Capítulo 6: A FORMATURA
Minha vida virou uma grande confusão depois de todas as descobertas. Tentei me afastar de Renan e, para isso, passava o menor tempo possível no meu apartamento. Inventava desculpas para fazer programas com Sérgio que fossem fora da minha casa e, consequentemente, sem meu ex-aluno por perto. Estava, de fato, fugindo. Além disso, tentava ao máximo possível evitar contato físico. Evitava abraços e beijos. Por mais que eu quisesse me controlar, meus desejos estavam à flor da pele e saber que Renan me amava, simplesmente, me deixava em pânico. Também evitei que Renan me visse com Sérgio, não seria justo saber que ele me amava e fazê-lo me ver com outra pessoa. Isso seria desumano!
Por sorte faltavam poucos meses para a formatura de Renan e ele, por estar atarefadíssimo, não percebeu minha tentativa de me afastar. No entanto, como nada é perfeito, não tive a mesma sorte com Sérgio. Estávamos jantando em um restaurante quando ele iniciou uma conversa.
- Por que você anda fugindo do Renan? – Sérgio me perguntou sem rodeios. A surpresa foi tão grande que eu engasguei com o que comia. Após tossir durante alguns segundos e beber toda taça de vinho que estava na mesa, consegui falar.
- Caramba, me engasguei feio! – Falei tentando parecer engraçado e fingindo não me lembrar da pergunta feita segundos antes.
- Então, voltando ao assunto, por que você anda fugindo do Renan? – Ele me perguntou novamente enquanto tomava um gole de vinho e me olhava fixamente.
- Que loucura é essa? Eu não estou fugindo do Renan. – Falei firmemente para transparecer certa verdade a fala abarrotada de mentira.
- Tem certeza que é loucura? – Sérgio alterou o tom de voz, olhou-me, novamente, de forma fixa. – Eu não sou burro, Ricardo. – Seu tom de voz me pareceu mais sereno.
- É claro que não estou fugindo do Renan. – Fui categórico.
- Você não para mais no seu apartamento, cara. Inventa mil e um motivos para sairmos, praticamente, toda noite. Acho que desde que começamos a namorar nunca fomos tanto aos cinemas, teatros e restaurantes dessa cidade. Você inventa passeios malucos... Há algo de errado nisso tudo e eu quero saber.
- O que há de errado em querer passar mais tempo com o meu namorado?
- Até algumas semanas atrás você não fazia nenhum programa sem convidar o seu hóspede para ir conosco e agora, simplesmente, você o ignora? Há algo de errado nisso sim, meu querido. – Sua fala soou irônica, mas preferi não comentar.
- Eu não estou excluindo o Renan de nada. Ele só anda sobrecarregado com os últimos detalhes da formatura e, portanto, acho melhor não cansá-lo ainda mais. É só isso...
- Você não me convenceu, Ricardo. – Ele disse voltando a cortar a carne e, em seguida, começar a mastigá-la.
- Estamos tão bem! Por que você quer brigar? – Disse sorrindo para ele.
- Não quero briga, só quero saber a verdade.
Conversamos mais um pouco e eu continuei afirmando que não estava fugindo do Renan. Por fim, Sérgio se deu por vencido e resolveu dormir no meu apartamento. Dirigi por dez minutos antes de abrir a porta e logo avistar meu ex-aluno dormindo no sofá. Sérgio, instantaneamente, me olhou com cara de reprovação, pois meu hóspede estava sem camisa e usando apenas uma cueca samba canção deixando, assim, o seu belo corpo totalmente a mostra. Meu namorado, então, entrou rapidamente e foi para o quarto batendo a porta com força fazendo aquele lindo “homem-menino” despertar de seus prováveis sonhos juvenis.
- Ricardo... – Ele disse com a voz rouca de quem acabara de despertar.
- Boa noite, Renan. – Sorri.
- Acabei dormindo no sofá! Ando tão cansado com os detalhes finais da formatura. – Falou se espreguiçando e, desse modo, deixando seus músculos se contraírem o deixando, portanto, ainda mais belo. – Se não fosse pelo ótimo desconto não teria aceitado fazer parte da comissão de formatura. – Não consegui segurar um sorriso bobo ao vê-lo ainda mais bonito. – Estava com saudades de você, moramos sob o mesmo teto, mas nas últimas semanas quase não nos vimos.
- Verdade! – Falei me sentando no sofá ao seu lado. – Também estava com saudades de você. – Recebi um abraço apertado que me fez sentir arrepios. Sorri, novamente, retribuindo ao abraço. Ficamos assim um tempo. Senti seu cheiro adentrar minhas narinas e inundar meus pensamentos com desejos obscuros; como o de possuí-lo ali mesmo, no sofá, enquanto meu namorado estava no quarto a poucos metros de distância. Perdi, por alguns instantes, o controle de minhas reações afagando seus cabelos e beijando seu pescoço. O gosto de seu corpo atiçou meu paladar, querendo sentir, por completo, todos os sabores que aquele corpo poderia me proporcionar.
