Os dias foram se passando, e a minha festa foi esquecida,agora dando espaço para uma mais importante, a de natal. Esse ano séria diferente, uma mistura de tristeza e alegria,era triste porque eu não ia ter minha mãe para trocar presentes bobos,nem decorar a nossa simples árvore de plástico,nem fazer a seia juntos. Esse ano seria o primeiro natal sem ela,mas eu estava contente por ter Felipe. Ele deixou um pouco o lado protetor dele,eu acho que entendeu que eu sou humano e ele não pode me proteger de tomar um tiro,ou cair de uma escada, ainda mais porque se tratava de mim.
Não vi mais meu pai desde o dia da festa, não falei com ele aquele dia, eu não queria ver,nem ouvir, mas depois de uma longa conversa que eu tive com Felipe ele me convenceu de que as pessoas precisam ser ouvidas,e eu precisava de explicações,e por isso Felipe foi atrás do meu pai, e agora eu estava um pouco apreencivo com esse encontro.
— Oi. — Felipe estava na sala sorrindo. Ele tinha voltado,e tinha conseguido trazer Lorenzo com ele.
— Vamos para o escritório. — Disse a Lorenzo que olhou de relance para Felipe que bateu em seu ombro, derrepente eles se tornaram tão intimos.
— Não precisa ser tão seco. — Falou Lorenzo quando já estavamos dentro do escritório.
— Isso é ainda muito difícil pra mim, mas eu decidi te escutar. — Me sentei e ele também.
— Bem,vou te contar tudo,ou tudo que você precisa saber. — Ele respirou fundo antes de começar, eu senti que essa seria uma conversa não muito fácil. — Eu conheci sua mãe quando ela tinha 18 anos, eu fiquei fascinado pela beleza dela,nenhuma outra mulher poderia ser tão bonita,sua mãe era tão viva,feliz. E pra minha sorte ela também gostou de mim.
— Parece uma linda história.
— Por favor, sem sarcasmo. — Ele me repreendeu. — Tinha um problema nessa história, ela era a filha de um dos homens mais ricos da cidade, e eu era um simples entregador de compras,sem estudo,sem terras. Mesmo assim sua mãe nunca se importou com isso, começamos a namorar escondido. — Ele sorriu como se tivesse se lembrado de algo. — Certo dia,o pai dela descobriu, graças a irmã dela.
— Minha mãe tinha uma irmã? — Eu estava surpresa, até onde eu sei minha mãe é filha única.
— Sim. Mas deixe eu terminar, o pai da sua mãe ficou irado,ele foi totalmente contra nosso namoro, e depois as coisas ficaram piores,sua mãe descobriu que estava grávida. — Meu pai estava triste. — Seu avô pediu para que ela abortasse,disse que nunca ia querer um neto bastardo. Mas sua mãe não fez isso. Seu avó mandou ela embora, se esquecendo que tinha uma filha. — Meu pai estava com lágrima nos olhos, e eu estava ouvindo aquelas palavras com tanta dor. — Seu avó mandou me matar Ewerton, ele quase conseguiu,e me derão por morto,a cidade toda sabia que eu tinha morrido. Eu fugi pra longe, eu não podia voltar,eu estava com medo.
— Então você não abandonou minha mãe?
— Não Ewerton, eu nunca faria isso,eu amava sua mãe, entendo que ela deve ter achado isso. Eu nunca abandonia vocês. — Ele se levantou da cadeira dele e veio até mim,e me abraçou me pegando totalmente desprevenido. Eu desabei naquele momento, eu estava tão furioso comigo, por ter afastado meu pai.
— Eu sinto muito. — Eu o apertei forte.
— Eu fico feliz por ter encontrado você, meu filho,um homem de bem,de bom coração, eu tenho tanto orgulho. — Eu estava chorando mais ainda. — Nunca mais vou te abandonar meu filho,eu te amo.
— Eu também te amo pai. — Falei entre as lágrimas. Logo nos acalmamos.
— O que houve com meu avô?
