Acordar na manhã seguinte foi quase impossível,estava pensando em faltar a escola. Estava cansado de ficar com um bando de adolescentes que me odeiam. Minha mãe já havia saído,ela sempre sai muito cedo.
Me levantei e fui escovar os dentes. Eu estava péssimo. Tinha que cortar meu cabelo,ele já estava chegando nos meus olhos. Meus olhos talvez sejam a coisa mais bonita que eu tenho no corpo,eles são verdes claros. Sofro por ser muito magro e sofro por não conseguir fazer exercícios diariamente,sou branco como papel por nunca ter ficado ao sol,não me importo muito com a minha aparência,afinal é tão superficial.
Eu era o único garoto que não era sustentado pelos pais na minha sala. O dinheiro que minha mãe ganhava mal dava para sustentar a casa,fora isso eu não reclamava da pobreza,afinal eu tenho um teto pra dormir e comida para comer.
Fui andando para a escola com passos calmos,não estava nem ai se eu ia chegar atrasado. Gabriella não estava me esperando na casa dela,o namorado dela deve ter a levado,eu não sabia nada sobre esse tal namorado,ela também não falava muito dele,porém ela estava feliz e isso era oque importava.
Hoje eu tinha recebido uma mensagem do garoto antissocial. Era um simples "olá",não sei porque eu fiquei feliz por ter recebido a mensagem. Mas não respondi,porque eu estava muito atrasado.
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— Você quase chegou atrasado. — Disse Gabi.
— Eu sei,mas estou aqui.
— Você não postou nada no seu blog,que pena.
— Vai dizer agora que você gosta.
— Lógico você é o melhor.
A aula havia começado,Felipe não estava na sala. Meu professor de matemática ia dar um testes,ele separou a turma em duplas.
— Karol e Ana. Julia e Anita. Gabriella e Marcos. Ewertom e Felipe... — Eu me levantei da cadeira irritado.
— Professor o Felipe não… — Felipe cruzou a porta da sala bem na hora que eu ia dizer que ele não veio.
Me voltei a me sentar,não ia ser contra o professor essa prova é muito importante pra mim,e se for preciso vou ter que me juntar com meu inimigo.
Ele se sentou do meu lado calado. Peguei a folha e tentei me concentrar na prova,mas Felipe estava usando um perfume tão doce e estava tão perto de mim que eu não conseguia ordenar meus pensamentos.
— Oii.
— Oi. — Respondi ríspido.
— Você quer ajuda?
— Hahaha ajuda? Você deve ser mais burro que uma pedra.
Ele começou a rir descontroladamente,todos estavam olhando para nossa mesa e o professor pediu silêncio. Eu dei uma cotovelada nele.
— Ai. — Ele passou a mão no ombro.
— Se você continuar rindo eu vou socar essa caneta na sua garganta.
Eu olhei pra ele disfarçando e ele estava mordendo os lábios e rindo. Ele me irrita muito.
— Você não quer ajuda mesmo? — Ele falou no meu ouvido e eu me arrepiei todo.
— Se você quer tanto. — Passei a folha pra ele.
Ele terminou tudo em cinco minutos,eu fiquei impressionado. E pra minha surpresa, estava tudo certo.
— Não é possível. — Eu olhava pra folha incrédulo. Ele sorria.
Felipe pegou suas coisas e acabou pegando na minha mão. E pela primeira vez eu sorri pra ele.
— Da pra me dizer o que aconteceu na sala? — Perguntou Gabriella. Nós estávamos no recreio.
— Nada,sabe,Felipe até que é legal.
— Uiui.
— O que você está pensando?
— Nada Ton.
Felipe passou por nós,ele ficou me olhando e eu fiquei sem graça.
— Uiui. — Empurrei Gabriella e sai correndo.
**
Voltei para casa andando outra vez,mas dessa vez parece que não ia chover,menos mal. O carro de Felipe passou por mim,eu fiquei feliz,o que está acontecendo comigo?
Cheguei em e liguei meu computador. Lembrei que tinha deixado o Antissocial de lado.
• Oi,Desculpe responder só agora...
Não demorou para ele ficar online.
