Acordei na manhã seguinte com a forte luz do sol entrando pela janela do quarto. Fiquei confuso sem noção do tempo,olhei no relógio da cômoda e já era 11:25. Esfreguei meus olhos com as costas da minha mão.
Procurei Felipe na cama,mas ele não estava, então supus que ele já tenha ido para a empresa. Depois que virou presidente,ele não sai mais de lá. Ele disse que ia arrumar um cargo pra mim la,e eu recusei prontamente,fazer negocios não é pra mim.
Fui me arrumar para meu dia massacrante,as manhãs são chatas sem Felipe, mas pelo horário,ele logo voltaria.
Me arrumei e desci devagar a escada,Vítor e Pablo estavam no sofá em uma posição estranha.
— Bom dia pombinhos. — Vítor caiu do sofá de susto e Pablo ajudou ele a levantar dando risadas.
— Seu filho da...só não falo por que sua mãe não merece. — Vítor falou voltando para o sofá. Eu ri.
— Ora Vítor, você anda muito assustado, tem feito algo errado? — Vítor tirou a língua pra mim. — Sabem de Felipe?
— Ele saiu. — Disse Pablo. — Falou que precisava comprar algo,não lembro oque.
— Ah,já tomaram café?
— Sim. — Responderam os dois ao mesmo tempo. Eles tinham uma ligação assustadora.
Enquanto eu estava tomando café parei para pensar na minha vida, eu fazia isso com bastante frequência últimamente, pouco tempo passou depois de todos os acontecimentos passados. Meu pai vinha me ver quase sempre, ele está saindo com alguém, mas ainda não me disse com quem. Brenda não aceitou muito bem o anuncio do nosso casamento, ela não mudou nada, parece que toda aquela pose de boa mulher que fez na minha festa não passou de uma fechada. O senhor Geraldo adorou a ideia, ele até me chama de filho agora,isso é muito confortante para mim.
Nunca mais falei com Gabriela, mas a vi na tv,ela era agora uma modelo "a perola do Brasil" foi como os jornalistas chamam ela. Fiquei feliz, sempre disse que a beleza dela ficaria bem em uma passarela.
Eu era uma pessoa diferente agora, mas feliz, seguro e apaixonado. Minha mãe estava certa,ela sempre estava certa,o amor pode sim trasformar as pessoas. Mas também, faz três anos que estou com Felipe, isso tinha que me mudar uma hora.
— Está tão longe. — Pablo me trouxe de volta arrastando uma cadeira.
— Ah desculpe,quer falar comigo?
— Sim,dizer que o melhor é escolherem outro cartório para casarem vocês. Esse processo na justiça pode demorar alguns meses,ou pode ser em dias,mesmo sendo simples, parece que o juiz do caso está de férias. Então, ou vocês se casam em outro cartório,ou só se casam no próximo ano. — Mordi meu lábios com nervosismo.
— Eu disse para Felipe esquecer isso,mas ele é tão…
— Cabeça dura,eu sei. — Sorri. — Eu conheço um amigo que pode celebrar o casamento. — Ele falou um pouco animado. — Ele não se negaria.
— Mesmo? — Me levantei contente e abraçei Pablo. — Você foi a melhor coisa que já aconteceu nas nossas vidas.
— O que significa isso? — Vítor estava atrás de nós com os braços cruzados e a boca aberta.
— O quê? Eu só estava abraçando...
— Eu sei oque eu vi,você se insinuando para Pablo, que pouca vergonha Ewerton.
— O que está acontecendo aqui? — Felipe apareceu na cozinha exaltado.
— Pablo e Ewerton estavam se agarrando aqui. — Vítor começou a chorar histericamente.
— O quê? — Falamos Pablo e eu juntos. Felipe olhou para nós com olhos furiosos, ele ia pra cima de Pablo.
— Calma ai. — Fiquei a frente deles. — Não é nada disso que você tá pensando Vítor, eu não estava me insinuando pra ninguém.
— Eu sei oque eu ouvi. — Gritou Vítor. — Você seu fura olho dos infernos. — E não deu outra, Felipe foi pra cima de Pablo e Vítor veio pra cima de mim. Não era possível que estávamos todos brigando por causa de um mal entendido. Eu consegui conter Vítor, porque ele era mais fraco do que eu. Mas Felipe e Pablo estavam se pegando feio,eles já estavam sangrando.
— Por favor Vítor, eu não estava me insinuando para o Pablo. — Pressionei ele contra a parede. — Eu estava agradescendo a ajuda dele para o meu casamento. — Gritei porque Vítor não parava de se debater. — Por favor. — Ele então parou e eu o soltei.