- Ricardo, não demore... – A voz, abafada, proveniente do quarto adentrou a sala e, ao mesmo tempo, ao meu cérebro me fazendo retomar a consciência e me afastar lentamente de Renan.
Sorrimos um para o outro, pois, naquele momento, fomos cúmplices. Cúmplices de um pecado não cometido; cúmplices de um crime não executado. Levantei do sofá, Renan fez no segundo depois.
- Já vou indo dormir, meu moleque. – Falei um pouco sem graça com tudo que havia se passado em minha mente.
- Bons sonhos! – Renan me deu um beijo no rosto tão próximo aos meus lábios que pude, mesmo que tenha sido somente em minha imaginação, sentir o gosto de seus lábios. Apenas sorri enquanto caminhava para o meu quarto.
Após o meu descontrole, procurei me afastar ainda mais de Renan. Sentia medo de minhas reações. Sentia medo do que poderia fazer. E, dessa maneira, a vida seguiu sem muitas novidades! Renan continuava demasiadamente atarefado com os preparativos da formatura, eu continuava demasiadamente confuso e Sérgio continuava me interrogando.
Os meses passaram de forma rápida e, sem que eu percebesse, estávamos na semana da formatura de Renan. Este estava muito animado! Tudo ocorreria no sábado. Primeiro, a tradicional colação de grau, às 18 horas, no anfiteatro da universidade, e, logo em seguida, a Festa, às 22 horas, em um salão badaladíssimo da cidade.
Estava no meu quarto lendo um livro qualquer quando ouvi batidas na porta.
- Pode entrar!
- Oi, Ricardo! – Renan disse sorrindo abrindo a porta.
- Oi! – Respondi sorrindo e me ajeitando na cama. Rapidamente, meu ex-aluno, pulou na cama e me abraçou; jogando, todo seu corpo, em cima do meu. Apenas sorri com sua atitude infantil.
- Estou tão feliz, Ricardo! Já é no fim de semana a minha formatura. – Ele disse me abraçando mais forte.
- Eu sei e estou muito feliz por você completar mais uma fase da sua vida. – Falei enquanto o abraçava e, em seguida, realizava movimentos circulares em seu couro cabeludo.
- Eu sei, Ricardo! Você é muito importante na minha vida. Sem você eu não consigo nem imaginar como seria minha vida. – Ele disse me olhando nos olhos. – Muito obrigado por tudo. – Seus olhos se encheram de lágrimas.
- Você não precisa agradecer, Renan. Você merece tudo isso. Eu me orgulho muito de você. – Disse enquanto beijava sua testa.
- É tão bom ficar em seus braços. Se fosse possível, passaria a eternidade desse jeito. – Disse enquanto se ajeitava entre meus braços.
Meus pensamentos voaram. Tive vontade de falar que também desejava passar a eternidade sentindo seu cheiro e a textura de sua pele em contato com a minha. Desejei beijar seu corpo, desejei amá-lo. Ficamos por alguns segundos em silêncio.
- Infelizmente preciso ir! Tenho uma reunião de última hora com os outros membros da Comissão de Formatura. – Renan disse se levantando!
- Tudo bem! – Sorri para Renan. Este me deu um beijo na testa e partiu enquanto eu fiquei deitado na cama ainda sentindo o seu perfume que permanecia no ambiente. Fechei meus olhos e deixei que o sono chegasse.
Acordei com beijos no meu pescoço. Lentamente abri meus olhos que se encontraram com os olhos de Sérgio.
- Dormindo a essa hora, meu amor? – Ele perguntou sem parar de beijar meu pescoço.
- Estava lendo um livro e acabei adormecendo. – Falei me espreguiçando.
- Eu te amo, sabia? – Sérgio disse enquanto descia seus beijos pelo meu corpo!
- Eu também te amo! – Respondi entre gemidos causados pelo tocar de seus lábios úmidos em minha pele. – Que fogo é esse, Sérgio!?!? – Disse tentando afastá-lo de mim.
- Eu só quero amá-lo, Ricardo! Eu só quero tê-lo comigo agora. – Disse de forma lenta e sensual ao pé do meu ouvido, causando-me, assim, arrepios.
Seus beijos ficaram mais intensos e minha boca acompanhava seus movimentos. Rolamo-nos pela cama buscando dar o máximo de prazer um para o outro. Seus lábios envolveram meu membro me fazendo enxergar brilhantes estrelas no teto do quarto já pouco iluminado devido ao anoitecer que se iniciava. Sérgio procurava me deixar extasiado com todos os seus toques. Parecia estar convencido a me dar o máximo de prazer naquele início de noite. Fui lambido, chupado e penetrado de maneiras diversas. Por fim, meu namorado pediu para ser penetrado. Fiz com volúpia o que o fez gemer ao mesmo tempo em que mordia e apertava a fronha e o lençol. Após os orgasmos, ficamos deitados na cama nos acariciando em silêncio.
