Acordei no outro dia, tonto por ter bebido demais. estava deitado em uma cama, mas estava vestido, então isso me leva a entender que eu não fiz nada. Robert estava deitado do meu lado.
Ele parecia um anjo com grandes diferenças de Pablo. O fato de Pablo ser mais forte e ter uma expressão de valentão era totalmente o contrário de Robert, ele era mais delicado, ele era sim forte, os músculos do corpo eram muito bem divididos. Comparar Pablo com ele era muito injusto.
Tentei me lembrar de tudo que aconteceu ontem, mas nada. É como se eu tivesse me esquecido de tudo, só me lembro até a parte que entro no carro de Robert, e depois só Deus sabe.
Quando olhei ele assim dormindo, eu tive uma necessidade de querer o proteger, ele me passava isso, é eu queria o proteger de todo o mundo. Toquei seu rosto com a mão, eu não sabia o que estava fazendo mas não me controlei, ele abriu os olhos e se depara comigo olhando diretamente para ele.
— Bom dia!
— Ótimo dia, eu poderia me acostumar em acordar assim! — Eu tirei minha mão do seu rosto.
Fitei o teto por um tempo, ele já estava "em cima" de mim.
— Sobre ontem, eu não queria ter beijado você, eu sei você deve me achar um louco, mas eu….
— Você me beijou? Como assim?
— É eu não me controlei. — Ele riu.
— Mas eu não me lembro. — Falei desanimado. Ele estava perto de mim, seu rosto quase colado no meu. Eu o beijei, não me importava com oque viria depois. Ele me apertava nos seus braços, seu beijo era bom, era calmo. Então eu me afastei tão rápido quanto eu podia. Me sentei na cama confuso. Últimamente minha cabeça está trabalhando sem meu consentimento.
— Eu fiz algo de errado? — Ele se sentou do meu lado.
— Não é você, sou eu, esse beijo nunca devia ter acontecido! — Ele voltou a se deitar.
— Você ainda está preso ao seu passado?
— Você me conhece.
— Odeio ver você assim, cara, eu não quero ver você assim.
— Por que você se importa? — Eu me levantei, precisava ir embora.
— Não está óbvio? Vítor, eu estou apaixonado por você. — Aquelas palavras não me deixaram surpreso, no fundo eu sempre soube.
— E se eu falar que sinto algo por você? Você vai estar disposto a dividir meu coração?
— Eu faria qualquer coisa por você, mesmo sabendo que você nunca ia poder me corresponder. — Senti minha cabeça rodar.
— Isso não seria justo.
Eu sai pela porta, não conhecia muito a casa dele, mas foi fácil achar a porta da frente. Eu ia ir embora andando mesmo, quando ele me alcançou.
— Você não pode fugir disso.
— Fugir de que? — Eu cruzei os braços.
— Fugir de mim, eu estou abrindo meu coração, e eu não sei como fazer isso. — Eu o abraçei.
— Eu queria que você não tivesse nessa situação.
— Tudo bem, mas me espere um minuto, eu vou te levar pra casa.
E eu esperei, seria difícil agora conviver com ele, sabendo que ele gosta de mim, antes eu só tinha suspeitas, mas agora eu tenho certeza. Ele voltou depois de alguns minutos. Eu respirei fundo antes de entrar no carro.
— Não fique calado. — Ele me repreendeu.
— Eu não tenho nada pra dizer, nada mesmo.
— Hmm. — Ele estava concentrado no caminho. — Você pode me contar então sobre Pablo. — Eu olhei para ele.
— Como assim?
— Não faz isso, eu sei que vocês se conhecem, ele é seu primo não é? O homem que você é apaixonado, mas ele te abandonou…
— Eu sei de tudo isso, por que está repetindo? — Eu estava zangado.
— Por que você não admite logo que ama ele, e para com esse jogo todo. — Eu cruzei os braços como uma criança mimada.
— Eu não vejo como isso pode ser da sua conta.
— Só quero seu melhor Vítor, e se ele é o seu melhor eu posso te ajudar. — Ele sorriu, olhei pra ele sem entender oque ele dizia.
— Me ajudar? Você não vai lutar por mim então?
— Quando você ama alguém você quer ver essa pessoa feliz, e você não está feliz. — De fato, eu não estava nem um pouco feliz com nada do que estava acontecendo, é como se meu mundo estivesse desabando novamente.
