— Nenhuma dessas casas agradou você Ewerton?
— Não, eu não vou morar em uma mansão Felipe, eu não preciso de tanto espaço.
— Eu posso indicar uma menor mas muito confortável. — Falou a mulher que estava ajudando na escolha das casas.
Eu estava de pé a horas, Felipe mostrou diversas casas do sonho dele,coloridas,brancos,azuis,de mármore,madeira de caralho (oque me deixou mais encantado),casas de vidro,de tudo oque se pode imaginar,era estranho eu nunca ter visto nenhuma delas, essa que estávamos era toda branca, por dentro amarela com azuleijos azuis que brilhavam,um espetáculo para quem gosta de exageiro,dava pra colocar meu bairro todo dentro dessa casa. E infelizmente Felipe adorou a casa. Ele olhava encantado cada cômodo,e em cada cômodo os azuleijos eram de cores diferentes e brilhavam,fiquei intrigado,como alguém consegue fazer,azuleijos que brilham?
— Ok Felipe, vamos ficar com essa casa.
— Mesmo? — Ele ficou igual uma criança quando ganha um briquedo novo.
— Sim. — Falei vencido.
— Ótima escolha senhor. — A moça que estava do meu lado disse,ela estava tão feliz quanto Felipe,claro com o dinheiro da casa ela pode ficar o resto da vida sem trabalhar. — Vou cuidar de tudo para a casa ser de vocês e ligo assim que conseguir.
— Quanto tempo? — Perguntou Felipe.
— De um a três dias senhor. — Felipe sorriu para mim. Enfim,agora eu tenho uma casa,e que casa.
— Você não acha que seu pai vai ter um infarte quando ver o preço da casa?
— Não, a casa deles custou duas vezes mais,e as propriedades em Nova York chegam a um preço absurdo.
— Sua família não se importa com o dinheiro não é?
— Meu pai tem um lema,quanto mais você gastar,mais você terá,e bem,acho que isso fez efeito para ele. — Felipe fez uma pausa. — Mas ele lutou muito para chegar a onde chegou,ele já perdeu absolutamente tudo,mas sempre voltou a se levantar.
— Bem,ele é um homem bem corajoso.
— É sim,e você também, ele me contou da vez que você foi falar com ele.
— É e não me arrependo.
— Eu nunca falei daquela forma com o meu pai,impondo autoridade,ele gostou de você Ewerton, você aproximou nos dois. — Ele pegou na minha mão.
— Eu só fiz aquilo que meu coração pediu.
— Ele disse que se você quiser pode ter o cargo que quiser na empresa. — Essa foi uma grande surpresa.
— Eu não sei se devo aceitar.
— Você que sabe, afinal não precisa disso. — Eu não ouvi ele. Eu ainda não sabia oque eu ia fazer, tudo passou tão rápido, talvez psicólogo ou alguma coisa. Talvez gastronomia já que amo cozinhar. — Você ainda está ai? — Felipe me tirou dos meus pensamentos.
— O que vamos fazer?
— Não sei,o que você quer fazer?
— Eu não quero fazer nada,o que você quer fazer?— Eu estava pouco irritado.
— Eu não sei,sempre fazemos oque você quer.
— Você sempre faz o que eu quero,não sei porque. — Revirei os olhos.
Fomos calados o resto da viajem,ele estava com a cara fechada e eu não ligava,preferia isso do que parecer que ele é meu empregado fazendo tudo que eu peço.
— Podemos ir comprar os moveis para a casa. — Ele falou quebrando o silêncio.
— Pode ser.
— Você está tão desanimado. — Falou ele,eu liguei o rádio,estava tocando Alejandro da Lady Gaga. Fechei os olhos e ouvi a música. Eu podia sentir Felipe me olhando.
— Don't wanna kiss,don't wanna touch.
— As vezes eu não te entendo Ewerton,você é muito diferente de tudo que eu já conheci,você se importa muito com oque eu faço,meu dinheiro,tudo.
