo cresceu dentro de mim …, era algo que fugia ao meu controle, deixando-me a sua mercê, como seu eu pudesse ser manipulado ao seu bel prazer …, minhas mãos começaram a percorrer o corpo por cima do tecido, sentindo suas formas delicadas.
Aura tinha um corpo que mais parecia uma obra divina concebida apenas para o deleite dos homens; mesmo sentindo suas formas protegidas pela túnica de algodão, cada curva, cada sinuosidade parecia insuflar um imenso desejo de tê-la para si como uma obra voltada para dar e receber prazer.
Inesperadamente, Aura abriu os olhos e me fitou …, era um olhar doce e submisso, como se ela estivesse dominada por mim, enquanto eu me sentia dominado por ela …, nossos lábios ávidos vagaram, um em busca do outro, e quando se encontraram, selaram um beijo quente, úmido e infinito. E enquanto nos beijávamos sofregamente, eu prossegui explorando as formas insinuantes de Aura …, ao chegar ao ventre, senti uma pequena protuberância que parecia pulsar com vontade própria.
Neste momento, os lábios de Aura descolaram-se dos meus, e seu olhar encheu-se de medo! Um medo que parecia gritar, ao mesmo tempo em que eles ficaram levemente marejados. Ao meu turno, eu pressionei o local, sentindo a dimensão do pequeno volume que parecia pulsar …, e por alguma vontade do destino, aquele “detalhe” anatômico de Aura me excitou ainda mais.
Segurei o volume entre os dedos e apertei-o com cuidado, o que fez Aura gemer sem controle sobre sua vontade. “Agora você sabe …”, ela sussurrou, escondendo o rosto me meu pescoço. “Eu sou uma aberração!”, ela disse, entre lágrimas.
-Não, você não é uma aberração! – eu respondi, segurando seu queixo e obrigando que ela me encarasse – Você é uma mulher …, e jamais deixe que alguém diga o contrário …
-Mas, eu não sou perfeita! – ela retrucou com a voz engolfada.
-Aura, você é mais que perfeita! – eu respondi com tranquilidade e certeza – Confie em mim …, me sinto irresistivelmente atraído por você …, eu te quero, como jamais quis uma mulher antes em toda a minha vida!
Daquele momento em diante, palavras foram absolutamente desnecessárias; restou a nós o universo de nossos corpos, dedicados à entrega um para o outro; após uma sequência quase interminável de beijos, eu me dediquei a despir Aura, deixando-a nua apenas para meus olhos.
Segurei seus peitos cuja firmeza era deliciosamente alarmante e dediquei-me a sugar seus mamilos intumescidos com a voracidade de um sedento que clama no deserto …, ensejei o momento, para descer minha mão até o seu ventre, sentindo seu pequeno membro duro e pulsante; uma sensação gostosa percorreu meu interior, e eu segurei aquele membro, sentindo não apenas sua dimensão, como também toda a sua rigidez que me deixava ainda mais excitado.
Aura acariciou meus cabelos e gemeu vezes seguidas, denunciando que minha carícia causava-lhe enorme prazer. “Por favor, deixa eu te despir para mim”, ela pediu em tom suplicante, enquanto acariciava meus cabelos. Olhei para ela e acenei com a cabeça. Ficamos em pé, e Aura abriu o cordão de minha túnica, deixando que ela escorresse pelo meu corpo até ir ao chão, revelando não apenas minha nudez, como também toda a minha excitação por ela.
Aura ajoelhou-se em frente a mim, e ficou olhando fixamente para meu membro ereto; ela parecia hipnotizada pelo meu corpo, como se aquilo, para ela, fosse algo que jamais vira e que, mesmo assim, desejava intensamente; ela aproximou seu rosto dele, e sem usar as mãos, buscou-o com sua boca; ao sentir seus lábios e língua saborearem meu mastro, um arrepio percorreu meu corpo e minha pele ficou arrepiada.
