Os dias foram se passando, e Robert estava cada vez mais obcecado em tirar Katarina do lado de Pablo, mais interessado que eu.
- Podemos mandar uma carta dizendo que ela ganhou uma viajem para Londres, e ai sequestramos ela e a jogamos no rio. - Eu ri.
- Muito pesado.
- Então vamos pegar a filha dela. - Eu bati no ombro dele, mesmo sabendo que ele estava apenas brincando.
- Não vamos tocar naquela menina, ela é tão inocente.
- Tá bem, então não sei oque podemos fazer.
- Vamos deixar isso pra lá. - Eu me sentei na cama junto com ele. - Eu não sei se quero mais isso.
- Então está dizendo que não quer ver Pablo livre? - Eu não falei nada, essa é a coisa que eu mais queria. - Você é estranho. - Ele riu.
- Que tal sairmos hoje? Slá podemos jantar juntos.
- Hmm um jantar romântico. - Brincou ele. E depois ficou sério. - Estou brincando, vamos então como amigos. - Sorri sem graça, eu sofria muito por não poder dar para Robert oque ele queria.
- Eu te vejo mais tarde então. - Falei.
Fui para casa sozinho aquela tarde, algo me incomodava, mas eu não sabia oque. Olhei para meu celular que vibrava com uma mensagem.
*Beto: Será que podemos nos ver? Estou com saudades.
Eu sorri, sentia tanta falta do meu doutorzinho, ele me salvou tantas vezes que vou ser grato a ele pra sempre.
*Podemos nos ver, eu vou na sua casa.
*Beto: Ok.
Mudei a rota e fui para casa de Beto. Ele morava em um apartamento, mas eu não tinha certeza, depois que ele começou a namorar com Carlos os dois acabaram indo morar juntos, então tentei a sorte.
°°°
- Minha nossa, você está muito gato. - Beto me abraçou forte.
- É, todos dizem isso. - Sorri. Beto estava diferente, tinha um cavanhaque e o cabelo estava um pouco comprido, isso deixava ele mais maduro.
- Mas continua com a mesma cara de trouxa.
- Ei. - Bati em seu ombro. Seu apartamento era de muito bom gosto, nas quatro paredes da sala tinha estantes lotadas de livros. E também tinha pinturas, que eram caras demais.
- Se sinta a vontade, temos tanto oque conversar, posso te oferecer algo?
- Um copo d'água por favor. - Me sentei em um dos seus sofás de couro vermelho. - E onde está Carlos?
- Na casa dele.
- Hmm vocês não moram juntos? - Ele voltou para a sala e se sentou na minha frente.
- Não estamos mais juntos.
- Oh, mas por que?
- Eu vou ser direto com você. - Ele sorriu. - Carlos nunca deixou de gostar de você Vítor. - Agora eu estava mal, sou o causador de tantas tragédias assim?
- Eu não sei oque falar.
- Mas tudo bem, Carlos precisa de um tempo pra ele. - Ele se levantou e me sentou perto de mim. - Ele não vai desistir de você. - Me senti desconfortável.
- Eu não pretendo dar uma chance pra ele. - Eu estava sendo verdadeiro, Carlos e eu? Sem chance.
- Eu sei, e por isso não estou preocupado. Você já esqueceu de Pablo? - Por que todo mundo agora está interessado no que eu sinto por Pablo? Isso me deixava tão irritado.
- Eu nunca vou poder esquecer oque ele significou pra mim, nunca. - Beto sorriu.
- Carlos me contou sobre aquele garoto, Robert não é?
- Robert é adorável. Um homem doce, tudo de bom sabe. - Eu sorria enquanto falava dele.
- Hmm Vítor, eu não entendo bem sobre essa coisa de amor, mas posso afirmar que você está apaixonado por esse garoto. - Ouvir isso foi como um tapa, e foi como se eu tivesse despertado para uma realidade que eu pensei que não existia.
- Como? Você acha?
- Não acho nada, tenho certeza. Você está apaixonado por ele, seus olhos brilham quando você fala dele. Vamos lá confessa.
- Será? - Me levantei confuso.
- Olha, por que você não da uma chance pra ele? Pra ver como vai ser.
- Eu preciso ir embora agora Beto, foi bom voltar a te ver.
- Você vai fugir por que? Você não pode fugir do que sente. - Eu bati a porta atrás de mim e sai de lá o mais rápido que eu pude.