— Eu não sei porque me importo, eu e você somos tão diferentes,mas de qualquer forma eu não quero sempre depender de você.
— E não depende,eu só quero de dar tudo oque você não teve,e te ver surpreso com cada uma dessas coisas me deixa feliz, porque eu nunca fiquei surpreso na minha vida por nada,então não estrague tudo por uma coisa boba.
Eu não falei nada,encostei a cabeça no banco e assim fiquei, ele colocou a mão dele na minha perna,eu sorri e olhei para ele,eu não sei oque Felipe viu em mim,mas eu gosto de acreditar que ele me ama tanto quanto eu amo ele.
— Desculpe,eu estou irritado últimamente, me sentindo estranho mas tenho certeza que vou conseguir me recuperar assim que sair de perto daquele homem.
— Eu sei, mas veja,você devia perdoar ele e descobrir o porque dele ter te abandonado.
— Isso nunca, ele não merece.
— Ele não merece você estar fazendo isso com ele, ele te aceitou da forma que você é Ewerton, não seja infantil seu pai é um homem de bom caráter e de bom coração.
— Agora você defende ele é? — Eu estava irritado.
— Claro, ele é meu sogro. — Ele riu e eu também.
Chegamos em uma loja enorme, que vendia móveis,a melhor forma de relaxar é gastando isso é mais que verdade.
Tocava All I Wanted da banda Paramore, não entendi muito bom o porque de uma música tão melodica estar em uma loja que vendi móveis,talvez as pessoas que vinham para cá sofriam de certa forma,dúvido muito,mas era uma música realmente muito linda.
— Bom,eu acho que nossa casa tem que ser colorida. — Falei brincando.
— Eu não sei,seria muito exagerado.
— Bem,eu não sei nada de móveis então essa é sua missão,eu vou arrumar móveis para a minha biblioteca,porque a biblioteca é a parte mais importante. — Disse rindo.
— Eu achei que era o quarto,e a cama o elemento mais importante. — Falou ele no meu ouvido,eu arrepiei.
— Que safado. — Sai correndo pela loja,não era um lugar que eu ia adorar vir quando morava com a minha mãe, mas só vamos entender o que significa um lugar desses quando a gente sai de casa. Um homem alto veio me atender,ele tinha o cabelo amarelo com as pontas de cinza eu fiquei tempo demais olhando para o cabelo dele é invejando.
— Não é tão dificil como parece ser.
— O quê?
— Meu cabelo, não é difícil deixar ele assim.
— Não tenho tanta certeza,mas o efeito é incrível. — Ele sorriu e agradeceu,ele tinha algumas imperfeições no rosto,mas isso não deixou ele menos bonito, tinha os olhos castanhos.
— Qual é seu nome?
— Ewerton, e o seu?
— Welber.
— Nossa muito incomum. — Falei mostrando nenhum interresse,mas ele parecia bastante interessado.
— Minha Mãe que me deu esse nome,ela queria algo diferente que fosse difícil alguém ter,então Welber apareceu,é um bom nome não é?
— Se você gosta de Welber então sim. — Ele riu. — Então você mora aqui na cidade?
— Moro sim!
— E a onde?
-É comum todos os funcionarios serem tão curiosos assim? — Ele ficou vermelho.
— Posso te ajudar em algo então?
— Em nada. — Ele se afastou e ficou me olhando de longe,bonito e irritante,me lembrava Felipe. Eu estava um pouco irritado então parei de olhar oque eu estava olhando,nem me lembrava do que era.
Felipe estava distante com outro funcionario,de longe era um rapaz alto de cabelo bem curto quase não tendo o cabelo se tornando apenas um desenho na cabeça. Seus braços eram fortes assim como suas pernas,estava tão próximo dele e isso estava me incomodando.
— Olá. — Falei pra Felipe que sorriu aliviado.
— Então você achou o que procurava?
— Nada,eu quero ir embora.
— Mas eu ainda não escolhi nada. — Ele falou um pouco triste!
