Boa noite leitores, passando rápido para atualizar a história, hoje não poderei responder aos comentários, mas agradeço a cada que tirou um tempo para votar a comentar e respondendo as dúvidas, não eu não vou abandonar o conto aqui, aos leitores mais curiosos que quiserem acompanhar no watt pad o conto está 2 capítulos a frente lá, a todos boa leitura.
Coração Ferido - Capítulo XVII
Pensei muito, fazia isso antes de agir, ou na maior parte das vezes. O que eram para ser poucas horas foram dias, era muita informação, fora o fato de ser enganado e ser o último a saber. Acabei perdoando meu pai, não tinha por que eu guardar rancor dele. Valmir eu entendi que ele fez isso para me proteger. Luciano não tinha como eu ficar com raiva dele, eu não tinha o seu sangue frio, quer dizer nem ele mesmo, mas se ele conseguiu ficar próximo de João todo esse tempo e aturou isso por mim ele cresceu 1000 vezes no meu conceito e realmente merece minha amizade.
João voltou para Belo Horizonte. Acabei não falando mais com ele e isso era um assunto que me incomodava, coisas foram ditas, portas foram abertas, mas não foram fechadas, eu não me sentia completamente vingado. Depois de Valentina e sua tia serem encontradas mortas Roberto fugiu e tudo indicava que estava no sul do país. O crime foi ligado a ele já que tinha sido provado que elas eram laranja dele e que sabiam de vários esquemas. Ela não merecia esse fim, mas como Valentina mesma dizia ele queria vida boa, queria ser bancada e sua ambição e levou ao seu próprio fim. Lembro que falando com alguns colegas da minha antiga turma alguns disseram que ela teve o fim que merecia, mas eu como vários outros não pensávamos assim, por mais que ela tenha sido uma desgraçada comigo assassinato não era o castigo que ela merecia.
- Filho, sobre você e o seu irmão terem transado, foi consentido? – Perguntou meu pai dias depois quando estávamos eu, ele, minha mãe e meu irmão.
- Sim, foi consentido... – sorri meio sem graça.
- E foi bom pai...na verdade muito bom... – Meu irmão deixou escapar fazendo meus pais olharem surpresos para ele.
- Mas você não machucou seu irmão, pelo que sei você não é só grande em altura... – Meu irmão não sabia enfiar a cara depois desse comentário.
- Ele foi bem carinhoso mãe... – Eu tive que rir.
- E você gostou filho? – Meu pai estava um tanto quanto curioso.
- Muito, faria de novo se o Fabrício deixasse...e eu não estivesse comprometido, quer dizer, vocês entenderam... – Ele ficou vermelho.
- E você Fabrício, gostou? – Meu pai me encarou.
- Sim... – Eu não acredito que estava tendo essa conversa com eles.
- Então foi bom... – minha mãe se levantou.
- Foi e muito – ele corou – Guilherme me deu o carinho que eu precisava na época, foi algo que aconteceu no momento de um tesão muito grande, nós éramos novos demais, confundimos as coisas e acabou acontecendo – expliquei, meus pais se entreolharam – eu não me arrependo de nada, se o Guilherme não fosse meu irmão eu com certeza o pegava de novo – pisquei para ele.
- Para, assim tu me deixa sem graça – ele me deu um soquinho no ombro.
- Sabe, nós chamamos vocês aqui não para dar sermão, nem para dizer que isso é pecado, pois essa família vive tanto no pecado que já nos acostumamos, mas para entender... – meu pai parecia entender até demais.
- O que eu dei para o mano foi amor de irmão, não foi de um macho, foi bem mais que isso, transamos duas vezes pai, as duas vezes dei o carinho que ele precisava... – Olhei para Guilherme, ele estava vermelho como um pimentão.
- Isso não voltará a acontecer... – nós concordamos.
- Mas se voltar, pelo menos façam isso em casa e não escondido... – Foi minha mãe que disse.
- Mãe... – eu e ele reclamamos.
