Os dias foram se passando,minha relação com Felipe mudava mais a cada dia,ele não andava muito com seus amigos, e sempre que ele podia,e tinha oportunidade, ficava perto de mim. Quando eu perguntava o porque da mudança dele,ele apenas respondia que está querendo se tornar uma pessoa "melhor", duvido muito disso,ainda acho que isso é só um plano meticuloso do mal para me pegar,eu tinha que ser muito precavido. Mas enquanto isso não acontece,somos amigos.
"Amigos e inimigos,paz." (BLOG).
Eu comecei a ver a vida de uma forma melhor, de vez em quando eu saia de dentro da minha concha,mas não ficava muito tempo fora,sempre acontecia algo que me fazia recuar. Mas ainda sou o mesmo Ewerton, não consigo ver minha vida totalmente perfeita.
Eu estava na sala vendo minha mãe andar para todos os lados.
— Mãe a senhora não precisa ir trabalhar hoje!
— O que? Meu filho dizendo o que eu tenho que fazer!? — Ela começou a rir e eu também. — Eu preciso sim. — Ela me deu um beijo e saiu.
Era sábado e não tinha nada para fazer,eu estava assistindo quando alguém começou a gritar meu nome.
— O que você quer aqui?
— Oi pra você também.
Fechei a cara,Felipe estava na minha porta. Ele estava bem vestido todo de azul. Sorri azul é minha cor favorita.
— Fala logo o que você quer?
— Eu estava de bobeira lá em casa então decidi vir aqui na sua casa pra perguntar se você,quer dar uma volta comigo. — Ele sorriu com vergonha,ele era tão lindo.
— Não sei.
— A por favor,somos amigos não somos? — Ele tinha uma cara de cachorro que caiu da mudança,isso me deixava com raiva,faria com que qualquer coisa que ele pedisse,eu faria.
— Tá bom. — Ele sorriu vitorioso,eu queria arrancar o sorriso da cara dele. Fechei a casa e fui com ele pra qualquer lugar.
— Eu já estava pensando em sequestrar você. — Eu gargalhei.
— Quer tanto assim sair comigo? Você me odiava até um mês atrás.
— Não mais,você é legal Ewerton eu gosto de você agora. — Eu corei. — Gosto de ver você todo vermelho e quando você sorri fica mais bonito.
— Bonito eu? — Eu estava desconfiado,ninguém nunca me disse que eu era bonito. — Está blefando.
— Não estou não,você é muito bonito. Não lindo,bonitinho.
— Obrigado,eu acho. — Falei meio estranho. — Gostei da sua roupa,é azul.
— Você gosta?
— Sim,gosto do azul. — Ele estava concentrado na estrada,estavamos saindo da cidade.
— Por que?
— Azul é frio. Azul é simplesmente a cor dos corações quebrados,se alguém gosta de azul, é porque ela teve um passado doloroso.
— Isso é profundo,você gosta de azul, teve um passado difícil? — E novamente eu estava voltando para dentro da minha concha protetora.
— Podemos falar de outra coisa?
— Eu nunca soube nada de você! — Disse ele desapontado.
— As vezes é o melhor. Mas vamos lá, estou disposto a ser bonzinho.
— Bem,qual sua música favorita? — Eu ri com a pergunta, tantas outras perguntas no mundo e ele pergunta minha música favorita.
— Tantas,eu não sou muito fã de músicas…
— Blue Jeans não é? Você tem cara de que gosta de Blue Jeans. — Eu olhei espantado pra ele,era a música que eu estava pensando, não que eu gostasse de Lana Del Rey, mas essa música tinha um peso extra em cima de mim.
— Você sabe?
— Não sei. — Fiquei um tempo calado e ele também, apenas um minuto. — Blue jeans, white shirt,Walked into the room,You know, you made my eyes burn.
— Não,não cante. — Rimos. — Essa música é boa,mas não é a minha favorita, não mais.
— Então qual é? — Ele parecia desidido.
— Hum,não tenho uma. — Parece que eu tinha vencido ele.
— Eu vou te amar até o fim dos tempos. — Eu estava distraído olhando para fora da janela.
— Como?
— A música, Blue Jeans. — Sorri outra vez.
— Vai deixar a música em paz?
— Óbviamente. — Ele riu,alto,era o doce som que ouvi hoje,e estava espantado do quanto eu gostei daquilo. — Me fale mais de você,é verdade que você tem um blog?
— É sim,eu gosto de escrever,as pessoas gostam de mim. Eu acho.
— É ainda mais oque você escreve, você é muito corajoso. — Ele fez uma cara de quem falou demais.
— Como? Então você lê o que eu escrevo?
— Sim,uma ou duas vezes,você é muito revoltado com o mundo, e tem motivos?
— Todos temos motivos para odiar o mundo,não é?
— Você parece ser muito solitário,já pensou em se apaixonar? — Aquela pergunta me acertou em cheio como um soco no estomâgo.
— Podemos mudar de assunto, outra vez?
— Você é estranho,as vezes é preciso apenas dar uma chance para as pessoas. Sabe,nem todo mundo é ruim.
— Eu já ouvi isso antes,tantas vezes, então agradeço se parar de tentar ser bom. — Estávamos começando uma discussão.
— É muito difícil ser seu amigo, é difícil te entender,você consegue me irritar tão facilmente. — Ele socou o volante. — Mas eu gosto disso. — Não me lembro da última vez que fiquei surpreso assim. — Chegamos. — Olhei para fora,estávamos na praia.
— Nossa. — Eu sai quase correndo do carro.
— Você gosta da praia?
— Gosto,mas não posso vir aqui, eu amo o mar. — Eu sorria igual um idiota e Felipe me olhava como se estivesse admirado comigo.
— O que foi?
— Você fica muito lindo quando sorri. — Eu sai correndo pela areia,era tão lindo a imensidão de água. — Somos tão pequenos.
— Ah somos sim.
Era estranho estar com Felipe, ele me passava muita calma,algo diferente do garoto que eu estava acostumado a conviver. Mas ao mesmo tempo conseguia me tirar do sério muito rápido.
— Sabe,hoje eu vou dar uma festa na minha casa,você gostaria de ir?
— Eu?
— Sim,você!
— Não sei,eu não sou um garoto da alta sociedade como seus amigos ricos,não sei se seria uma boa ideia,conheço a fama da sua família, da sua mãe. — Fiquei sério, nunca tinha visto Brenda Ramos,mas ela não me passava a imagem de uma mulher boa.
— Nada a ver Ewerton, vai ser uma festa para adolescentes normais e não as festas chatas que a minha mãe organiza, e prometo que ela não vai pegar no seu pé.
— Não sei.
— Vamos,por favor é meu aniversário. — Ele estava vermelho.
— Sua aniversário? Meus parabéns. — Eu o abraçei, aji por impulso,me senti estranho,ele tinha cheiro de algo doce e amadeirado, ele passou seus braços pela minha cintura.
— Obrigado.
— Err,pode me soltar agora. — Tentei me mover.
— Ah não, esse é meu primeiro abraço em anos. — Senti que ele estava sorrindo.
— Quantos anos você está fazendo?
— 20.
— 20 anos e agi como uma criança. — Ele continuou rindo. E não me soltou.
— Então você vem na minha festa? Eu posso te buscar.
— Tudo bem,venha me buscar porque eu não sei onde você mora.
— Tudo bem, eu vou ir de pegar. — Ele colocou ênfase na palavras "pegar". Eu consegui me soltar dele e sair correndo, logo ele estava correndo atrás de mim,pareciamos melhores amigos. Não me lembro do dia que estive mais feliz.
CONTINUA...