Eu estava muito nervoso,em alguns minutos eu iria estar cara a cara com a mãe de Felipe. Ela queria me ver,oque me deixou bastante inquieto por três dias, Felipe tantou fazer a mãe falar oque queria comigo,mas ela não disse. Eu podia esperar qualquer coisa vindo dessa mulher.
Eu estava no pequeno café da cidade, um lugar muito frequentado,isso me deixou mais calmo. Mas não totalmente. Quando ela atravessou a porta com um sorriso nos lábios minha espinha gelou.
— Olá querido. — Ela se sentou.
— Oi senhora Brenda. — Eu falei gaguejando,isso ia ser um mico.
— Que lugarzinho em. — Ela olhou examinando o local com uma cara de nojo.
— O que você quer comigo?
— Bem direto você.
— É eu sou. — Cruzei os braços.
— Eu não gosto de você,não entendo o porque meu filho veio olhar para você,mas eu não posso deixar ele continuar te enganando dessa forma.
— Do que a senhora está falando? — Ela sorriu,eu queria arrancar aquele sorriso da cara dela.
— Meu filho te trai. — Eu esperava tudo,menos que ela mentisse para mim inventando histórias sobre o filho dela.
— O que a senhora ganha querendo atrapalhar a minha vida? Eu não tenho culpa que seu filho se apaixonou por mim,e eu amo ele. — Eu estava tentando ser forte.
— Tudo isso é muito bonito tão tocante,mas eu vim aqui para derrubar você dessa nuvem que você vive. — Ela abriu a bolsa dela e tirou um envelope amarelo. — Eu espero que depois disso você tome providências. — Ela colocou o envelope na mesa e se levantou.
— O que é isso?
— Você vai ver,agora eu preciso ir diferente de você eu tenho uma vida muito cheia. — Ela colocou seu óculos e foi embora. Não suporto ela.
Peguei o envelope e o abri. Dentro tinha fotos,muitas fotos,e quando eu olhei para eles eu queria de qualquer jeito que fosse montagens. Felipe estava com um garoto, eles se beijavam,tinha uma que Felipe estava de mãos dadas com ele, e oque me deixou pior foi ver fotos de Felipe e esse garoto em momentos intimos. Eu queria sumir,queria que alguém me falasse que tudo era mentira. Era como um déjà-vu.
Eu não ia chorar,não aqui. Me levantei por sorte um taxi estava parado na frente do café.
— O senhor pode me levar?
— Claro garoto entra ai.
A imagem daquelas fotos estavam na minha cabeça toda vez que eu fechava os olhos elas voltavam. E se tudo fosse verdade? Porque Felipe fez isso comigo, como ele pode ter brincado comigo como se eu fosse um fantoche pra ele.
— Ei garoto já chegamos. — O motorista me trouxe de volta a realidade. O paguei e desci. Eu estava na frente do edifício onde Felipe morava, meu peito doía tanto. Na recepção estava o senhor Vagner.
— Oi Jovem Ewerton, veio ver Felipe?
Olhei para ele e subi no elevador,sei que fui mal educado mas não tenho tempo, o quanto antes eu resolvesse essa história mais cedo eu teria paz.
Bati na porta e Felipe atendeu com aquele sorriso que me tirava o chão.
— Amor,o que faz aqui?
— Eu vim te ver. — Tentei parecer calmo.
— Entra,você falou com a minha mãe? O que ela te disse?
— Ela quis abrir meu olhos.
— Como assim? — Felipe estava com uma cara de confuso.
— Você pode me explicar isso? — Eu mostrei uma das fotos para ele,os olhos de Felipe lacrimejaram.
— Eu posso explicar isso,esse é meu amigo. — Era o cúmulo ele estar mentindo para mim.
— Então agora você vai pra cama com os seus amigos? Você os beija? — Eu joguei todas as fotos nele que ficou sem reação.
— Ewerton, eu…eu… — Eu lhe dei um soco,ele se desequilibrou e caiu, eu me sentei no sofá e começei a chorar,era tudo mentira,Felipe mentiu para mim,seu amor era falso.
— Quem é ele?
— Ele é meu noivo. — Fechei os olhos.
— Então eu sou seu amante né, você é o pior cara que eu ja conheci na vida,eu nunca devia ter deixado você se aproximar de mim,você é pior que Fernando,pelo menos eles foi verdadeiro comigo.
— Calma Ewerton. — Ele me abraçou,ele estava chorando. — Eu terminei com ele,porque eu amo você.
— Me solta Felipe,não quero saber,você estava com nós dois ao mesmo tempo. Eu não quero mais saber de você. — Me levantei e sai pela porta. Do elevador eu pude ver a porta do seu apartamento abrir.
Eu queria sumir,sai correndo do edifício, maldito dia que eu deixei ele chegar perto de mim,maldito dia que eu decidi acreditar na vida e como ela podia ser bonita, maldito dia que eu deixei de odiar para amar. Eu nunca devia ter deixado de ser quem eu era.