O assunto passou como as semanas passaram. Novembro estava na metade e o sol forte chegou junto com a temporada da colheita da uva aqui na serra. Assim como os perais, os precipícios, o rio das Antas cheio. Os parreirais podiam ser vistos cheios de atividade, verdes, com muitas pessoas colhendo os frutos roxos, rosados e brancos geralmente cantando algo em português ou os mais velhos e conservadores, em italiano, no caso La Bella Polenta. Uvas que faziam os Merlots, Pinot noirs , Cabenet Franc, e excelentes Cabernet Sauvignon, uvas reconhecidas de região que deixavam orgulhosos nós gaúchos da serra por sermos conhecidos pelo melhor vinho do país, não aceitamos controvérsia.
Em casa havia um frenesi. Meu pai ficava pior que mulher na TPM nessa época do ano assim como meu irmão. Eles eram responsáveis por longos hectares de parreirais, principalmente de uvas pinot noir e merlot, tanto é que nesses dias quase não vi eles.
- Filho, tu quer ir com o pai hoje a tarde em uma degustação lá em Pinto Bandeira, o produtor está com uma safra de
- Tu vai para Bento ? - Perguntou minha mãe para o meu pai assim que ele apareceu para tomar café.
- Vou, por que? – Perguntou ele com seu humor matinal.
- O Geraldo me ligou lá da empresa, tem uma carreta nossa que deu problema lá na BR 470, perto da saída para Farroupilha, como não tem nenhum motorista disponível tu me deixa lá, vou eu mesmo trazer ela.... – Pronto, o tempo fechou.
- Como assim Ana? – Meu pai alterou um pouco a voz, eu cerrei os olhos e tomei meu café quietinho.
- Como assim o que? Eu vou buscar a carreta, tem uma carga de 30 toneladas de pneu dentro dela, tu acha que nós vamos perder essa carga e outra, logo depois um motorista vai continuar viagem para Lages, deixa de frescura... – Meu pai chegou a ficar vermelho, mas ele não contrariava minha mãe, até tentava, mas ele sabia que mexer com a dona Ana era complicado.
- Ok,se tu não me levar eu vou entregar essa carreta eu mesmo e tu sabe que para mim rasgar a 116 até Vacaria não é problema nenhum - ela deu as costas, meu pai ficou puto de raiva, ele nunca deixaria minha mãe descer e subir a serra.
- Estou saindo em 5 minutos... – Ele se virou e saiu.
- Filho, tu quer ir comigo? Nós podemos levar a carreta até Vacaria e voltamos com uma amiga que está voltando de São Paulo – Perguntou ela.
- Não, eu vou esperar o Maxuel chegar, combinei com ele de irmos junto ao cinema hoje a tarde, o tio Lucio deve vim com ele – ela assentiu.
- Se cuida, tu tem dinheiro? – Ela sempre perguntava isso.
- Tenho mãe, e não tenho mais 15 anos para você me fazer essa pergunta... – reclamei frustrado.
- Tu sabe que pra mim especialmente você terá sempre 15 anos... – ela me beijou na cabeça – e até tu ir para Europa não quero te ver passando por aperto... – não adiantava discutir com a minha mãe.
- Mãe, mas eu já vou em janeiro agora... – ele fechou a cara.
- Não me fala, já fico com o coração apertado pensando nessa hipótese, não quero nem imaginar tu morando sozinho na Itália... – ia começar.
- Eu nem sempre vou estar sozinho...vai que eu ache um italiano super gostoso daqueles com cara de mafioso hein... – fitei minha mãe.
- Brinca com isso que teu pai morre se te ouvir falar isso, tu sabe para quem ele torce né? – ela se referia a Luciano, mas acho que nosso tempo tinha passado.
- Vai buscar a carreta senão você vai ter que ir de carona com o ônibus, o pai vai te largar para trás – disse a ela.
- Se ele fizer isso eu não faço a posição macaquinho com ele, aí eu quero ver ele reclamar que eu não dei para ele... – ok, era estranho ouvir isso da minha mãe.