- Eu te amo muito, Ricardo! – Sérgio disse quebrando o silêncio e com lágrimas nos olhos.
- Eu sei! Eu também te amo muito. – Falei enquanto fazia carícias em seu cabelo.
- Posso dormir hoje aqui com você? – Ele disse colocando a cabeça sobre meu peito.
- Claro! Você pode dormir aqui quando quiser.
- Obrigado! – Sua voz soou melosa e ao mesmo tempo parecia segurar um choro.
- Você está chorando, meu amor? – Perguntei!
- Não se preocupe! É de alegria. Estou feliz por estar aqui com você.
Sérgio pegou no sono alguns minutos depois! Então, levantei-me e fui preparar o jantar. Preparei uma lasanha quatro queijos ao molho branco e quando estava a colocando no forno fui abraçado por trás. Inicialmente pensei que fosse o Sérgio, mas o cheiro inconfundível de Renan logo adentrou minhas narinas.
- Boa noite! – Ele disse bem próximo a minha orelha causando um forte arrepio.
- Boa noite, Renan. Já preparei o jantar. – Disse me virando! – Lasanha quatro queijos!
- Que delícia, meu prato predileto! – Falou com um sorriso incrível estampado no rosto.
- Eu sei! – Falei rindo.
Renan e eu ficamos conversando sobre sua formatura enquanto a lasanha assava. Assim que ficou pronta a retirei do forno.
- Deixe-me colocar a mesa. – Renan disse já pegando os talheres.
- Tudo bem! Mesa para três, tá? Irei acordar o Sérgio para que ele jante conosco. – Percebi que a expressão de felicidade do meu ex-aluno logo mudou, mas ele soube se controlar.
- Tudo bem! Mesa para três, então. – Falou tentando sorrir.
Fui acordar o Sérgio, porém quando entrei no quarto ele já estava acordado sentado na cama.
- O jantar já está pronto, meu amor! – Disse me sentando ao seu lado.
- Eu sei, senti o cheirinho daqui. – Sérgio disse me beijando.
- Acordou agora? – Perguntei retribuindo ao beijo.
- Não! Mas, preferi ficar aqui enquanto você batia papo com o Renan.
- Não vamos começar a brigar, né? – Disse me levantando.
- Não quero brigar. – Falou calmamente. – Só falei que não queria atrapalhar vocês. – Ele me jogou na cama e me beijou novamente. – Eu te amo, nunca se esqueça disso! – Recebi mais um beijo que me deixou sem ar. Soltamo-nos, lentamente, do beijo. Sérgio se levantou e me deixou deitado na cama. – Vem, vamos jantar? – Falou me puxando pela mão para que eu me levantasse.
O jantar ocorreu sem nenhum problema. Sérgio manteve uma conversa cordial com Renan e vice e versa. Por fim, meu namorado foi até convidado pelo meu ex-aluno para ir a sua formatura.
- Claro que irei! – Sérgio respondeu. – Para ser sincero, Renan, iria mesmo sem o seu convite, pois o Ricardo tinha direito a um acompanhante e eu me convidei para ir com ele. – Falou dando gargalhadas. O riso, de fato, foi um ingrediente farto para todos naquela noite.
Chegou, finalmente, o dia da formatura. Renan acordou animado e com um grande sorriso no rosto! Quem já passou por esse momento sabe o quanto é bom finalizar uma etapa tão importante da vida. No caso do meu ex-aluno, a formatura era também a concretização da realização de um sonho.
- Cuidado, desse jeito você irá explodir de tanta felicidade. – Falei rindo vendo sua animação.
- Eu estou muito feliz mesmo! – Meu ex-aluno disse me abraçando forte! – É tão bom realizar um sonho. Pena quem minha mãe e meu pai não estarão presentes. – Sua expressão de felicidade desapareceu e seus olhos se encheram de lágrimas. – Eu não acredito que eles nunca me procuraram. Como eles podem me odiar tanto? – Suas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Eu o abracei e seu choro ficou mais intenso.
- Um dia eles perceberão que estão errados.
- Eu mandei um convite da formatura para eles via Correios. Sabe o que eles fizeram, Ricardo? Enviaram o convite de volta com um papel escrito “Nós não conhecemos essa pessoa”.
- Eu não sei o que te dizer...
- Eles me odeiam! Eu só queria que eles estivessem presentes em um dos dias mais importantes e especiais da minha vida... – As lágrimas continuavam a cair insistentemente por sua face juvenil.
- Não fique assim... – Novamente o abracei. – Você é uma pessoa incrível e especial. – Sequei suas lágrimas com minhas mãos.
- Ricardo, muito obrigado por tudo!
- Agora pare de chorar, vamos almoçar pois você precisa se arrumar! A sua formatura começa em menos de 6 horas. – Falei sorrindo.