— Ok, nos vemos depois. — O beijei e sai da loja,ele não veio atrás de mim,olhei pelo vidro e ele estava tão intertido com o vendedor,bufei e me afastei.
Fui andando até em casa olhando tudo em cidade então percebi que não conhecia essa parte da cidade,eu não queria ficar desesperado. Peguei o celular é disquei o numero de Felipe, ele não atendeu oque me deu mais raiva. Um grupo de garotos estavam vindo na minha direção eles estavam rindo e brincando, eles tinham uma expressão de valentões oque me deixou tremulo,comecei a andar na direção contrária,não corri eu não queria demostrar que estava fugindo deles,olhei no celular todas as vezes que eu pude,estava rezando para que Felipe me ligasse,mas nada.
Eu não ia me dar bem, eles eram mais fortes que eu,é verdade que eu sei brigar mas lutar contra cinco pessoas, eu ia perder é óbvio.
— Ei gracinha,oque faz por aqui? — Falou um homem rindo, todos estavam rindo, ele estava falando comigo, voltei a andar mais rápido, virei na primeira esquina,um erro pois a loja ficava do outro lado,mas eu não ia poder voltar,minha mão suava,eu estava com muito medo,tropecei mas não cai,eles estavam a uma distância consideravel de mim,então corri o mais rápido que pude e eles também, virei outra vez,mas entrei em um beco,um beco sem saida.
— Olha só, você chegou longe. — Falou um garoto alto. — Mas chegou no seu destino!
— Gustavo?
— Olá Ewerton. — Ele sorriu,seu sorriso me deu medo.
— O que você está fazendo? — Perguntei surpreso.
— Bem,eu jurei que um dia eu ia te achar, mas não sabia como e nem quando,mas olha só você caiu no meu colo. — Os outros garotos riram.
— Eu não sei o que você quer comigo.
— Não sabe? Você tirou um dos meus melhores amigos, um infeliz como você, um viadinho. — Suas Palavras pareciam facas afiadas. — Não sei como você mudou ele,e não julgo ele por ser gay, mas ele não era uma pessoa fácil de domar,mas você,o garoto que vivia em guerra com ele virou a cabeça de Felipe, qual seu segredo? — Ele estava se divertindo com a minha cara de medo,com certeza
— Não sei porque você está tão bravo Gustavo, por acaso você gosta dele? — Eu estava desafiando Gustavo. Ele me deu um soco que me deixou tonto, eu cai no chão.
— Você não merece ele. — Ele chutou minha barriga me deixando sem ar e fazendo minha vista escurecer. — Um dos garotos me levantou se segurando de pé,Gustavo me dava varios socos no estomâgo e no rosto, achei que ia morrer.
Então alguém tirou ele de cima de mim o garoto que me segurava me soltou,eu cai de joelhos no chão. Perdi a noção do que estava acontecendo a minha volta,mas percebi que Gustavo estava caido no chão urando de dor.
— Vem vamos sair daqui! Falou um voz famíliar,mas eu não lembrava de quem era. Ele me ajudou a levantar.
— Quem é você? — Perguntei meio zonso.
— Roger,a gente se conheceu a tempos atrás. — Então veio na minha cabeça a lembrança daquele dia na festa de Felipe, Roger tentou me beijar a força.
— Você! — Falei espantado. Estava com falta de ar.
— Afinal o que você estava fazendo aqui? E sozinho, não sabia que Felipe era tão descuidado,essa parte da cidade é perigosa.
— Eu estava indo para casa,e Felipe não é meu dono!
— Claro que não. — Ele me levou até o carro dele!
— E você o que estava fazendo aqui?
— Estava passando, você tem muita sorte de eu ter te encontrado não é?
— Claro. — Falei com dificuldade,meu corpo todo doia,minha cabeça latejava toda vez que eu a movia. Eu não lembro de como cheguei em casa,minhas vistas escureceram e eu não vi mais nada.