- Que boquinha suja dona Ana... – neguei com a cabeça fingindo estar ofendido.
- Para Fabrício...teu pai nem me deu porra na boca, está limpa, viu – perdi a fome.
- Obrigado, agora vou pensar que minha mãe é uma vadia... – ela se aproximou de mim coma cara feia, passei dos limites.
- Só na cama querido, e só para o teu pai, digamos que ele gosta que eu seja a vadia dele...a vadia particular dele... – Ela sussurrou no meu ouvido e saiu comendo uma maçã como se não fosse nada.
Depois de ouvir isso da minha própria mãe acabei indo preparar o café da manhã do meu irmão. Ele apareceu alguns minutos depois com uma cara de sono e só de cueca box.
- Bom dia mano – ele me deu um beijo na cabeça e sentou para tomar café.
- Bom dia Gui – sorri e sentei com ele para conversar.
- Come logo Gui, eu quero me aprontar, daqui a pouco o Maxuel chega de Porto alegre e nós vamos sair... – ele parou do comer seu pão com salame e me olhou.
- O Maxuel vem para cá! – Ele parecia estar muito interessado do que surpreso nisso.
- Sim, mas não vai correndo contar para o Júlio – adverti ele.
- Eu, mas a minha boca é um túmulo... – se fez de ofendido.
- Tanto é que os zumbis estão andando por aí – ele fechou a cara.
- Eu não sou fofoqueiro, só acho que tem coisas que precisam ser contadas – ele tentou se defender. Na maior parte das vezes ele guardava um segredo, só não fazia quando sabia que alguém ia se lascar por isso ou quando era pressionado, geralmente pela minha mãe ou pelo meu pai.
- Em partes você está certo, mas eu peço que não comente ao Júlio que ele está aqui, se o Júlio não quer viver a vida dele deixe quem quer em paz – meu irmão sorriu sem graça.
- Eu vou para Veranópolis conferir a colheita lá, tu não quer ir comigo em vez de ficar sozinho aqui em casa? – Perguntou ele enquanto passava quilos de Nuttela no seu pão.
- Não mano, obrigado, eu vou ficar e receber o Maxuel e o tio Lúcio – ele me olhou e deu de ombros não dando muita atenção.
- Queria que tu visse os parreirais que eu cuido, com os agricultores integrados, mas tu prefere ficar então... – lá vem ele fazer drama.
- Da próxima vez eu vou... – ele assentiu – e outra, uvas não são meu forte, nem terra, quem gosta disso é você e o pai... – ele chupou um dos dedos sujos de nuttela – que porco Guilherme, você parece uma criança comendo... – revirei os olhos.
- Mas cheiro que nem um homem... – fitei ele, eu não precisava ter ouvido isso.
- Eu sei, as vezes suas meias e roupas cheiram bem mais que isso... – ele ficou envergonhado.
- Para... – ele fechou a cara.
- Parei... – ri da sua cara.
Guilherme saiu para o trabalho e eu fiquei em casa. Aproveitei esse tempo para conferir documentação, passaporte e olhar alguns possíveis lugares para morar em Turim. Alguns minutos depois a campainha tocou, sorri e me levantei correndo para atender achando que era o Maxuel, mas ao abrir a porta minha surpresa foi maior, não era meu primo.
- Luciano! – exclamei, ele quando percebeu quem era abriu um sorriso.
- Fabrício...– seu sorriso estava lindo, sua barba por fazer, ele sem cerimônia nenhuma (e por que teria) me abraçou me puxando para junto dele, quase morri quando senti sua barba em meu ombro.
- Por que você não avisou que vinha – olhei para ele, desfiz o abraço e dei licença para ele passar e entrar. Luciano estava com uma camisa polo preta que destacava seu "corpinho", usava jeans envelhecido e botina Caterpillar, parecia um lenhador muito sexy e grande, só faltou o machado, aliás, eu sabia bem onde estava o machado – o que você está fazendo aqui? – Perguntei quando vi que logo perto da porta havia uma pequena mal. Ele sorriu.