Almoçamos e logo depois Renan entrou para o banheiro enquanto eu fui para o meu quarto separar a roupa que vestiria. Separei um terno preto, uma camisa branca e uma gravata rosa. Mais ou menos meia hora depois o meu ex-aluno entrou no quarto me avisando que já havia terminado o banho e que eu poderia utilizar o banheiro.
- Ricardo, já terminei! – Eu estava de costa pegando as meias e a cueca na gaveta do armário.
- Tudo be... – Perdi a fala quando me virei e vi Renan apenas de toalha, com a pele ainda um pouco molhada e mexendo no cabelo. – E-e-eu já estou indo! – Disse tentando parecer natural, mas falei gaguejando. Renan tinha o poder de me fazer perder o controle da situação. – Só irei terminar de arrumar minha roupa e já estou indo tomar banho. – Tentei ser o mais natural possível depois do descontrole. Meu ex-aluno deu um de seus sorrisos encantadores e se retirou.
Tomei meu banho e quando terminei de me arrumar fui para a sala.
- Você está lindo! – Falei assim que vi Renan trajando um smoking.
- Obrigado! – Ele disse envergonhado! – Estou me sentindo um pinguim. – Deu uma risada. Realmente, ele estava lindo. O ar formal que o smoking proporcionava aliado ao cabelo arrumado com gel o deixou mais bonito do que normalmente é. – Você que fica lindo de terno!
- Até parece! – Dei uma gargalhada! – Não combino com esse tipo de roupa. Estou muito orgulhoso de você, Renan. – Abraçamo-nos. – Parabéns, meu moleque.
- Obrigado por tudo. – Ele disse com lágrimas nos olhos.
- Sem choro, por favor! – Falei rindo, porém também estava com lágrimas nos olhos. – Não vamos chorar, pois caso contrário iremos estragar nossa maquiagem. – Nós dois começamos a rir da piada escrota que fiz. – Espera só um minutinho que irei buscar uma coisinha que comprei para você... – Falei indo para o quarto. Entrei no quarto e peguei um embrulho. Em seguida, voltei para sala e o entreguei nas mãos do Renan.
- Não precisa me dar um presente! Você já é o meu melhor presente. – Ele disse me deixando corado de vergonha.
- Não é nada demais! É só uma lembrancinha... – Falei tentando esconder a timidez que senti devido as palavras de Renan.
- Não acredito! – Ele disse quando abriu o embrulho. Era um boxe com uma coletânea de filmes dos principais cineastas alemães; como, por exemplo, Werner Herzog, Wim Wenders e Rainer Fassbinder. – Obrigado! – Ele disse pulando no meu pescoço como uma criança que acabou de ganhar seu presente de Natal. – Você sabe que sou apaixonado por esses filmes por sua culpa, né? Foi você que me apresentou esse tipo de cinema.
- Eu sei! O bom é que a gente mora juntos e eu poderei aproveitar esses filmes. – Falei rindo!
- Você não vale nada! – Ele disse rindo sem parar.
- Agora vamos! Não quero que você se atrase... – Disse tentando segurar o riso!
- E o Sérgio? Ele não irá conosco? – Renan perguntou.
- Vamos buscá-lo na casa dele. Por isso, vamos nos apressar para não ter atrasos!
Depois de encontrarmos com Sérgio, fomos os três conversando animadamente dentro do carro enquanto eu dirigia.
Chegamos uma hora antes do início da cerimônia de colocação de grau. Renan foi para uma sala colocar a beca e ver se tudo estava em ordem. Sérgio e eu fomos para o anfiteatro e sentamos na primeira fileira.
A cerimônia começou pontualmente às 18 horas.
A Cerimônia de Colação de Grau de Renan não foi uma exceção à regra. Ou seja, extremamente chata [em vários momentos], porém incrivelmente emocionante [em outros momentos]. Em um momento em especial, emocionei-me muito. Na hora das homenagens aos pais Renan não segurou a emoção e chorou como uma criança desamparada. Também não consegui segurar o choro. Lembrei-me da minha formatura e da falta que senti dos meus pais naquele dia.
Um a um dos formandos foram apresentados e, em seguida, receberam o tão sonhado diploma de Ensino Superior. A cerimônia chegou ao fim e a tradicional cena da jogada dos capelos para cima foi realizada. [Aliás, preciso ressaltar que Renan ficou lindo de beca e capelo!]
Os formandos, ou melhor, formados em História começaram a descer do palco e cumprimentarem familiares e parentes. Logo Renan surgiu na minha frente com o sorriso mais encantador do mundo e me abraçou de uma maneira que fiquei quase sem ar.
- Obrigado, Ricardo! – Ele disse chorando!
- Parabéns, meu moleque! Parabéns... – Disse emocionado.