• Eu fiquei esperando sua mansagem… estava querendo falar contigo.
• Como?
• É, sabe,você escreve coisas bem legais.
• Nossa,que bom que você gosta!
Ficamos conversando muito aquela tarde,ele era um garoto da minha idade,17 anos e morava na mesma cidade que eu. Ele não gostava muito da vida dele,mas ele sempre tentava contornar os problemas dele,coisa que eu nunca fiz. Só parei de falar com ele porque minha mãe havia chegado. Era muito bom saber que lá fora existem pessoas como eu,até que o mundo não é tão chato.
— Oi mãe.
— Oi filho,como está?
— Ótimo.
— É estranho ver você sorrindo.
Eu gargalhei. Minha mãe parecia muito cansanda,eu me sentia cada vez mais culpado por não poder ajudar ela em casa. Ela me fez prometer que ia estudar e depois eu ia pensar em trabalhar. Mas eu queria tanto ver ela bem.
— Vou tomar um banho.
Ela se foi outra vez,eu quase não via minha mãe. Ela é uma daquelas pessoas que faziam o mundo ser um lugar bom para se viver.
Preparei o jantar e subi,não estava com fome. Fiquei no meu Blog mas não postei nada,era estranho,eu não encontrava mais foco para pensar no que escrever. O tal do antissocial não estava online e isso me deixou desanimado. Então eu fui me deitar e pensei em Felipe.
Felipe é um cara alto,malhado,que tem cabelos pretos com um topete muito bem arrumado,acho que ele exagera na academia porque da pra ver que ele é muito forte,seus olhos são azul,um azul bem intenso.
Ele é rico,de uma das famílias mais rica da cidade. Dizem que seu pai é um bom homem,mas a mãe dele,Brenda é uma perua da alta sociedade. Eu não sei se ele tem irmãos,bom,ninguém nunca tocou nesse assunto, mas as vezes parecia um assunto proibido,eu também não ligo, imagina Felipe ter irmãos iguais a ele, não muito obrigado,um Felipe já é o suficiente, mas se tivesse a beleza que Felipe tem talvez não seria má ideia,um Felipe bem melhorado.
Eu sabia mais dessa família do que eu pensei,eu conheço eles a sete anos,bem o Felipe. Ele me infernizou por sete anos. E agora está agindo como um anjo,será que ele está apaixonado? Porque minha mãe sempre diz que quando alguém está apaixonado ela muda totalmente. É uma pena para a garota com quem ele está envolvido,eu não desejo esse mal pra ninguém.
Lembrei de Gabriella, eu a conheci por um acaso,e nós se odiavamos muito. Mas graças uma festa viramos melhores amigos.
Ela é alta,magra,peituda e bunduda,cabelo grande e preto. Um sonho de garota,um sonho pra qualquer garoto. Uma garota que ficaria ótima em um passarela de Paris,ela é muito feliz, adora viver e beber, ela vive intensamente,e isso é legal.
Minha mãe era uma mulher muito linda quando jovem,e ainda continua sendo,apenas esta um pouco cansada. Ela é alta,magra,cabelo chanel castanho,olhos verdes iguais os meus. Meu pai foi embora assim que soube que ela estava grávida,Não sei pra onde ele foi nem se ainda está vivo,minha mãe quase não fala dele, dona Anna é muito misteriosa quando ela quer ser.
Um dos motivos para eu ser assim e por nunca ter conhecido o amor do meu pai. As vezes eu queria saber que fim ele tomou,e se é um homem feliz. Talvez tenha outra família e é feliz enquanto minha mãe da o suor dela para cuidar do filho que ele abandonou.
"As mães são as únicas pessoas que amam seus filhos de verdade,as únicas que se importam se os filhos estão bem. " (BLOG)
Eu sei que eu seria julgando por essa postagem,afinal existe muitos pais por ai que se importam com seus filhos,menos o meu.
Essa dor do passado nunca se apagou da mente da minha mãe, eu escuto ela chorar as vezes a noite,isso corta meu coração. Eu dormi depois de olhar mais uma vez o perfil do antissocial,era estranho eu me ligar tanto a uma pessoa, ainda mais a uma pessoa que eu nem conheço.