- Vim visitar vocês, estava com saudade... – puta que o pariu, ele me encarou ao dizer isso – e como estava com alguns dias livres do trabalho eu decidi vim para onde meu coração mandou... – ok, se ele estava tentado causar ele estava conseguindo.
- Mas não faz um mês que você esteve aqui – ele sorriu.
- Eu sei, mas é aqui que mora o meu coração... – caralho, ele estava mesmo me testando.
- Va-vamos entrando... – gaguejei, eu estava nervoso, empurrei ele para o sofá e sem graça me virei para o encarar – quer um café, uma água? – Ele pareceu notar meu nervosismo.
- Não, quem sabe depois eu queira algo – ele me encarou.
- Fica aí que eu já volto... – Deixei ele na sala e corri para o banheiro. Tranquei a porta lavei meu rosto pois senti ele queimar de vergonha e voltei para sala como se nada tivesse acontecido encontrando um Luciano esparramado no sofá me observar como se fosse um predador.
- Achei que estava com medo de mim... – ele disse sendo sincero.
- Por que estaria, acho que já passamos da fase das briguinhas, mágoas e picuinhas, não é? – Perguntei levantando a sobrancelha o que fez ele ficar um pouco desconfortável.
- E em que fase estamos? – Perguntou ele esticando os braços por cima do sofá.
- Na fase de bons amigos... – Engoli em seco – vem, vou preparar algo para você comer, pelo horário presumo que você pegou o voo que sai cedinho do Congonhas, não é? – ele assentiu.
- Não precisa, avisei o Guilherme que eu já tinha comido...quer dizer, já fiz um lanche – me virei para olhar ele que estava constrangido.
- O Gui sabia?! – Perguntei surpreso.
- Sim, ele disse que você estaria em casa, tanto é que me falou que o Maxuel estaria aqui também, você não acha uma boa ele e o João conversarem... – Ele se calou.
- Quando o Gui precisa ser fofoqueiro ele não é, que raiva! Depois dizem que fofoca é coisa de mulher – ele me olhou sem entender.
- Por que diz isso? – Perguntou ele.
- É porque eu pedi para ele não falar para o Júlio que o Maxuel está vindo, senão ele vai aparecer aqui na porta de casa e vai querer dar fiasco, ainda mais se cismar de beber antes... – tentei imaginar a situação.
- Qual o problema? – Ele perguntou querendo rir.
- O meu pai e o pai dele estão monitorando a colheita das uvas, o Arthur está com os raposinhas acampando lá perto de Canela... – ele me interrompeu.
- Esquilinhos? O que é isso? – Ele coçou a cabeça e riu.
- O Arthur é monitor dos escoteiros – Luciano franziu a testa e eu revirei os olhos - ele é da equipe dos raposinhas, mas para mim eles tem mais cara de ursinhos, pois curiosamente o Arthur me lembra o Zé Colmeia usando uniforme de escoteiro e como ele vive rodeado de crianças na maioria troncudinhas também então poderia muito bem parecer um papai urso com os seus filhotinhos... – Luciano franziu a testa e por alguns segundos ficou calado, acredito eu que imaginando a cena.
- Ia ser engraçado participar disso, você não acha? – Perguntou ele com um sorriso.
- Eu não, mas o Guilherme e o Júlio devem achar, teve um dia que eles foram como voluntários os levar no zoológico em Sapucaia do Sul e voltaram cheio de chicletes grudado no cabelo, a cara pintada, meu irmão tinha até folha na orelha para você ter noção... – Luciano riu.
- Mas o teu irmão gosta de criança, aliás eu também gosto... – Ele ficou envergonhado.
- Acho que é por que as vezes você parece uma, ou se comporta assim... quem em sã consciência assiste desenho comendo nuttela na colher? – Ele me fitou.
- Eu sei usar meus dotes com a nuttela de outro jeito – toma Fabrício.
- Eu imagino que saiba mesmo – dei as costas para ele.