- Sem você nada disso estaria acontecendo hoje! Obrigado por seu afeto e importância em minha existência. – Ele disse tentando segurar o choro enquanto secava as lágrimas que fugiam de seus olhos e escorregavam, de maneira insistente, em seu rosto desenhado em um dia de grande inspiração pelos deuses do Olimpo. – Obrigado por toda a motivação e ajuda... Obrigado, muito obrigado! – Continuou falando e logo em seguida me abraçou. – Eu te amo! – Falou em um tom baixo próximo a minha orelha direita.
- Eu também! – Disse assim que uni nossas testas e o olhei fixamente nos olhos.
- É melhor vocês pararem antes que role um beijo daqueles de cinema na minha frente. – Sérgio disse nos separando. Ele disse sério, mas, ao mesmo tempo, com certo humor. Renan e eu ficamos demasiadamente sem graça. – Cara, parabéns! Felicidades e sucesso nessa nova fase da sua jornada. – Meu namorado disse abraçando meu ex-aluno.
- Obrigado! – Renan respondeu ainda sem graça.
- Agora vamos para a festa! Preciso beber e comer de graça. – Sérgio disse sorrindo e nos puxando para fora do anfiteatro. Antes de sairmos é claro que tiramos várias fotografias para eternizar aquele grande momento.
Chegamos por volta das 22h15 ao salão de festas. Renan estava empolgado e logo que adentramos começamos a beber. A festa estava animada e a pista de dança estava “fervendo”. Renan, Sérgio e eu sentamos em torno de uma das mesas e ficamos observando todo o movimento enquanto conversávamos, animadamente, sobre o que assistíamos.
- Renan! – Uma menina chegou pulando em seu colo. – Como estou feliz! E começando a ficar bêbada, claro. – Falou soltando uma sonora gargalhada que nos contagiou. – Amigo, apresente-me seus amigos, seu mal educado. Prazer, gatões, eu sou a Joice, melhor amiga desse traste.
- Meu Deus! Como você é espalhafatosa... – Renan disse rindo. – Esse aqui é o Sérgio...
- Prazer, Sérgio! – Joice disse já dando dois beijinhos no rosto do meu namorado. Sérgio apenas sorriu e retribuiu os beijinhos.
- E esse deve ser o famoso Ricardo, né? – Joice disse se virando para mim.
- Sim, eu sou o Ricardo! Apesar de não ser nada famoso. – Falei sorrindo e dando dois beijinhos em Joice.
- Como não é famoso? O Renan não para de falar... – Ela interrompeu a fala e deu um grito histérico de dor. – Ai... Por que me beliscou, seu louco?
- Você está falando demais, sua louca! – Renan disse nervoso! – Vem, vamos dançar! – Ele saiu a puxando pelo braço.
- Nossa, realmente ele é muito bonito... – Ainda foi possível ouvi-la.
- Cala boca, Joice, pelo amor de Deus...
Os dois se afastaram ainda comentando algumas coisas, porém foi impossível compreender as falas.
- Eu juro que tento ser amigável com o Renan... Mas, é impossível sabendo que ele é louco por você. – Sérgio comentou cortando o silêncio que havia se instalado entre nós após a saída do meu ex-aluno.
- Somos só amigos...
- Amigos? – Sérgio riu. – Não brinca, né? Ele é apaixonado por você.
- Não vamos começar com essa discussão pela milésima vez.
- Gente, vocês não irão ficar ai sentados, né? Vamos dançar, a pista está “fervendo”... – Joice nos interrompeu puxando Sérgio pelo braço. – Vem, Ricardo. – Ela disse me puxando com a outra mão.
Logo chegamos à pista de dança e nos encontramos com Renan que sorriu, calorosamente, quando nos avistou. Começamos a dançar e beber demasiadamente. Até mesmo o Sérgio entrou no clima. Em determinado momento Renan me puxou para dançar de forma mais sensual. Achei engraçado vê-lo dançando daquela forma, porém logo me excitei e me deixei levar pelos movimentos. Senti vontade de beijá-lo e minha percepção da realidade ficou distorcida. O mundo em nossa volta desapareceu e, naquele momento, só existia Renan, eu, a música e a nossa dança. Nossos corpos se tocavam, nossos olhos se encontravam, nossas bocas se procuravam... Voltei à realidade quando senti uma forte dor no meu braço, seguida de um puxão.
- Vamos embora! – Sérgio me trouxe a realidade.
- Ma-ma-mas, já? – Perguntei gaguejando.
- Vem, precisamos conversar... – Ele disse me retirando da pista de dança. Ainda pude ver Renan nos observando com uma cara nada agradável. – Quero ir embora! Preciso conversar com você... – Ele disse assim que nos afastamos.
- A festa mal começou... – Tentei argumentar tentando transparecer que nada havia ocorrido na pista de dança.