A grega passou, então, a chupar e lamber meu membro, deliciando-se de uma maneira inédita, tanto para ela como também para mim; senti uma de suas mãos acariciando e apertando suavemente meu escroto, causando mais sensações inimagináveis em mim. Aura dedicou-se com afinco em saborear meu membro, e a cada investida de sua boca e língua, eu sentia um furor crescer dentro de mim; acariciei seus cabelos, incentivando-a a prosseguir em seu carinho que muito bem me fazia.
Momentos depois, fiz Aura deitar-se sobre a cama e posicionei-me sobre seu corpo …, olhamos um para o outro e eu não pude esconder a sensação desconcertante de não saber o que fazer a seguir …, Aura sorriu para mim, enquanto tomava o membro com uma de suas mãos, aproximando-o de seu ânus. “Não se preocupe, centurião …, também sentirei prazer …, mas, apenas se você sentir”, ela sussurrou em tom convidativo.
E a penetração deu-se de um modo tão doce e suave, que senti meu furor explodir em movimentos pélvicos que proporcionavam sensações inéditas, tanto para mim, como também para minha parceira. Em nenhum momento interrompemos o ritmo quase alucinante de nossos corpos na busca incessante pelo prazer; e foi com uma grata surpresa que recebi o comentário de Aura ao dizer o que estava sentindo. “Oh! Doce Demétrio! Estou a gozar a cada arremetida de sua virilidade deliciosa! Continue …, por favor, me faça sentir mulher! Me faça sentir tua!”.
Nosso idílio não arrefeceu-se com o passar do tempo; pelo contrário; cada nova investida, eu recebia de volta a contração de minha parceira e seu movimento em resposta, ocasionando uma tensão indescritível, e, ao mesmo tempo, imensamente prazerosa. Perdi a noção de tudo à nossa volta, assim como não sabia mais dizer quantas vezes minha parceira havia gozado, mesmo depois de sentir sua ejaculação imprevista que lambuzou meu ventre, e ouvi-la dizer que ainda queria mais!
Vencido pelo enorme esforço, e após horas de sexo ardente e correspondido, senti minha respiração tornar-se mais intensa, enquanto acelerava, involuntariamente, meus movimentos de sobe e desce, enterrando e sacando meu membro das entranhas de Aura, em uma inequívoca demonstração de que o orgasmo se avizinhava de maneira irrefutável.
E no momento em que, finalmente, eu ejaculei, pude sentir o volume de sêmen invadindo as entranhas de minha amante grega, o que era por ela correspondido com os movimentos frenéticos de seus quadris, atirando seu ventre contra o meu, numa reciprocidade que eu jamais sentira antes. Ao terminar, desabei sobre seu corpo suado, deixando que nossas peles úmidas e quentes experimentassem a sublime sensação de pertencer-se mutuamente. Vencidos pelo enorme esforço físico, com a respiração tentando recuperar seu ritmo original, adormeci em um sono merecido, enquanto permanecia sobre o corpo ainda suado de minha parceira.
Fui acordado não apenas pela réstia de sol invadindo minha tenda, como também pelos beijos apaixonados de minha companheira grega; olhei para ela e vi um sorriso iluminado em seu rosto, e senti-me mais que recompensado pelo presente que Cláudio me oferecera no dia anterior ao fim de uma sangrenta batalha contra o inimigo. Aura fora um acontecimento inédito em minha vida, e eu me sentia grato por isso. “E agora, Centurião, o que faremos?”, ela perguntou incapaz de esconder sua ansiedade pela resposta.
“Não faremos nada!”, respondi notando a expressão de surpresa no rosto de Aura. “O que sei, meu amor, é que minha vida não tem mais razão de ser sem você ao meu lado!”, emendei …; “Vamos apenas nos amar o mais intensamente possível, e deixemos o resto por conta do mesmo destino que nos uniu!”, afirmei logo depois. Aura olhou para mim e sorriu …, era um sorriso de felicidade; a felicidade que ela jamais sentiu em sua vida!