A manhã passou voando. Maxuel chegou e acabamos indo os três almoçar no shopping para não ter que cozinhar e nem sujar nada. Maxuel parecia estar se recuperando bem. Almoçávamos tranquilamente quando Maxuel travou, ficou pálido e com cara de assustado.
- Oi – quando ouvi a voz eu entendi o porquê do seu comportamento.
- Júlio! – Luciano rapidamente levantou e o cumprimentou.
Ele estava com roupa de trabalho, usava um camisa polo verde da mesma empresa que meu irmão, calça jeans azul toda suja de terra e botina , essas tipo Timberland, seus cabelos estavam bagunçado e seu cheiro um pouco mais forte.
- Já voltou Luciano, que bom te ver aqui – eles se abraçaram com fortes tapas nas costas, suas vozes poderiam ser ouvidas no segundo andar.
- Sim, eu contei só para o Guilherme, ia encontrar vocês mais tarde – Júlio tentava disfarçar, mas seu olhar ia para Maxuel que tentava permanecer normal a qualquer custo.
- Oi Maxuel, tudo bem com você? – Sem graça Júlio esticou o braço para cumprimentar Maxuel que por sua vez olhou para sua mão, olhou para seu rosto e não apertou.
- Estou bem e você? – Perguntou ele com uma calma palpável.
- Poderia estar melhor, bem melhor e você também...– Exclamou com certa tristeza – se um certo alguém desse sinal de vida para mim... – Maxuel olhou irritado, eu revirei os olhos.
- Eu não tenho por que dar sinal de vida a você, se esqueceu que não somos nada um para o outro – pela cara de Júlio ele foi ferido.
- Mas eu tenho que falar com você e ao menos que você não queira que eu de um fiasco aqui dentro desse shopping eu acho bom você me ouvir e... – Interrompi.
- Peraí – me levantei e o peitei – aqui você não vai dar fiasco não, se você quiser conversar com ele seja homem e adulto e vá até minha casa hoje à tarde e – fui interrompido por um puxão.
- Fabrício! O que você está fazendo? – Maxuel me olhou em pânico, eu pisquei para ele.
- João, conta a última novidade para o Maxuel, acho que ele não sabe ainda... – Luciano ficou atento nessa hora.
- Eu terminei o noivado, primeiro falei para o meu irmão, ele me deu apoio, então assumi para o meu pai que eu prefiro...como eu vou te dizer...que eu prefiro homem do que mulher e que provavelmente quem vai casar com uma vai ser o Arthur, ou seja, eu sou um macho que curte outro macho... – Maxuel olhou para ele de boca aberta, olhou para mim e para o Luciano.
- É muita coragem sua vim com esse papinho, lembra o que você dizia, eu não beijo na boca, isso é coisa de veado... – Maxuel estava magoado e com razão, eu já tinha ouvido isso e não era legal.
Maxuel levantou e saiu. Nós seguimos ele até um corredor onde havia lojas mais sofisticadas e que por ser no meio da semana não tinha movimento nenhum. Júlio então se aproximou dele e o segurou forte pelo braço e puxando para junto dele.
- Escuta aqui, se você não percebeu eu estou tentando dizer há quase 5 meses que eu amo você, mas se você não estiver acreditando eu te pego pelo laço e te levo para casa para mostrar o quanto de amor eu tenho para te dar – minha boca foi no chão, Maxuel quase caiu, sua cara pegava fogo.
- Aceita seu bobo senão eu aceito – disse uma mulher que passou pela gente e nos fitou por alguns segundo e logo saiu.
- Se você quiser conversar comigo nós podemos fazer isso hoje a tarde...não sou um qualquer para ser abordado em shopping... – ele então se calou, olhou para feição triste de Júlio que tinha acabado de se declarar para ele, olhou pra eu e Luciano e encarou Júlio – sabe de uma coisa, foda-se... – então ali mesmo no meio do corredor, em frente a uma loja de roupas masculinas ele puxou Júlio para um beijo e a nossa sorte é que poucas pessoas estavam vendo, a maioria homens gays que trabalhavam como atendente das lojas de marca próxima. então não causou aquele frisson ou melhor aquele tumulto todo.