- Não se faça de idiota, por favor! Nós dois sabemos que você não é... Então, poupe-nos de sua hipocrisia. – Ele disse num tom alto, porém controlado e não muito rude. – Eu preciso conversar com você e depois de tudo que presenciei hoje acho que esse é o momento mais adequado.
- Vamos ficar só mais um pouco e...
- Ricardo! – Ele não me deixou terminar a frase! – Eu quero e preciso ir embora agora, por favor... – Ele respirou fundo! – Eu realmente preciso conversar seriamente com você. Mas, não quero conversar aqui...
- Tudo bem! Vamos, pelo menos, nos despedir do Renan?
- Pode ir... Eu te espero no carro. – Ele disse virando as costas e caminhando em direção à saída do salão de festas. Fui em direção contrária e, rapidamente, cheguei à pista de dança.
- Renan! – Disse o abraçando! Ele já não parecia tão empolgado. – Eu irei embora com o Sérgio...
- Vocês brigaram? Está tudo bem?
- Está sim! Ele só estava meio enjoado, acho que bebeu demais... – Falei sorrindo sem muita vontade. – Você não precisa ir agora! Pode ficar curtindo sua festa de formatura, pois esse momento é único em nossas vidas. – Abracei-o! – Desculpe-me por precisar ir.
- Tudo bem... A gente conversa quando eu chegar ao seu apartamento. – Ele disse um tanto quanto triste.
- Quando você quiser ir embora, é só me ligar que eu venho te buscar.
- Não precisa, eu pego um táxi...
- Eu faço questão.
- Ok... eu te ligo! – Abraçamo-nos de novo. – Obrigado por tudo! Eu te amo.
- Eu também te amo, meu moleque.
Despedi-me rapidamente de Joice e fui para o carro. A viagem de mais ou menos meia-hora até o meu apartamento foi feita em total silêncio. Sérgio fitava a janela e eu me concentrei, mais que o necessário, no volante.
Assim que entrei no apartamento fui para a cozinha pegar um copo d’água. Quando voltei para a sala encontrei Sérgio na janela observando a paisagem. Abracei-o por trás e beijei sua nuca! Ele se virou e pude perceber as lágrimas que escorriam em seus olhos.
- Não dá mais, Ricardo! – Ele disse tentando controlar o choro. – Eu não suporto mais essa situação.
- Do que você está falando? – Disse passando as mãos em seu cabelo.
- Não se faça e nem faça de idiota. Você e Renan... – Ele disse limpando as lágrimas e me olhando furioso.
- Por favor, não há nada entre nós. – Disse me aproximando e beijando levemente seus lábios.
- Pode ser que sim, mas acontecerá... – Ele se afastou de mim e caminhou em direção ao sofá.
- Você agora é algum vidente para prever o futuro? – Disse o segurando pelo braço!
- Não dá mais... Eu estou terminando hoje o nosso namoro! – Ele disse e novas lágrimas brotaram de seus olhos expressivos.
- Você só pode estar brincando comigo. – Disse desacreditando no que acabará de ouvir.
- Não, Ricardo, não estou brincando! – Ele disse se soltando e se sentando no sofá! – Eu venho pensando nisso há meses...
- Sérgio, eu te amo e você também me ama! Vamos parar de palhaçada. Não há motivos para terminarmos. – Sentei ao seu lado e o abracei.
- Eu vou morar por, no mínimo, dois anos em Madri! – Ele disse com a cabeça baixa.
- O que? – Disse me levantando e o encarando incrédulo.
- Ganhei uma bolsa de estudos e irei fazer o mestrado lá! – Ele me respondeu ainda fitando o chão.
- Por que não me contou isso antes? – Não conseguia acreditar no que ouvia.
- Não te contei porque não tinha certeza se iria. – Seus olhos ainda estavam fixos no piso da sala.
- Por isso você quer terminar comigo? Olhe-me nos olhos, porra! – Berrei perdendo totalmente o controle da situação.
- É também por isso... – Ele me encarou e pude ver lágrimas escorrendo incessantemente por seu rosto. – Ricardo, nosso relacionamento já não é mais o mesmo. Brigamos muito e... e... – Ele respirou forte. – Tem o Renan, cara. Eu não sou bobo, sei que você sente alguma coisa por ele.
- Eu nunca tive nada com o Renan além de amizade! – Falei já não conseguindo segurar o choro.
- Eu acredito em você. Só que você sente algo por ele que não sei explicar, mas sinto...
- Não se faça de santo! Você quer ir para Madri e, portanto, quer terminar o namoro. Não jogue a culpa de tudo para cima de mim. – Falei aos berros!