— Oh meu Deus eles vão se matar. — Disse Vítor desesperado. Ele pegou um vaso que estava na mesa e jogou na cabeça de Felipe. Que caiu no chão desacordado. Olhei com horror para ele. Pablo não parou de bater em Felipe, mesmo ele estando caído no chão.
— Já chega Pablo. — Fui até ele,que não me ouviu e continuou batendo em Felipe. Então eu fechei meu punho e dei com tudo no rosto dele,que bateu a cabeça em uma parede e caiu no chão também desacordado. Senti meu pulso doendo.
— Você acha que eles estão bem? — Fui até eles para sentir o pulso deles.
— É,eles vão ficar bem. — Respirei com dificuldades. — Francamente Vítor, agora eu sei porque as pessoas falam que o cíume pode matar. Você é um idiota.
— Eu sei,me desculpa, eu tenho tanto medo de perder Pablo que quando vejo ele com outros eu fico histerico. — Revirei os olhos.
— Vocês estão juntos a doze anos, cala a boca, vocês vão ficar juntos pra sempre. E olhe só o que você fez. — Me sentei perto de Felipe e coloquei a cabeça dele no meu colo,ele tinha um corte no couro cabeludo. Vítor fez o mesmo com Pablo, e sua boca estava sangrando. Parece que agora eu e Vítor estávamos empatados.
— Desculpa. — Disse ele baixinho. — Mesmo.
— Não,tudo bem. — Eu ri. — Você ainda é meu padrinho de casamento. — Sua boca se curvou num sorriso.
°°°
Vítor me ajudou a levar Felipe para o quarto, tive que cuidar da sua ferida,apesar do corte ter sido pequeno, o sangue dele manchou toda minha roupa.
Demorou um pouco pra ele voltar a conciência,eu estava deitado do lado dele.
— Você está bem? — Perguntei baixinho.
— Minha cabeça. — Ele reclamou. — Doí muito.
— Vou pegar um analgésico pra você. — Quando fui levantar ele segurou meu braço.
— Tudo que Vítor falou...
— É mentira,eu só estava agradecendo a Pablo por estar nos ajudando, eu disse que ele foi a melhor coisa que já nos aconteceu. Só isso,Vítor é muito exagerado. — Ele me puxou me fazendo cair na cama,eu ri.
— Acredito em você. — Toquei seu rosto. Ele se levantou com dificuldade da cama sobre meus protestos. — Por favor, volte a se deitar.
— Antes eu tenho uma coisa para você. — Ele se ajoelhou no chão e tirou algo do céu bolso,uma caixinha de veludo negra. — Eu sei que isso é muito clichê, e sei que você odeia clichê, mas eu sou um homem muito correto. — Eu sorri meio bobo. — Eu não fiz isso certo da primeira vez,foi tudo muito rápido e eu acabei esquecendo. — Ele abriu a caixinha e dentro havia um anel prateado com uma pedra azul enorme,ela tinha um brilho intenso. — Ewerton da Silva você aceita se casar comigo? — Meu coração bateu forte naquele momento.
— Eu aceito é claro que aceito. — Ele tirou meu amado anel de namoro e colocou o anel de noivado no lugar. Depois ele me beijou,um beijo calmo e apaixonado. — Eu te amo. — Falei entre o beijo.
— Eu te amo mais senhor Ramos Lakart. — Eu sorri ficando vermelho.
— Amei o anel. — Falei me deitando confortavelmente na cama.
— É um diamante azul,tive que mandar fazer,é raro. — Felipe se deitou na minha barriga e a beijou. — O joalheiro disse que só existe um desse anel,com essa gema.
— Também, ela é enorme. — Ele riu. Ele estava olhando para mim,ainda deitado na minha barriga.
— Eu esperei tanto tempo pra poder me casar com você. Que fico cada mais mais nervoso pra esse dia chegar logo. Te ver com um terno branco.
— Branco? Eu não vou me casar de branco. — Protestei.
— Tudo bem. Mas vamos nós casar na praia. — Ele falou.
— Você quem sabe. Pra mim um casamento não passa de um pedaço de papel, isso não significaca nada de como eu me sinto, eu amo você, e isso é o que importa,quero ficar com você,pra sempre. — Senti que estava chorando. É normal isso acontecer quando estou me declarando. — Te amo tanto. — Falei sussurando.
— Eu te amo mais. — Ele ajeitou a cabeça na minha barriga e lá ficou. Fiz um cafuné na cabeça dele e quando senti que ele estava dormindo eu sorri. Fiquei nervoso quando vi meu anel,em breve eu serei o senhor Ramos Lakart. E isso era tão estranho. Sorri e logo peguei no sono.