- Eu estou com as meias do jeito que você gosta, eu estou de botina desde hoje cedo... – eca pensei eu, mas fazer o que né, cada um com seu fetiche.
- Então vamos para algum lugar mais privado... – Maxuel cheirou o pescoço dele, Júlio sorria feliz, estavam os dois juntos de novo, tinha dúvidas que voltariam a ficar separados.
- Eu vou te levar para minha casa, mas só depois que eu voltar da vinícola, aliás, você se importa...quero dizer...
quer ir comigo, eu quero te mostrar um lote de Pinot Noir que acabou de ser engarrafado, tem o meu nome em um lote, eles fizeram uma garrafa em homenagem...– Júlio parecia uma criança entusiasmada.
- Pode ser, eu aproveito e vejo a garrafa né? – Tive a impressão que Maxuel apalpou o pacote de Júlio. Eles então olharam para a gente, sorriram e se despediram com um aceno, que putos.
Eu e Luciano ficamos olhando, abobados, algumas pessoas ainda nos olhavam achando que faríamos o mesmo que o casal de apaixonados, mas estragamos a expectativa dele ao nos olharmos e rimos dos dois.
- Eu não quero nem imaginar como estão as meias dele... – comentei com Luciano assim que chegamos no carro.
- As dele eu não sei, mas posso dar as minhas para você cheirar... – Mais uma, toma Fabrício.
- Obrigado, mas não... – fiz cara de nojo.
- Elas estão bem cheirosas, podem estar suadas, mas não tenho chulé, quer dizer... - Ele riu
- Quando você não usa suas botinas Martins o dia inteiro não mesmo, você é meio porcão... - Depois desse comentário permanecemos em silêncio até chegar em casa.
O resto da do dia passou devagar. Depois que ele se instalou e deixou a mala no quarto Luciano e eu entramos em uma espécie de jogo de olhares enquanto assistíamos Cold Case, um série antiga que eu tinha o box e isso só se intensificou quando eu fui fazer mais pipoca. Agora ele estava de shorts de futebol e regata branca todo largadão no sofá, eu estava de bermuda tactel vermelha e camisa preta.
- Senta aqui comigo Fabrício...vamos terminar de assistir... – disse ele com uma voz sexy batendo com a mão no sofá.
- Estou bem aqui, obrigado... – Ele então se aproximou de mim, pegou minha mão e levou até seu peito.
- Tem certeza? – Ele estava ficando atrevido.
-S-sim... – tremi, ele revirou os olhos.
- Chega desses joguinhos, eu quero você Fabrício e eu sei que você me quer, ele então aproximou seu rosto do meu.
- Me quer é... – Suas mãos já passeavam pela minha cintura, minha bunda, dando leves apertadas.
- Sim...muito... – então colamos nossos lábios, era real, era natural, eu beijei Luciano com gosto, minha língua dançava com a sua e não estávamos bêbados.
Quando nos desgrudamos ele me encarou e rasgou minha camisa. Eu empurrei ele no sofá, mas antes puxei sua camisa que saiu toda de uma vez.
- Você não tem noção do monstro que acabou de criar... – seus olhos queimaram de desejo, os meus também, mas agora não estávamos bêbados e nem tinha um tapete argentino no chão.
- A é, eu criei um mostro...o que o monstro vai fazer? – Ele perguntou e antes de ele imaginar eu pulei em seu colo encarando ele, então depois de um beijo rápido e uma mordida nos lábios abaixei mais a cabeça até meu nariz tocar em seu peito peludo, sem cerimônia lambi um de seus mamilos e puxei os pelos com o dente.
- Eu vou te dar uma canseira que você nunca vai esquecer... – sussurrei em seu ouvido, ele então me puxou junto dele.
- Eu vou mete tanto em você Fabrício que você vai gemer com minha pica dentro de você e vai gritar meu nome, vai saber que eu sou seu macho...seu único macho...– dito isto caímos os dois no chão, a partir dali o que viesse era lucro.