- Eu passarei dois anos fora, Ricardo! Em dois anos muitas coisas acontecem. – Ele disse sem alterar o tom de voz. – Serei sincero com você, não quero ficar preso a um relacionamento à distância ainda mais sabendo que meu namorado mora com um cara que a qualquer momento pode transar. Eu sei que estando distante você se aproximará ainda mais do Renan e é óbvio que vocês terão alguma coisa... – Ele disse secando as lágrimas que ainda escorriam pelo seu rosto. – Nem que seja apenas uma noite sórdida de sexo selvagem. Está na testa de vocês que isso ocorrerá a qualquer momento! Eu não quero ser traído. Além disso, eu não sou um exemplo de fidelidade. A possibilidade, portanto, de me envolver com alguém na Espanha é grande. – Ele segurou minhas mãos e me olhou fixamente nos olhos. – Seremos realistas e sinceros, vamos nos dar um tempo! Vamos nos separar esses anos e ver o que rola. Vamos ver se o nosso amor é realmente de verdade. Às vezes acho que nos acostumamos a essa relação e temos medo de mudar... – Meu choro, nesse momento, era descontrolado.
- Eu te amo, cara. Eu não quero viver longe de você. Você não podia ter decidido tudo isso sem pedir minha opinião... Você me traiu, cara. – Disse me levantando!
- Por favor, Ricardo! Eu também te amo... – Ele me abraçou! – Mas, não tem como... Eu sei que acabará rolando alguma coisa entre você e o Renan.
- Não tente prever o futuro! – Berrei!
- Hoje quase aconteceu, por duas vezes, Ricardo! Pare de tentar esconder seus sentimentos. – Sua voz era calma.
- Eu não quero que você se vá! Eu te amo tanto... – Abracei-o fortemente como que desejando prendê-lo em meus braços eternamente.
- Eu quero que você entenda que eu também te amo, mas é o melhor que temos que fazer.
- Há quanto tempo você está planejando essa viagem? – Disse tentando segurar as lágrimas.
- Eu ganhei a bolsa há três meses e viajarei na próxima semana. – Ele respondeu abaixando a cabeça.
- Não acredito que você escondeu isso de mim por tanto tempo. Eu não quero ficar sem você... – Disse beijando seus lábios. O beijo foi retribuindo e sentimos o gosto salgado de nossas lágrimas.
- Eu te amo! – Sérgio me disse assim que nossas bocas se desgrudaram.
- Se me ama, por que não fica? – Minhas lágrimas, de novo, saíram sem controle.
- Por que nós dois devemos, pelo menos, uma vez, na vida, agir com a razão. É uma década de escolhas pautadas na emoção... – Ele falou firmemente. – Compreenda, meu amor, será melhor para nós dois. Seguiremos nossas vidas e se, realmente, nos amamos, o suficiente para vivermos juntos, nos reencontraremos daqui a dois anos e recomeçaremos do ponto que pausamos essa relação.
- Eu não quero dar pause. Eu te amo... – Segurei-o em meus braços!
- Ricardo, desculpe-me, mas já tomei minha decisão e tudo o que você me diga ou faça não irá me fazer mudar de opinião. – Seu tom de voz foi rude apesar das lágrimas que saiam de seus olhos já vermelhos e inchados.
- O que eu posso fazer para que você mude de ideia?
- Nada, infelizmente! Minha decisão já foi tomada...
Chorei compulsivamente! Minha cabeça doía e um medo indescritível do que seria da minha vida daqui para frente me invadiu. Sérgio sentou ao meu lado e me abraçou, então, me segurei em seu corpo sentindo o máximo que podia de seu cheiro e o calor de sua pele. Não me lembro de quanto tempo ficamos abraçados, mas assim que nos largarmos eu me levantei.
- Se é assim que você prefere, assim será! Eu não posso te obrigar a nada. – Falei fugando o nariz e secando as lágrimas.
- A gente vai se comunicando por telefone, e-mail... – Ele disse se aproximando.
- Não, Sérgio! Não quero ter mais contato com você. – Afastei-me mais dele.
- Também não precisa ser assim...
- Precisa! Não irei suportar manter contato com você... Não sou adulto e maduro o suficiente para isso.
- Ricardo...
- Acho que já falamos tudo que tínhamos para falar... – Disse abrindo a porta do apartamento. – Portanto, acho melhor você ir embora. – Por fora aparentava uma segurança e determinação anormal, mas por dentro estava completamente quebrado.
- Eu te amo! – Ele tentou me beijar, mas eu recuei! Ele me prendeu contra a porta. – Por favor, deixe-me beijá-lo. – Ele forçou seus lábios contra os meus e sua língua invadiu minha boca. Tentei resistir por alguns segundos antes de me entregar aquele beijo. Fechei meus olhos e imaginei que aquela poderia ser a última vez que nos beijaríamos e, novamente, lágrimas escorreram pelos meus olhos. Beijamo-nos alguns minutos até que fomos interrompidos por um barulho no elevador. Soltei-me lentamente e só depois abri meus olhos. Sérgio me olhava com lágrimas nos olhos.
- Não me procure, por favor!
- Ricardo...
- Adeus.
Fechei a porta do apartamento e fiquei atrás da porta, assistindo, pelo olho mágico, a partida de Sérgio.