Eu apaixonado por Robert? Que coisa mais absurda, Robert é um sonho que todo mundo quer, mas eu não sei se ele é o meu sonho.
Peguei um taxi e fui direto pra casa. No caminho todo as palavras de Beto pessaram, se eu não amava Robert então por que eu me importo tanto?
°°°
- Uau filho, você está bárbaro.
- Obrigado mãe.
- Vai sair com aquele seu amigo?
- Robert, sim vamos sair pra jantar. - Eu estava na frente do espelho terminando de me arrumar. Estava vestindo uma calça jeans verde, e uma camisa trasparente, claro, eu estava usando por cima um fino casaco preto.
- Não estou vulgar? Olha essa camisa.
- Não, você está sexy e tem um corpo perfeito. É a roupa perfeita.
- Hmm se minha mãe está falando. - Rimos.
- Mas diz pra mim filho. - Ela me levou junto com ela pra cama. - Você está gostando dele?
- Mãe, eu não quero falar sobre isso. E agradeço se você não perguntar mais.
- Hm ok nervosinho. - Ela se levantou e foi para a porta. - Quer saber, você gosta dele sim. - E saiu rindo.
Eu me olhei no espelho e estava sério, não sei se ficar com Robert agora me ajudaria, mas fugir dele sem ter um motivo concreto também não ajuda nada. Ouvi o barulho do carro e desci.
- Oh, você vai sair comigo assim? - Ele me olhava admirado. Robert estava muito bem. Bem era a palavra pra resumir ele. Estava usando um short jeans azul e uma camisa sem manga.
- Deixa eu advinhar, você saiu da academia e veio pra minha casa?
- Haha você acertou. Quando eu percebi já tinha perdido a hora. - Sorrimos. - Podemos ir dar uma volta na praia slá e depois jantamos, ou você quer que eu troque a roupa?
- Não, assim eu posso ver melhor seus músculos. - Eu entrei no carro para esconder meu rosto que ficou vermelho.
Estávamos em silêncio dentro do carro, aquilo me incomodou muito. Eu liguei o rádio e sintonizei na minha estação preferida, estava tocando We Can't Stop, da Miley Cyrus.
- Gosto dessa música. - Falou ele.
- Eu amo, ela tem uma letra tipo de alto estima. - Ficamos comentando sobre a música, e cantoras que gostávamos, e depois filmes, e ele ficou espantado quando eu disse que não chorei assistindo a culpa é das estrelas.
- Eu chorei muito com esse filme, e olhe pra mim. - Eu ri.
- Que feio um homem desse tamanho chorando.
- Apesar de tudo eu sou sensível. - E o silêncio tomou o carro de novo. Quando chegamos na praia eu sai correndo do carro e fui para areia. Eu gostava de estar perto do mar.
- Eu preciso contar uma coisa pra você. - Robert ficou do meu lado, e começamos a andar. - Meus pais voltaram, e meu pai me procurou. - Ele estava sorrindo. - Ele veio na minha casa me ver, entende, ele nunca fez isso.
- Isso é ótimo Robert. - Eu sorri.
- E ele quer que eu vou embora com ele. - Eu olhei para o mar, as ondas faziam um barulho ensurdecedor agora, como se elas estivessem tentando me deixar surdo. - Você me ouviu?
- Você não pode, não pode ir embora. - Eu parei de andar e o segurei. - Você não pode deixar a cidade.
- Não é questão de deixar ou não deixar, meu pai veio atrás de mim Vítor, ele quer que eu tome conta dos negócios dele. E eu não quero o desapontar.
- Mas e eu? - Eu estava tentando não chorar agora, eu não queria que ele fosse embora. - Você vai simplesmente me deixar? - Ele pegou minha mão e sorriu.
- Vítor, o seu lugar é aqui, a sua história está nessa cidade, eu não me sinto bem. E eu vou embora daqui um mês. - Ele soltou minhas mãos e se virou para voltar para a calçada. E eu cai. Coloquei minhas mãos na cabeça e chorei. Estava perdendo outra vez. Estava me sentindo vazio,quebrado.
Eu não suportava o fato de ficar sem ele, me dava pânico, me deixava desesperado. Mas eu não posso pedir pra ele ficar só pra me fazer bem, eu sei como a família dele é importante pra ele.
Minha noite estava arruinada.