Cheguei em casa sem acreditar que eu corri todos esses quarteirões. Minha mãe não estava em casa,ela nunca está. Me deixei cair no chão e agora sim eu estava chorando. Era como se um grande vazio tivesse tomado meu corpo. Me deitei no sofá e me encolhi,minhas lágrimas eram frias,eu queria que de alguma forma toda a dor que eu sentia desaparecesse,mas ela só almentava a todo o momento.
Eu dormi. Meus sonhos me levaram para um lugar distante e desconhecido pra mim,eu estava novamente correndo,mas dessa vez eu não sabia do que eu estava correndo, então descobri que eu não estava fugindo e sim procurando algo. E foi lá que eu achei o que tanto procurava,Felipe estava com o garoto da foto,os dois estavam felizes,eles não me viam eu era um fantasma para eles,eu ouvia Felipe jurar amor para ele,eu tentei gritar mas nenhum som saia da minha garganta,o sonho acabou quando Felipe beijou o garoto com tanto desejo.
°°°
Eu estava na sala,já era noite eu tinha perdido noção do tempo e espaço. Fui para meu quarto e tomei banho a água lavou minha tristeza,eu estava decidido em não sofrer por ele,tudo estava acabado,eu perdi a coisa mais importante da minha vida. Olhei para meu anel,a pedra azul,a prova de que nada disse foi um sonho, mas que se tornou um pesadelo. Mesmo Felipe tendo dito que não havia mais nada com ele e o garoto isso não me deixou calmo,eu me senti triste,angustiado!
Sai do banho e fui para cama,meu celular tinha cem mensagens e ligações de Felipe. Todas jurando seu amor,os recados no meu celular cortava meu coração,ele estava chorando e apesar de tudo eu não queria ver ele sofrendo. O que a de errado comigo? Eu estou preocupado com ele em vez de estar preocupado com o meu destino. Mais uma mensagem dele havia chegado,eu atirei o celular na parede. A tela havia quebrado.
Me deitei,minha cabeça doia mas meu coração doía mais ainda. Ele me fez promessas que nunca vai cumprir.
As pessoas só pensam nelas,elas não se importam com a dor dos outros. E esse é o pior erro da humanidade. Mas de certa forma eu já esperava alguma coisa desse tipo acontecer!
Meus olhos só se fecharam depois da meia noite, mamãe ainda não havia chegado,eu não ligava ela devia estar com um namorado, eu nunca liguei para a vida da minha mãe como ela nunca ligou para a minha vida.
O dia seguinte começou calmo como sempre,nada havia mudado talvez nada vai mudar, eu queria que tudo fosse apenas um sonho mal,mas não era,isso era bem real.
Desci depois de fazer o mesmo ritual de toda a manhã, estranhei porque minha mãe não estava em casa. Peguei minha mochila e parti para meu penúltimo dia na escola. Esse era pra ser um dia comemorado mas eu não estava nem um pouco feliz.
Quando eu fechei na escola varias pessoas vieram falar comigo,estavam com uma cara de pena como se eles quisessem me dar forças. Gabriella apareceu seus olhos estavam vermelhos.
— O que foi? Porque todos estão me olhando assim?
— Você não sabe?
— Saber o que? O que aconteceu? — Comecei a ficar aflito.
— Ewerton, sua mãe, ela foi encontrada morta.
Eu tinha certeza que o mundo havia acabado, eu não sentia o chão, não sentia o ar,não sentia absolutamente nada. Senti mãos no meu corpo,eu estava caindo no chão,senti que me sangue havia parado,eu estava frio. Então tudo desapareceu e eu mergulhei no escuro.
Sonhei com a minha mãe, ela estava segurando a minha mão e sorrindo.
— Mamãe por que a senhora está feliz?
— Eu te amo meu querido,saiba que eu sempre estarei com você,eu estarei com você até o final e além dele. — Ela sorria,uma lágrima correu pelo meu rosto,então ela sumiu,o mundo ficou branco,tudo começou a rachar como vidro,o mundo se partiu e uma chuva de cacos caiu em cima de mim.
— Você acha que ele vai acordar? Faz doze horas que ele está assim.
— A pressão dele caiu,ele chegou aqui por incrível que pareça sem vida,uma parada cardiaca. — Falou uma voz desconhecida.
— Então ela vai ficar bem?
— Sim.
Abri os olhos e vi o rosto que sempre me dava alegria,Felipe estava com os olhos vermelhos e com profundas olheiras. O outro rosto era desconhecido, era um homem todo de branco, já era um senhor.
— Olá Ewerton, eu sou o doutor Mendes.
Então voltei a realidade,minha mãe estava morta,minha vida tinha acabado,comecei a chorar descontroladamente me debatendo na cama gritando pela minha mãe.
— Calma Ewerton. — Felipe segurava a minha mão. Ele estava desesperado e chorando,ele olhava para o doutor pedindo ajuda.
O doutor apareceu com uma injeção e aplicou no meu braço, começei a me acalmar mas eu não queria dormir,não de novo,mas foi oque aconteceu,o rosto de Felipe foi a última coisa que eu vi antes de apagar de novo.