Joguei-me no sofá e voltei a chorar compulsivamente.
Meu choro emergia do mais íntimo do meu ser. Imaginar-me distante, tanto tempo, de Sérgio me fazia ter medo, fazia-me sofrer, fazia-me chorar. Senti que nunca mais o veria e um forte aperto abalou o meu coração. Pensei em descer as escadas e correr atrás do meu, agora, ex-namorado pedindo – de joelhos se fosse necessário – para que ele não viajasse para Madri e que ficasse para sempre comigo. Tive a certeza que sucumbiria a qualquer momento, pois Sérgio era meu oxigênio e sem ele eu não saberia viver. Uma década de sonhos estava sendo desfeita diante dos meus olhos e eu pouco podia fazer para manter aquele belo castelo de areia intacto diante de uma forte tempestade.
Caminhei até a janela da sala, olhei a paisagem urbana e senti o vento frio da noite adentrar o recinto e bater forte contra o meu rosto desfigurado, inchado e molhado pelas lágrimas de uma perda imensurável. Meu coração doía e minha respiração e batimentos cardíacos estavam descompassados. Os carros passavam em alta velocidade com seus donos indo ou voltando de baladas, completamente insensíveis a minha grande dor. Pensamentos obscuros passaram em minha mente. Pensei em suicídio! Olhei para baixo, inclinei meu corpo... Pensei no Renan. Pensei em como sua vida seria, novamente, devastada com minha ausência brusca. Pensei que não deveria ser tão egoísta.
- Merda! Nem capacidade para isso eu tenho... Sou mesmo um merda! Um grande merda! – Esbravejei derrubando objetos inexpressivos de um móvel qualquer enquanto andava cambaleante em direção à cozinha.
Abri uma garrafa de vinho e me sentei no chão daquele minúsculo ambiente. As lágrimas se recusavam a parar de escorrer. O som de um choro dolorido e soluçante percorria os quatro cantos daquele apartamento. O vinho vermelho e seco como meu interior emocional esquentava o meu corpo e adentrava minhas entranhas, trazendo consigo certo alívio para as minhas infinitas angústias.
Ouvi a porta se abrindo, porém não tive forças para me levantar da sarjeta que havia se transformado o chão frio e molhado, de lágrimas e de vinho, daquela cozinha.
- Ricardo! – Renan exclamou assim que me viu, literalmente, jogado no chão. – O que aconteceu aqui? – Ele parecia assustado! – O Sérgio te agrediu? – Renan me levantou do chão e me abraçou. – Meu Deus! O que fizeram com você?
- Eu estou bêbado e infeliz, meu moleque! – Foram apenas essas as palavras que consegui pronunciar antes de iniciar mais uma sessão de um choro descontrolado enquanto me agarrava no pescoço de Renan buscando um conforto que sabia ser possível de encontrar ali.
- Vem! Vamos tomar um banho... Você melhorará depois de um bom banho frio. – Renan me carregou para o banheiro e eu me deixei levar sem, ainda, conseguir segurar as lágrimas.
Renan me colocou debaixo do chuveiro e o ligou.
- Porra, a água está fria. – Berrei quando meu corpo entrou em contato com a água gélida que saia do chuveiro.
- Eu sei, mas é para o seu bem. – Ele disse me pressionando a continuar debaixo do chuveiro.
- Por que as pessoas acham que bêbados precisam de banho? – Disse chorando!
- Não faço ideia! – Renan respondeu rindo! – Deixe de frescura, é só um banho.
- Vai manchar minha roupa, cara. – Falei enquanto tentava fugir de debaixo do chuveiro.
- Não seja por isso! – Renan disse tirando minha roupa e me deixando, apenas, de cueca.
- Isso é jogo sujo. Estou bêbado, nem posso me defender. – Falei jogando água nele.
- Seu louco, essa roupa de pinguim é alugada! – Ele disse começando a retirá-la.
Estava tonto e, então, fechei meus olhos deixando que a água fria caísse sobre meu corpo. De alguma forma, a sensação da água em baixa temperatura tocando meu corpo que ainda estava quente me relaxou e acalmou.
Abri, lentamente, meus olhos e me deparei com Renan utilizando apenas uma cueca branca me observando com cara de bobo.
- Acho que o banho me fez bem! – Disse sorrindo.
- Não te falei que o banho te ajudaria a melhorar? – Ele fez uma pausa, antes de me perguntar. – O que aconteceu, Ricardo? Por que te encontrei naquele estado lastimável?
- Sérgio e eu terminamos e, de repente, me senti sem chão. – Quando disse isso percebi que não estava me sentindo mais sem chão, pois Renan estava comigo.
- Não fica assim! – Renan disse me abraçando. – Eu estou aqui com você. Tenho certeza que tudo ficará bem...
- Eu estou melhor, você me fez perceber que não estou sozinho. Eu tenho você... – Disse o apertando forte entre meus braços.