— Não sei, ele deve estae vivo ainda, e com certeza se lamentando de todo mal que ele fez.
— Me desculpe por ter sido tão duro,eu fui enganado todo esse tempo. — Meu pai sorriu. Eu sabia que ele havia me desculpado. Naquele momento nada mais me importava,eu estava com meu pai,e ele me ama, e não tem nada que pague isso. — Pai,qual é o seu nome?
— Ewerton Lorenzo. — Eu sorri.
°°°
Era fim de tarde e eu estava terminando de arrumar a árvore de natal junto com Felipe. Eu contei toda a história do meu pai,que não estava conosco porque teve que viajar.
— Fico feliz por vocês amor, nenhum presente de natal pode ser melhor pra mim do que te ver assim feliz. — Ele tocou meu queixo e me roubou um beijo. Era verdade que hoje eu estava mais feliz do que nunca estive.
— Esse vai ser um ótimo natal. — Olhei para a árvore admirado.
— Tenho um presente pra você. — Felipe estava segurando uma rosa,ela seria uma rosa qualquer se não fosse por ter ser azul. — Eu encomendei,eu queria que chegasse no dia certo.
— É linda.
— Ela é mutada,é incrível não é?
— Sim, mas por que?
— Porque é a nossa rosa, ela tradicionalmente significa mistério ou a busca ou o alcance do impossível. Eu sempre tive uma rosa azul,eu sempre pedia para que ela me fizesse ficar com você, algo impossível.
— Awns,isso é muito lindo Felipe. — Eu fiquei vermelho.
— Dizem que elas trás ao dono a juventude ou a realização de um desejo. — Ele me entrou a rosa. — Eu realizei meu desejo. — Agora era ele que estava vermelho.
— Muito obrigado, eu fico sem jeito por não poder te dado nada. — Ele me abraçou apertado.
— Um beijo seria bom. — Eu ri. O beijei apaixonado.
Olhei para minha rosa e pedi silênciosamente que ela pudesse fazer nosso amor durar pra sempre.
°°°
Estávamos olhando as estrelas do nosso quarto, eu estava deitado no colo dele,enquanto Felipe fazia tocava meu cabelo carinhosamente.
— Todos os dias é natal quando você está aqui comigo. — Falei sorrindo. — Estou seguro em seus braços, você é meu anjo, amor todos os dias é natal quando você está do meu lado. — Ele tocou meu rosto de sorriu.
— Você é o presente que continua me presenteando, meu anjo,para a vida toda. — Eu fiquei vermelho, como sempre.
— Todos os dias é Natal com você ao meu lado. Eu acho que sempre amei você, mesmo quando te odiava.
— Eu amava você sempre, eu nunca cheguei a te odiar de verdade sabe, só que eu queria sua atenção, acho que da forma errada.
— Isso é, eu vou te amar pra sempre. — Falei com certeza, eu fiquei pensando no que poderiamos enfrentar daqui pra frente. — Eu quero me casar com você. — Felipe riu.
— Eu vou me casar com você, meu eterno noivo. — Eu toquei minha aliança de namoro com a pedra azul. — Mas não vamos pensar no futuro, não hoje, é natal, dia de ficar colado com o amor da nossa vida. — Ele me apertou bem forte.
— Quem disse isso? — Perguntei brincando.
— Eu,todo dia é natal. — Eu ri. — Eu te amo.
— Eu também. — Ele se abaixou para me beijar. — Muito,vou amar só você, pra sempre você, só você. — Ele sorriu e voltou a me beijar.
Nossa história não acaba aqui,eu ainda tenho tantos pingos para colocar nos "i". Agora essa irmã da minha mãe que eu nunca fiquei sabendo, e meu avô.
Mas eu não ia pensar nisso,não hoje, não nesse momento. Agora eu só quero pensar nele,só quero me perder entre seus beijos,e sentir meu corpo pegar fogo.
Ele mordeu minha boca e riu.
— Quando você vai amadurecer?
— Quando você deixar de ser maduro. — Eu ri,isso nunca vai acontecer.
FIM?