— Me sinto mal por não poder te corresponder. — Ele riu alto como se eu tivesse falado algo engraçado.
— Tudo bem, não é a primeira vez que acontece. — Eu ri sem graça. — Então você vai aceitar que eu te ajude?
— Ok, e como vai ser?
— Primeiro, temos que nos livrar de Katarina. — Eu engoli seco, quando ele falou se livrar. — Depois temos que nos livrar de Carlos.
— An? Carlos? Mas ele é meu amigo, aconteceu coisas no passado, mas ele mudou.
— Não confio nele. — Robert fechou a cara. — Você tem uma ideia de onde podemos começar? — Eu pensei um pouco, e minha intuição disse que eu devia ir para a loja do meu tio.
— Vamos pra loja do pai de Pablo. — Ele arqueou a sombrancelha. — É só uma intuição.
— Ok, sei bem onde fica.
E lá estávamos nós dois, como se estivessemos fazendo algo errado, Robert era mais agiu do que eu, ele me puxou para dentro da loja. Os sinos que sempre tocavam quando alguém entrava não estavam mais lá, tudo parecia normal, a loja continuava a mesma, mas pelo que eu soube, meu tio havia falido, isso explica as teias de arranha e a poeira no balcão.
Robert analizava com cuidado o lugar, ouvi vozes que vinham dos fundos da loja, meu coração acelerou com o medo de sermos pegos.
— Vamos lá. — Disse Robert excitado. Ele parecia feliz por ter se tornado um detetive, e eu como seu ajudante era um medroso. Seguimos lentamente para o escritório da onde as vozes vinham, seja quem for não ia querer que estivessemos aqui.
— Você sabe oque tem que fazer! — Eu não consegui reconhecer quem falou. Robert me olhou e se aproximou da porta para ouvir melhor.
— Eu estou fazendo oque eu posso, mas você sabe como ele é! — Falou uma voz feminina em resposta.
— Eu já tentei matá-lo mas você sabe que aqueles tolos falharam, bem dizem que se quer fazer o trabalho bem feito nós devemos fazer pessoalmente! — Uma terceira voz falou.
Olhei horrorizado para Robert que estava escutando tudo atentamente.
— Você ouviu isso? — Perguntei baixinho.
— Xiii, estou tentando ouvir.
Tinha três pessoas dentro dessa sala, e elas estavam planejando a morte de alguém, eu estava com muito medo agora.
— Não devemos nos precipitar, espere que ela faça o serviço dela e depois seguiremos com o plano.
— Você sabe se aquele garoto continuar me confrontando eu vou dar um jeito nele.
— Não toque no garoto!
— É não toque nele, ele é meu!
Eu me arrepiei, tinha que sair desse lugar agora. E foi o que eu fiz. Robert que alcançou logo em seguida.
— Você oiviu tudo aquilo? Eles querem matar alguém.
— Vítor, eles já tentaram matar alguém, você não ouviu? Mas eles falharam. — Minha cabeça estava rodando com todas essas descobertas.
— Alguém vai morrer Robert, e somos os únicos que sabemos disso.
— Calma, vamos primeiro sair daqui.
Entramos no carro dele e fomos embora, eu não conseguia fazer minhas mãos pararem de tremer. Se eu ao menos lembrasse de quem eram aquelas vozes.
— Temos que tomar mais cuidado, a loja não tem câmeras não é?
— Não, meu tio é pão duro demais para colocar câmeras na loja. — Fiquei aliviado com isso, pelo menos ninguém ia ficar sabendo que estivemos lá.
Robert estava rindo quando olhei para ele.
— Qual o seu problema?
— Isso tudo é muito emocionante. Podemos morrer sabia. — Eu engoli seco. — Ser detetive é muito legal.
— Diga isso por você, eu sinto que vamos ser descobertos a qualquer momento.
— Seja quem for aquelas pessoas, temos que descobrir logo, você lembra do que aquele homem falou? Que tentaram matar uma pessoa, mas os caras que tinham que fazer o trabalho falharam.
Eu me calei enquanto Robert falava analizando as próprias palavras. E então ele parou o carro com uma freiada.
— Vítor, eu já sei, Pablo.
— An?
— Tentaram matar Pablo. — Então tudo entrou no lugar como um quebra cabeças.
— Minha nossa.